quinta-feira, novembro 30, 2006
O que uma boleia ideológica proporciona
Isto de ver católicos a aplaudir nudezas icónicas suscita-me sempre ternura. A que tão bem se enquadra da quadra.

Tiago Cavaco
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quarta-feira, novembro 29, 2006
A paprika do povo

Eu sou dos que acham que o Mundo passava bem sem Chávez. Se o preço for esse, que o Mundo passe sem presépios também.

Demagogia religiosa de esquerda é conceito mais abortivo que a interrupção voluntária da gravidez. Até demagogia ditatorial já não me cheirava bem, dispensava agora a paprika da religião.

De Chávez não se sabe bem qual a hierarquia das capelas. Se reza primeiro a Deus, se a Bolívar, se a Marx, se a Chomsky, se ao espelho. Nem tampouco está universalmente definido se quem reza a Deus pode ter Marx no coração (penso que o próprio Karl não o consentiria).

Mas claro, devemos aplaudir ou ignorar estes trejeitos de tirania. O que é a proibição sumária de uma figura como o Pai Natal (que nós cristãos desdenhamos na quadra) quando a reforma socialista do presidente até está a aumentar a riqueza do país? O que são uns desviozinhos na liberdade de expressão quando se está com tanto rigor na economia?

Com aquela última frase vem-me à lembrança que Salazar até é um nome muito apropriado para presidente sul-americano de filme série-B.

Não se diga que Chávez é um homem sem referências. O seu passado lembra-nos um jovem Castro e o seu futuro um velho Pinochet. Parece-me que todos sabemos em que é que acaba o idealismo individual quando aparece ali abaixo da linha das muito violadas fronteiras do Grande Satã Imperialista Capitalista.

Sou daqueles que acham que o mundo passava bem sem Chávez, mas admito que haja muito gente a achar-lhe graça. Nem tanto pelo pantomineiro excêntrico, mas mesmo pela panhonhice europeia. É que se o bom do Hugo viesse a Portugal dizer que lhe cheirava a enxofre e enfiar umas orelhas de burro mais uns chifres ao Cavaco (o Silva, não o Tiago ou o Tim), nós éramos panhonhas para dar umas risadinhas. Deve ser o nosso civilizadíssimo politicamente correcto que exige bonomia para com o politicamente incorrecto do pobrezinho do sul-americano.

Pouco me espanta que os presépios venezuelanos tenham a figura de Chávez na manjedoura e, já que não era a primeira vez que se apropriava, porque não uma imagem de José Sócrates como S. José?

Samuel Úria
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Bem me parecia que o Chávez não passa de um franciscanista que chegou ao poder
A propósito da restauração do presépio na Venezuela...

Luís Aguiar Santos
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advento
Claro, é sempre uma questão de circunstâncias ou de perspectiva, consoante o sujeito esteja mais virado para os limites da existência ou para a estética do mundo que o oprime. Mas não deixa de ser curioso que, do outro lado do Atlântico (mas mais a sul, para os que já estavam a pensar na cabeça do consórcio do Bem), venham boas notícias, sinais de esperança, momentos proféticos. Não me refiro ao facto de, a seguir à Venezuela, à Bolívia, à Nicarágua, seja agora o Equador a bater o pé à grande Babilónia. Nem ao facto da Esquerda da América Latina não confundir (ou fazer uma boa confusão) entre o combate às injustiças e a liberalização do aborto.
Não. Faço apenas referência à boa-nova de que o presidente Hugo Chávez foi portador. «Decidido a não ver nem um só ícone de tradição anglo-americana neste Natal, Chávez decretou que em nenhum edifício público do país devem ser usadas decorações contendo imagens ou bonecos do Pai Natal, pinheiros enfeitados e até botas ou meias vermelhas, noticiava na terça-feira o diário venezuelano Últimas Noticias.
Chávez pretende que todas as tradições do imaginário natalício dos Estados Unidos sejam substituídas pelas da Venezuela, a saber: os presépios com Menino Jesus nas palhinhas deitado, ornamentos feitos com a planta tropical conhecida como flor-de-Natal ou estrela-de-Natal, seja na variante vermelha ou branca, muitas "gaitas", as canções da época festiva que fazem parte do folclore local, e hallacas, um prato típico do país similar aos mexicanos tamales que é habitualmente partilhado por amigos e familiares ao longo de todo o mês de Dezembro» (Público, 9/Nov./2006, última página).
Ora, depois de anos e anos de aparente consolidação da OPA hostil que o odioso velho que a Coca-Cola vestiu de vermelho e que passa todo o ano no Pólo Norte (de onde sai apenas uma vez por ano para dar bons presentes aos meninos ricos e presentes de merda aos meninos pobres), sobre o Menino Jesus, é uma boa notícia a contra-reforma do presidente Chávez.
Só por causa disso, vou pôr o meu chavecito a discursar: «Eu cheguei aqui para fazer tudo o humanamente possível para ser útil ao povo venezuelano em seu sonho, em sua esperança e em seu empenho de ser livre e igual».

Carlos Cunha
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terça-feira, novembro 28, 2006

Ouve-me com atenção.
O que eu disse foi: agir de forma não razoável e violenta é contrário à natureza de Deus.
Será agir contra Deus em seu nome...
Uma blasfémia.

cbs
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segunda-feira, novembro 27, 2006
Um passeio na Rua Azusa


Tiago Cavaco
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Para além dos aperitivos
Este ano comemora-se o centenário do movimento pentecostal moderno. Foi em 1906 que, num bairro pobre de Los Angeles, William Seymour, um pregador negro, provocaria aquilo que ficou conhecido como o reavivamento da Rua Azusa. Não posso deixar de me lamentar, com o típico paroquial umbiguismo que me caracteriza, que ninguém neste país dê pela efeméride. Dirão que é coisa de agenda sub-religiosa sem impacto social. E terei de explicar que não, que o mundo Ocidental como o conhecemos foi transformado pelo movimento pentecostal moderno.
O pentecostalismo é a família cristã que registou maior movimento no século passado. Acima de católicos e qualquer grupo específico protestante. Dos Estados Unidos rapidamente se espalhou a todo o mundo, avassalando a África e América Latina e chegando mesmo à alguma Ásia. Permanece nos nossos dias como o grupo religioso em maior crescimento. Forget Islam.
O pentecostalismo tornou-se o melhor cristianismo pós-moderno. Exaustos da batalha do século XIX entre o pensamento científico e a apologética religiosa, os crentes já não se ulceravam com as discrepâncias entre os evangelhos. O que queriam mesmo era sentir no meio do seu previsível quotidiano uma sombra mínima daqueles relatos. O pentecostalismo devolveu o sobrenatural a um cristianismo massacrado por Darwin. Facilmente se abdica de pormenores hermenêuticos quando se pode falar na língua dos anjos. Naturalmente se abdica de rigores medicinais quando o pastor nos pode curar em pleno culto. Consequentemente se esquece o mundo quando Jesus está para chegar muito breve. O pentecostalismo é o mais inesperado kierkegaardianismo popular.
Claro que sobretudo à Europa custa que tantos brancos tenham sido seduzidos por uma religião de pretos. Claro que sobretudo à Academia Teológica custa que tantas igrejas tenham preferido o êxtase à doutrina. Claro que sobretudo à cristandade aristocrata custa que a fé cresça à custa das classes baixas. Mas todos têm de engolir o vigor carismático. É dele o século XX religioso.
Só uma razão apócrifa que pessoalmente me prova a importância do pentecostalismo muito para além das suas fronteiras denominacionais. Sem pentecostalismo não existiria rock'n'roll. Para que o rock fosse a música do diabo foi preciso que o pentecostalismo o tornasse muitos anos antes o louvor a Deus (a lição é simples: o diabo só copia, não inventa nada. As pessoas que se arrepiam com Diamanda Gálas nunca estiveram num culto pentecostal. Nunca ouviram alguém falar em línguas, nunca viram os corpos no chão em convulsões, nunca se juntaram ao caudal colectivo das lágrimas). A música popular é um pentecostalismo sem divino. A próxima vez que passaram por uma Assembleia de Deus baixem a vossa cabeça impenitente em gratidão. O sexo e as drogas permanecerão sempre como meros aperitivos.

Tiago Cavaco
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Cuidado com a espiritualidade
Não parece que os escritores bíblicos tenham dedicado grande atenção à espiritualidade, como faceta da existência humana. O que lhes ocupava o tempo era a distinção entre as falsas e a verdadeira religião.

Pedro Leal
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domingo, novembro 26, 2006
da série de "afogo-me na fé" ou "ecumenismo straight" (2) - o orgulho, um pecado capital
Ama o teu inimigo, disse Cristo.

No livro de Graham Greene "O Ministério do Medo" (Publicações Europa-América, tradução de Eduardo Saló) – fica prometido que na série "Afogo-me na fé" ou "Ecumenismo straight" apenas irei citar escritores católicos (e Greene era um deles, ainda por cima esquerdista e espião ao serviço de Sua Majestade) -, um dos personagens pensa "Há momentos de rendição em que se torna mais simples amar um inimigo do que recordar…".

É isso e o medo de pecar. Os bons católicos estão sempre à espera de bons conselhos.

timshel
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sexta-feira, novembro 24, 2006
Num artigo publicado no DN, diz uma senhora muito incomodada com a opinião de Roma, que para muita gente a SIDA é uma coisa de somenos. Ora, a boca vai directamente para a Santa Sé que, segunda a mesma senhora, decidiu muito tarde reflectir sobre a questão do uso do preservativo.

Parece-me que a comunicação entre a Igreja e o mundo nesta área tem sido muito confusa e daqui nasceu um equívoco muito grande. A Igreja gosta muito de falar para o mundo, João Paulo II foi o grande comunicador do último quartel do século XX, mas quando afirmava que não se deveria usar o preservativo, falava para o crente, católico, aquele que segue a doutrina da Igreja, aquele que tem um só parceiro sexual e que por isso tem uma percentagem muito pequena de contrair o HIV-SIDA. Para o mundo ficou a mensagem: Esta é a recomendação, façam o que quiserem.

Mas o mundo não o compreendeu.

Rúben Baptista de Oliveira
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anabaptistas? eu falei em anabaptistas?
José
posted by @ 1:29 da tarde   1 comments
permitam a este cagão que não se apresente
Por várias vezes, de diversas várias formas, incessantemente, o MC aqui do Trento, tem pressionado estes católicos que por cá andam para se apresentarem. Não espiritualmente mas biograficamente, não sei se estão a ver. E, claro está, nós não temos passado cartão a esse dever de civilidade. Passo a explicar porquê: é coisa simples.
Enquanto que vocês parecem já se conhecer todos há uma data de anos e acabaram quase todos por vir parar à blogosfera, nós não. Nós encontrámo-nos apenas na dita cuja e, mesmo que nos tenhamos conhecido entretanto em almoços e jantares, continuamos saudavelmente desconhecedores uns dos outros. Aquilo que eles e também tu, Tiagus Cavacus, conhecem de mim é a minha faceta bloguística, tout court, a qual infelizmente não é de modo nenhum a minha pior faceta. E reciprocamente: do Carlos sei vagamente que é comuna, jurista e trabalha em Sintra; do Rui sei que é arquivista de poemas e poeta de arquivos e que trabalha em algo ligado à Igreja; do Timshel, a esse só lhe conheço a cara e a devoção por S.Josemaria e Hugo Chavez e sei que vive num país também anónimo, nem o nome dele sei nem ele quer que se saiba; do Fernando, que há-de vir, sei que é um gajo porreiro e professor de Filosofia. Só do Miguel Marujo sabemos um pouco mais pois ele é jornalista com porta para a rua. Quanto ao Cbs, a esse nunca ninguém o viu, não se sabe o que faz, apenas se gosta muito do que ele escreve. A Terra da Alegria, esse lugar amável de onde todos viemos, assentou nessa base: unirmo-nos na escrita e pela escrita. Vocês compreenderão que a vastidão e solidez do respaldo ideológico fornecido pela Santa Madre nos poupa o sentido gregário. E que a evidência da nossa identidade irreleva a nossa biografia. Entrámos nisto como entramos aos domingos na missa - um de cada vez, anónimos, sem aguardar introdução, sem dar justificações.
Afinal, se esta coisa porventura se destina a mostrar as diferenças entre os católicos, evangélicos, luteranos, calvinistas, metodistas, anabaptistas, ortodoxos, maronitas, nestorianos, coptas e etc e tal, também é nestas pequenas merdas que elas se notam. Para mal dos nossos pecados, digo eu.

