segunda-feira, março 30, 2009
A porta, outra vez
Exactamente como a única base para remoção da nossa culpa é a completa obra de Cristo na cruz, que é um facto histórico, nada mais sendo requerido, também o único instrumento para a aceitação da obra completa de Cristo na cruz é a fé. Não se trata da fé no conceito do presente século ou no conceito kierkegaardiano de fé como um salto no escuro; não é uma solução à base de fé na fé. É crer nas promessas específicas de Deus: não mais voltar-Lhe as costas, não mais chamar-Lhe mentiroso, mas, sim, levantar as mãos vazias num movimento de fé e aceitar a obra completa de Cristo da maneira como foi realizada historicamente na cruz. Diz a Bíblia que no momento em que tomamos essa atitude, passamos da morte para a vida, do reino das trevas para o reino do bem-amado Filho de Deus. Tornamo-nos, individualmente, filhos de Deus. Dessa hora em diante somos filhos de Deus. Repito: não há nenhum meio de começar a vida cristã excepto através da porta do nascimento espiritual, do mesmo modo que não há meio algum de começar a vida física excepto através da porta do nascimento físico.

Francis Schaeffer

Pedro Leal
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sexta-feira, março 27, 2009
Apelo às varas tesas

Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer
Quem não permanece em mim é lançado fora, como a vara, e seca; tais varas são recolhidas, lançadas no fogo e queimadas.
Se vós permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será feito.
João 15:5 em diante... por cbs... por vós, até faço mergulhos na Biblia :)
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quinta-feira, março 26, 2009
Apelo à virilidade.
Deixem-se de mariquices. O último post foi óbvio. Não ponderei sair por causa do Vítor e do João, mas por prioridades pessoais. Apenas duvido que este tipo de teolologia seja santificante para emissores e receptores. Talvez tenha perdido a fé na blogosfera (e isto aplica-se para o meu blogue, também). Em todo o caso, o Trento em que o Vítor e o João se acham faz sentido em si, mesmo sem o Credo. Mas não comigo, neste meio, desta forma. Repito: não leiam além do que é escrito e larguem as esquizofrenias. Não há conspiração. Só um tipo a mudar de hobbies por falta de tempo. Fiquem por cá e calem-se, enquanto vou ali para o canto pensar sobre a vida.

Nuno Fonseca
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Mas não sou humilde.
Posso fazer um esforço para perceber o mal de mim próprio, mas não chego nunca a destruir a boa opinião que, apesar de tudo, faço de mim.
cbs
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quarta-feira, março 25, 2009
No meu tempo, a subscrição ao Credo Apostólico era requerimento obrigatório para entrar e debater no Trento na Língua.

Pessoal, ando farto. Para debater descrentes não-cristãos, uso doutros meios. Mas para dialogar com Católicos-Romanos, peço exactamente isso: Católicos-Romanos. Isso e ser confirmado por outros Protestantes confessantes e ortodoxos. Desculpem-me, mas por esta altura, a minha falta de tempo e paciência me impede de me ater em toda e cada incredulidade particular que me ferva o sangue como o de Paulo no Areópago. Há que economizar. Uma heresia de cada vez, e uma em cada lugar.

Se o Trento já não se identificar com o Credo Apostólico, fico por aqui. Sem dramas, nem traumas. Apenas decisão individual baseada em prioridades pessoais.

Nuno Fonseca
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Nota
Mesmo os textos bíblicos, nada são perante Deus; e tudo o que seja nosso, e o resto do que sejam as coisas da vida e do dizer; tradição e igrejas, tudo isso e o próprio para, e o perante, nada são em Deus; e assim o exprimem e convocam.

Saberei eu isto que estou a dizer? Em absoluto, duvido.

De resto, à pergunta: O que é a verdade? Respondes: aquilo de que Cristo testemunha, a saber: Deus. E depois?

Não se tratam de ideias, é o que é, tribunal humano algum o detém: deus enquanto ideia é uma produção da mente, uma tentativa icónica como outras nos seus limites idolátricos, mas pouco mais; o leite das crianças, que nos salva mas clama por carne, sangue, o dilúvio, o horizonte deflagrado.

Deus ele próprio, e tudo mais.
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vítor mácula
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Vejo-me incapaz de atingir uma alma que seja, com o tropel das minhas palavras
cbs
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terça-feira, março 24, 2009
Hoje lembrei-me daquele pastor, que numa aula do Seminário nos disse, com um sorriso cúmplice, acerca de uma passagem particularmente ambígua da Bíblia

- "Claro que não vamos falar disto aos nossos crentes. Só iria lançar a confusão nas suas cabeças."

JL
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segunda-feira, março 23, 2009

Porque em mim tudo é ambíguo… nenhum dos meus gestos é puro!
cbs
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Lembrança do Cisma
Era de esperar que um blogue deste tipo desse dores de cabeça… os riscos de instabilidade são permanentes. Por causa do que aqui foi escrito, já várias rupturas sucederam ou estiveram para suceder. Marca característica das coisas religiosas, aliás.
Faz agora um ano que, por volta do equinócio pascal , até os fundadores cismaram, deixando-nos pasmados, como filhos ante discussões paternas. Quase precipitaram o fim deste lugar, abandonando-nos numa estranha espécie de orfandade bíblica. Contudo, com a Fé há sempre solução, pois é ela que dá a Vida. Outros persistiram, o blogue sobreviveu.
Só que, a ideia original de ser um fight club entre duas ortodoxias – católica romana e evangélico baptista – ficou no caminho; de facto, a ortodoxia aqui, nunca foi a regra básica. Nem podia ser, com a variedade das pessoas que nos constitui; de facto, o denominador comum entre trentistas é muito amplo; no Trento basta acreditar na existência histórica de Jesus Cristo, aceitar a sua divindade e procurar seguir os seus ensinos.
Porque o Trento nunca foi igreja. O Trento foi e é um espaço de diálogo entre pessoas que se consideram cristãs, vindas de tradições católicas e protestantes. Sempre houve heterodoxia, e isso não vem de agora, está na génese do blogue. E as decisões sempre foram tomadas democraticamente. Quem está mal muda-se. Quem fica deve respeitar os parceiros. Nunca se excomungou ninguém por divergência na doutrina. Se cairmos na blasfémia ou na agressão (que o insulto directo é agressão), sim, mas isso é uma regra de civismo geral. Por opiniões doutrinárias, não. Nenhum de nós é Deus, para julgar o Outro.
Fundamental mesmo deve ser o aceite das críticas, em especial das que dóiem; e responder com palavras, não com virar de costas. É isso a discussão… o resto é tristeza.

