quinta-feira, junho 28, 2007
Ficam-se?
Mário Soares vai presidir à Comissão de Liberdade Religiosa.
Depois do que o ex-Presidente da República tem andado a dizer dos evangélicos nos últimos anos, a Aliança Evangélica não vai protestar ou, mínimo dos mínimos, pedir explicações por esta nomeação?

Pedro Leal
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quarta-feira, junho 27, 2007
Valorizar
Um bom serviço prestado pelo catolicismo romano nos últimos anos?
Ter posto à venda nos hipermercados Bíblias (mesmo com apócrifos) e Novos Testamentos.

Pedro Leal
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terça-feira, junho 26, 2007
muitos poucos nomes
De acordo com o imperativo gosto protestante, os filhos dos crentes da discórdia cristã estão condenados a possuírem nomes que constem da Bíblia. Se este critério já limita bastante a criatividade dos pais, a moda, as mudanças de sabor em cada época e a variação das tendências da nomenclatura, ainda reduzem mais a lista de nomes disponíveis aos fiéis da reforma.

Assim, apesar de serem nomes bíblicos, já ninguém nomeia os rebentos com os evangélicos Ansícrito, Batuel, Cefas, Dâmaris, Esdras, Filémon, Gabael, Hélcias, Israel, Jeconias, Labão, Melquisedeque, Natanael, Onesíforo, Prisca, Querubim, Romelia, Sadoc, Tabeel, Uriel, Vasti ou Zabdiel. E quase nenhum herege se inspira nos prolíferos livros de Crónicas ou Neemias (outro belo nome em desuso).
E, deste modo, facilmente se confundem os Tiagos, Paulos, Pedros e Joões protestantes, pois, não sendo muitos, ultrapassam largamente a escassa variedade permitida pela lei do racionamento onomástico a que se sujeitam. É a consequência da junção, na mesma prática, de duas práticas ditatoriais.

Já os católicos, porque universais e humanos, não têm este problema. Ainda que optem por dar nomes cristãos aos filhos, incorporam na lista de possibilidades os nomes de homens e mulheres valorosos que, mesmo após a definição do cânone, se tornaram exemplos do exercício das virtudes cristãs, e cuja vida deve ser mais que um exemplo a seguir.

Daí que o humilde blogueiro que assina este poste tenha um nome cristão, não segundo o entendimento anátema, mas na conformidade canónica de quem reconheceu como inspirados os 46 livros do Antigo Testamento e os 27 livros do Novo Testamento que todos reconhecem.
Nihil obstat, portanto.
(e parabéns, Tiago)

Carlos Cunha
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irrelevâncias
O que significam todas as palavras, histórias e textos da Bíblia?

Quase nada de importante. São sobretudo histórias para entreter.

Não sou eu que o digo. Foi Jesus.

Como escreveu João César das Neves, "o mandamento que o Senhor nos deu, o único mandamento que nos deu, foi precisamente esse: 'O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros como eu vos amei (Jo 15 12)'. Ele só nos deu este mandamento."
(João César das Neves, "Parábolas sobre Jesus", Principia, pags. 102/103)

Um mandamento é a única coisa importante na existência humana e Jesus só nos deixou esse.

Algumas histórias da Bíblia, sobretudo em alguns textos do Novo Testamento e, sobretudo, sobretudo, algumas parábolas de Jesus, são simples variações da única coisa realmente importante que aparece na Bíblia. O mesmo se pode dizer do Catecismo da Igreja Católica, das palavras do Papa e de outros textos santos.

Por vezes ajudam a nossa consciência a tomar as melhores decisões para escolher esse único mandamento que Jesus nos deixou. É por isso que não são completamente irrelevantes.

timshel
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segunda-feira, junho 25, 2007
O riso do minoritário
Há uma inocência neste post do Antonius que me faz lembrar a minha chegada aos blogues e posterior deslumbramento com a descoberta de uma família ideológica (a direita, os reaccionários com estilo, o conservadorismo cool). E embora concorde que o discurso da minoria pode ser, entre outros disfarces, o estafado truque do "temos razão porque somos poucos", não deixa de ser um salto epistemológico interessante (e no qual os católicos nos têm habituado) o da comunhão com a tal pretensa maioria. Como se a grande parte dos portugueses estivesse a ler o Antonius na internet e a concordar com ele. Como se grande parte dos portugueses gostasse de pensar sobre a sua importante fé. Como se a grande parte dos portugueses alguma vez se sentisse insegura por ameaças à sua identidade confessional. Enfim, como se a grande parte dos portugueses fosse católica (é que se a grande parte dos portugueses corresponde à ideia de catolicismo do Antonius a minha admiração por Roma extinguiu-se no último byte deste caracter).
É por estas e por outras que cada vez que querem bater no César das Neves ele sai com razão.

Tiago Cavaco
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sábado, junho 23, 2007
Há cerca de 800 anos...

«Terá a originalidade de Francisco estado apenas em ter resistido à tentação herética a que a maior parte dos Pobres cederam? É certo que há os que, neste início do século XIII, acabaram por ficar na Igreja: em 1201 uma comunidade de Umiliati ortodoxos, em 1208 os Poverti Cattolici do Vaudois convertidos por Durando di Huesca, em 1210 um outro grupo de valdenses em redor de Bernardo Primo. Mas que é isso perante a multidão de Albigenses e, na própria Itália, no tempo de Francisco, os Cátaros que têm um bispo em Florença e uma escola em Poggibonsi, os Patarinos, os Arnaldistas, os Valdenses? Em 1218, em Bergamo, reúne-se um congresso de Poveri Lombardi, em 1215 Milão é chamada «fossa de hereges» (fossa di eretici). Florença é, ainda em 1227, considerarda infestada pela heresia. E, antes do mais, esteve Francisco prestes a ser herege? É preciso distinguir as tendências e as circunstâncias. Terá por certo havido em umas e outras elementos que poderiam ter conduzido Francisco à heresia. A intransigente vontade de praticar um Evangelho integral despojado de contributos da história posterior da Igreja, a desconfiança para com a cúria romana, a vontade de fazer reinar entre os Menores uma igualdade quase absoluta e de antecipar o direito de desobediência, a paixão pelo despojamento levada ao ponto da manifestação exterior do nudismo que Francisco e os seus pares praticaram a exemplo dos adamitas, o lugar conferido aos laicos, tudo isto pareceu perigoso, quase suspeito à cúria romana. E, juntando os seus esforços aos dos ministros e dos guardiões assustados com tanta intransigência em Francisco, submeteu-o a pressão e exigiu dele, quando não que renegasse, pelo menos que renunciasse, o que deve tê-lo conduzido, em 1223, ao limiar da tentação herética. Resistiu-lhe. Porquê? Muito provavelmente porque nunca alimentou os sentimentos que, segundo ele próprio, levaram para a heresia uma parte dos franciscanos Spirituali. Francisco não foi milenarista nem apocalíptico. Nunca interpôs um Evangelho eterno, uma idade do ouro mítica entre o mundo terrestre onde vivia e o além do cristianismo. Não foi o anjo do sétimo selo do Apocalipse ao qual indevidamente o assimilaram certos Espirituais. As elucubrações escatológicas heréticas dos Espirituais vieram de Gioacchino da Fiore, não de Francisco.

Mas o que o reteve, sobretudo, foi a determinação fundamental, incessantemente repetida fora de pressões, de permanecer a qualquer preço (com efeito, pagará caro), ele e os seus irmãos, dentro da Igreja. Porquê? Talvez porque não queira quebrar essa unidade, essa comunidade que tanto prezava. Mas sobretudo por causa do seu sentir, da sua necessidade visceral de sacramentos. Quase todas as heresias medievais são anti-sacramentalistas. Ora Francisco, no seu ser profundo, precisa dos sacramentos e desde logo do primeiro de todos, a Eucaristia. Para dar este sacramento é preciso um clero, uma Igreja. Por isso Francisco - e isto pode causar surpresa - está disposto a perdoar muitas coisas aos clérigos em troca deste ministério dos sacramentos. Numa época em que mesmo os católicos ortodoxos se interrogam sobre a validade destes sacramentos administrados por padres indignos, Francisco reconhece-a e afirma-a sem rodeios. É porque destingue com cuidado entre eclesiásticos e laicos que precisa dos primeiros e se mantém dentro da Igreja.»


Excerto de "Francesco d'Assisi" de Jacques Le Goff (reputado e insuspeito historiador medieval).