Entretanto a primeira ceia deste concílio, para quando é?

José, man of leisure
posted by @ 1:27 da tarde   3 comments
ainda a forma e o conteúdo
depende apenas do meu estado de espírito preferir a missa tradicionalista ao bom estilo da Fraternidade Sacerdotal São Pio X ou esta




timshel
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quinta-feira, novembro 23, 2006


Todavia a religiosidade dos muçulmanos merece respeito.
Não se pode deixar de admirar, por exemplo, a sua fidelidade à oração.
A imagem do crente em Alá que, sem olhar ao tempo e ao lugar, cai de joelhos e se imerge na oração, permanece um modelo para os confessores do verdadeiro Deus, em especial para aqueles cristãos que desertando das suas maravilhosas catedrais, rezam pouco, ou não rezam nada.

O Concílio chamou a Igreja ao diálogo, também com os seguidores do "Profeta" (...)
"Se é verdade que, no decurso dos séculos, surgiram entre cristãos e muçulmanos não poucas discórdias e ódios, este sagrado Concílio exorta todos os que, esquecendo o passado, sinceramente se exercitem na compreensão mútua e juntos defendam e promovam a justiça social, os bens morais e a paz e liberdade para todos os homens"
Nostra aetate n.3


in João Paulo II, Atravessar o limiar da esperança, Planeta 1994, pág. 88
cbs

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O mundo ao contrário ou fim do Every Sperm Is Sacred
Estou a ver que é preciso vir um evangélico da Maternidade para actualizar este blogue.

Tiago Cavaco
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quarta-feira, novembro 22, 2006
Junto-me então, sem tento na língua


Quem quer que, conhecendo o Antigo e Novo Testamento, leia o Corão, vê claramente o processo de redução da Revelação Divina que nele se efectuou.
É impossivel não notar o afastamento daquilo que Deus disse de Si próprio, primeiro no Antigo Testamento por meio dos profetas, e depois de forma definitiva no Novo, por meio do Seu Filho.
Toda esta riqueza da autorevelação de Deus, que constitui o património do Antigo e do Novo Testamento foi, de facto, posta de parte no Islamismo.

Ao Deus do Corão são dados nomes entre os mais belos conhecidos na linguagem humana, mas ao fim e ao cabo, é um Deus fora do mundo, um Deus que é apenas Majestade, mas nunca Emanuel, Deus-connosco.
O Islamismo não é uma religião de redenção.
Nele não há espaço para a Cruz e a Ressurreição.
Jesus é mencionado, mas apenas como profeta preparando o último profeta Maomé.
É recordada também Maria, Sua Mãe virginal, mas está completamente ausente o drama da redenção.
Por isso, não apenas a teologia, mas também a antropologia do Islão é muito distante da cristã.

in João Paulo II, Atravessar o limiar da esperança, Planeta 1994, pág. 88
cbs

posted by @ 12:07 da manhã   6 comments
terça-feira, novembro 21, 2006
pedido de esclarecimento à mesa
Possivelmente, por pouca atenção aos detalhes e meandros da religiosidade deste blogue, se ainda não está escuro (aconselho-vos aliás a visitar este blogue que está neste momento com um post cimeiro absolutamente notável sobre o simbolismo e o jacobinismo), para lá caminho.

Trata-se de uma questão de forma e de conteúdo, prosaica é certo, sobretudo vinda de um anónimo como eu, mas que me anda a baralhar os neurónios.

Vejo aqui um Tiago Cavaco, vejo um Tiago Oliveira, na Voz do Deserto vejo um Tiago de Oliveira Cavaco, no Pranto e Ranger de Dentes vejo um Tiago Cavaco.

Ser-me-á permitido deduzir que o Tiago Cavaco que aqui aparece no Trento na Língua é apenas outra forma do Tiago Oliveira ou correspondem a conteúdos diferentes?

timshel
posted by @ 5:26 da tarde   3 comments
Números de variedades
O grande pecado dos cultos baptistas (ou evangélicos) que integram muitas participações especiais da congregação é que no final o serviço é avaliado pela qualidade da prestações apresentadas.
Nisto os católicos e protestantes mais tradicionais têm uma vantagem: está tudo previsto e não há surpresas nem distracções com o desempenho daqueles que participam especialmente. Com a cabeça cada vez mais mirrada pelos livros que leio, tenho para comigo que a flexibilidade litúrgica é uma coisa boa para quem tem pouca capacidade de concentrar no essencial. Com o pretexto de igrejas mais plurais e democráticas o Diabo tornou os nossos cultos em números de variedades.

Tiago Cavaco
posted by @ 11:41 da manhã   3 comments
Forma e Conteúdo
Considero bem levantada e sensível, para nós protestantes, a questão do Tiago Cavaco (uns "posts" abaixo). A liturgia dos nossos cultos é, talvez, o exemplo mais evidente.
Ainda assim, forma e conteúdo não são a mesma coisa. Um conteúdo assumirá sempre uma determinada forma, mas esta pode ser a imagem de conteúdos diferentes ("sepulcros caiados de branco" disse Jesus aos fariseus). Logo, a confusão entre estes dois conceitos leva a julgamentos errados.
Por isso, procuro insistir mais no conteúdo, pois este sempre se terá de manifestar em forma.

Tiago Oliveira
posted by @ 8:52 da manhã   1 comments
segunda-feira, novembro 20, 2006
Sola scriptura
Scott,
a menos que tenhas um contacto priveligiado com o Altíssimo, duvido que possas negligenciar a Bíblia para poderes seguir a Cristo. Aliás, saberás por certo que foi um dos fundamentos de Lutero para a Reforma. Nada de novo. Era o que muitos como Wyclif já apregoavam. Isto é o básico dos básicos. Mais um pouco e suspeito que te tornaste uma Pitonisa de Delfos.

Rúben Baptista de Oliveira
posted by @ 9:05 da tarde   2 comments
Para fazer um intervalo na unanimidade evangélica
"The question wether or not to use the Book of Common Prayer or the Tridentine Mass are not questions of 'mere form'. To suppose that the rite is a matter of form is to imagine just the kind of separation of form and content wich is the death of a true common culture." Roger Scruton, no livro "Modern Culture" que comprei a semana passada na Fnac Chiado por coisa de doze euros.

Tiago Cavaco
posted by @ 6:38 da tarde   1 comments
Fidelidade ao quê?
Ser-se fiel a uma ideia, tudo bem. Ser-se fiel a uma pessoa, ainda melhor! Ser-se fiel a um objecto? É idolatria... que a própria bíblia se manifesta contra (sentes o "sabor" a ironia).

Sei bem que estou a distorcer o significado do poste do Pedro, mas no fundo, a questão não se trata de fidelidade à bíblia. A Deus e apenas a Deus, é que pertence a minha fidelidade. (Bem também à esposa... pois é... e a minha família... e...)

Scott
posted by @ 11:39 da manhã   2 comments
Bíblia e postais
Tiago, o campeonato que interessa é o da fidelidade à Bíblia (lá voltamos, entre outros, a Lutero…) É aí que se ganha ou perde. Depois disso ser loser ou não pouco interessa e muito menos faz sentido querer vencer na secretaria ou ter o monopólio do que quer que seja. Quanto aos tais postais que tu dizes serem medievais, a minha dúvida é se não terão no verso um carimbo bem mais recente.

Pedro Leal
posted by @ 1:18 da manhã   6 comments
sábado, novembro 18, 2006
da série de "estou-me nas tintas" ou "efeminados trejeitos ecuménicos" (5) - A ética católica e o espírito do igualitarismo
"Um político não deverá ser um homem da "verdadeira ética católica" (entendida por Weber como a ética do Sermão da Montanha - ou seja: oferece a outra face). Um defensor de tal ética deverá ser entendido como um santo (na opinião de Weber esta visão só será recompensadora para o santo e para mais ninguém). A esfera da política não é um mundo para santos. O político deverá esposar a ética dos fins últimos e a ética da responsabilidade, e deverá possuir a paixão pela sua actividade como a capacidade de se distanciar dos sujeitos da sua governação (os governados).

A confiança na "magia" em sermões e na fé em geral é essencial na sua análise das doutrinas da fé. Muito resumidamente, os protestantes tornaram-se ricos porque não têm nenhuma mão mágica que os leve para o céu. Os protestantes têm de trabalhar constantemente e de forma consistente para assegurar um lugar no céu. Pelo outro lado, os católicos invocam muitos rituais mágicos, cânticos encantados, um pouco de água e uma reza tipo abracadabra e logo as almas dos fiéis ficam purificadas para a ascensão ao céu."


(in wikipedia)

Fazer posts assim é canja.

timshel
posted by @ 2:34 da tarde   7 comments
marcando o gado - aos domingos
A propósito deste post do meu correlegionário católico Carlos Cunha, recordo que, numa entrevista em que se questionava qual a razão porque Morrissey estava cada vez mais católico, ele respondeu: "Those Catholics, they really nab you when you're young.' [Makes gesture of cowpoke searing calf with branding iron.] 'They sear you. They sear you, they do."



timshel
posted by @ 1:08 da tarde   0 comments
Ainda o momento cesariano
Já devia ter sido mencionado que foi o José a dar a este blogue o seu nome brilhante. O José esta semana até tem andando muito no outro lado da barricada, sempre elegante naquele humanismo católico que considero uma ímpar seca. Mas devo agora defendê-lo junto dos meus.
O post longo que escreve tem muita pertinência. Enquanto nós, evangélicos e protestantes, não abdicarmos do nosso confortável monopóliozinho da santidade, não nos resta grande futuro. Claro que nos será útil agrilhoar a Igreja Católica ao postal medieval, simplificá-la até ao tutano para que no final, nós, a minoria, o remanescente da pureza, possamos sobressaír como o garante exclusivo da acção divina no mundo. O problema desta abordagem é que, para além de desonesta, é burra, e, claro está, soa a conversa de losers (um pouco os mesmos defeitos que aponto aos bloggers católicos que esta semana defenderam o "amor" muito à moda evangélica).
Há muito argueiro a apontar aos olhos da Igreja Católica. Estamos aqui para o fazer. Mas façamo-lo com dignidade e sem querer ganhar na secretaria aquilo que não temos tido o talento para obter em campo. Estamos bem servidos de traves nas nossas bolas.

Tiago Cavaco
posted by @ 1:19 da manhã   0 comments
sexta-feira, novembro 17, 2006
Por falar em amor num blogue de religião...