A palavra grega symbolon significava a metade dum objecto partido, que se apresentava como sinal de identificação. As duas partes de um selo eram justapostas para verificar a identidade do portador. Sendo a Fé comum, sendo a Cruz sinal de identidade (mesmo que cada um creia à sua maneira), será porventura ecuménico-angélico, mas surge a ideia pascal de um tempo propício, não só a romper, mas igualmente a justapor as partes separadas, recompor um vaso quebrado que continha o espirito do sítio: a amizade.
Convidamos os que saíram, em particular o Tiago e o José, mas o abraço estende-se a todos, a que juntem o que se partiu há um ano, regressem (fazem falta e há aqui saudades), enfrentem os espinhos das diferenças, acrescentem luz cristã ao desarrumo desta vossa casa. Com coragem, sem beliscaduras de carácter (que a todos é reconhecido) mas também com humildade cristã. Diferente do monólogo assente, o diálogo cru com desalinhos por vezes magoa, mas sempre vai brilhando a vida. Talvez o maior feito do Trento tenha sido precisamente durar estes dois anos e tal… por nós, mas também esperando por vós. Ad Majorem Dei Gloriam!
cbs ajudado pelo Pedro Leal
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domingo, março 22, 2009
A história de Lutero (lida quando clicava no Hungersite)


timshel
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sábado, março 21, 2009

Trôpego como sou, ando bem perto de cair...
cbs
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Lamento

Sofro por não ser inteiro. O comportamento a que aspiro como digno, vezes de mais não corresponde à minha prática.
Na questão do aborto, considerando-o um mal, em consciência, fui obrigado a aceitar a legalização (teria preferido a despenalização) por razões evidentes de saúde pública. A decisão ficará, como sempre, na consciência de cada pessoa, mas o facto do Estado encarar a ulcera, em vez de ignorá-la, só pode reduzir o mal imediato. Há no entanto outra vida em jogo…

Agora... na questão do preservativo, a defesa da vida é inequívoca. Compreende-se que a questão seja doutrinária e mais profunda, compreende-se também que as palavras do Santo Padre sejam descontextualizadas, manipuladas, mas ó meus amigos!... Não se compreende que perante a emergência da doença, que perante a enorme influencia da Igreja em África, o Santo Padre permita situar-se na ambiguidade. Não peço que aceitem a promiscuidade sexual, peço-lhes apenas que reconheçam a evidencia, que com a casa a arder, não tem sentido nenhum discutir seguros de incêndio. Porra!
Amo o Santo Padre. Lamento ter dizer que, considero, pela sua consequencia, criminosa a posição em que a Igreja Católica se permite ser colocada.
cbs

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sexta-feira, março 20, 2009
É uma versão duma T-Shirt que me foi oferecida pelo meu amigo Tiago Guillul, mais conhecido por Tiago Cavaco.

Clicar para aumentar
BORN TO DIE

Paulo Ribeiro
posted by @ 2:42 da tarde   1 comments
Jardim de Infância
Tento ao máximo afastar-me de um pensamento dicotómico em relação aos cristãos.
É-me difícil porque foi nesse ambiente que a minha consciência foi formatada.
No entanto, por mais que me esforce, continua o escândalo supremo a inquietar-me.
A saber, a arrogância do cristão que nega o esclarecimento da dúvida e condena sem se sentir obrigado a justificar-se pelas suas palavras, com o poder da Bíblia ou da Igreja.
A maior parte dos cristãos que eu conheço não sente necessidade de responder pela sua fé. De que fé falo? Da que diz ao mundo que todos os homens pecaram e estão destituídos do Reino de Deus, a não ser que humildemente aceitem a soberania de Cristo nas suas vidas pelo arrependimento.
A leviandade com que o cristão de hoje trata estes assuntos, não é diferente da figura do Fariseu, supremo exemplo bíblico do legalismo e da intolerância. Católicos e protestantes são iguais nisto.
"Sou cristão porque sim", imagine-se! Que insulto a Cristo me parece isto, principalmente num tempo em que as pessoas andam cada vez mais informadas e em que respostas dessas não são aceites.
"Não tenho tempo para te responder" ou "a minha fé não me leva a aprofundar muito essas questões". Mas é certo que "não sabendo explicar-te porquê, danças e fornicas com demónios" ou "só existe salvação dentro da Igreja Católica, lamento."
A apropriação do Amor e da Lei de Deus é a vergonha das igrejas. O sentimento latente de vontade de exclusão ao mínimo não concordar é a maior fraqueza.
A Igreja está doente. Não basta que as pessoas gostem de lá estar e se sintam confortáveis com os seus dogmas. É preciso que se torne espiritual em vez de meramente carnal.
A Igreja ainda está no jardim de infância. É isto o que eu vejo de fora.

JL
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quinta-feira, março 19, 2009
culpa do cbs
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A Bíblia no Brasil
O inglês F. C. Glass foi colportor (vendedor/distribuidor de bíblias) no Brasil, nas primeiras décadas do século XX, e escreveu “Aventuras com a Bíblia no Brasil”, onde narra as suas experiências. Foi daí que transcrevi a história de D. Bernardina, que me parece exemplar para compreender as raízes dos evangélicos no Brasil e em Portugal – na verdade, e apesar de resultados diametralmente opostos (em terras de Vera Cruz os evangélicos rondam o terço da população) o início do trabalho missionário nos dois países esteve bastante interligado. Na conversão de Glass, por exemplo, esteve Robert Reginald Young, um dos primeiros missionários baptistas em Portugal.