Retrato de São Francisco por Margheritone d'Arezzo (segundo quartel do século XIII). Museu do Vaticano.


Antonius Block (texto a negrito por minha iniciativa)
posted by @ 1:38 da tarde   11 comments
Mas, ó Tiago...
A nossa realidade cultural torna evidente que os fundamentos da Moral (no sentido de costumes) estão em mutação.
Se se alteram as ideias fundamentais (de Bem e de Mal) sobre as quais se construiu o edifício, então este não se poderá manter por muito tempo e consequentemente a axiologia de matriz cristã tende a perder sentido.
A Laicização, (embora o termo Laico tenha já no seu sentido etimológico explicita oposição o religioso), “fundamentaliza-se” e atinge não só o Catolicismo, como todo o Cristianismo, como todas as religiões.
O Positivismo, com o fim anunciado da Filosofia, queria arrastar a Religião e talvez aí esteja uma razão do ressurgimento dos fanatismos religiosos.

Mas é neste ponto que, contra o Racionalismo de Kant, me socorro do Intuicionismo de Bergson, e digo que é a redenção da Filosofia que está na Religião (e não o contrário), e que aquela desagua na natureza específica desta.
E parece-me que:
a) A génese da Laicidade, desmistificadora e moderna, estava já inscrita de início na própria natureza, aberta e sincera do Cristianismo
b) A experiência mística e intuitiva, é a solução para humanamente se ultrapassar a dimensão niilista dessa Laicidade.
c) A tolerância da Fé católica (contemporânea ou não), não se permite desprezar, porque nos coloca a todos, Cristãos (e não-cristãos) sob um princípio de igualdade, perante Deus Pai; nem todos dirão assim, mas a Igreja Católica diz.

Guisa isto como quiseres, mas daqui não recebes, nem ignorância (e como pode ser cobardia?) nem hipocrisia (que no fundo é o que queres dizer com desonestidade encenada); daqui só levas o justo meio dos que divergindo, mutuamente se toleram.
cbs
posted by @ 3:47 da manhã   5 comments
Tiago, dou-te razão...
"Com a profundidade filosófica europeia continental (sobretudo alemã mas também francesa) que isenta os fiéis de se identificarem palpavelmente com algo protegendo-os nas suas perplexidades, dúvidas e toda a sorte de oásis temporários podem então os católicos viver aberta e mundanamente fora da disciplina da Igreja, proclamando heresias sob o sol mediterrânico uma vez que a certeza está na impossibilidade de ela existir.
Sob a capa da tolerância e de uma fé contemporânea podem desprezar todos os outros que assumem consequências quotidianas de uma opção religiosa (a esta nova técnica de maquilhagem podemos chamar o fundamentalismo do anti-fundamentalismo)"


Dou-te razão, mas ao fundamentalismo do anti-fundamentalismo, parece-me que bastará chamares-lhe Cepticismo (anti-dogmático).
Mas deixa acrescentar que o Cepticismo não é recente, e coexistiu com a convicção da possibilidade de conhecimento universal, quer por via exclusiva da Razão, quer por via da Razão com Fé.
O Relativismo cultural, que se desenvolveu com a expansão europeia induziu progressivamente, a descrença absoluta (Niilismo).
Foi o próprio paradigma da civilização clássica ocidental (a existência da Verdade fundamental) que foi posto em causa, quando alguns filósofos puseram em questão a possibilidade de conhecer (Kant e o Relativismo Fundamental) advogando outros até, o fim da Filosofia (Comte e o Positivismo).
Ficámos em presença simultânea da negação da validade racional da iluminação divina e da afirmação da contingência absoluta da natureza humana, o que atinge o cerne do próprio Conhecimento: a certeza está na impossibilidade de ela existir, como dizes.
Este modo de pensar busca a dissolução da Religião na Filosofia.

Já não falamos da Secularização como separação do religioso e do laico, que a Teologia propunha ao tentar racionalizar a Revelação (fundamento do Cristianismo) mas na presença de uma Laicidade (anti-religião) nos próprios fundamentos do religioso, que é a Verdade revelada:
“Tu crês no amor como uma propriedade divina porque tu próprio amas; crês que Deus existe, que é portanto um sujeito – o que existe é um sujeito, seja este sujeito determinado e designado como substancia, ou pessoa, ou essência, ou de outro modo qualquer – porque tu próprio existes, tu próprio és sujeito”
“A fé no Deus que se fez homem por amor – este Deus que é o ponto central da religião cristã – não é senão a fé no amor, mas a fé no amor é a fé na verdade e divindade do coração humano”
Ludwig Feuerbach, A essência do Cristianismo, Lisboa FCG 1994

Este gajo, no final do séc. XIX, propunha a desmistificação da transcendência da religião, reduzindo-a à própria natureza do Homem.
cbs
posted by @ 3:37 da manhã   0 comments
sexta-feira, junho 22, 2007
Minorias
Se há coisa que sempre julguei ter sido estabelecida para meu aproveitamento espiritual pelo Altíssimo, é o meu estatuto de homem branco de classe média/alta, católico e de Lisboa. Neste país, não há minoria na qual me pudesse integrar sem me submeter claramente ao rídiculo, e tendo em conta que vivo num país ainda assim parte da União Europeia e que os homens brancos continuam a dominar internacionalmente, estou em boa posição para me calar definitivamente quanto ao meu estatuto de oprimido. Não há nada no qual me possa refugiar sem ser a minha própria inépcia e miséria quando fico aquém do que seria desejável.

Mas depois há o João César das Neves e outros que tais na nossa querida Igreja, aos quais lhe parece que estão a ser vítimas de um ataque global de forças ateístas poderosas. Ainda que tal seja verdade, a postura de vítima é para mim o maior sinal de que a Igreja Católica está destinada a encolher tremendamente nos tempos mais próximos. A Igreja sempre foi atacada, o que é novo é esta posição de vítima indefesa. A virilidade que sempre caracterizou a Igreja na sua resposta às intempéries está fortemente abalada.

A Igreja já adoptou a postura de minoria no que ela tem de pior ainda antes de a ser de facto.

Antonius Block
posted by @ 11:49 da manhã   4 comments
Dois tipos de assertividade
A assertividade dos evangélicos é feita de ignorância: a reflexão teológica perdeu terreno para uma decifração instantânea das Escrituras que serene as dúvidas mais imediatas. O facto de existir sempre resposta revela uma atitude de não enfrentar o texto nas suas dificuldades e portanto não suportar a ideia de que a Palavra de Deus pode deixar a mente do crente sem solução para as suas regionais crises de fé (estas mesmas regionais crises de fé dos evangélicos resultam de banalidades como quem seriam os gigantes mencionados no Génesis, qual o tamanho da ferradura das bestas equínas que transportarão os cavaleiros do Apocalipse e por aí fora - é um programa lúdico semi-teológico que entretém os fiéis e lhes confere a ideia de dominarem os meandros da matéria - quando vêm as crises de fé supra-regionais, coisas sérias como um mau casamento ou a morte inesperada de alguém, qualquer sabichão evangélico manda às malvas a sua douta experiência bíblica para cortar relações com Deus e a igreja).
A assertividade dos católicos (sobretudos latinos e de tendências progressistas) é feita da aparência de humildade: o compromisso pessoal perdeu terreno para uma reflexão teológica delirante e sobretudo poética. Com a profundidade filosófica europeia continental (sobretudo alemã mas também francesa) que isenta os fiéis de se identificarem palpavelmente com algo protegendo-os nas suas perplexidades, dúvidas e toda a sorte de oásis temporários podem então os católicos viver aberta e mundanamente fora da disciplina da Igreja, proclamando heresias sob o sol mediterrânico uma vez que a certeza está na impossibilidade de ela existir. Sob a capa da tolerância e de uma fé contemporânea podem desprezar todos os outros que assumem consequências quotidianas de uma opção religiosa (a esta nova técnica de maquilhagem podemos chamar o fundamentalismo do anti-fundamentalismo).
A assertividade dos evangélicos é mais ignorante que a dos católicos mas a assertividade dos católicos é mais desonesta que a dos evangélicos. Ambas são cobardes na sua encenação de piedade. Desprezo as duas mas é contra a primeira que tenho um dever de combate.