Purczeld Ferenc Puskas (1927-2006)

Rúben Baptista de Oliveira

posted by @ 8:23 da tarde   0 comments
Ah, e já havemos de vir aqui falar de Amor
José
posted by @ 5:53 da tarde   0 comments
momento cesariano, ou um post que me deu uma trabalheira
É pá, dá-me a sensação que vocês protestantes hipervalorizam esta nossa coisa da intermediação, se calhar por virem do tempo em que traficávamos indulgências. É certo que ainda há por aí umas portas santas e umas poucas de indulgências plenárias em ocasiões festivas e coiso mas acho que aqui por estas bandas já quase ninguém liga muito a isso. Como fui eu que ofereci o nome a esta casa sinto-me no direito de vir aqui explicar ao outro lado do Reno qual é então para nós a intermediação que a Santa Madre nos oferece amoravelmente: passa tão somente por acreditarmos na eficácia dos sacramentos por ela ministrados, os quais acreditamos serem instantes de Graça actuando em nós e nas nossas vidas mas de modo algum constituem toda a Graça que nos salva. Ajudam mas não resolvem. São necessários mas não suficientes. Indo ter com o Pedro , esses sacramentos são tudo o que forem, excepto uma inoculação de teologia.
Quero eu dizer que o facto de eu reconhecer ao padre, ao bispo, ao papa capacidade para me administrar eficazmente um sacramento não os tornam donos nem da minha Fé nem da minha Razão. O pá, nem sei como vos explicar isto mas eu posso estar na missa sentindo-me em comunhão com Deus e com a comunidade ali ausente e estar a quilómetros ou a séculos de distância do padre e, sobretudo, das inanidades ou sublimidades que ele possa eventualmente estar a dizer. A Igreja para nós é o tal Corpo Místico: transcende-nos a nós crentes mas transcende tanto ou mais ainda os sacerdotes. E assim sendo não intermedeia, na pior das hipóteses remedeia. E é aqui precisamente que está a beleza da coisa: no fundo, no fundo, a Igreja para nós católicos é algo de instrumental, que nos serve a nós e à nossa Fé. A sua perenidade consolida a nossa esperança, a sua dogmática serve-nos de farol enquanto andamos a bolinar por aí, a sua caturrice estimula a nossa benignidade, os seus pecados lembram-nos os nossos, incontáveis milhões de cabeças tonsuradas já pensaram e já rezaram muito mais e muito melhor do que cada um de nós, fiéis dos fundos. A Igreja não será sem dúvida aquilo que devia ser, aquilo que Cristo quer que ela seja, mas indiscutivelmente a Igreja foi e é aquilo que é. Se olharmos bem para nós próprios, dificilmente poderia ela ser melhor.
E assim chego eu ao meu ponto. Se a Igreja nos vale pelo sacramento, pelo ritual, por alguma ordem doutrinal, pela preservação da Palavra, podemos dizer que precisamos dela a intermediação junto de Deus para a nossa salvação? Eu cá não. Mas, se calhar, sem sacramento e ritual e ordem e perenidade e ortodoxia e essa coisa toda, se calhar aí já precisava. Precisava muito mais dela e sobretudo precisava ainda mais da intermediação do padre mais próximo. Vocês não?

José, católico que nunca leu o seu catecismo
posted by @ 5:37 da tarde   5 comments
A parábola do perigo e do zombie

Certo rapaz gostava de zombies. Via filmes de zombies e sabia o suficiente sobre zombies para se intrometer em conversas que metiam zombies ao barulho. Apesar de gostar de zombies, o rapaz não acreditava na existência deles. Ignorava o perigo de estar errado, tão ridícula era a equação de serem reais. Tão pouco seguia o modo de vida dos zombies, não caminhava como um zombie, não comia carne humana.
Um dia, uns malucos que acreditavam em zombies disseram-lhe para ele se acautelar e começar a agir como um morto-vivo, caso contrário seria um mero pedaço de carne que os zombies comeriam indiscriminadamente até ao último osso. Não lhes ligou. Nessa tarde almoçou sozinho.
Outros porreiraços que também acreditavam em zombies preferiram não insistir muito no assunto dos zombies e até foram com o rapaz ao centro comercial jantar e ver uma comédia romântica com a Julia Stiles.
No dia em que vieram os zombies o rapaz foi comido indiscriminadamente.

Samuel Úria
posted by @ 1:31 da tarde   0 comments
O que não quer dizer que eu seja um seguidor do relativismo.
Parece que nos últimos dias se escreveu aqui sobre amor. A definição que eu gosto mais para amor é: viva afeição que nos impele para o objecto dos nossos desejos. Ora isto siginifica, que o amor deve ser a coisinha mais subjectiva de que há memória. Desconheço o que seja o amor. É um aperto no peito ? A vontade de ajudar velhinhas ? Pensar em flores ? Dar a vida ? Jogar no Euromilhões ? Deus é amor. É ainda mais confuso. Deus é insondável. Seguramente o amor também o é. Por isso, vamos lá com calminha com os conceitos.

Paulo Ribeiro
posted by @ 12:51 da tarde   0 comments
nós, católicos, é mais perplexidades
«By Friday, life has killed me».

Morrissey - I Have Forgiven Jesus

I was a good kid,
I wouldn't do you no harm,
I was a nice kid,
With a nice paper round

Forgive me any pain
I may have brung to you,
With God's help I know,
I'll always be near to you

But Jesus hurt me,
When he deserted me,
but,
I have forgiven you Jesus

Carlos Cunha
posted by @ 12:36 da tarde   1 comments
Deus vai limpar-te o sebo

Deixem este senhor baptista cantar. Disto é que nós gostamos. Do castigo de Deus. O amor fica para os católicos, esses porreiros.

Tiago Cavaco.
posted by @ 11:28 da manhã   2 comments
quinta-feira, novembro 16, 2006
Ainda o adágio
José, a minha perplexidade (toma lá um cumprimento) toca tanto os portugueses como o catolicismo romano. Séculos consecutivos de monopólio religioso, apresentando a intermediação como essencial, e as pessoas afirmam que ninguém tem nada a ver com a vida delas, só prestam contas a Deus. Algo não bate certo.

Pedro Leal
posted by @ 11:53 da tarde   0 comments
adagio ma non troppo
Eu bem sei que sou irremediavelmente um chato mas é que esta coisa dos adágios e provérbios deixa-me sempre meditabundo. Fiquei então a pensar e saiu-me este naco de sabedoria para pular, talvez até, quem sabe, uma boa metáfora dos nossos Cristianismos:
Cada um sabe de si, ninguém sabe de Deus e Deus sabe de todos.
Como diria a nossa Rádio, logo a seguir às notícias, valia a pena pensar nisso.

José
posted by @ 6:37 da tarde   0 comments
vexata quaestio
Vamos lá a ver se eu percebi: queres dizer que o catolicismo é sobreliminar? Ou que o calvinismo dos escoceses, esse atinge já a hipoderme?

José
posted by @ 4:35 da tarde   0 comments
Calvinismo subliminar
“Cada um sabe de si, e Deus sabe de todos.”
Este adágio popular faria todo o sentido na Escócia ou na Noruega. Mas por cá!?
Ou será que o catolicismo dos portugueses se fica pela epiderme?

Pedro Leal
posted by @ 9:53 da manhã   1 comments
quarta-feira, novembro 15, 2006
ainda beijos e marmeladas
Confesso que nestas coisas de beijos e marmeladas, também prefiro com os ateus. No fundo, trata-se de, com educação e bons modos, lhes levar a boa-nova, de os evangelizar. Com os da casa, soa-me tudo a esfrega-me as minhas costas que eu esfrego-te as tuas. Assim uma espécie de blogue com comentários para os amigos.
O próprio Jesus Cristo raramente punha os pés na sinagoga e preferia as pândegas com os pecadores, de preferência à volta da mesa. Mas é claro que somos o irmão do filho pródigo e ressentimo-nos da misericórdia injusta.
Aliás, ex rigore juris, os ateus merecem mais compaixão que, por exemplo, os judeus e os muçulmanos. É que eles não sabem. E, de todos, os mais culpados – desculpai-me – são V. Exas., os protestantes, que conscientemente se afastaram do caminho e da Santa Madre.
Mas, no fundo, no fundo, a todos, o que nos salva é a Graça, não é?

Carlos Cunha
posted by @ 2:54 da tarde   10 comments
Ainda na cama
Caríssimos TimShel e José,
creio ter ficado por provar a ligação entre a abertura aos sem-fé e a manifestação do amor. A beijocada enquanto selo do agape parece-me uma apologia demasiado ingénua e gráfica da coisa. E, como sabem, para quem se advoga bom amante a tarefa é sempre muito mais complicada.

Tiago Cavaco
posted by @ 12:03 da tarde   1 comments
Falar de Por falar de citações

A citação do Scott não evita que levante o sobrolho, apreensivo. As premissas avançadas parecem-me falsamente axiomáticas pois sugerem-me, no mínimo, duas questões originárias do seu próprio enunciado. A primeira prende-se com a minha impossibilidade de desirmanar conceptualmente o “estudo” do “relacionamento” (menos ainda do “conhecimento através de um relacionamento”). Não que “estudo” seja sinónimo exclusivo de “relacionamento”, também desnecessariamente inclusivo; é impossível, contudo, esquivarmo-nos da implicância de uma relação num estudo e, se quisermos, da necessidade de estudo numa relação - é-lhes comum um objecto de incidência. Nunca saberia dar-me com Deus se não estudasse (não há aqui um estrito sentido escolástico da coisa) a forma revelada de como me devo dar. Uma relação implica relacionamento de conceitos, que pode ser fruto, conduzir, ou ser ela própria um estudo. A vinda de Jesus acabou com a mediação sacrificial, mas não me parece que tenha promovido o afrouxamento do conhecimento exploratório. Contra os sabichões fariseus Cristo armou-se muitas vezes de racionalidade e pensamento dedutivo, como quem diz: “vocês são uns espertalhões, mas aprendam lá mais umas coisas; isto não vai lá com o conhecimento irredutível da tradição, mas ainda lá vai menos com desconhecimentos”. Qualquer parábola é um convite à decifração antes da relação. Olhemos para os "lírios do campo" para limpar os óculos; depois olhemos para Deus.

A segunda questão levantada pauta-se pela insuficiência da conclusão nos próprios dados que a formulam. Pois se é impossível limitar o ilimitável, também não teremos a infinitude suficiente para com ele nos relacionarmos. Se apenas podemos fazer incidir o nosso estudo sobre aspectos estudáveis de uma entidade inescrutável e infinita, também só nos podemos relacionar com as partes relacionáveis de uma entidade soberana e infinita.

Parece que não temos uma lupa suficientemente grande para ver o infinito de perto, mas já temos braços de tamanho suficiente para o abraçar.

Samuel Úria

posted by @ 1:23 da manhã   2 comments
terça-feira, novembro 14, 2006
Por falar de citações
Martin Buber aponta para uma verdade que aprecio muito. Quanto mais tentamos "estudar" (controlar?) Deus, mais nos afastamos dEle. É nos impossível estudar Deus, pois no processo de tentar limitar o ilimitável, escapa-nos a possibilidade de saber seja o que for sobre o objecto de estudo. Pois, Deus não é "objecto" algum. O que é possível então? Conhecer Deus através de um relacionamento.

Scott
posted by @ 10:19 da manhã   5 comments
D'Os Grandes Portugueses...
Se me é permitida a publicidade, gostaria de vos convidar a todos para assistirem a uma Conferência que se vai realizar amanhã sobre esse Grande Português (porém negligenciado) que foi João Ferreira de Almeida, o primeiro tradutor da Bíblia para português. O conferencista é o não menos brilhante Dr. Silas Oliveira e o tema: "João Ferreira de Almeida, o nosso Reformador esquecido". Almeida é talvez a personalidade mais apreciada pelos protestantes de língua portuguesa, mas curiosamente têm sido os estrangeiros (casos de Swellengrebel e Hallock) e os católicos (veja-se os excelentes trabalhos de Herculano Alves e José Tolentino Mendonça, ambos no prelo) a estudá-lo. Apareçam às 21h00 de amanhã (4.ª feira, 15 de Novembro), na Igreja Evangélica Lisbonense (Presbiteriana), na Rua Febo Moniz (estação de Metro dos Anjos)!