No princípio de 1902, quem escreve estas linhas e mais alguns de seus companheiros, passaram por aquela aldeia. Realizámos duas reuniões ao ar livre, sendo que uma destas em local bem perto da residência de D. Bernardina.”
“Esta foi compelida por um forte impulso a escutar o que aqueles homens tinham para dizer sobre o Deus em que ela acreditava, embora muitos dissessem que aqueles homens eram Protestantes e, portanto, pessoas perigosas e detestáveis, contudo, enquanto ouvia, chegou ao íntimo do seu coração a primeira centelha de verdade.”
“D. Bernardina não se afastou imediatamente de seus pecados, nem abandonou ao mesmo instante os seus ídolos, mas as palavras que ouvira nunca mais foram esquecidas; muitas foram as vezes que voltara a meditar sobre elas. Quando dois anos depois tornámos a visitar a localidade e fizemos reuniões públicas na Prefeitura da cidade, essa mulher esteve presente entre os primeiros e mais atentos assistentes.”
“Obtendo a Bíblia, verificou que havíamos pregado a verdade, formando sobre nós uma opinião favorável. Estas reuniões continuaram durante algumas semanas, mas, antes que os dez primeiros dias tivessem decorrido, D. Bernardina entregou seu coração ao Senhor. Erguendo-se no meio da sala de reunião, repleta de pessoas, testemunhou publicamente o conhecimento do perdão dos pecados, por meio da fé em Jesus Cristo.”
“Desde esse momento tornou-se completamente diferente; a vida começou a ter influência sobre todos os que a cercavam. O homem com quem vivera converteu-se igualmente e ambos concordaram numa separação; aliás ele tinha uma esposa legal, que abandonara.”
“Dias depois de sua conversão, D. Bernardina trouxe para a casa onde eu me achava hospedado um saco cheio de santos de madeira, crucifixos, rosários e outras relíquias supersticiosas, às quais, com sua plena aprovação, demos um rápido fim, fazendo-lhe compreender que se fossem na realidade tão santos e milagrosos como declaravam que eram, deveriam ter o poder suficiente para salvarem a si próprios, da machadinha e das chamas às quais nós os sujeitávamos. Esta nova convertida tornou-se agora cheia de zelo pela causa de Cristo, do mesmo modo como havia sido fiel à da Igreja de Roma. O povo estava surpreso, e embora muitos a evitassem, porque se tornara herege, outros muitos, ocultamente, a visitaram para poderem ouvir algo sobre o que causara sua transformação. Apesar da perseguição e de sua grande fraqueza física, fez uma franca e corajosa confissão, dando testemunho diante de todos, crescendo dia-a-dia na graça e no conhecimento do seu Senhor.”


Pedro Leal
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segunda-feira, março 16, 2009
Rezem por mim, que eu não recue por medo dos lobos
Amados Irmãos
A remissão da excomunhão aos quatro Bispos, consagrados no ano de 1988 pelo Arcebispo Lefebvre sem mandato da Santa Sé, por variadas razões suscitou, dentro e fora da Igreja Católica, uma discussão de tal veemência como desde há muito tempo não se tinha experiência. (…) Alguns grupos acusavam abertamente o Papa de querer voltar atrás, para antes do Concílio: desencadeou-se assim uma avalanche de protestos, cujo azedume revelava feridas que remontavam mais além do momento. Por isso senti-me impelido a dirigir-vos, amados Irmãos, uma palavra esclarecedora (…)

O caso Williamson
Uma contrariedade que eu não podia prever foi o facto de o caso Williamson se ter sobreposto à remissão da excomunhão (…) E assim o convite à reconciliação com um grupo eclesial implicado num processo de separação transformou-se no seu contrário: uma aparente inversão de marcha relativamente a todos os passos de reconciliação entre cristãos e judeus feitos a partir do Concílio – passos esses cuja adopção e promoção tinham sido, desde o início, um objectivo do meu trabalho teológico pessoal (…) Disseram-me que o acompanhar com atenção as notícias ao nosso alcance na internet teria permitido chegar tempestivamente ao conhecimento do problema. Fica-me a lição de que, para o futuro, na Santa Sé deveremos prestar mais atenção a esta fonte de notícias. (…) Sinto-me ainda mais agradecido aos amigos judeus que ajudaram a eliminar prontamente o equívoco e a restabelecer aquela atmosfera de amizade e confiança

A remissão da excomunhão
Outro erro, que lamento sinceramente, consiste no facto de não terem sido ilustrados de modo suficientemente claro, no momento da publicação, o alcance e os limites do provimento de 21 de Janeiro de 2009. A excomunhão atinge pessoas, não instituições. Uma ordenação episcopal sem o mandato pontifício significa o perigo de um cisma, porque põe em questão a unidade do colégio episcopal com o Papa. Por isso a Igreja tem de reagir com a punição mais severa, a excomunhão, a fim de chamar as pessoas assim punidas ao arrependimento e ao regresso à unidade.(…) A remissão da excomunhão era um provimento no âmbito da disciplina eclesiástica: as pessoas ficavam libertas do peso de consciência constituído pela punição eclesiástica mais grave. É preciso distinguir este nível disciplinar do âmbito doutrinal. (…) enquanto as questões relativas à doutrina não forem esclarecidas, a Fraternidade não possui qualquer estado canónico na Igreja, e os seus ministros – embora tenham sido libertos da punição eclesiástica – não exercem de modo legítimo qualquer ministério na Igreja. (…) Deste modo torna-se claro que os problemas, que agora se devem tratar, são de natureza essencialmente doutrinal e dizem respeito sobretudo à aceitação do Concílio Vaticano II (…) Não se pode congelar a autoridade magistral da Igreja no ano de 1962: isto deve ser bem claro para a Fraternidade. Mas, a alguns daqueles que se destacam como grandes defensores do Concílio, deve também ser lembrado que o Vaticano II traz consigo toda a história doutrinal da Igreja. Quem quiser ser obediente ao Concílio, deve aceitar a fé professada no decurso dos séculos e não pode cortar as raízes de que vive a árvore.