Tiago Cavaco

Também publicado no Pranto e Ranger de Dentes onde ando excessivamente azedo.
posted by @ 10:20 da manhã   0 comments
quinta-feira, junho 21, 2007
Sonabulismos
Pedro, é por entender demasiadamente aquilo que queres dizer que cada vez me apetece mais "a defesa da cristandade" que "defender o Evangelho". Aceita com benevolência esta crítica: quando as nossas convicções nos toldam a visão da realidade são uma obra tão idólatra quanto Fátima e os Pastorinhos universalmente ensonados.
Jesus também morreu para nos livrar das nossas sagradas doutrinas. E a única "cuidadosa separação das águas" em que creio foi a abertura miraculosa do Mar Vermelho.

Tiago Cavaco
posted by @ 11:43 da tarde   0 comments
Ter cuidado
O Tiago lê Chesterton, eu cruzo-me, uma mão cheia de vezes por ano, com os peregrinos a caminho de Fátima. É bem verdade que viver num país de maioria católica fomenta pouco o pró-catolicismo.
Depois, o amiguismo nunca fez grande escola entre os baptistas (e outros evangélicos históricos). Nos momentos de crise sempre souberam resistir ao prato de lentilhas. Se o catolicismo vai perdendo influência social o problema também é nosso, claro. A nova reordenação do espaço traz-nos desassossego e ansiedade. E dava jeito companhia. Mas isso não justifica frentes comuns. Frentes comuns servem fins como a defesa da cristandade. Para defender o Evangelho, que é o que nos interessa, usa-se a fidelidade à Palavra, que passa, entre outras coisas, pela cuidadosa separação das águas.
E quando os caminhos se cruzarem, como no referendo ao aborto, então aí caminharemos juntos.

Pedro Leal
posted by @ 12:42 da tarde   2 comments
quarta-feira, junho 20, 2007
Pró-catolicismo e separatismo baptista
No contexto de 2 posts do Pranto e Ranger de Dentes reproduzo aqui parte do que coloquei aí, tentanto explicar ao Pedro os meus simultâneos pró-catolicismo e separatismo baptista (tema que frequentemente nos afasta).

Talvez seja presunção da minha parte mas creio que olhando para a big picture os evangélicos só têm a ganhar com um bom relacionamento com a Igreja Católica. Longe vai o Século XVI em que as lutas eram centrais porque partia-se do princípio que toda a Europa era cristã. Hoje, em que a fé já não universaliza como outrora, são mais os pontos em que os cristãos precisam de concordar para posteriormente sobreviverem em independência. É por isso que não sou ecuménico (na realidade nenhum católico é ecuménico, já os evangélicos deveriam ter percebido há muito) e não aspiro a qualquer unificação eclesiástica, e sou simultaneamente favorável à multiplicidade denominacional e a favor da inter-confessionalidade (uma relação aberta de amizade com todos os cristãos).
Não é à toa que no livro que usei para a citação, "Baptist Why And Why Not", o tom é de simpatia para com as outras expressões de fé, sobretudo protestantes. Veja-se: "While we may magnify and rejoice in the agreement between the several denominations, yet no good but rather harm will come if we ignore or even make little of the differences. It is far better to recognize these differences, and understand them as differences in our interpretation of the Word of God and to cultivate at the same time earnestness in searching the Scriptures with a persistent purpose to follow where they lead". É óbvio que o autor não estará a pensar na Igreja Católica aqui. Mas o autor estava com o Século XX pela frente e eu estou com o Século XX nas costas. Creio por isso que com o ataque contemporâneo à fé só temos a ganhar numa relação com Roma aberta, amigável e fiel às divergências.
Por último, muito do nosso nojo anti-Vaticano resulta de nascermos num país esmagadoramente Católico. Temos por natureza um complexo de inferioridade. Veja-se o relacionamento entre protestantes e católicos em países de maioria protestante para termos outro ponto de referência. E já agora conheça-se católicos em países de maioria protestante que certamente vamos encontrar paixões inesperadas (troco qualquer Yancey pelo meu Chesterton).
Consegui explicar-me melhor?

Tiago Cavaco
posted by @ 12:43 da tarde   7 comments
católica de berço
A mais bonita das católicas celebra hoje 40 anos.





















Celebremos, pois, urbi et orbi.

Carlos Cunha
posted by @ 10:17 da manhã   2 comments
terça-feira, junho 19, 2007
da salvação, segundo Saint Morrissey

Where is London, so much for London
Is it home of the free - Or what?

Can you squeeze me
Into an empty page of your diary
And psychologically save me
I've got faith in you
I sense the power
Within the fingers
Within an hour the power
Could totally destroy me
(Or, it could save my life)

Oh, here is London
"Home of the brash, outrageous and free"
You are repressed
But you're remarkably dressed
Is it Real?
And you're always busy

Really busy
Busy, busy
Oh, hairdresser on fire
All around Sloane Square
And you're just so busy
Busy, busy
Busy scissors
Oh, hairdresser on fire
(Only the other day)

Was a client, over-cautious
He made you nervous
And when he said
"I'm gonna sue you"
Oh, I really felt for you ...mmm...

So can you squeeze me
Into an empty page of your diary;
And supernaturally change me?
Change me, change
Oh, here in London
"Home of the brash, outrageous and free"
I am depressed
But I’m remarkably dressed
It’s all I need
And you're always busy…

Poste dedicado ao cbs.

Carlos Cunha

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a importância da educação católica

Carlos Cunha
posted by @ 11:46 da manhã   5 comments
domingo, junho 17, 2007
What does man seek?
B.Roudil, souvenir

It is not pleasure, surely, that we seek most constantly; it is not happiness.
It is what you Americans express so well in your word efficiency.
This word expresses the tendency of evolution; it voices the fundamental tendency within us, which is that of creation.

We seek efficiency, or, perhaps, it would be truer to say that we seek the immediate product of efficiency, which is joy.
Joy is not pleasure, but the satisfaction of creation.
Making money gives pleasure no doubt, to the artist; his joy, however, comes only from seeing the picture grow under his brush, from feeling that he is bringing something new into the world.
It is this joy witch, in some form or other, man always seeks.

Henri Bergson, Extract of the Columbia University Lectures, 6 Mars 1913
cbs
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Where Man is sole success (a minha maneira de anuir, Tim :)
In viewing evolution we have the impression a force which is trying to use matter for its own ends, to twist the determinism of matter into a vehicle for free will.
The only success of this force is Man.
When we compare matter and mind we are struck by the contrast they afford; one makes for precision, the other for vagueness.
One makes for determinism, the other for freedom.

The origin of matter and mind is probably the same; evolution is but the splitting of this initial force into two elements, each opposed, yet each in a sense complementary.
Matter divides mind, makes it more precise; it intensifies it too, for it provokes it to an effort.
It draws from mind not only what it has, but what it has not, for it provokes it to new creations.
It is both an instrument and an obstacle.

Henri Bergson, Extract of the Columbia University Lectures, 6 Mars 1913
cbs
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Sem Deus
Os detractores do princípio antrópico e da existência de uma intencionalidade transcendental que presidiria à existência do Universo, da vida e, sobretudo, da vida humana, argumentam que tudo isto nada mais é que uma simples obra do acaso. A matéria organizou-se assim e ponto final.

Nestes termos, se o tempo fosse infinito (o que parece não ser, dado que o Universo nem sempre existiu e antes dele não se pode falar de tempo) um macaco sentado a um computador acabaria por escrever uma das peças de Shakespeare.

Soube hoje através do artigo do Nuno Crato no Expresso que, na Universidade de Plymouth, houve quem fizesse a experiência e desse um computador a um grupo de símios.

Os macacos cagaram e mijaram no teclado do computador e conseguiram destruir a máquina antes de formarem uma única palavra.