Tim Cavaco
posted by @ 9:42 da manhã   1 comments
a sensaboria católica
O Tiago escreve muito bem. Eis aqui dois exemplos.

"Tantos ósculozinhos com os ateus deixam-me perplexo. É a teologia do beijo que permite anunciar Judas como o discípulo mais próximo de Jesus. Refugio-me nas minhas trincheiras (nessa providencial inumanidade que me abriga) citando o bom Sören (na língua do Império, claro): "Christianity in its first instance must be so terrifying that only an absolute you shall can drive a person into it"."

"(...) no último século o Jesus que vende melhor é o humano, sereno e conciliador.
(...) Por que substituíram as pessoas a necessidade de Deus pelo desejo de um companheiro de ginásio?
(...) Há que imputar culpas aos prelados que caem nas boas graças da comunicação social. São bispos convertidos à meiguice, escrevendo arco-íris duplos nos énes, desenhando pétalas à volta dos pontos dos is. Sobra para as religiões minoritárias suspeitas, como a minha, lembrar as curvas do caminho para os Céus.

(...) Não é caso para nos dedicarmos exclusivamente ao Messias vingador, chispando dos sacros olhos. Ao Mestre pragmático e de espada na mão do Evangelho de Lucas. Basta equilibrar com uma consulta ao globo terrestre. Enquanto o cristianismo cresce nos continentes tradicionalmente pagãos, confrontando sem reservas os credos nativos, na Europa a cristandade, por preferir a simpatia à fidelidade, deixa as capelas às moscas."


Há gente que escreve maravilhosamente e o Tiago é um deles. O estilo de uma escrita é por vezes decisivo. Normalmente, posso-me deliciar com o estilo de uma escrita, mas raramente posso utilizar esse verbo para descrever a minha emoção perante o seu conteúdo. Quando considero o conteúdo, tento ver outra coisa. Tento ver se ele contém bondade ou pertinência. E, sobretudo, tento não deixar as coisas misturarem-se. Isto é, não deixar que a minha "delícia" perante o estilo condicione de algum modo o juízo sobre o conteúdo (é assim, por exemplo, que aquele que é, para mim, o melhor blogue da blogosfera portuguesa, o dragão, não me parece, de um ponto de vista de conteúdo, particularmente excepcional).
Ora, se fizer um esforço neste sentido, tenho que admitir que após a agradável sensação produzida pelo estilo do Tiago, o seu conteúdo suscita-me muitas reservas. Claro que é original (felizmente) defender actualmente um Deus que não seja apenas e tão somente Amor. É engraçado ver toda esta dureza numa época em que, como escrevia o outro meu santo, John Steinbeck, já pouca diferença há entre o clero humanista psiquiátrico e o não psiquiátrico. Só que acho que se existem coisas que nunca são de mais, o humanismo, clerical ou não, psiquiátrico ou não, é uma delas.
Por mais deliciosa, elegante e irreverente que seja a formulação do ponto de vista contrário.
Mesmo que as capelas fiquem vazias com essa grande sensaboria que é um Deus Amor.

timshel
posted by @ 6:12 da manhã   7 comments
segunda-feira, novembro 13, 2006
Marmeladas entre romanos (caso prático)

Every Sperm is Sacred in Wonderland

Miguel Marujo
posted by @ 10:44 da tarde   1 comments
santa cita
O Tiago comenta no meu post aí debaixo que é bonito ver católicos a citarem a Bíblia. É bonito, sim senhor. E já agora, a propósito de citações, eis um apontamento curioso: neste blogue já foram citados Erasmo, Lutero, Miroslaw Orzechowski, Stephen Baldwin, o Canal Panda, Stephen Strehle, Pastor Pedro Cardoso, S.Martinho, Charles H. Spurgeon, S.Josémaria, S.Paulo, Dostoievski, Kierkegaard e o próprio Tiago Cavaco. Agora Cristo, o Tal, apenas duas vezes e por mim, o gajo que não sabe versicular.
Jónatas, Jónatas, onde andas tu?

José
posted by @ 4:04 da tarde   2 comments
Ainda sobre a Teologia da Mononucleose
Caros Miguel, José e TimShel,
já outras vezes tenho pensado sobre a vossa Teologia da Mononucleose (ainda por dogmatizar no Vaticano mas há muito encarnada pela maioria dos Católicos com cursos superiores). E como na minha também "fé sempre vivida em insegurança" pouco mais consigo descortinar que não a minha própria existência (ainda não fui redimido pelo evangelho da alteridade) deixo-vos um texto recente que escrevi, de algum modo sobre o tema, na Revista Atlântico.
Tenham paciência pela auto-citação mas aos destronados do convívio humano resta-lhes o ceptro masturbatório (o meu pastor não aprovaria isto):

"E Jesus chispou
As Escrituras falam-nos do episódio em que Jesus, atrasando-se a visitar o amigo Lázaro em doença grave, chorou ao saber da sua morte. Por isso, um dos versículos mais curtos da Bíblia diz: "E Jesus chorou" (João 11:35). Sabemos da necessidade de muitos em chamar a atenção para esta passagem para sublinhar a humanidade do Salvador. Com a mesma graciosidade teológica de quem procura nos Evangelhos um episódio oculto em que o Messias tenha corrido a meia-maratona para assim poder re-estabelecer a relação perdida entre o cristianismo e a prática do desporto. Quem carece de relatos de muitas lágrimas para simpatizar com o Redentor está para além da redenção. A gentil persuasão emocional dos nossos dias bem pode constituir um dos derradeiros sintomas da nossa falta de coração.
Certo é que no último século o Jesus que vende melhor é o humano, sereno e conciliador. Que mais facilmente seria produto da audição de uma palestra de Júlio Machado Vaz que da leitura da Palavra de Deus. O Mestre deseja-se titubeante, se necessário, uma vez que o gaguejar já ultrapassou hoje a respiração na competição pelo sinal vital mais primário. Atenção. Nada contra os gagos. Ao que tudo indica o próprio Moisés era de fala ritmada, o que não o impediu de libertar o seu povo do Egipto.
Por que substituíram as pessoas a necessidade de Deus pelo desejo de um companheiro de ginásio? Por que será que quando fala de religião o povo parece ter acabado de ser massajado na zona lombar? Nem só de relaxamento muscular vive o cidadão. Há que imputar culpas aos prelados que caem nas boas graças da comunicação social. São bispos convertidos à meiguice, escrevendo arco-íris duplos nos énes, desenhando pétalas à volta dos pontos dos is. Sobra para as religiões minoritárias suspeitas, como a minha, lembrar as curvas do caminho para os Céus. Alguém tem de incorporar os espasmos quando o Espírito Santo desce.
Não é caso para nos dedicarmos exclusivamente ao Messias vingador, chispando dos sacros olhos. Ao Mestre pragmático e de espada na mão do Evangelho de Lucas. Basta equilibrar com uma consulta ao globo terrestre. Enquanto o cristianismo cresce nos continentes tradicionalmente pagãos, confrontando sem reservas os credos nativos, na Europa a cristandade, por preferir a simpatia à fidelidade, deixa as capelas às moscas. As mesmas que poisam apenas nos ombros de um Criador de mãos tão largas quanto as fronteiras espanholas. Um Deus não feito Homem mas feito mano. Demasiado mano."


Tiago Cavaco
posted by @ 2:16 da tarde   0 comments
Marmelada assim
Pois é, caro Tiago, eu que todos os dias osculo uma ateia (a minha mulher, pois claro, e chamemos assim para facilitar convenções, embora no caso concreto prefira dizer "uma não crente"), descubro nesse contacto a verdadeira humanidade, como também diz o Timshel. A dúvida que me interpela a todo o momento, que abala as frases feitas de uma fé sempre vivida em insegurança, fez-me lembrar as palavras que o meu bom amigo ZM (padre, sem registo press friendly) dizia na sua homilia de sábado, a de que há diferenças (ai não, que não as há) entre uma vida segura, que sabe a pouco, e uma vida salva. Para chegar a esta, o caminho deve ser o da dúvida.

Miguel Marujo
posted by @ 1:55 da tarde   2 comments
maus fígados
Uma vantagem que a Santa Madre nos oferece é, que domingo após domingo, dia após dia para os mais agarrados, nos espeta com o bocado de Escritura que ela escolhe e não aquele que mais nos apetece. E fez ontem oito dias que quem lá foi, ouviu-O dizer-nos:
«O primeiro [mandamento] é este: ‘Escuta, Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças’. O segundo é este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Não há nenhum mandamento maior que estes».
Entre o Temor e o Tremor, eu cá prefiro sempre o Amor. Ou, se quiseres, a marmelada.

José
posted by @ 1:52 da tarde   2 comments
Marmelada Romana
Anselmo Borges, essa figura viva do padre press friendly que Portugal tanto acarinha, escreve sobre a "grandeza heróica daqueles que preferiram o ateísmo a ficar presos de um deus que humilha, escraviza e anula o Homem". Antes acrescentara que "Buda, Confúcio, Sócrates e Jesus, figuras determinantes para a Humanidade e de cuja profunda religiosidade ninguém pode duvidar, foram considerados ateus. Sócrates concretamente bebeu a cicuta, acusado de ateísmo, e Jesus morreu na cruz, acusado de blasfémia".
Numa caixa de comentários do seu blogue o TimShel aponta que "se pudesse fazia era um blogue "ecuménico" com eles (os ateus)" porque "o que é verdadeiramente humano é a divergência, a diferença e a aceitação e o gosto por essas divergências e diferenças; o que é verdadeiramente inumano é o ódio e a incompreensão pelo que é diferente, divergente ou simplesmente estranho".
Numa extraordinária tour de force pelos meandros dos meus fígados procuro aproximar-me do lebenswelt destes católicos. É-me difícil. Tantos ósculozinhos com os ateus deixam-me perplexo. É a teologia do beijo que permite anunciar Judas como o discípulo mais próximo de Jesus. Refugio-me nas minhas trincheiras (nessa providencial inumanidade que me abriga) citando o bom Sören (na língua do Império, claro): "Christianity in its first instance must be so terrifying that only an absolute you shall can drive a person into it".

Tiago Cavaco
posted by @ 1:18 da tarde   3 comments
domingo, novembro 12, 2006
Onde está o Wally?


Rúben Baptista de Oliveira
posted by @ 7:09 da tarde   1 comments
sexta-feira, novembro 10, 2006
"Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal" (São Paulo)
Exige-se uma boa hermeneutica quando lemos a sequência de textos sobre "Ted Haggard".
Não me parece haver apologia para o livre pecado. Existe, isso sim (sejamos sinceros) uma tendência muito nossa de superioridade farisaica e estes acontecimentos fazem-nos muito bem.

"Só há uma salvação: fazei de vós mesmos os responsáveis por todos os pecados humanos. (...) Porque, se culparmos as pessoas pela nossa perguiça e impotência, acabaremos por iniciar-nos no orgulho satânico e por nos amotinarmos contra Deus. Quanto ao orgulho satânico, penso assim: é difícil compreende-lo na terra, por isso é muito fácil entrar em erro e iniciar-nos nele, até porque podemos estar convencidos de que estamos a fazer uma coisa grande e bela." (Dostoiévski, "Os irmãos Karamázov").