Tal provimento era necessário?
Mas resta a questão: Constituía verdadeiramente uma prioridade? Não há porventura coisas muito mais importantes? Certamente existem coisas mais importantes e mais urgentes. (…)

O diálogo ecumenico
Conduzir os homens para Deus, para o Deus que fala na Bíblia: tal é a prioridade suprema e fundamental da Igreja e do Sucessor de Pedro neste tempo. Segue-se daqui, como consequência lógica, que devemos ter a peito a unidade dos crentes. De facto, a sua desunião, a sua contraposição interna põe em dúvida a credibilidade do seu falar de Deus. Por isso, o esforço em prol do testemunho comum de fé dos cristãos – em prol do ecumenismo – está incluído na prioridade suprema.

O diálogo inter-religioso
A isto vem juntar-se a necessidade de que todos aqueles que crêem em Deus procurem juntos a paz, tentem aproximar-se uns dos outros a fim de caminharem juntos – embora na diversidade das suas imagens de Deus – para a fonte da Luz: é isto o diálogo inter-religioso. Quem anuncia Deus como Amor levado «até ao extremo» deve dar testemunho do amor.

Em conclusão
O árduo empenho em prol da fé, da esperança e do amor no mundo constitui neste momento (e, de formas diversas, sempre) a verdadeira prioridade para a Igreja (...) Mas eu pergunto agora: Verdadeiramente era e é errado ir, mesmo neste caso, ao encontro do irmão que «tem alguma coisa contra ti» (cf. Mt 5, 23s) e procurar a reconciliação? Poderá deixar-nos totalmente indiferente uma comunidade onde se encontram 491 sacerdotes, 215 seminaristas, 6 seminários, 88 escolas, 2 institutos universitários, 117 irmãos, 164 irmãs e milhares de fiéis? (…) Penso, por exemplo, nos 491 sacerdotes: não podemos conhecer toda a trama das suas motivações; mas penso que não se teriam decidido pelo sacerdócio, se, a par de diversos elementos vesgos e combalidos, não tivesse havido o amor por Cristo e a vontade de anunciá-Lo e, com Ele, o Deus vivo. Poderemos nós simplesmente excluí-los? (…) Às vezes fica-se com a impressão de que a nossa sociedade tenha necessidade pelo menos de um grupo ao qual não conceda qualquer tolerância, contra a qual seja possível tranquilamente arremeter-se com aversão. (…)

Amados Irmãos, nos dias em que me veio à mente escrever-vos esta carta, deu-se o caso de, no Seminário Romano, ter de interpretar e comentar o texto de Gal 5, 13-15. Notei com surpresa o carácter imediato com que estas frases nos falam do momento actual: Não abuseis da liberdade como pretexto para viverdes segundo a carne; mas, pela caridade, colocai-vos ao serviço uns dos outros, porque toda a lei se resume nesta palavra: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais mutuamente, tomai cuidado em não vos destruirdes uns aos outros. Sempre tive a propensão de considerar esta frase como um daqueles exageros retóricos que às vezes se encontram em São Paulo. E, sob certos aspectos, pode ser assim. Mas, infelizmente, este «morder e devorar» existe também hoje na Igreja como expressão duma liberdade mal interpretada.
Com uma especial Bênção Apostólica, me confirmo
Vosso no Senhor
Benedictus XVI
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sábado, março 14, 2009
Dinâmica das fés
click on the image and have a surprise cbs
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sexta-feira, março 13, 2009
É o querer fazer bem aos outros levado ao extremo... este é o Deus dos cristãos.
Amá-lo é construir fraternidades, não é andar a fazer mal uns aos outros.
Amai os inimigos... este é o Amor Dele.
cbs
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quinta-feira, março 12, 2009
Uma ocasional circunstância
O leitor foi ali parar por passeio de busca acerca de Fernando Pessoa, e sendo um sem pressa de carácter e estilo, foi lendo os textos, até porque não sendo cristão, suscitou-lhe uma indolente mas interessada curiosidade aquilo de um blogue de protestantes e católicos. A maioria das coisas deixaram-no indiferente, e nem as percebia muito bem, quer-se dizer, não conseguia focar o tipo de preocupações que habitavam aqueles discursos todos. Irritou-se profundamente com um tipo chamado Vítor Mácula, que depois de fazer uns esclarecimentos etimológicos, religiosos e culturais com algum saber, respondera a uma ou um Zazie que ele, o Mácula, era afinal um ignorante acerca do assunto, exprimindo aquela detestável humildade vaidosa que põe qualquer um de pé atrás, como quando alguém melifluamente não agradece um elogio ou um agradecimento dizendo que não o merece. E depois o nome, que pedanteria atroz. E ele bem sabia, embora não fosse muito de ir à net, a não ser de vez em quando em pesquisas que raramente lhe traziam o que procurava do modo que precisava, que esta malta dos blogues tinha a mania das alcunhas. A outra ou outro também não devia chamar-se Zazie, supunha, mas era uma alcunha simpática, assim um pouco cinemateca, mas com um tom brincalhão e simpático. Agora, Vítor Mácula, que raio era aquilo, parecia o nome de um super-herói de pacotilha, mostrando tão bem a jactância que se escondia por trás dum certo saber escrever e conhecer.