Espero que tenham comunicado aos ateus científicos e experimentalistas o resultado de mais esta experiência científica.

timshel
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sexta-feira, junho 15, 2007
Três coisitas sobre a Fé e uma sobre a experiência 4: da metafísica implícita
MonicaArmstrong

“Suponho que, o filósofo cristão que for capaz de aprofundar as fórmulas escolásticas, que com tanta frequência lhe servem de alimento, deverá quase necessariamente, vir a encontrar os dados fundamentais daquilo a que chamei filosofia concreta (…) No fundo, admito que o pensamento se encontra ordenado para o Ser, da mesma forma que o sentido da vista se encontra ordenado para a luz, na fórmula Tomista” *1

“Aqui se esclarece finalmente, o que no início eu dizia sobre a experiência como terra prometida; ela torna-se, de certo modo, o seu próprio Além, para o que terá que transmutar-se, tornar-se a sua própria conquista.
O erro do Empirismo está unicamente em desconhecer tudo aquilo que uma experiência autêntica implica de invenção ou até de iniciativa criadora.
Poder-se-ia dizer também que o seu defeito essencial está em desconhecer o mistério que reside no mais íntimo da experiência, em tratar esta como impondo-se por si, quando o que é estranho e de certo modo, miraculoso, é precisamente que a experiência exista, que ela possa “ser”.
Não consiste essencialmente a investigação metafísica numa sequência de diligências pelas quais a experiência, em lugar de se alongar em técnicas, se torna íntima por assim dizer, e se exercita reconhecendo as suas implicações?” *2

cbs
*1. Gabriel Marcel, Etre et Avoir, Paris Aubier 1933, pág 309
*2. Gabriel Marcel, Du refus à l’Invocation, Paris Gallimard, 1940, pág 108

posted by @ 10:37 da tarde   0 comments
Ismaelitas, eat my shorts!
Entre as judiarias que os meus pais me fizeram, escolheram Isaac para secundar Samuel num já estranho nome acabado em Úria. Judiarias, está certo.
A Bíblia conta-nos de Isaac, filho serôdio de Abraão. No dia em que Deus pediu ao patriarca para imolar o muito desejado filho, Abraão foi obediente. Estava quase a degolar o pequeno Isaac quando um anjo o travou. Duvido que a ordem divina tenha sido “Travas o gajo que eu estava só a brincar!”. Porque não estava.

Samuel Úria
posted by @ 2:52 da manhã   11 comments
quinta-feira, junho 14, 2007
Três coisitas sobre a Fé e uma sobre a experiência 3

"A Fé não pode ser senão uma adesão, e com maior rigor, uma descoberta"* , adesão e resposta a um silencioso convite que solicita a alma sem a constranger de forma alguma.
Assim, o problema que a Fé apresenta toma um novo aspecto: encarada por quem possui a Fé, a incredulidade apresenta-se como uma recusa.
Muitas vezes, essa recusa não passa de uma desatenção ou falta de reflexão.
A vida actual que dispersa e desumaniza favorece espantosamente a distracção, o lado animal que existe no humano.
Mas desse sono “cada um pode despertar a qualquer momento, sob a acção de influências diversas, de entre as quais a mais poderosa é seguramente a presença de seres que irradiam a verdadeira Fé.
De qualquer modo, é sempre necessário “querer crer”, porque a Fé não é por si mesma um movimento da alma, um transporte, um arrebatamento.
Ela é e nada mais pode ser do que um testemunhar perpétuo.”*
cbs
*Gabriel Marcel, Etre et Avoir, Paris Aubier 1933
posted by @ 10:37 da tarde   0 comments
"Eu apenas conheço um único dever, que é o de amar."
"As nuvens avolumam-se por cima do claustro e a noite pouco a pouco encobre as lajes onde está inscrita a moral com que se dota aqueles que morreram. Se eu escrevesse aqui um livro de moral, teria cem páginas e noventa e nove estariam em branco. Na última, escreveria: "Eu apenas conheço um único dever, que é o de amar." E, quanto ao resto, digo não. Digo não com todas as minhas forças. As lajes dizem-me que é inútil e que a vida é como "col sol levante, col sol cadente". Mas não vejo o que a inutilidade retira à minha revolta e sinto muito bem o que a faz aumentar.

Pensava em tudo isto sentado no chão, encostado a uma coluna, e algumas crianças riam e brincavam. Um padre sorriu-me. Mulheres olhavam-me com curiosidade. Na igreja, o órgão tocava surdamente e o colorido quente dos seus contornos surgia por vezes atrás dos risos das crianças. A morte! A continuar assim, acabarei por morrer feliz. Terei consumido toda a minha esperança."


Até o baralhado Camus compreendia esta verdade simples.

timshel
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quarta-feira, junho 13, 2007
Três coisitas sobre a Fé e uma sobre a experiência 2

Quanto ao Cepticismo que considera a Fé como uma capacidade puramente subjectiva, de que são dotados certos seres, para objectivar crenças inteiramente gratuitas e ilusórias, essa é uma posição que não chega a ter sentido.

“À primeira vista, afigurava-se-me escandaloso submeter a fé religiosa, tomada na sua pureza, a uma verificação empírica. Ela apresentava-se-me como estando, por essência, para além de qualquer desmentido e de qualquer possível confirmação experimental” *

O objecto da Fé não é da categoria dos que se podem verificar, porque não é coisa exterior, cuja existência se imponha no plano da realidade objectiva; é uma realidade que me é mais interior do que eu próprio sou a mim mesmo, Deus, intimior intimo meo.*
Desta forma, a atitude céptica, não tem sentido...
Dizer “talvez não esteja ninguém aonde vós credes que está alguém” é estarmo-nos a referir a uma experiência rectificadora que, por definição, não abrange aquilo que está em questão, porque o objecto da Fé, tem de ser posto como transcendente em relação às condições que qualquer experiência implica.

Aliás, quanto mais se cresce na Fé, mais se triunfa desse cepticismo que nunca poderá pôr em causa o seu valor, precisamente porque começa por fazer dela uma ideia que desvirtua a sua própria natureza.
Saibam pois, caríssimos ateus, que quanto mais a minha alma se aproxima da Fé, tanto mais ela se convence que seria absolutamente incapaz de a produzir por si mesma.
cbs
* Gabriel Marcel, Regard en arriere in L’existencialisme chrétien, Paris Plon 1947
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Três coisitas sobre a Fé e uma sobre a experiência 1
Alguns supõem que a fé não somente lhes é estranha, mas também inacessível, ou então, que não passa de uma forma de crendice e fraqueza, de que eles alegremente se sentem libertos.
Vejo diferente, vejo que por não conseguirem dar sentido à palavra Destino, apenas traduzem o rancor inconsciente de quem não a possui, contra quem a possui.

Essa concepção da fé como mera evasão, é uma construção do espírito, e contra ela se insurgem os factos.
Porque, na realidade a Fé é uma virtude, e pressente-se como força, uma força esclarecida e amável, que não é confundível com a credulidade cega do fanático, essa sim, fraqueza e impotência.
cbs
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terça-feira, junho 12, 2007
Bola reformada
A ética protestante até dispensa o árbitro?

Pedro Leal
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segunda-feira, junho 11, 2007
«Missa erótica festeja a sexualidade na Convenção Evangélica»
«Este fim de semana teve lugar, como todos os segundos anos, o "Kirchentag", a Convenção das Igrejas Evangélicas na Alemanha. Costuma realizar-se num ambiente de festa, colorido pelos muitos diversos grupos de leigos. (Se essa distinção faz sentido na igreja evangélica, onde os profissionais da religião, os padres e bispos, ao contrário do que acontece na religião católica, não tem nenhum estatuto especial conferido por Deus, só pelos outros crentes a quem servem.) Há quatro anos pude comprovar o ambiente bem-disposto, esperançado e descontraído, quando passei por acaso, naquele dia, pelas ruas de Berlim.

Desta vez foi em Colónia. Passo a reproduzir um artigo do DER SPIEGEL a propósito da ocasião:

«Missa erótica festeja a sexualidade na Convenção Evangélica: Sexo e Igreja pouco tem a ver um como outra. Népias, pensaram os organizadores da Covenção das Igrejas Evangélicas - e convidaram para uma missa erótica, sob o lema "no vinhedo do amor". Devido a sobrelotação a igreja teve de ser fechada.

Colónia - Cerca mil pessoas esperaram a frente da Igreja dos Cartuxos no centro sul da cidade, mas só 400 encontravam lugar na casa de Deus – o resto teve que ficar a porta. Descalço ou em peúgas os crentes entravam na sala – “Bem vindo no vinhedo do amor” estava escrito na entrada. O sermão de pastor Armin Beuscher era então sobre sexualidade e eros. “Eros e prazer não são zonas proibidas, demarcadas por Deus” diz o pastor. Admitiu que “hoje em dia no serviço religioso só limitadamente se será capaz disso” mas incentivou então os visitantes de participar num ritual de unção e de massajar testa e mãos do vizinho ao seu lado. As pessoas deviam realizar: “Ambos, espiritualidade e erotismo, vivem do exercício.” Também fizeram parte do serviço religioso representações artísticas, uma bailarina atravessou, se espreguiçando, a sala da igreja.

A convenção, uma festa de cinco dias dedicadas à fé, estava sob o lema “vivo e forte e mais agudo”. 110.000 participantes permanentes inscreveram-se, a eles somam-se mais algumas dezenas de milhares de participantes diários. Para além de muitos representantes de igrejas, os prémios Nobel Desmond Tutu e Muhammed Yunus, compareceram também o Presidente da República Horst Köhler e quase todo o governo, inclusive Chanceler Angela Merkel. Na missa erótica, todavia, ela não participou.»


