À fé em Jesus Cristo somos chamados enquanto indivíduos. Por isso, mesmo que tenhamos nascido entre cristãos, só o seremos realmente depois de um encontro pessoal com Jesus, reconhecendo-o como o Cristo. Trata-se de um estado pessoal e intransmissível. Podemos até chegar ao Senhor pela palavra ou o exemplo de outros nossos semelhantes, mas só seremos realmente cristãos quando descobrirmos por nós próprios uma relação única, irrepetível, em todo o espaço e em todo o tempo: a do Eu que somos com Jesus Cristo. Assim é o exemplo de São Paulo, que de Jesus e dos cristãos já tinha conhecimento, mas que teve, no caminho de Damasco, o encontro com o Salvador (como retratou Caravaggio). Esse encontro, tal como o pintor o mostra, é invisível, imperceptível para quem o observa. Só para o próprio Saulo ele é real e transcendente e é assim mesmo que tem de ser, com todos nós. Tudo o resto na vida ruiu ou cedeu para deixar entrar, vitorioso e libertador, o Sumo Sacerdote da Nova Aliança. Por isso, também, não há grupos nem ambientes cristãos. Há grupos e ambientes onde podem estar indivíduos cristãos. Cada um com a sua relação própria e autêntica com o Mediador Único do Pai Celeste. Dessa relação pode o cristão inferir muitas coisas para a sua vida mundana, nomeadamente na relação com os outros, mas o cerne da sua vida (religiosa) é o elo mesmo com o seu Senhor. Por isso, a religião do Cristo é um individualismo. Por isso, todas as considerações históricas, institucionais ou emocionais (numa palavra, mundanas), por pertinentes que sejam, não podem questionar esta indestrutível verdade: sou cristão porque sou indivíduo e a minha religião ou é individualista ou não é.
Luís Aguiar Santos |
Perfect! Aqui não reside discussão clubista...ou existirá?