Depois, bem depois, deu por si a pensar naquela tradição do judaísmo e cristianismo e afins, que ele não conhecia muito, mas que sabia merecer melhores discursos do que certos teatros de egos às cabeçadas. Realmente, aquilo do saber ancrava-se na tradição daquilo que os como ele, chamavam de religiões do livro, mesmo sabendo que eram vários livros e várias religiões. Lembrou-se dum provérbio árabe que dizia que o diabo se escondia na matemática. Lembrou-se do alarme de morte em comer o fruto da árvore da ciência do bem e do mal. Lembrou-se da noção de não-saber que atravessa a história de todo o misticismo. É verdade, pensou, que não saber não é mal algum, como referira um tipo lá do blogue, um tal de João Leal (bolas, estes nomes, Leal a quem? A Deus? Seria mesmo um nome ou uma alcunha? É que ainda por cima havia outro Leal lá no meio, um tal de Pedro. Ou seriam leais um ao outro?) Bem, acabou por rir-se, e voltou às suas considerações indolentes: enfim, pensava olhando para o tecto e fumando um cigarro, é verdade que o saber por definição pode sempre incorrer num erro de informação, análise ou especulação. Não que o saber fosse um mal por si, claro, era evidentemente um bem, mas sem dúvida igualmente um perigo. É com muito cuidado que devemos mexer nessa faculdade maior da reflexão, que, é certo, faz de nós humanos, mas que por isso mesmo, abre as portas do céu e do inferno. E a jactância, melíflua ou exposta, é sem dúvida filha do demónio. Porque saber ou não saber algo, nunca fez mal a ninguém. Agora pretender saber o que não se sabe, como a humanidade passava a vida a fazer, de que fonte poderia isso provir senão dum enorme orgulho, dum enorme fazer-se passar por aquilo que não se é afim de ter o poder ilegítimo de cagar juízos e sentenças, decisões e acções na pura treva?

Depois parou, suspirando. Notou que afinal aqueles cabeçudos do blogue de que ele nem se lembrava o nome, talvez até o tivessem atingido. Pois tinham-no irritado e divertido um pouco. E sobretudo, posto a pensar em coisas da religião, a ele, que há anos não dedicava um avo de interesse a tal coisa.

vítor mácula
posted by @ 1:44 da tarde   10 comments
quarta-feira, março 11, 2009
Da queda 2
Cristo amou os homens, inclusivamente os rebeldes e os corruptos e os bestiais, até ao ponto de tomar sobre si todos os nossos pecados, até ao ponto de morrer por nós de uma morte infame.
Não poderá dar-se que Ele tenha querido libertar-nos da escravidão do Demónio, na esperança de que os homens, por seu turno, possam libertar o Demónio da sua condenação?
Não poderá dar-se que Cristo tenha redimido os homens a fim de que estes, mediante o divino preceito de amar os inimigos, venham a ser dignos de sonhar um dia a redenção do mais funesto e obstinado Inimigo?

PAPINI; Giovanni, Il Diavolo – Ed. Vallechi 1954
cbs
posted by @ 12:07 da manhã   4 comments
terça-feira, março 10, 2009
A mensagem da Páscoa é a ira de Deus. Paul Washer explica.

'E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos de permanecer, mas Este, porque permanece para sempre, tem o seu sacerdócio perpétuo. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por Ele se chegam a Deus, porquanto vive sempre para interceder por eles. Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime que os céus; que não necessita, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez Ele, UMA VEZ POR TODAS, quando Se ofereceu a Si mesmo. Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens que têm fraquezas, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, para sempre aperfeiçoado' (Hebreus 7:23-28).

posted by @ 10:47 da tarde   24 comments
Da Queda
Gregório também propõe que as cerimónias e os sacrifícios de animais sejam agora transformados em festas em honra dos santos e dos mártires, e que o animal sacrificado seja então comido. Aqui surge o que chamamos continuidade do culto. O lugar sagrado mantém-se sagrado, e as intenções de veneração do divino, anteriores, são retomadas e transformadas para assumir um novo significado. Em Roma isto está patente em vários sítios. Um nome como Santa Maria sopra Minerva dá para reconhecer tanto a mudança como a continuidade.
Os deuses já não são nenhuns deuses. Como tais eles foram derrubados. A própria pergunta pela verdade retirou-lhes a divindade e fê-los cair.
Mas, ao mesmo tempo, revelou-se a sua verdade: eram reflexos do divino, pressentimento das figuras em que o seu sentido oculto se realizaria numa forma purificada.
Desta maneira há de facto uma certa capacidade de tradução dos deuses que, como pressentimento, como degrau na procura do verdadeiro Deus e do seu reflexo na criação, podem ser mensageiros do Deus único. (RATZ, Joseph – Fé, Verdade, Tolerância; UCEditora 2006, p. 203 - sob os auspícios do Vítor Mácula)
cbs


posted by @ 5:57 da tarde   2 comments
Do estudo preguiçoso e do insulto rápido.
João, se este é o tipo de escrutínio individual de que falavas ser o teu, digo-te que é muito pouco fundamentad; e, por alguma razão, não estou muito surpreendido. Não sei ao certo que queres dizer com 'teologia evangélica', mas o que afirmas revela que nem sabes de que tradição falas quando criticas quem tem a integridade de se identificar com uma. Mas adianto que o Seminário Baptista não é representante da tradição e teologia que o Tiago faz parte, a saber: a Reformada - apesar de abrir espaço para o desenvolvimento desta no ensino pastoral. Até porque, convém lembrar, é a teologia patente nas três confissões baptistas.