Tiago Oliveira
posted by @ 8:19 da tarde   1 comments
São Martinho
Foi há 523 anos...

Tim Cavaco
posted by @ 2:50 da tarde   0 comments
Sim Pedro, devemos celebrar o pecado
Devemos celebrar o pecado porque no meio evangélico* ele transubstanciou-se oportunamente em mero adversário nos matraquilhos. Um opositor do lado oposto da mesa, ou, visto o assunto de um modo mais colorido, um predicado que apimenta a nossa narrativa pré-conversão.
O Paulo Ribeiro tem razão quando sugere que os protestantes evangélicos se ausentam da "condição de toda a humanidade", de "regular sinner(s)", de "banalíssimo(s) pecador(es)". O problema do puritanismo, da imprescindibilidade da boa conduta, é que em termos práticos regressa às indulgências de Roma.
"Pecar muito para que a graça abunde"? Falamos de um grande pão de Mafra e não das migalhas que nutrem os estômagos anoréticos da cristandade contemporânea. A sua magreza é tal que esta passagem bíblica é usada como se o pecado fosse um vício difícil de abandonar (valia a pena mencionar o contexto em que o Apóstolo se encontra quando o afirma - Paulo não pregava contra os maus hábitos dos receptores da carta, falava-lhes sim de uma fé que sobrepujava a metódica lei mosaica). Que os cristãos deixem de roer as unhas mas que não se orgulhem de tão pouco.
Em jeito de máxima para estudantes de liceu com efeitos de inspiração à praxis e pouco rigor académico: o pecado somos nós. E como andamos tão esquecidos, vale a pena exagerar. Festejar teologicamente a desgraça de Haggard. Embebedarmo-nos em shots de prantos alheios - a sujeira do Gólgota continua a servir para alguma coisa.

* Entre os católicos não sei se ainda é um conceito religioso aceitável à luz dos nossos dias soalheiros.

Tiago Cavaco
posted by @ 2:37 da tarde   10 comments
Haggard V
É impressão minha ou alguns protestantes deste blogue aceitam algo que Paulo condena no capítulo 6 de Romanos: “pecar muito para que a graça abunde”?
Claro que um escândalo como o de Haggard não abala a nossa fé – ela está em Jesus Cristo. Mas daí a quase celebrar o acontecimento como se da recepção ao filho pródigo se tratasse…
O compromisso com Cristo implica um comportamento rigoroso (chamem-me puritano, se quiserem). A queda de Haggard alivia o nosso “fardo”?

Pedro Leal
posted by @ 2:31 da tarde   4 comments
Pimbalhices católicas castelhanas
Convido os amigos protestantes que gostam de música a apreciar apenas a indumentária do artista.




timshel
posted by @ 4:57 da manhã   1 comments
Haggard IV

Mal por mal que falássemos do Merle Haggard que também deve ser evangélico e também já cometeu as suas patifarias. Que é muito mais interessante que o Ted, disso não tenho grandes dúvidas.









Samuel Úria
posted by @ 2:25 da manhã   0 comments
Haggard III
Estamos a tratar esta história dos escândalos com propriedade excessiva. Deve ser a nossa minoritária mania das grandezas. Sim, porque do outro lado do Atlântico há um país de simpatizantes não-sócios do nosso clube (o que cá tem a correspondência percentual ao católico não-praticante). Ora é excessiva a propriedade pelo facto de o escândalo nessas terras do "grande Satã imperialista capitalista", não acontecer cada vez que o evangélico John Doe decide ir engatar rapazinhos. O escandaloso é uma qualidade apenas aplicável ao clero e políticos, ou ambos se pensarmos na divisória ténue que traçam os ianques. O opróbrio nem sequer está no ordinário church goer.
Reconheço, claro, que em Portugal o cenário é diferente. Numa minoria religiosa os escândalos surgem com a facilidade da propagação global num universo reduzido. E o grau do escandaloso é elevado por causa do orgulho sobranceiro comum às minorias resistentes; é elevado mesmo quando reduzido. Na nossa cruzada dos pequenitos a moral não pode ser beliscada senão somos todos nós - a meia-dúzia - arrastados. Mas isto é um blogue público e faço questão que nos cinjamos ao que de escabroso acontece lá longe. É que what happens in the minority stays in the minority.

Samuel Úria
posted by @ 2:04 da manhã   0 comments
quinta-feira, novembro 09, 2006
Ted Haggard II
A questão do Ted Haggard acarreta realmente um grande significado que merece ser explorado. Nesse sentido, o post do Tiago na sua voz é realmente exemplar. Se me for possível acrescentar seja o que for a essa "mensagem", apenas reforço o facto de os cristãos em geral, mas os protestantes em particular (porque os católicos, infelizmente para todos, já se habituarem a este tipo de escroques), viverem debaixo de um manto de vergonha relativamente aquilo que o seu irmão na fé poderá vir a fazer. Arrogamo-nos tanto de ser diferentes, que preferíamos ser os únicos na terra, a ter de viver com o pânico de um desses "diferentes" se vir a revelar tão "igual" a todos, que comprometa a força do próprio evangelho. Julgamos que vivemos num dominó chinês, que quando um cai, tudo vai ao chão. Como o Paulo Ribeiro, já não me choco com estas coisas, nem acho que mal algum venha ao mundo com isto. No fundo todos somos pecadores, e este apenas antecipou, em parte, aquilo que será a sua Justiça Divina.


João Marques
posted by @ 11:45 da tarde   0 comments
Ted Haggard
Até hoje Ted Haggard era um desconhecido para mim. Continua a ser. Ted's há muitos. Há Ted's que batem nas mulheres. Há Ted's violadores. Com jeito, até assassinos. Pastores, padres, cristãos e pagãos. A este respeito o Tiago já escreveu e muito bem na sua voz. Acrescentar só uma ou duas coisinhas. Ted Haggard está agora na mesma condição de toda a humanidade. É um regular sinner. Um banalíssimo pecador. Ninguém me ensinou, mas eu aprendi a não me chocar. Por observação e por experiência própria. Ted é um de nós. Tem os pés no chão. Provavelmente os joelhos também. Alvo da graça. Como sempre. A fé cristã não sai nem um bocadinho beliscada. É que ao contrário do que dizia John Lennon, o cristianismo continuará muito depois do Rock'n'Roll desaparecer.

Paulo Ribeiro
posted by @ 9:05 da tarde   2 comments
O Voto Evangélico
Por falta de tempo não tenho acompanhado muito de perto o day after das eleições americanas. No entanto, ouvi ontem um comentário de Nuno Rogeiro em que ele dizia que a mudança de mãos da liderança do Congresso americano se devia em grande parte a uma transferência de 1/3 do voto tradicional dos evangélicos nos Republicanos. Talvez seja hora dos jornalistas portugueses começarem a aparender a diferença entre evangélico e evangelista.

Tim Cavaco
posted by @ 4:58 da tarde   0 comments
Enquanto isso, nos Estados Unidos...
A notícia já está velha, mas não lembro de ter visto comentários sobre ela por aqui. Para que não esqueçam que toda a diversão dos escândalos sexuais não é privilégio de padres católicos, Ted Haggard, o presidente da National Association of Evangelicals, resignou após ter sido exposto por um homem que afirmou ter recebido de Haggard dinheiro em troca de metanfetaminas e um pouco de afternoon delight. Isso dias antes das eleições e de um referendo no Colorado (estado de Haggard) a respeito do casamento gay. O lado de Haggard ganhou o referendo, mas perdeu a eleição, e perdeu seu líder. O clima aqui entre os crentes texanos é de pessimismo, com sua liderança política demoralizada e os democratas conquistando posição majoritária no congresso.

Tudo isso para perguntar: como está a política religiosa aí em Portugal? A brasileira é chatinha, com seus deputados bispos da Igreja Universal do Reino de Deus e etc. Como é a de vocês?

John Santos
posted by @ 1:18 da tarde   2 comments
Esclarecimento!
Relembrando...
o Tiago Cavaco escreveu no primeiro dia de vida deste blog a seguinte afirmação:
"Este blogue vai ter protestantes e católicos. Juntos mas sem efeminados trejeitos ecuménicos."

Pela minha parte, não me assumo nem pró nem contra católico. Sou protestante. Parece-me que isto tinha ficado esclarecido desde o início.
Por outro lado, não compreendo o porquê de tanta música gasta a discutir qual será o protestante com mais trejeitos...

Tiago Oliveira
posted by @ 12:18 da tarde   3 comments
Calma! Se for preciso, arranja-se um Astérix (ou um Obélix)...
Aos atónitos (acho eu) amigos católicos, e leitores em geral, informo que ainda há neste blog um protestante que não está, e não quer estar, na corrida para o "mais pró-católico".
"Toda a Gália foi ocupada pelos romanos... Toda? Não!"

Pedro Leal
posted by @ 10:06 da manhã   6 comments
quarta-feira, novembro 08, 2006
Anti-tese-pró-sou-o-maior.
Eu não tenho bem a certeza do que é um protestante pró-católico - ajudem-me, por favor - mas soa-me a galardão abstracto. Nada de ecomunismos, apenas virtudes no campo da compreensão e respeitabilidade. Aviso já, que quando houver um jogo de futebol entre católicos e protestantes jogo pelos católicos. Pelas obras os conhecereis.

Miguel Sousa
posted by @ 10:36 da tarde   3 comments
Anti-já nao sei qual-um dos posts anteriores!
Caro Tiago, refuto em absoluto essa tua tese de seres um dos mais pró-católicos dos protestantes. Eu sou bastante anti-católico nalguns aspectos, mas tão católico noutros que até me assusto. Na verdade não sei quem será mais pró-católico, mas acho que também ninguém sabe. Garanto-te, no entanto, que se fores mais pró-católico do que o Tim, ou até do que a minha pessoa, acho que vais começar a receber o teu recibo de vencimento da Santa Sé.

João Marques
posted by @ 6:39 da tarde   2 comments
Ai, ai, ai...
Quando os primos Cavaco pararem o concurso do protestante mais pró-católico talvez o protestantismo neste blogue possa prosseguir dentro de alguns momentos...

Luís Aguiar Santos (a escrever em Mac sem poder pôr o nome a bold e reduzido)
posted by @ 6:32 da tarde   0 comments
Anti-anti-post-anterior
É verdade que devo a Tiago Cavaco andar metido nestas andanças, pois não fora o seu gentil convite e continuaria a ser um obscuro Secretário-Geral. No entanto, aceitei o repto na convicção de que não haveria aqui hierarquias, tanto mais que parece que "neste canto" só falam leigos. Fico assim admirado com essa auto-proclamação do "mais pró-católico dos protestantes". Já agora... por falar em hierarquias queria só lembrar-te que andavas tu no teu fulgor revolucionário de jovem de esquerda a pensar que os católicos ainda "comiam criancinhas ao pequeno-almoço" e já eu tinha audiências com o senhor Cardeal-Patriarca de Lisboa.

Tim Cavaco
posted by @ 5:19 da tarde   7 comments
Anti-post anterior
Volto a frisar que sou o mais pró-católico dos protestantes deste canto. Mas arrelia-me que o meu amigo Paulo faça apologia anti-protestante com base em má pedagogia anti-católica. Explico. O problema do Paulo, semelhante ao de muitos nós, minoria protestante num país católico, é ter-lhe sido ensinado uma deficiente defesa da fé: éramos muito bons porque os outros eram muito maus.
Mas, querido Paulo, só se engasga com essa memória quem depender de alguma medicação e muita psicanálise. E nós, protestantes desempoeirados que já se tatuam sem pesos de consciência, estamos aqui para trazer luz ao mundo. O facto de não sermos assim tão bons não faz dos outros melhores.