Uma fotografia do evento. Confesso que não consigo ver-la sem um certo embaraço, embaraço que por exemplo não sinto perante actuações hardcore numa feira erótica. Seria interessante explorar o porquê. Há aqui uma conjugação entre boa vontade, falta de jeito e piroseira, que me faz arrepios. Contudo, não me sinto justo perante os participantes, se cedo ao impulso que este embaraço me provoca: o riso.

De qualquer modo, uma das qualidades que nunca deixam de me impressionar nos pastores evangélicos, é a sua ilimitada resistência ao embaraço, seja o que for que digam ou façam».

[Texto roubado ao Lutz].

Carlos Cunha

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domingo, junho 10, 2007
a cadela laica ataca de novo

Definitivamente à cadela laica sobra-lhe em olfacto o que lhe falta em visão. E anda por aí, sempre, por todo o lado, obstinadamente, aos encontrões às pernas das pessoas, a farejar o chão, as sebes, os caixotes, as beatas, os postes e agora também os posts. E, claro está, mandando sempre a sua mijinha territorial para que as suas sucessivas ninhadas saibam por onde tem andado a sua mãe espiritual. Desta vez foi uma poodle de ninhada recente, a estimável e simpática Rita Ferro Rodrigues, que ocupa um posto de blogwatching na revista do inefável Expresso e deparou este sábado com o blogue do nosso Samuel Úria. A rapariga deleita-se com aquilo a que chama pérola, desenterrando selectivamente alguns nacos urianos que mais dizem à sua benemérita e mainstreamer maneira de ser. Tendo eu um feitio um bocado cioso e corporativo, irrita-me à brava ver esta gente pôr-se a cheirar o traseiro aos meus amigos aqui do concílio. Mas não posso deixar de me rir também: a propósito do Samuel ter escrito que o seu blogue «rejubila mais com a Páscoa do que com o 25 de Abril» vem a boa da Rita extrapolar que «o aindanaoestaescuro.blogspot.com arrisca-se a ser um dos melhores blogues assumidamente de Direita escritos em português»! Extraordinário, canino e laico!
josé
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A pior aberração, segundo Platão
Na verdade, se toda a coisa produz transformação em outra, necessário é, remontando de coisa em coisa que se alcance uma coisa que se move de si.
Uma coisa, que é movida por outra não pode ser a primeira a mover-se.
O primeiro movimento é, pois, aquele que move a si mesmo, e é o da alma.
Há pois, uma alma, uma inteligência suprema que move e ordena todas as coisas do mundo.

Mas não basta admitir um princípio divino do mundo, é preciso vencer ainda a indiferença dos que pensam que Deus não se ocupa das coisas humanas, que seriam insignificantes para ele.
Ora esta crença equivale a admitir que Deus é preguiçoso e indolente e a considerá-lo inferior ao mais comum dos mortais, que sempre quer aperfeiçoar obra que faça, grande ou pequena.

Mas enfim, a pior aberração é a superstição dos que crêem que Deus possa ser propiciado com dons e ofertas: esses põem Deus a par dos cães que, amansados com presentes, deixam depredar os rebanhos, e abaixo dos homens comuns, que não atraiçoam a justiça aceitando presentes oferecidos com intenção delituosa.

(Do “ateu” Platão em As Leis) cbs
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sexta-feira, junho 08, 2007
Indolências insulares (II)
"Most fortunately it happens, that since reason is incapable of dispelling these clouds, nature herself suffices to that purpose, and cures me of this philosophical melancholy and delirium, either by relaxing this bent of mind, or by some avocation, and lively impression of my senses, which obliterate all these chimeras. I dine, I play a game of backgammon, I converse, and am merry with my friends; and when after three or four hours’ amusement, I would return to these speculations, they appear so cold, and strained, and ridiculous, that I cannot find in my heart to enter into them any farther."

David Hume no seu Treatise of Human Nature, Book I

Gostaria de poder dizer com sinceridade que só à época de exames é devida a minha abstinência em matérias de produção de pensamento próprio. Mas há muito disto também. Os ingleses sempre foram lixados para nos chamar ao real, aquele mesmo do qual a zazie parece querer salutarmente apartar-se q.b..

Antonius Block
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Indolências insulares (I)
XXIV. Of speaking in the Congregation in such a tongue as the people understandeth

It is a thing plainly repugnant to the Word of God, and the custom of the Primitive Church, to have public Prayer in the Church, or to minister the Sacraments in a tongue not understanded by the people.

Articles of Religion, Book of Common Prayer

Subscrevo inteiramente este artigo (a propósito do motu próprio a ser divulgado pelo Papa brevemente). Latim sim, para quem queira e perceba.

Antonius Block
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quinta-feira, junho 07, 2007
ainda Corpus Christi (depois da missa)
«Por razões de ordem pessoal, tive recentemente de me ocupar de questões ligadas à assistência aos desfavorecidos e à protecção de populações em risco. Entre estas, podem contar-se os idosos (especialmente sozinhos e doentes), crianças abandonadas, filhos de pais doentes, refugiados, vítimas de violência doméstica, pobres, certos desempregados, doentes acamados, pessoas sem abrigo, viciados, drogados, hospitalizados com parentes ausentes, presos e outros. Num vasto universo de organizações civis e não-governamentais que se dedicam ao apoio e ao conforto destas pessoas, encontrei ou tomei conhecimento da existência de milhares de voluntários que gastam, por dia, mês ou ano, horas sem fim com aqueles que assistem. Além do tempo de trabalho, que não é pouco, gastam também recursos pessoais.

Mais do que tudo isso, o esforço e a energia destas pessoas, em certas circunstâncias, são impressionantes. Quando vemos grupos de rapazes e raparigas a recolher alegremente géneros nos supermercados, podemos sempre pensar que existe algo de lúdico associado à generosidade. Mas esses são momentos excepcionais. O essencial da assistência e da solidariedade é muito mais difícil. O contacto humano com acamados idosos ou doentes terminais exige resiliência moral. Trazer, durante a noite, alimentos e uma palavra aos toxicodependentes e aos sem-abrigo, frequentando os locais mais esquálidos e infectos das cidades, implica um difícil despojamento dos códigos de comportamento estabelecidos. Levar água, pão e medicamentos a crianças doentes e esfomeadas nas áreas miseráveis onde se desenrolam guerras civis de enorme crueldade pede sacrifício e capacidade para correr riscos de vida. Visitar, todas as semanas, por vezes todos os dias, presos ou doentes, sempre em ambientes de dor ou de degradação física e moral, não é um gesto ao alcance de todos. Esta assistência, voluntária, sem remuneração, recompensa ou visibilidade, é uma das reservas de decência na nossa sociedade muito mais interessada na mercadoria ou na exibição.

Ao estudar estas actividades, dei-me conta de que a maior parte das organizações e dos voluntários tem uma qualquer inspiração religiosa. São grupos e entidades ligados às Igrejas (em Portugal, sobretudo a católica), às ordens, às comunidades religiosas, às paróquias e a outras instituições. Notei algumas de inspiração laica, movidas pela mais simples solidariedade, mas são a minoria. Conheci mesmo voluntários ateus ou agnósticos que se dedicam a esta acção com os grupos religiosos, pois os consideram mais eficientes e mais genuínos. Fica-se com a impressão de que a segurança organizada e o reconhecimento do direito de todos à protecção não substituem, nem de longe, a assistência humana e pessoal ou, mais simplesmente, o "amor ao próximo" em nome de um deus. As vantagens, que são muitas, da cidadania laica e do Estado de protecção social não incluem a humanidade, a decência e a capacidade para resolver caso a caso as situações individuais. A solidariedade civil parece não substituir o sentimento religioso.»

António Barreto, Público, 3/6/2007

Carlos Cunha
posted by @ 1:44 da tarde   12 comments
dia de Corpus Christi
poema

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco

Mário Cesariny

Carlos Cunha
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Carta a um amigo
In the name of the compassionate and merciful God,

Ragheed, my brother,

I ask your forgiveness for not being with you when those criminals opened fire against you and your brothers. The bullets that have gone through your pure and innocent body have also gone through my heart and soul.

You were one of the first people I met when I arrived to Rome. We met in the halls of the Angelicum and we would drink our cappuccino in the university's cafeteria. You impressed me with your innocence, joy, your pure and tender smile that never left you.