E, segundo a mesmíssima teologia de tradição Reformada, sim, Satã é considerado o inimigo rebeliante de Deus por admissão própria, mas, da mesma forma, é Seu servo e não pode agir sem a permissão do Senhor, que é soberano sobre todas as coisas - o mal incluso. Ponto. (Para mais informações, pesquisar: vontade desiderativa vs vontade decretiva)

É a posição mais bíblica e lógica que conheço. E a razão porque eu e o Tiago, e quem quer mais que seja, aderem a esta posição, não é por sermos educados nela - sendo que eu nem como cristão fui formado, e o Tiago cresceu num meio arminiano entre os baptistas - mas porque a leitura da Palavra assim nos obriga. Depois, incorres na falácia de julgares toda a tradição como sendo algo inadmissível entre os evangélicos, subentendendo a hipocrisia destes em, afinal, terem eles uma (pelo menos). Contudo, é mais uma descaracterização. Nós amamos uma tradição: a que os apóstolos nos deram (II Tessalonicenses 3:5-6) - a da Escritura; que foi continuada por Sto Agostinho e os pais da Igreja, os Cânones de Orange, recuperada por Huss, Lutero, Calvino, Zwingili, e continuada pelos Puritanos, dos quais os baptistas descendem.

Um mínimo de estudo ter-te-ia impedido este erro. E com internet, menos abébias há para estes passos em falso. O teu ad-hominem ao representares o Tiago como vítima da sua educação dogmática e inépcia crítica é lamentável, como seria contra qualquer outro homem alheio à discussão no Trento.

Fico à espera de mais posts com pontos objectivos que justifiquem minimamente a tua posição teológica e menos ataques pessoais como desculpa para não a abandonares.

Nuno Fonseca
posted by @ 10:18 da manhã   13 comments
segunda-feira, março 09, 2009
Os Malabarismos Infelizes que os Cordões Umbilicais Provocam
Um bom exemplo de como os protestantes dão tanta importância à tradição como os católicos está no post de hoje do blogue Voz do Deserto.
Citando: "Pedro, chamando o Mestre à parte, repreende-o por semelhante deriva pessimista. A reacção de Jesus é severa: "afasta-te de mim, Satanás!". O apóstolo em pouco tempo passa de iluminado pelo Espírito a pacifista blasfemo"

Apesar do Satanás bíblico ser sempre apresentado como um ser da corte divina, cuja função é precisamente tentar os homens para que Deus lhe dê uma lição de modo a que cresçam, a teologia evangélica, saída do ventre da mãe católica, diz outra coisa acerca dele.
Por mais que os evangélicos andem em negação há séculos, há cordões umbilicais que são demasiado evidentes e resistentes,
E o Tiago segue, aparentemente sem pensar muito no caso, que é só central em toda a questão religiosa, o que sempre lhe disseram na igreja sem pestanejar.
A saber: Satanás é o senhor dos infernos do fogo e do enxofre.
Chama assim blasfemador ao apóstolo Pedro.
Vista a situação do outro modo, aquele que me parece bíblico, Pedro seria só mais um na História a ser usado por Deus.
Sim, Jesus foi de tal modo humano que até pela Tentação teve de passar.
Às vezes a vontade da piada e do malabarismo verbal tem destas coisas infelizes na Igreja Católica. E como quem sai aos seus, não degenera, na Protestante também, claro.

JL

(por alguma razão que desconheço, na minha conta blogger não aparece a possibilidade de diminuir o tipo de letra. assinarei assim JL, como João Leal)
posted by @ 11:46 da manhã   24 comments
sábado, março 07, 2009
A porta fechada
O ateísmo também requer fé, e fé forte
cbs
posted by @ 5:37 da tarde   2 comments
E la nave va

Temos um navio antigo tão recente, de tão renovada e confusa tripulação. Guiamo-nos pela luz dum longínquo farol, e por uma constelação que luz na nocturna abóbada celeste. Alguns de nós tomam a tarefa de guias. É responsabilidade sua a fixação da rota relativamente ao farol, e a cartografia derivada da constelação.

Dada a nossa peculiar força de domínio e organização, requeridas pela arte de navegar, os guias por vezes tomam-se como senhores do farol, e em casos extremos, da própria constelação. Por muito estranho que pareça, visto parecer evidente a qualquer um que um navio com o farol no convés e a constelação no porão, está impedido de ter uma rota ou sequer antever a sua Ítaca, trata-se dum achaque muito comum. Não só os guias são abrasados por tal delírio, embora sejam aqueles a quem, naturalmente, mais ocorre. Muitas vezes, aqueles que se erguem em aviso, são contaminados pelo mesmo vírus. Toda a tripulação está avisada para estar atenta aos indícios desta terrível doença que a todos coloca em perigo.

Os mais sábios de nós dizem para não nos perturbarmos: Ítaca é donde vimos, e mesmo através da névoa do terrível esquecimento, o nosso coração reconhece os desvios da rota, se nos escutarmos com atenção no recolhimento e no silêncio. Falam sobretudo do brutal barulho que é o esquecimento, e não como poderíamos esquecidos pensar, uma ausência ou apagar. O esquecimento é aquilo que retém as coisas no seu segredo e origem, dizem eles, cobertas pelo troar do tempo e da sua distância. Foi o que no esquecimento fulgura, que nos fez fazer-nos ao mar, dizem, e avisam-nos de sobremaneira contra o cântico das sereias, tão perigoso como o excesso de domínio e organização, tão ensurdecedor, dizem eles.

Sabemos também que o navio é assombrado pelo espírito da rota, e isso nos faz ter confiança, mesmo na mais desviada direcção ou quando a tempestade escurece o céu e o horizonte fazendo desaparecer o farol e a constelação. No entanto, também é o que nos mantém no susto, porque o espírito nunca se manifesta dos mesmos modos, e raramente como estamos à espera. A maioria das vezes, é difícil distingui-lo de outra coisa qualquer. Temos um livro onde está escrito: é pelo reverso das coisas que o espírito arrebata, e nunca pelo seu rosto.

Este relatório foi-me pedido para aqueles que o possam encontrar enquanto se procuram, e vai lançado ao mar no estômago duma baleia bebé, neste dia contado a partir dos antigos relatos que todos esquecemos.