Tiago Cavaco

P.S. O Paulo responde nos comentários.
posted by @ 4:07 da tarde   1 comments
Ser protestante. De geração em geração.
Nascer-se protestante (pelo menos desde há 32 anos) é nascer num mundo de ilusão. Um conto de fadas. É ter-se a ilusão que não se é verdadeiramente pecador. Verdadeiramente mundano. É ter a ilusão que Cristo olha para nós com especial apreço e nos está agradecido por termos definido (ou redefinido (ou criado)) o conceito de relação pessoal com Deus. Cristo, a quem tratamos por "tu", é tudo e nada consequentemente. Já estamos num limbo. In the Matrix, se quiserem. Alguém me dê um comprimido vermelho, se faz favor.

Paulo Ribeiro
posted by @ 2:55 da tarde   3 comments
vernáculo
Tanto protesto, tanta luta, tanto latim gasto (digamos assim) em defesa da tradução indiscriminada da Sagrada Escritura e da Liturgia para as línguas maternas que os povos supostamente entenderiam, e agora escreve-se neste blogue na língua do Império?
Valha-nos São Jerónimo (ou sr. Eusebius Hieronymus)!

Carlos Cunha
posted by @ 12:36 da tarde   1 comments
"Assim como recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, assim também nele andai." (A Bíblia)
The life of faith is represented as receiving - an act which implies the very opposite of anything like merit. It is simply the acceptance of a gift. As the earth drinks in the rain, as the sea receives the streams, as night accepts light from the stars, so we, giving nothing, partake freely of the grace of God. The saints are not, by nature, wells, or streams, they are but cisterns into which the living water flows; they are empty vessels into which God pours his salvation.

Charles H. Spurgeon
posted by @ 11:14 da manhã   3 comments
Post grande sem rigor científico e de questionável interesse

No confronto da iconografia o protestantismo é goleado pelo catolicismo. Não que seja um embate de real interesse este de ter uma vintena de referências contra um milhar de referências com action figure incluída. Só o refiro para poder contra-balancear a vantagem com uma amostra iconográfica que é ainda (ainda) desconhecida dos romanos. Não são figuras particulares que trago, estou a debruçar-me concretamente sobre tipologias.

Serão 3 que brevemente descreverei: temos a mulher de pastor e o filho de pastor. Há, obviamente, diversidade nestas pessoas, mas a caracterização tipológica, caricaturista às vezes, é que lhes confere um lugar no despretensioso ideário icónico protestante.

Na mulher do pastor enquadram-se sumariamente dois chavões distintos (os intermédios não têm graça e por isso perdem qualquer estatuto dentro do pensamento comum): o da virtuosa e discreta organista que está para o sacerdócio do seu marido como a ideal primeira-dama dos E.U.A está para o mandato do esposo. No outro pólo fica a “pedra de tropeço” do ministério do pastor; a escandalosa mulher que desajuda no ambiente do lar e da igreja.

A terceira tipologia não se desdobra. É que apesar de algum ou outro caso tendencial de preconceito do filho de pastor ser automático choninhas (o Pedro Leal, o Tim Cavaco e o João Marques não estão neste nem no próximo) há o paradigma muito mais forte em que o desabafado “filho de pastor” é adjectivo imprecativo. Capazes de assustar a geração mais rebelde dos Morangos com Açúcar, são os “filhos de Eli” e não há volta a dar.

“Post grande sem rigor científico e de questionável interesse” é o título escolhido, grande e de interesse ainda mais questionável. Um pingo de pedagogia em mim queria mudá-lo para “Senhores padres casem descansados que estas tipologias não são assim tão lineares”.

Samuel Úria

posted by @ 1:39 da manhã   2 comments
Ligações perigosas...

Pronto... aqui está a fatídica prova da minha ligação passada à extrema direita americana, moral majority, religious right... o que lhe queiram chamar. A foto com o homem da capa da Time (de 2 de Setembro de 1985) foi tirada nos idos anos de 1992. Para os mais intranquilos, desculpo-me dizendo que o já aqui citado Stephen Strehle foi meu professor na "Universidade de Falwell" e diplomaticamente convidado a resignar à sua função, pois nas suas aulas "falava-se mal do boss". Terão sido estas as minhas influências...

Tim Cavaco
posted by @ 12:37 da manhã   1 comments
Uma coisa é... outra coisa é...
Uma coisa é o que dizem de nós; outra coisa é que o dizemos de nós; outra ainda (diferente?) é a verdade. Seja como for, tal como os Cristãos foram assim chamados pela primeira vez em Antioquia, os Protestantes começaram a sê-lo em 1529. Segundo o já citado Manuel Pedro Cardoso, transcrevo aqui com a devida vénia o que ele diz a este respeito, a saber: "... protestante e Protestantismo vêm do latim protestari que um simples dicionário informa querer dizer 'declarar solenemente, dizer, afirmar'. [...] A designação nasceu no século XVI quando, na Dieta de Espira (Speyer), na Alemanha, os príncipes que apoiavam Lutero subscreveram uma Protestação (declaração) em 19 de Abril de 1529 defendendo a liberdade de consciência e os direitos da então minoria religiosa."

Tim Cavaco
posted by @ 12:20 da manhã   0 comments
terça-feira, novembro 07, 2006
A protestar é que a gente se entende.
Em primeiro lugar peço desculpa pela minha fraca participação neste tão excelso fórum de reflexão histórico-filosófico-politico-teológica, mas a verdade é que tenho tido alguma dificuldade em absorver os timings do verdadeiro blogger. É que depois do sistema bancário português, do futebol, da marcação de actos clínicos nos serviços do SAMS e dos filmes de acção de Hong-Kong (obrigado Paulo Ribeiro) não há espaço para muita reflexão abstracta. Não posso deixar de assinalar, contudo (até porque hoje deixei o filme do John Woo para daqui a nada), que fiquei algo satisfeito com a discussão que se gerou à volta do uso do termo protestante. Tenho de admitir que nasci com algum fascínio por este tão belo vocábulo, até porque, de alguma forma, era um termo quase proibido pela comunidade protestante. Sempre gostei de me afirmar como Protestante. No entanto, tenho medo de estar a padecer de uma patologia psiquiátrica do tipo esquizofrénico, pelo que peço a todos os amigos que me ajudem a perceber o que é ser protestante, visto que ainda não percebi bem. Será que tem mesmo que se protestar? Se calhar tem, e eu devia ter nascido católico. Mas se calhar tinha de ser verdadeiramente de esquerda e isso podia ser um problema.

João Marques
posted by @ 11:15 da tarde   0 comments
Lutero e os Protestantes em Portugal
Há em todos nós – portugueses - um especial desprezo pelas nossas origens. Conhecemos bem as tradições e mezinhas populares mas no que toca a questões sérias somos pouco cuidadosos. Daí que um Protestante festeje o S. Martinho: come umas castanhas, apanha uma valente tosga num sábado de Novembro e sabe de trás para a frente a história desse santo - que se pode gabar de o ser por ter dado meia capa a um mendigo (meia capa, desgraçado!). Contudo essa mesma criatura não comemora uma única data que esteja associada à sua identidade religiosa.
Abro aqui uma excepção: festeja o Natal. Abro outra: se for um Pentecostal não se esquece do dia de Pentecostes. Mais nenhuma.
O Protestante sabe bem quem foi S. Martinho de Tours, ignora porém quem terá sido S. Martinho de Eisleben e o que terá feito.

Rúben Baptista de Oliveira
posted by @ 9:16 da tarde   0 comments
Protesto...
PROTESTO contra o erro fácil e comum de se assumir que o termo “Protestante” (aliás crismado por outrem) se deve às peculiares diatribes do genial (entenda-se o duplo sentido) reformador Martinho Lutero ou à oposição que desde então se desenvolveu em relação ao Catolicismo. É tão grande a confusão que há alguns dias atrás um repórter televisivo chamou “protestantes” a um grupo de manifestantes em plena Avenida da Liberdade. Não que a etimologia esteja incorrecta mas, por estranho que possa parecer, julgo que seria mais adequado apelidá-los de protestadores. Razão tem a língua inglesa que distingue protester de Protestant. Mesmo assim, e voltando à substância do assunto, é importante não esquecer que o Catolicismo da oposição ao Protestantismo é profundamente tridentino (lembram-se da Contra-Reforma?!), pelo que, estamos aqui estamos a discutir se "... é o ovo ou a galinha". Às vezes, estudar melhor a História dos Séculos XVI e XVII não fazia mal a ninguém...

Tim Cavaco
posted by @ 6:43 da tarde   0 comments
Onde a fé e a política se confundem
Acho que tenho pouco em comum com o Jerry Fallwell (já o Tim Cavaco formou-se na Universidade dele e até tem fotografias tiradas na companhia do famoso pregador). Mas é só para serenar os ímpetos sinistros do Timshel.


Tiago Cavaco
posted by @ 6:26 da tarde   0 comments
Protestar
Segundo explicação ouvida ao Pastor Pedro Cardoso, presbiteriano, o termo “protestante” não tem a ver com manifestar-se contra algo mas sim com o afirmar pública e resolutamente uma convicção. Assim, cai por terra a conclusão do CC de que os protestantes só existem por oposição.
Claro que, reconheço, os católicos dão jeito.

Pedro Leal
posted by @ 4:54 da tarde   0 comments
O Horizonte é vermelho


Sou católico e de esquerda. O vermelho é por isso a cor com que aqui escreverei.

Ser católico e de esquerda é, para mim, uma e mesma coisa.

O Santo da minha devoção disse:

"Compreende-se muito bem a impaciência, a angústia, os inquietos anseios daqueles que, com uma alma naturalmente cristã, não se resignam perante a injustiça individual e social que o coração humano é capaz de criar. Tantos séculos de convivência dos homens entre si, e ainda tanto ódio, tanta destruição, tanto fanatismo acumulado em olhos que não querem ver e em corações que não querem amar! Os bens da Terra, repartidos entre muito poucos; os bens da cultura, encerrados em cenáculos... E, lá fora, fome de pão e de sabedoria; vidas humanas - que são santas, porque vêm de Deus - tratadas como simples coisas, como números de uma estatística! Compreendo e compartilho dessa impaciência, levantando os olhos para Cristo, que continua a convidar-nos a pormos em prática o mandamento novo do amor."

Ser católico e de esquerda, para mim é uma e a mesma coisa. Mesmo que, à primeira vista - e apenas à primeira vista, isto é, numa análise superficial -, isto possa não parecer concordante com o excerto seguinte de São Josemaria Escrivá:

"O Opus Dei não tem nenhuma orientação económica ou política(...). É certo que, movidos pela doutrina de Cristo, os seus sócios defendem sempre a liberdade pessoal, o direito que todos os homens têm a viver e a trabalhar, a ser protegidos durante a doença e na velhice, a constituir um lar e a trazer filhos ao mundo, a educar esses filhos de acordo com o talento de cada um e a receber um tratamento digno de homens e de cidadãos.

(...)

Nunca os directores da Obra podem impor um critério político ou profissional aos outros membros. Se algum vez um sócio do Opus Dei tentasse fazê-lo, ou servir-se dos outros sócios para fins humanos, seria expulso sem contemplações porque os outros se revoltariam legitimamente.

Nunca perguntei, nem perguntarei, a nenhum sócio da Obra de que partido é ou que doutrina política defende, porque isso me parece um atentado à sua legítima liberdade. E o mesmo fazem os directores da Obra em todo o mundo.