I always picture you smiling, joyful and full of zest for life. Ragheed is to me innocence personified; a wise innocence that carries in its heart the sorrows of his unhappy people. I remember the time, in the university's dining room, when Iraq was under embargo and you told me that the price of a single cappuccino would have satisfied the needs of an Iraqi family for a whole day.

You told me this as if you were feeling guilty for being far away from your persecuted people and unable to share in their sufferings …

In fact, you returned to Iraq, not only to share the suffering and destiny of your people but also to join your blood to the blood of thousands of Iraqis killed each day. I will never forget the day of your ordination [Oct. 13, 2001] in the [Pontifical] Urbanian University … with tears in your eyes, you told me: "Today, I have died to self" … a hard thing to say.

I didn't understand it right away, or maybe I didn't take it as seriously as I should have. … But today, through your martyrdom, I have understood that phrase. … You have died in your soul and body to be raised up in your beloved, in your teacher, and so that Christ would be raised up in you, despite the sufferings, sorrows, despite the chaos and madness.

In the name of what god of death have they killed you? In the name of which paganism have they crucified you? Did they truly know what they were doing?

O God, we don't ask you for revenge or retaliation. We ask you for victory, a victory of justice over falsehood, life over death, innocence over treachery, blood over the sword. … Your blood will not have been shed in vain, dear Ragheed, because with it you have blessed the soil of your country. And from heaven, your tender smile will continue to light the darkness of our nights and announce to us a better tomorrow.

I ask your forgiveness, brother, for when the living get together they think they have all the time in the world to talk, visit, and share feelings and thoughts. You had invited me to Iraq … I dreamed of that visit, of visiting your house, your parents, your office. … It never occurred to me that it would be your tomb that one day I would visit or that it would be verses from my Quran that I would recite for the repose of your soul …

One day, before your first trip to Iraq after a prolonged absence, I went with you to buy souvenirs and presents for your family. You spoke with me of your future work: "I would like to preside over the people on the base of charity before justice" -- you said.

It was difficult for me to imagine you a "canonical judge" … And today your blood and your martyrdom have spoken for you, a verdict of fidelity and patience, of hope against all suffering, of survival, in spite of death, in spite of everything.

Brother, your blood hasn't been shed in vain, and your church's altar wasn't a masquerade. … You assumed your role with deep seriousness until the end, with a smile that would never be extinguished … ever.

Your loving brother,

Adnam Mokrani
Rome, June 4, 2007
Professor of Islamic Studies in the Institute for the Study of Religion and Culture,
Pontifical Gregorian University

[Original text: Arabic. Translation by ZENIT]

Antonius Block
posted by @ 2:24 da manhã   1 comments
quarta-feira, junho 06, 2007
o bom pastor alemão






Carlos Cunha
posted by @ 8:57 da tarde   4 comments
terça-feira, junho 05, 2007
E eis porque o mundo moderno cheio de gente sem arrependimentos, pecados e confissões precisa de ver mais televisão
"I am the last in the line of Bagwells. The tail end of a corrupted breed. The earth, thank God, shall see no more of our generations. I cannot procreate, Susan. And yet, there's something in that gives me great hope. No more Bagwells shall roam this planet. Not with that vile blood in their veins."
Theodore Bagwell, Prison Break, Bad Blood




Paulo Ribeiro
posted by @ 9:54 da tarde  
segunda-feira, junho 04, 2007
Consciência ecológica
É preciso dar tanta volta para encontrar uma consciência ecológica na Bíblia?
O Homem é sem dúvida o centro da Criação. Mais nenhuma criatura foi feita “à imagem e semelhança de Deus”. Mas este lugar de destaque não confere só regalias. Traz também responsabilidades. Desde logo o domínio sobre as outras formas de vida (Génesis 1:28 a 30) implica uma espécie de “mordomia”, de gestão dos recursos. Porque o domínio é entregue à Humanidade. Os recursos pertencem a todos. Eu devo usá-los de forma a que estejam disponíveis não só para os vivem comigo nesta geração mas também para as gerações futuras. Depois, e aqui é uma lacuna que eu entendo nos evolucionistas, se eu vir em cada forma de vida um milagre de Deus (o que é a criação senão um milagre?) só posso ter o máximo respeito por ela. Há ainda um terceiro aspecto: a Natureza é uma das formas em que Deus se revela aos homens e mulheres. Cabe na cabeça de algum cristão mutilar parte dessa revelação?

Pedro Leal
posted by @ 11:11 da manhã   4 comments
domingo, junho 03, 2007
irmãos animais
«Quanto aos homens penso assim: Deus põe-os à prova para mostrar que, em si mesmos, são como animais. De facto, os destinos do homem e do animal são idênticos: do mesmo modo que morrem estes, morrem também aqueles. Uns e outros têm o mesmo sopro vital, sem que o homem tenha nenhuma vantagem sobre o animal, porque tudo é fugaz. Uns e outros vão para o mesmo lugar: vêm do pó, e voltam para o pó.»
(Eclesiastes 3:18-20).

1. Duas narrações da Criação são relatadas nos primeiros capítulos do Génesis. A mais antiga, correspondente, grosso modo, ao 2º capítulo, escrita no tempo do rei Salomão (séc. X a.C.), de tradição javista, é claramente antropocêntrica. Apresenta o homem como centro primeiro da Criação, à volta do qual tudo o mais é gerado com o propósito de o servir: a natureza como lar para o Homem, os animais como resultado da procura de um auxiliar que lhe seja semelhante, e na mesma condição a mulher, criada a partir de uma costela de Adão.

A segunda narrativa, mais tardia, ligada à escola sacerdotal, foi escrita durante o exílio na Babilónia (séc. VI a.C.), e corresponde ao 1º capítulo do Génesis. Aqui não há propriamente um centro da Criação. Deus vai criando a luz, a água, o firmamento, a terra, as árvores, as estrelas, os animais, peixes, pássaros, etc., e, em cada momento, maravilha-se com a sua obra: «E Deus viu que era bom». Só ao 6º dia Deus criou o Homem, «homem e mulher os criou», em simultâneo e em paridade.
Nesta segunda narrativa é atribuída ao Homem o domínio sobre todos os seres vivos mas, ao contrário da primeira, não lhe é conferido o poder de dar o nome aos animais – poder esse que significa uma autoridade superior, uma subjugação do nomeado. Pelo contrário. O homem é um elemento, entre outros, da Criação de Deus, na qual se insere e se relaciona como entre iguais. Parece mesmo haver aqui um inicial apelo ao vegetarianismo («Deus disse: "Eis que eu vos dou toda a erva que dá semente sobre a terra, e todas as árvores frutíferas que contêm em si mesmas a sua semente, para que vos sirvam de alimento», Gen. 1:29), apenas derrogado depois do dilúvio («Tudo o que se move e vive vos servirá de alimento; eu vos dou tudo isto, como vos dei a erva verde», Gen. 9:3).

2. No entanto, este assombro com a Criação, na qual o Homem se integra plena e irredutivelmente, ficou esquecido por todo o pensamento cristão até aos nossos dias. Se a autoridade de São Paulo ensina que é toda a natureza que anseia pela libertação do pecado de Adão, esperando a redenção por Cristo, «pois sabemos que toda a criação geme e sofre de dores de parto até o presente dia» (Rom. 8:22), a teologia subsequente – amarrada ainda mais ao antropocentrismo da perspectiva cristã do mundo – tem-se negado a reflectir os factos incontestados da evolução do mundo que nos revelam as modernas ciências naturais.

Há uma forte resistência ideológica na teologia cristã em abandonar o conceito de singularidade do Homem como ponto alto da Criação (ainda que contrariado ao longo de alguns textos canónicos). Com efeito, a mudança de paradigma do judaísmo/cristianismo face aos mitos pagãos é demasiado radical para permitir um olhar neutro: onde antes o homem se integrava na natureza, agora é a natureza que se integra no universo humano.