Ass.: o escriba ocasional.
.
vítor mácula

nota de rodapão: este texto, tal como todos os outros por mim acometidos e aqui postados, remete para a Igreja na sua globalidade histórica e temática; qualquer semelhança com alguma novela da vida inautêntica é meramente circunstancial; é claro que toda a globalidade só ganha sentido, sobretudo religioso, quando desveladora, criadora e orientadora das circunstâncias vividas, e simultaneamente quando desvelada, criada e orientada por estas; mas qualquer subsumpção de um dos polos no outro, constitui precisamente a tão temida cegueira, que no seu limite não deixa ver nem o dedo nem a lua.
posted by @ 12:29 da tarde   2 comments
sexta-feira, março 06, 2009
Morte aos profetas de Baal!
Morte aos profetas de Baal!

Esta ilustração mistura o poster do filme "Army of Darkness" com a capa do último CD dos Mortification. Clicar para ver ao pormenor.

Paulo Ribeiro
posted by @ 10:43 da manhã   5 comments
A Fé é uma porta que se abre por dentro.

Pedro Leal
posted by @ 7:41 da manhã   18 comments
quarta-feira, março 04, 2009
Ora bem, então isto a modos que funciona assim.
1. Deus só é mistério até onde não Se revelou. Mas revelou-Se em Cristo, e Ele faz do Seu escolhido o pequenino que treme diante dEle em humildade, e que balbuceia, cheio de amor, correndo para os Seus braços : 'A Tua graça basta-me'.

Com o teu post passado, João, aquela criancinha descodifica a seguinte paráfrase: 'o autor daquele post diz que os outros não sabem mais sobre Deus que ele, que nega toda a alegada revelação divina ao homens, em especial a Bíblia cristã'.

2. Quanto ao que aqui estamos a fazer, é mais ou menos isto: uns querem proclamar o Evangelho de arrependimento e fé em Cristo, ver salva a alma alheia ou edificar o irmão já remido, crescendo com ele; outros, criar público para as suas conjecturas epistomológicas; outros ainda, simplesmente um exercício estético e peneira artística, etc.

Apesar da legenda dizer 'Um blogue de protestantes e católicos', no fundo deve constar: 'Um blogue de católicos+protestantes confessionais e protestantes+católicos liberais'. O primeiro grupo almoça junto; o segundo anda por tudo o que é sítio e nunca se vê (consequências da perda dum centro ontológico que não a sua teofania autoprojectada individualista).

§

No fim, Deus fica com toda a glória.
That's all you need to know.

Nuno Fonseca

(Nota: Ao canto superior esquerdo, tem-se ao lado do Tipo de Letra o tamanho do caracter; à direita desse, o Negrito)
posted by @ 10:06 da tarde   9 comments
O descodificador
Oh, a gravidade de tudo isto!

Deus faz o que quer.
O Homem faz o que quer.
Sendo Deus quem é, o Homem deve querer o que Deus quer.
Porquê? Porque Deus é que sabe.
É muito simples: dono e escravo; dono e animal de estimação; criador e obra.

Aonde se começa a medir pilinhas é no ponto do mapa em que a vontade de um homem choca com a vontade de outro homem.
A história da discórdia teológica é a da incapacidade de aceitar o outro como igual. Isto é, que a incapacidade de um é menor do que a incapacidade de outro em perceber o que Deus realmente quer.

Mas esta é uma grande pergunta: o que é que Deus realmente quer?
É por causa dela que, enfim, estamos aqui neste blogue no final de contas.

É um mistério. E porque é um mistério, usa-se o descodificador automático de mistérios: a oração.
É simples de usar e a prova de validade e eficiência está no incrivel número de vezes com que um, que se arrisque a usar a usar essa máquina admirável, tenha de ver a sua vontade própria varrida do mapa pela vontade de Deus. Claro que às vezes a resposta vai de encontro ao que suspeitamos, mas...

Expliquei como penso que uma criança perceberia. E nada mais há.
Para além disto já fica tudo demasiado confuso para mim.

(gostava de assinar em letra pequena mas não sei como...sou o João Leal)
posted by @ 6:57 da tarde   0 comments
Do argueiro no olho do outro
cbs roubou aqui
posted by @ 3:37 da tarde   0 comments
terça-feira, março 03, 2009
Citações
A casa de hóspedes

O ser humano é uma casa de hóspedes
Toda manhã uma nova chegada.
A alegria, a depressão, a falta de sentido, como visitantes inesperados.
Recebe e entretém a todos
Mesmo que seja uma multidão de dores
Que violentamente varrem a tua casa e tiram os teus móveis.
Ainda assim trata os teus hóspedes honradamente
Eles podem estar a limpar-te para um novo prazer.
O pensamento escuro, a vergonha, a malícia, encontra-os à porta rindo.
Agradece a quem vem,porque cada um foi enviadocomo um guardião do além.

Rumi
Mestre Sufi do sec. XII
.
Aberto a todas as formas

Meu coração está aberto a todas as formas
É uma pastagem para as gazelas
E um claustro para os monges cristãos
Um templo para os ídolos
A Caaba do peregrino
As Tábuas da Torá
E o livro do Corão.
Professo a religião do amor
E qualquer direção que avancem Seus camelos
A religião do Amor
Será minha religião e minha fé.

Ib'n Arabi
Século XII
.
Este o meu fim e o teu

Minha casa está em ruínas
Os frutos do meu trabalho foram engolidos
E meus filhos não encontram lugar em minha casa
Outro dorme em minha cama.
Eu agora verto lágrimas de arrependimento
E lamento por meus erros
Que meu estado lhe sirva de advertência
Para trabalhar enquanto é tempo.
O pássaro da alma voará
E deixará o corpo desabitado
A relva crescerá sobre o túmulo
E talvez desabroche uma flor.