Sei contudo que entre os sócios da Obra (...) há de facto grande variedade de opiniões, e nada tenho a dizer em contrário. Respeito-as todas, como respeitarei qualquer opção temporal tomada por um homem que se esforça por actuar segundo a sua consciência.

Esse pluralismo não constitui um problema para a Obra. Pelo contrário, é uma manifestação de bom espírito, que patenteia a legítima liberdade de cada um
."


timshel
posted by @ 12:54 da tarde   5 comments
Daqui a 500 anos...
Será que os Protestantes a escrever a preto é um vaticínio de que «daqui a 500 anos o que haverá é catolicismo e “ortodoxismo”»?

Tim Cavaco
posted by @ 11:24 da manhã   2 comments
segunda-feira, novembro 06, 2006
Sim
O púrpura fica-vos bem.

Tiago Cavaco
posted by @ 9:52 da tarde   0 comments
Por mim podes recalcitrar à vontade
Não deixa de ser giro constatar a falta que vos faz a hierarquia, mesmo que seja a de outrem. É que aqui, no campo romano, não estou a ver nenhum de nós a subir ao púlpito para apresentar os demais. Mas julgo perceber o ponto do Tiago: daqui a poucos dias é quase certo que quem aqui venha tenha dificuldade em perceber quem é católico e quem é protestante. Nada mais previsível, nada mais auspicioso. Pois bem, tenho uma sugestão a fazer: se vocês quiserem continuar a escrever a preto, a gente pode escrever a púrpura. Digam coisas.

José, el perplejo

posted by @ 7:55 da tarde   1 comments
Recalcitrando contra tão pias burocracias
Continuamos sem conhecer os bloggers católicos (peço desculpa pela teimosia no verbo mas uso-o sem conotações velho-testamentárias). Peçam ao Policarpo ou a quem for preciso. Gente complicadinha, estes romanos.

Tiago Cavaco
posted by @ 6:54 da tarde   2 comments
The Catholic Roots of the Protestant Gospel (2)
Ainda segundo Stephen Strehle:
"Não é fácil separarmos as nossas tendências psicológicas de um estudo sério de qualquer área a que estejamos íntima e mentalmente ligados. Assim, pode-se comparar o estudo da Reforma à atitude de um fã em relação ao seu clube ou artista preferido. Desta forma, quando como protestantes procuramos estudar e entender a Reforma, não o fazemos desapaixonadamente. A isto não podemos deixar de associar uma atitude separatista e condenatória. A melhor solução para este dilema também parece não passar por um suposto estudo neutral, pelo que é necessária uma nova perspectiva no estudo da Reforma. Temos que perceber com frontalidade que o Evangelho Protestante não é algo que os seus fundadores criaram, simplesmente pelo retorno às Escrituras, mas sim como o culminar de um desenvolvimento teológico de muitos séculos.
Exemplos:
· O evangelho da fé de Lutero - noção católica do sacramento de penitência; Lutero exortava os crentes a terem fé nas palavras de absolvição do sacerdote.
· A doutrina de Melanchthon da justificação forense - Erasmo e tradição franciscana e nominalista; a vontade divina e a sua imputação deveriam ser consideradas os árbitros últimos da nossa salvação perante Deus.
· No lado Reformado, a ênfase de Zuinglio na cruz é encontrada em Erasmo e a predestinação de Calvino tem a sua origem em alguns teólogos medievais.

O conceito de justificação talvez seja a mais paradigmática noção teológica em relação a esta separação nítida entre Catolicismo e Protestantismo. De um lado temos o conceito de justificação forense de Melanchthon, fazendo da salvação uma mera declaração da vontade divina. Do outro lado, temos o conceito católico da graça criada que transforma a alma do homem num ser justo.
Lutero, aqui, serve como um verdadeiro mediador através da sua ênfase no conceito de que Cristo está em nós (Christus in nobis), ou seja, um Cristo cuja justiça reside em nós, mas que não se mistura com o nosso ser de nenhuma forma substancial."

Tim Cavaco
posted by @ 6:14 da tarde   0 comments
apresentação espiritual em post requentado
Como sou herdeiro da tradição católica, cheia de formalismos, rituais, ademanes, simbolismos cujo significado se perde no tempo e que a fraca razão contemporânea tem dificuldade em atingir, não tenho o à-vontade com o divino que têm, por exemplo, os nossos irmãos protestantes. Invejo a intimidade que eles têm com Deus. Parece que falam directamente com Ele e - suponho eu - Deus deve responder-lhes.

A minha relação com Deus passa sempre ao lado d'Ele. É colateral. Concretiza-se sempre através duma externalidade: pela Igreja (a Católica, Apostólica, Romana), com a mediação da comunidade (a paróquia, por exemplo), na pessoa do padre; pela intercessão dos santos; pela leitura dos textos sagrados (com a plena consciência que Jesus apenas escreveu um rabisco fugaz no chão e que nenhum versículo da Bíblia mereceu o imprimatur do Pai); pelo Magistério. Por vezes tenho, como qualquer ateu, pequenas epifanias da natureza. Como qualquer ateu. Noutras ocasiões parece-me que chego mais perto de Deus (ou deixo que Ele se aproxime de mim) através de coisas ainda mais pequenas, como um filme, um romance, uma música. Sei também que não foi Deus quem realizou Por Um Fio (foi o Scorsese), mas não o trocava pelo livro de Judite.
Claro, há a oração. Mas mesmo nos momentos mais intensos de oração, individual ou comunitária, nunca senti que Deus estava pessoalmente perto de mim, a escutar-me. Talvez esteja, mas nunca houve qualquer feed-back da parte d'Ele. Admito, no entanto, que o conteúdo das minhas orações não O comova particularmente.
E também não sou muito bom a ler sinais. Nunca percebi o que Ele me quer dizer. Na verdade, acho que não me quer dizer nada de especial. Caso contrário dizia.

A mim Deus não liga nenhuma importância. Isto é, coloca-me no meu devido lugar, reduzindo-me à minha humilde significância. Assim, como tenho dificuldades em comunicar com Ele, em O conhecer (e, portanto, de O amar), fico-me pela tentativa de amar os meus irmãos. E nem disso sou capaz.

Ah! e actualmente escrevo na Baixa Autoridade.

Carlos Cunha
posted by @ 4:35 da tarde   3 comments
Strehle e os 2000 anos
Sobre Stephen Strehle e o comentário do Timóteo: Eu acho bem o preconceito anti-católico do protestantismo. Outra coisa é acharmos que os protestantes inventaram a roda. Tendo a Reforma regressado à Bíblia, difícil seria que a Igreja até ao séc. XVI não tivesse descoberto as ideias que os protestantes enfatizaram. Foi nesse enfatizar que tomámos o(s) nosso(s) próprio(s) caminho(s), não no termos criado algo de novo. É, aliás, por isso que os tais "dois mil anos" são tanto nossos quanto deles.

Luís Aguiar Santos
posted by @ 11:47 da manhã   0 comments
The Catholic Roots of the Protestant Gospel (1)
O professor universitário protestante americano Stephen Strehle, na sua obra The Catholic Roots of the Protestant Gospel, evidencia a sua preocupação relativamente ao preconceito anti-Católico no Protestantismo. Strehle pretende demonstrar que conceitos particulares de Salvação no Protestantismo têm efectivamente a sua origem em ideias Católicas e que esses mesmos conceitos foram distorcidos ou instrumentalizados à medida que o Protestantismo procurava negar as ideias dos seus opositores Católicos. De entre as doutrinas discutidas nesta obra destacam-se as seguintes: justificação pela fé, certeza da salvação, imputação da justiça, teologia da aliança, substituição penal, expiação limitada e supralapsarianismo.

Tim Cavaco
posted by @ 7:55 da manhã   2 comments
domingo, novembro 05, 2006
Mais dois para o lado protestante
- Luis Aguiar Santos: liberal e individualista, escreve no blogue O Amigo do Povo, autor de um estudo sobre o Protestantismo (publicado pelo Círculo de Leitores) que devia ser ensinado nas escolas e sobretudo ao Dr. Mário Soares
- Ruben Oliveira: estudante de História, único fã dos GNR nascido nos anos 80, trocou a disciplina de Grego pelo Latim (não lhe será perdoado na Eternidade, certamente).

Tiago Cavaco
posted by @ 11:47 da tarde   1 comments
Tudo muda em Washington
Às vezes, os americanos vão à frente e os nossos irmãos mais ainda. [Este post não é, como poderia parecer, político.]

Miguel Marujo
posted by @ 11:33 da tarde   0 comments
Até que não sou contra o termo «Evangelizar».
Ontem li no Expresso que a metodologia católica no campo da evangelização (pelo menos a comunidade Emanuel) tem, cada vez mais, propensão para importar os métodos dos protestantes americanos (Baldwin incluído), actualizando a linguagem ao ar livre. Quando era adolescente participei em muitos deles, tocando guitarra, cantando, manuseando marretas (ou Robertos), tudo em busca de me ver a evangelizar. Ora, estar a evangelizar pode ser uma apropriação de um poder que não é nosso, uma demonstração de um egoísmo na amizade, uma omissão interesseira no relacionamento interpessoal. Naturalmente, Deus chama os escolhidos, o que não nos coíbe de cumprirmos a Sua Vontade, isto é, a praxis da Escritura. Ora, daqui a estar a evangelizar ainda são umas horitas de distância.


Miguel Sousa
posted by @ 8:36 da tarde   0 comments
pensei hoje na missa
‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Nada fácil, sobretudo para aqueles que, como eu, se amam tanto.
José
posted by @ 7:01 da tarde   1 comments
Do visitador compulsivo das velhinhas da sua congregação (2)
Todos os dias, pelas 20 horas, no Canal Panda abre-se alas para o "ga-ga" (Noddy), como o meu filho lhe chama. Mas, raramente vê para além do genérico.

Um dos episódios terminou com uma máxima que Noddy cantarolou: "Sou tão feliz, não preciso de ninguém.".

Claramente Noddy, pela sua auto-suficiência, também faz parte do rol daqueles que não precisam de Deus.

Tiago Oliveira
posted by @ 6:59 da tarde   1 comments
ouvi hoje na missa
De facto, nós católicos temos o privilégio mas não o exclusivo.
José
posted by @ 5:26 da tarde   0 comments
Revisionismo

Stephen Baldwin é o Born Again Christian sensação nos Estados Unidos da América. Parece que o rapaz encontrou um novo rumo enquanto se reabilitava do abuso de drogas, nenhuma delas espiritual. As mudanças radicais provavelmente serão visíveis quando o actor de série B passar a actor de série C .
É certo que os Born Again Christians são uns chatos, sobretudo estes mediáticos que conseguem levar a coisa do sério para o excentricamente sério. Mas de excêntricos pouco sérios e pouco renascidos está o inferno cheio.
Agora sobre o revisionismo que intitula este post. Os protestantes não me parecem ser lá muito conhecidos pelo revisionismo da sua História religiosa. Por ser curta talvez, mas por exemplo, coisas como o desvairado anti-semitismo tardio de Lutero chegam-me mais pela boca dos descendentes de Lutero do que em apontares de dedo romanos. Abro, contudo, aqui um desejo que traz a excepção: só ficamos a ganhar se em confusões futuras tiverem que o Born Again Christian não era o Stephen Baldwin mas o seu irmão Alec. É que o Alec é boss!