3. No entanto, estão visão é demasiado estreita para ser satisfatória. Basta que nos questionemos um pouco. Dizia Konrad Lorenz que «o homem moderno é o missing link entre o macaco e os seres humanos». Ainda que assim o não entendamos, podemos sempre perguntar-nos em que tempo histórico se deu a mudança evolutiva definitiva entre os ramos genealógicos do macaco e dos hominídeos.
A questão fundamental com que S. Tomás de Aquino resolveu a questão da imortalidade dos animais em contraponto aos humanos («nos animais não encontramos qualquer aspiração à eternidade; só são eternos como espécie, na medida em que neles existe uma aspiração à reprodução, através da qual perdura a espécie», Summa Contra Gentiles, II, 82) ressurge com os conhecimentos científicos contemporâneos. Sabemos hoje, por exemplo, que o homem e o macaco partilham 98% do genoma. Sabemos igualmente que o homem não é produto de intervenção pontual, determinada no tempo, de um acto concreto, mas sim o resultado (ainda em evolução) de um processo que se estende no passado, ao longo de muitos milhares de anos.
Podemos mesmo perguntar, ao lado de Eugen Drewermann (Da Imortalidade dos Animais – Uma Esperança para as Criaturas que Sofrem), se são apenas os homens o objecto da salvação, as únicas criaturas merecedoras da graça, da fé e da ressurreição, então desde quando existem os homens?

4. Não deixa de ser curioso, como aponta John Gray, no seu cáustico livro Sobre Humanos e Outros Animais, que, tendo Darwin demonstrado que os humanos em nada de estrutural diferem dos outros animais, foi o zelo do humanismo darwinista que recolocou o homem no pedestal onde o cristianismo o elevou: «a ironia do darwinismo é que utiliza a ciência para sustentar uma visão da humanidade que nasceu da religião».

Esta concepção antropocêntrica da doutrina cristã (errónea porque baseada em falsos pressupostos), alimentada pelo darwinismo humanista, tem legitimado um pecado maior contra a Criação de Deus: o desprezo por toda a natureza, a manipulação industrial de todas as formas de vida e a iníqua relação com os animais, tornados mero produto comercial sem qualquer autonomia, submetidos a sofrimentos injustificados e a tratamentos cruéis, sem respeito, sem reconhecimento da dignidade inerente à sua condição de pares da obra do mesmo Criador.

Carlos Cunha
posted by @ 11:04 da tarde   13 comments
Descanso
É lícito postar domingo à tarde?

Pedro Leal
posted by @ 6:17 da tarde   7 comments
sábado, junho 02, 2007
O órfão ao volante
De cada vez que ofereço a passagem no Pina Manique a quem me chega pela esquerda para virar para a Radial de Benfica sinto-me naturalmente católico e um elemento pró-activo nesse grande ponche universal que é a co-sanguinidade espiritual absoluta.

Tiago Cavaco
posted by @ 5:33 da tarde   4 comments
Uma provocaçãozita para os nossos amigos criacionistas...


Não é por acaso que este filme aparece aqui.
Pena a qualidade manhosa da imagem, ainda por cima logo num filme do Kubrick, que sempre foi muito reticente em ver os seus filmes transmitidos na TV (quanto mais na Net). Sempre foi um purista da tela de cinema.
Antonius Block
posted by @ 4:17 da tarde   26 comments
De César e Cristo.
Cristãos 'de direita'? Cristãos 'de esquerda'?
Pelo Amor de Deus...

Nuno Fonseca
posted by @ 12:39 da manhã   12 comments
sexta-feira, junho 01, 2007
Porque Nem Todos Os Homens São Irmãos, Enquanto Filhos de Deus.
' [Jesus] veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome' (Jo1:11/2).

'Não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa são contados como descendência' (Rom9:8). cf. 'filhos de desobediência' (Ef5:6; Col3:6).

'Vinda a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos adopção enquanto filhos. E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo' (Gál.4:4/7).

'Antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar. De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados. Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio. Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. (...) E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa'. (Gál3:23-27;29).

Antes de se escandalizarem duma ideia teológica de certo homem, pesquisem a Bíblia antes de qualquer repreensão, para que não venham a achar a fonte do escândalo na Palavra de Deus e, assim, sejam repreendidos pela própria Escritura, a que dizem professar:



'E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar em mim' (Mat 11:6).


Nuno Fonseca
posted by @ 11:27 da tarde   19 comments
Porque sou Cristão 3: o Cristo

E entre todos os profetas ressalta Jesus Cristo.
Melhor. Ressaltam as palavras, porque Ele poderia até nem ter existido (e duvidou-se tanto tempo, lembram-se?) mas o facto de um humano, algures no Tempo, ter revelado as “mágicas” palavras que ainda hoje ecoam entre nós... faz toda a diferença.

Quanto mais anónimo nos aparecer Jesus, mais essa aparência será a de um homem sem distinção social, estranho a qualquer “glória humana”;
Quanto mais humilde nos aparecer Jesus, tanto mais as suas palavras, que humano algum jamais pronunciara, tanto mais os seus actos, que humano algum jamais cumprira, nos mostram que Ele não era um profeta, não era um homem como os outros.
E, porque disse: “O Pai existe e ama-vos”, Deus deixou de ser uma ideia abstracta, um ser omnipotente e omnipresente; Deus transformou-se em pessoa.

Não foi a catequese que recebi na infancia que me tornou cristão. Facilitou, inseriu-me numa cultura cristã. Mas foi muito mais tarde que me transformei, quando tudo amadureceu e a evidencia (o Espírito?) surgiu forte no interior da minha pobre alma.
Dúvidas, temos todos, a diferença é que eu acredito na palavra.
Acredito Nele, para mim, é suficiente.

(publicado mais ou menos assim em 16/05/o5 na Terra da Alegria)
cbs
posted by @ 11:17 da tarde   0 comments
a ceia de Tim Che Lung


josé, cristão apesar de ter feito a sua opção de classe
posted by @ 11:10 da tarde   2 comments
é a a Igreja Una, Santa, Católica, Apostólica
ó Tiago

eu nem vou chamar o Mateus 23,8 como amavelmente aqui me recordou (ou ensinou?) o CC

as palavras de Cristo leio-as à luz da Santa Madre Igreja

PS.: e não me peças que indique aqui todas as ocasiões em que a Igreja Una, Santa, Católica, Apostólica, referiu que as palavras de Cristo devem ser interpretadas no sentido de que todos os homens são irmãos.

timshel
posted by @ 9:08 da tarde   2 comments
sola postia, solo púlpito
Outra diferença entre católicos e protestantes é que os católicos postam nos comentários e os protestantes comentam em posts.

Carlos Cunha
posted by @ 7:49 da tarde   2 comments
Há mais vida para além dos posts
Pediram-me para fazer um post de comentários que submeti a outro post. Vou fazer o contrário.

Este blog também são os seus comentários, muitas vezes feitos por pessoas que não são bloggers deste blog em si. Vale a pena segui-los.

Antonius Block
posted by @ 6:29 da tarde   0 comments
O fundamentalista de direita pede um esclarecimento
O doce Timshel vem sustentar enfaticamente que o cristianismo é de esquerda porque Cristo disse que todos os homens são irmãos. Passando à frente do apetitoso padrão de firmeza ideológica em questões políticas e moleza contemporânea em questões teológicas, gostava que o Timshel me indicasse onde Cristo ensina que todos os homens são irmãos.

Tiago Cavaco
posted by @ 6:28 da tarde   71 comments
Sola dura
Já nem eu próprio, apesar da minha fabulosa equanimidade, consigo ficar calado perante estes meus irmãos morettianos aqui do concílio. O plural é neste caso injusto, pois é contigo que estou a falar ó Timshel dum camano! Há anos e anos, nos nossos blogues e também no blogue que foi nosso, que eu te deixo proclamar o direito exclusivo da esquerda ao uso legítimo do porte do título de cristão, sem refilar, sem contrapôr sequer. É claro que o histórico, secular e maioritaríssimo conservadorismo cristão em geral e católico em particular, me tem feito sorrir de mais um gajo que, seguindo o seu critério estrito, pretende excluír da Cristandade para aí uns 99,995% da dita. E atenção que não estou a dizer que a sinistra Esquerda corresponde a tão exígua franja de 0,005%. Não, esses poucos ppm’s, tão puros e tão cândidos, correspondem sim àquilo que o calvinismo dialético do Timshel consegue benevolamente aceitar como sendo a vera Esquerda. Isto é: saem logo os 50% estruturais da direita e centro direita mais os 20% de centro liberal; saem os praí 15% de libertários, abortistas, imorais, inimigos da família, neo-liberais em suma; saem os 10% de comunas clássicos ressequidos pelo ateísmo estalinista; saem todos os indivíduos de «tipo PC e algum PS mas sobretudo BE e JS»; saem todos os liberais que a pretexto do conceito burguês de democracia condenam o justo autoritarismo providencialista de S.Hugo Chavez de Simón Bolívar; e sai toda essa plebe ranhosa que porfia denoda e desnecessariamente por algum conforto próprio sem clamar pelo alheio. Enfim, teremos que saír praticamente todos, eu, o Tiago, agora o Antonius, de dentro dessa condição tão rarefeita que é ser-se Cristão, como Cristo o foi. E mai nada! Fica o Tim, talvez o Carlos Cunha, naturalmente o S.Hugo e a sua santa família e todos os outros venezuelanos que nunca viram a RCTV e rejubilaram com o seu justíssimo encerramento. Ah! Esquecia-me o S.Josémaria Escrivá! Esse santo varão, para quem a santificação pelo trabalho nada mais era do que um instrumento redistributivo, esse também está no altar timsheliano.
Termino. Mas não sem bradar aos céus: 1.000 anos de vida ao camarada Timshel!
josé
posted by @ 6:25 da tarde   5 comments
mensagem aos cristãos - Camilo Torres
«Las convulsiones producidas por los acontecimientos políticos, religiosos y sociales de los últimos tiempos, posiblemente han llevado a los creistianos de Colombia a mucha confusión. Es necesario que en este momento decisivo para nuestra historia, los cristianos estemos firmes alrededor de las bases esenciales de nuestra religión.