Samuel Úria

posted by @ 1:21 da tarde   0 comments
Cristão individualista (do lado protestante)
À fé em Jesus Cristo somos chamados enquanto indivíduos. Por isso, mesmo que tenhamos nascido entre cristãos, só o seremos realmente depois de um encontro pessoal com Jesus, reconhecendo-o como o Cristo. Trata-se de um estado pessoal e intransmissível. Podemos até chegar ao Senhor pela palavra ou o exemplo de outros nossos semelhantes, mas só seremos realmente cristãos quando descobrirmos por nós próprios uma relação única, irrepetível, em todo o espaço e em todo o tempo: a do Eu que somos com Jesus Cristo. Assim é o exemplo de São Paulo, que de Jesus e dos cristãos já tinha conhecimento, mas que teve, no caminho de Damasco, o encontro com o Salvador (como retratou Caravaggio). Esse encontro, tal como o pintor o mostra, é invisível, imperceptível para quem o observa. Só para o próprio Saulo ele é real e transcendente e é assim mesmo que tem de ser, com todos nós. Tudo o resto na vida ruiu ou cedeu para deixar entrar, vitorioso e libertador, o Sumo Sacerdote da Nova Aliança. Por isso, também, não há grupos nem ambientes cristãos. Há grupos e ambientes onde podem estar indivíduos cristãos. Cada um com a sua relação própria e autêntica com o Mediador Único do Pai Celeste. Dessa relação pode o cristão inferir muitas coisas para a sua vida mundana, nomeadamente na relação com os outros, mas o cerne da sua vida (religiosa) é o elo mesmo com o seu Senhor. Por isso, a religião do Cristo é um individualismo. Por isso, todas as considerações históricas, institucionais ou emocionais (numa palavra, mundanas), por pertinentes que sejam, não podem questionar esta indestrutível verdade: sou cristão porque sou indivíduo e a minha religião ou é individualista ou não é.
Luís Aguiar Santos
posted by @ 2:30 da manhã   1 comments
sábado, novembro 04, 2006
"On the shoulders of giants" ao contrário
Na Noruega* alguém diria: "os católicos são uma minoria, que, como todas as minorias, deve ser protegida e acarinhada".

* país classificado em primeiro lugar no índice de desenvolvimento humano - perdoe-se a piada weberiana

Tim Cavaco
posted by @ 10:15 da tarde   0 comments
Apresentação (1)
O Santo da minha devoção é São Josémaria Escrivá. Tenho um blogue

(posso aqui fazer um link? não é um abuso? tem a certeza? posso mesmo?

Não! Publicidade só no espaço e no tempo autorizados para o efeito!

Pronto. Está bem, eu não linko.)


Fazendo jus ao alegado secretismo da organização que o Santo acima referido fundou - caminho de santificação no trabalho profissional e no cumprimento dos deveres quotidianos do cristão -, sou anónimo.

timshel
posted by @ 8:17 da manhã   0 comments
da série de "afogo-me na fé" ou "ecumenismo straight" (1) - discriminação positiva
On the shoulders of giants - os protestantes são uma minoria, que, como todas as minorias, deve ser protegida e acarinhada.

timshel
posted by @ 8:05 da manhã   0 comments
Tempo de Viver
Na telenovela "Tempo de Viver" a Inês está apaixonada pelo Tomás, que quer ser padre. No entanto, o bom do Tomás está com dúvidas. A Inês a esse respeito diz: "Se a fé for como os namoros, quando começam as dúvidas o fim está próximo!". Sucede que a fé, cara Inês, não é como os namoros, e exceptuando os mais desalmados, na fé, quando começam as dúvidas é também quando a coisa começa a aquecer. Se torna interessante. Uma coisa de seres humanos, digamos.

Paulo Ribeiro
posted by @ 1:41 da manhã   0 comments
sexta-feira, novembro 03, 2006
da série de "estou-me nas tintas" ou "efeminados trejeitos ecuménicos" (4)
"Os bloggers católicos, quem são eles?"


Morrer no circo não é nenhuma pêra doce. Será melhor ir descobrindo um digno procurador que se encarregue da minha apresentação.

timshel
posted by @ 6:15 da tarde   0 comments
da série de "estou-me nas tintas" ou "efeminados trejeitos ecuménicos" (3)
"Os bloggers católicos, quem são eles?"

Os católicos são assim como aqueles rapazitos imberbes, tímidos e introvertidos, que, complexados com a manifestação sexual das suas borbulhas, camuflam as suas indecisões e contradições com uma máscara de rebeldia, indisciplina e provocação.

É preferível morrer no circo do que ser submetido à provação das apresentações.

timshel
posted by @ 6:14 da tarde   0 comments
da série de "estou-me nas tintas" ou "efeminados trejeitos ecuménicos" (2)
"Os bloggers católicos, quem são eles?"

Há por aqui bloggers católicos? Certificados pela Santa Madre Igreja?

timshel
posted by @ 6:13 da tarde   1 comments
No norte de Itália está a resposta. Uma dica: não é em Trento.
Vejo motivação neste início de jornada com católicos e protestantes. Esta noite, uma virose que me fez vomitar a bílis - sim, porque os protestante até vomitam a bílis - impede-me de os acompanhar neste entusiasmo pueril. Contudo, para a semana que vem, fresquinho da silva, começarei pela roupa. Há diferenças na moda entre católicos e protestantes?

Miguel Sousa
posted by @ 5:51 da tarde   0 comments
Primeiro Paulo
A questão da circuncisão é tudo menos um preciosismo histórico dentro do cristianismo. Se nos esquivarmos à visão de um plano divino pre-determinado, podemos mesmo considerar a referida questão como essencial para que o cristianismo primitivo não se tornasse uma mera corrente menor dentro do judaísmo, como muitas haviam. Teve Paulo que "resistir na cara" do primeiro Papa para que tal não acontecesse. Tanto se fala de Lutero e afinal Paulo é que foi o primeiro protestante.

Samuel Úria
posted by @ 1:16 da tarde   4 comments
Piropos...
Essa do "vocês que seguram o barco há dois mil anos" é certamente um deslize de cortesia e simpatia que até fica bem neste ambiente. No entanto, se a História fosse assim tão linear os que a estudam já tinham morrido de tédio.

Tim Cavaco
posted by @ 12:04 da tarde   4 comments
Mais alguém?
E quem nos fará a apresentação do Tiago Cavaco?

Scott
posted by @ 11:19 da manhã   0 comments
Os bloggers católicos, quem são eles?
E não há nenhum católico que apresente a sua equipa? Vocês que seguram o barco há dois mil anos têm a obrigação de se dar a conhecer.

Tiago Cavaco
posted by @ 9:00 da manhã   0 comments
As couves também se abatem
Que se seja velho ou descrente, a pessoa não tem culpa. Já ser vegetariano é uma rebelião ao mandato do Génesis. Se Deus não quisesse que os animais fossem comidos em vez de cavalos montaríamos repolhos.

Tiago Cavaco
posted by @ 8:56 da manhã   0 comments
«DARWIN, UM VELHO, DESCRENTE E VEGETARIANO»
Da revista VISÃO transcrevo o título e a notícia que reza assim: «O Evolucionismo de Darwin é uma “mentira”, produto da imaginação de um “velho”, “descrente” e “vegetariano” que não devia ser ensinado nas escolas, disse, no sábado, 22, o ministro da Educação, Miroslaw Orzechowski, que se propõe “abrir um debate”. O governante é membro de um partido católico, a Liga das Famílias Polacas, que integra o executivo de coligação do nacionalista conservador Jaroslaw Kaczynski.» Parecem admirados os senhores jornalistas! Alguns têm dito bem pior do Criador...

Tim Cavaco
posted by @ 8:26 da manhã   0 comments
Regresso às aulas
Literalmente, dou por mim em início de ano lectivo. Aproveitando uma extraordinária situação profissional, regresso ao curso inacabado para tentar resolver a coisa em quatro penadas, inscrevo-me na escola de condução que evitei sempre (como são insondáveis os meus caminhos também) e vejo-me obrigado a repousar os olhos em livros quase adormecidos para perceber se devo ter trento na língua ou se mais vale lavrar aqui pensamentos ociosos sem preocupações teológicas.

Miguel Marujo
posted by @ 12:37 da manhã   0 comments
quinta-feira, novembro 02, 2006
Valha-nos Santa Ana!
Inicio-me nesta aventura num Dia de Finados... Tal como aquela noite de tempestade em Julho de 1505 serviu de mote à vocação monástica de Martinho Lutero auguro que esta noite chuvosa possa ser apenas o início de animadas conversas.

Tim Cavaco
posted by @ 8:16 da tarde   1 comments
Pontaria
Um chorrilho de lágrimas caiu com tanta precisão na ranhura do gazofilácio que ninguém deu pelo pranto. Só até se descobrir a ferrugem no amontoado de moedas de 1 euro. Tristezas não pagam dívidas e muito menos indulgências.

Samuel Úria
posted by @ 7:21 da tarde   0 comments
Verdade ou (in)consequencia?
Serve este meu primeiro post o simples propósito de clarificar a questão do "cartão do PS". A verdade é que o dito existe em forma, mas já há muito que não existe em substância. No fundo a vida (já) não se compadece de ilusões. Como na Religião, um homem tem de fazer as suas escolhas.

João Marques
posted by @ 7:12 da tarde   0 comments
Parto assim
Ontem fui ver o meu Benfica dar três sem resposta ao Celtic. No futebol escocês sempre preferi o Celtic, dos católicos, ao Rangers, dos protestantes. Sempre achei que a Fé tem pouco a ver com golos. Mas, como em tudo na vida, há serviços mínimos que devem ser cumpridos. E, por isso, confesso que o catolicismo do Celtic aguçou a minha satisfação na vitória.

Pedro Leal
posted by @ 2:40 da tarde   2 comments
Imperialismo vs Imperativo
Já caracterizado como uma pessoa sujeita ao capricho do imperialismo americano, acho muito apropriado oferecer este linque para um poste de um colega que trabalha em Espanha. Sabe muito bem do que fala relativamente à influência da política americana face à tarefa que temos à nossa frente.

Política à parte, não é imperialismo obedecer o imperativo do evangelho, pois não?

Ide e fazei...

Scott
posted by @ 12:15 da tarde   0 comments
Apresentações: O senhor bem vestido na imagem do cabeçalho é o Cardeal Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga
Vestments of a cardinal: red cassock, rochet trimmed with lace, red chimere, apostolical cross. At the dummy's feet, from left to right: zucchetto, mitre and stole. Window display at Gamarelli's, via Santa Chiara.



Paulo Ribeiro
posted by @ 11:55 da manhã   0 comments
Do visitador compulsivo das velhinhas da sua congregação
Os fortes e os auto-suficientes não precisam de Deus (nem de pastor).

Tiago Oliveira
posted by @ 10:00 da manhã   0 comments
da série de "estou-me nas tintas" ou "efeminados trejeitos ecuménicos" (1)
quero lá saber se o Papa é o representante de Deus na Terra

timshel
posted by @ 9:10 da manhã   0 comments
quarta-feira, novembro 01, 2006
Olá
Como o Tiago falou, sou o token brazilian do blogue. Sou pentecostal- mas não mordo- e não fiz parte da horda bovina que re-elegeu Lula domingo. Just so we're clear.

Quanto aos católicos, gosto deles. Especialmente do papa; num tempo como o nosso, nada é mais confortante do que olhar para Roma e ver sentado no trono de Pedro, com um sorriso de satisfação e olhos velhinhos, um papa bem conservador. Poderia ser mais malvadinho, mas em geral tenho gostado mais deste do que do anterior (digo eu com ares de grande connoisseur de papas).

John Santos
posted by @ 10:42 da tarde   0 comments
Um blogue de protestantes e católicos.
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