Lo principal en el Catolicismo es el amor al prójimo. "El que ama a su prójimo cumple con su ley." (S. Pablo, Rom. XIII, 8). Este amor, para que sea verdadero, tiene que buscar eficacia. Si la beneficencia, la limosna, las pocas escuelas gratuitas, los pocos planes de vivienda, lo que se ha llamado "la caridad", no alcanza a dar de comer a la mayoría de los hambrientos, ni a vestir a la mayoría de los desnudos, ni a enseñar a la mayoría de los que no saben, tenemos que buscar medios eficaces para el bienestar de las mayorías.

Esos medios no los van a buscar las minorías privilegiadas que tienen el poder, porque generalmente esos medios eficaces obligan a las minorías a sacrificar sus privilegios. Por ejemplo, para lograr que haya más trabajo en Colombia, sería mejor que no se sacaran los capitales en forma de dólares y que más bien se invirtieran en el país en fuentes de trabajo. Pero como el peso colombiano se desvaloriza todos los días, los que tienen el dinero y tienen el poder nunca van a prohibir la exportación del dinero, porque exportándolo se libran de la devaluación.

Es necesario entonces quitarles el poder a las minorías privilegiadas para dárselo a las mayorías pobres. Esto, si se hace rápidamente es lo esencial de una revolución. La Revolución puede ser pacífica si las minorías no hacen resistencia violenta. La Revolución, por lo tanto, es la forma de lograr un gobierno que dé de comer al hambriento, que vista al desnudo, que enseñe al que no sabe, que cumpla con las obras de caridad, de amor al prójimo, no solamente en forma ocasional y transitoria, no solamente para unos pocos, sino para la mayoría de nuestros prójimos. Por eso la Revolución no solamente es permitida sino obligatoria para los cristianos que vean en ella la única manera eficaz y amplia de realizar el amor para todos. Es cierto que "no haya autoridad sino de parte de Dios" (S. Pablo, Rom. XIII, 1). Pero Santo Tomás dice que la atribución concreta de la autoridad la hace el pueblo.
Cuando hay una autoridad en contra del pueblo, esa autoridad no es legítima y se llama tiranía. Los cristianos podemos y debemos luchar contra la tiranía. El gobierno actual es tiránico porque no lo respalda sino el 20% de los electores y porque sus decisiones sales de las minorías privilegiadas.

Los defectos temporales de la Iglesia no nos deben escandalizar. La Iglesia es humana. Lo importante es creer también que es divina y que si nosotros los cristianos cumplimos con nuestra obligación de amar al prójimo, estamos fortaleciendo a la Iglesia.

Yo he dejado los privilegios y deberes del clero, pero no he dejado de ser sacerdote. Creo que me he entregado a la Revolución por amor al prójimo. He dejado de decir misa para realizar ese amor al prójimo, en el terreno temporal, económico y social. Cuando mi prójimo no tenga nada contra mí, cuando haya realizado la Revolución, volveré a ofrecer misa si Dios me lo permite. Creo que así sigo el mandato de Cristo: "Si traes tu ofrenda al altar y allí te acuerdas de que tu hermano tiene algo contra ti, deja allí tu ofrenda delante del altar, y anda, reconcíliate primero con tu hermano, y entonces ven y presenta tu ofrenda" (S. Mateo V, 23-24).

Después de la Revolución los cristianos tendremos la conciencia de que establecimos un sistema que está orientado por el amor al prójimo.
La lucha es larga, comencemos ya...


Camilo Torres
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Carlos Cunha
posted by @ 3:01 da tarde   5 comments
o que é a esquerda e porque é que ela corresponde à vontade de Cristo
A título prévio gostaria de fazer uma pequena referência ao post anterior do Antonius.

Quem defende a PAC é alguma "esquerda" corporativista e a alguma direita corporativista (nomeadamente a direita francesa e alemã).

Dizer que quem defende a PAC é de esquerda é como dizer que quem é do Sporting é de direita.

Passemos à frente.

O que caracteriza específicamente a esquerda enquanto conceito político e que a permite distinguir em todas as situações da direita é a dicotomia "igualdade versus desigualdade". Nenhuma direita defende a igualdade económica, isto é, a máxima redistribuição de recursos (apesar de estas questões de boca e de barriga serem bizantinices para a zazie, para quem as sofre na pele, bizantinices é tudo aquilo que impede essas pessoas carenciadas de verem as suas necessidades satisfeitas).

Em todas as outras questões é possível ver esquerda e direita a defenderem posições de uns e de outros (por exemplo, existe esquerda estúpida e esquerda inteligente, esquerda democrática e respeitadora das liberdades e esquerda totalitária e autoritária, assim como existe direita com todos estes atributos).

Muita da "esquerda" não passa de neoliberalismo moral (e por vezes também económico) recauchutado, tipo PC e algum PS mas sobretudo BE e JS (espero fazer proximamente um post para fundamentar esta afirmação).

E alguma direita até tem "preocupações sociais" mas quando vir uma pessoa de direita dizer que, num quadro de respeito pelas liberdades fundamentais, pelos direitos humanos e pelos mecanismos democráticos, a sua preocupação política fundamental é a igualdade e a adopção de políticas redistributivas radicais com vista a este objectivo, nessa altura direi: aqui está um verdadeiro esquerdista (e, nesta matéria, também cristão, mesmo que seja ateu).

Porque é que ela corresponde à vontade de Cristo?

Porque Ele disse que todos os homens são irmãos.

timshel
posted by @ 2:50 da tarde   9 comments
A esquerda e o Bem
Caro tim,

Enquanto a esquerda europeia continuar a defender a PAC com unhas e dentes, para que meia dúzia de agricultores em França (e alguns por cá também) continuem a fingir que a Europa tem uma agricultura minimamente sustentável, condenando à miséria e ao subdesenvolvimento todo o continente africano por lhe fechar sistematicamente os mercados com os preços artificialmente baixos dos nossos produtos agrícolas, eu fico-me pela minha visão relativista.

A menos que se ache que a África teria outra hipótese de desenvolvimento que não a agricultura... Talvez comecem a fazer semi--condutores como os chineses! Bah...

Antonius Block
posted by @ 1:48 da tarde   27 comments
mais um relativista infiltrado
Diz o Antonius num comentário aí para trás:

"Esquerda e direita é tão passé"

Ora isto é do mais puro relativismo.

Equivale a dizer que o Bem e o Mal se encontram ultrapassados. Ou que Deus e o Diabo são concepções do antanho.

Claro que a esquerda e a direita existem e estão bem visíveis. Tão visíveis como o Bem e o Mal. Tão visíveis como Deus e o Diabo.

Porque as políticas de esquerda são os caminhos sociais do Bem e representam obras de Deus na comunidade dos homens.

Porque a esquerda visa tornar os homens mais irmãos. Porque a esquerda visa tornar os homens mais iguais.

E as políticas de direita são os projectos do Diabo, a realização da selva social em que os homens se tornam bestas ferozes ansiosas por aniquilar os seus irmãos para poderem ter mais poder, dinheiro e sucesso. As políticas de direita tornam os homens instrumentos do Mal.

E qualquer relativismo nesta matéria serve apenas para aquilo que, desde o Génesis, serve o relativismo: conduzir o homem ao pecado.

timshel
posted by @ 5:57 da manhã   29 comments
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