Abdullah Ansari
Poeta persa nascido em Herat, no século XI
.

posto por vítor mácula, na diferença e deferência
posted by @ 3:19 da tarde   11 comments
Estações
Oh irmão divino que enfrentaste a palavra humana nos seus rechaçados juízos, que para ela olhaste nas suas boas e más vontades, essa confusão que a afasta da verdade, ensina-nos a simplicidade na justiça da vida funda, dá-nos a ironia e a ternura que abraça e desvela, liberta-nos da nossa prisão pior que a morte oh divino.
.
Oh irmão divino que afrontaste a escuridão humana com a luz do silêncio maior, que rechaçaste o rechaço da palavra que fecha e se nega, dá-nos a vida que não foge do medo mas o sustenta no terror vital, no amor criador que em tudo será vilipendiado, destroçado, aniquilado, e que mesmo no seu apagamento que escurece os céus possamos manter-nos na sua dor e lamento, na flor que dá ao fruto na sua própria morte, ensina-nos a entrega oh divino irmão que nos abraçaste até ao fim e ao fundo que todos rechaçamos.
.
Oh irmão divino, essa a força da tua queda, por nós e em nós para que contigo, para que contigo possamos até ao fim dos tempos, para que contigo sejamos na verdade de que fugimos em susto sem fim, os nossos infernos e terríficas cavernas visitas no teu próprio sangue e desfalecimento, amor nosso que desconhecemos, terramoto da vida que rasga os céus e ressuscita os mortos, entregaste o teu espírito para que nós oh divino, para que nós oh deus a ti próprio retornas para que nós sejamos.
.
Oh meu deus, salva-me da minha cegueira, deste fechamento atroz em que te nego ou à distância contemplo, na tua queda ergue-nos, na tua sentença de amor crucifica-nos, apazigua-nos oh irmão divino, aqui estamos em tua negação, clamando por ti na nossa própria cegueira e susto atroz, nós os que te cospem na face, os que dizemos na última hora não te conhecer, nós os que te desprezamos, os que trazemos o teu nome na boca e o orgulho no coração, nós os cobardes, os traidores, os vaidosos do templo, perdoa-nos oh irmão divino, perdoa-nos e salva-nos, salva-nos a tempo, salva-nos a teu tempo, não nos abandones, não nos deixe abandonar-te, nós os que te vimos cair e não nos movemos, nós os das falas vãs te pedimos: transfigura-nos para que nós oh divino, para que nós não mais te neguemos em nenhum átomo da nossa alma, para que nós contigo caíamos na nossa pequenez e no teu sangue floresçamos, na tua água renasçamos, e nos reergamos na tempestado do teu sopro oh coração infinito e rasgado no peso do mundo soçobra-nos no teu amor.
.
Por ti, em ti, contigo – assim seja oh nosso deus assim seja, para sempre e em tudo assim seja, assim seja até ao fim e ao fundo, assim seja até ao fim do mundo e nós.
.
Ámen.


vítor mácula
posted by @ 2:40 da tarde   0 comments
segunda-feira, março 02, 2009
Auto crítica
Há os que dizem mais.
Há os que dizem coisa diferente, os que chamam a atenção, os que distraem.
Há aqueles que vêm carregados de intencionalidade e sacrificam a duas ou três pobres ideias a opulência de uma construção.
Mas é tão grande o perigo de falarmos de mais… E pela ociosidade da nossa palavra, não teremos um dia transviado algum coração prometido ao silêncio, onde se tomam as grandes decisões?

A todos o Amor de Cristo
cbs misto com Ruy Belo
posted by @ 11:37 da tarde   3 comments
Sobre o post anterior. Ou: Da tirania do profeta isolado.
Vítor Mácula acusa-me de não representar fidedignamente o Islão tal como ele se define por autoridade que Vítor Mácula prefere não atribuir, mas deduzo que, tal como a Bíblia não contribui para a sua representação do cristianismo, suponho que o autor deste 'islão' seja Vítor Mácula também. No processo, nega o sacrifício expiatório de Jesus Cristo como é historicamente reconhecido enquanto ortodoxo - como, por exemplo, no Credo Apostólico, que um católico-romano como ele devia subscrever para se chamar católico-romano. E não vê nisto inconsistência. A única variável comum e concordante em ambos casos é Vítor Mácula.

O sistema de defesa do islamismo nada diz sobre as falhas lógicas corânicas. Não há penalização dos pecados dos islâmicos salvos: há abébia. O que o mártir faz ao rebentar o dispositivo de explosão para morte dos infiéis nunca é castigado; aliás, é compensado, pois foi exercido em nome de Alá. Tudo é lícito sob esta autoridade, que é escrava, na sua construção cosmovisionária de justiça, dos actos dos homens que assim agem por Alá - enquanto nome autojustificante. O que os apologetas maometanos corânicos obram para cobrir esta incoerência é com eles. Óbvio que nunca admitiriam o lapso de justiça de Alá. Tal como Vítor Mácula nunca admitiria o vácuo chamado 'fonte autoritativa' para a sua teleologia e teologia, até agora, no nosso blogue. Exemplo:


'[N]a unicidade divina, não pode haver contradição entre a sua justiça e a sua
essência amorosa, ou outro atributo divino qualquer'.

Mais razão dá à Palavra. Amor para ser amor deve odiar o que não é amor. Um deus 'amoroso' que vê o homicídio, o genocídio, o racismo, a pedofilia e os males humanos mais subtis e, sem mais nem menos, ama a chacina e destruição que vê passivamente não é amoroso de todo. Não cumpre justiça alguma. Em vez de ser misericordioso e compassivo ao ponto de tomar ele mesmo o lugar do pecador imperdoável para o perdoar, prefere ser negligente ao deixá-lo malfazer e indulgente ao nada interferir para a reparação da injustiça feita, sem ser despensado - note-se - do fundamento do pecado original para não ser responsabilizado pelo pecado humano. Pior é que o atributo da justiça é inexistente segundo Vítor Mácula (que é a fonte autoritativa da resposta de Vítor Mácula). Porquê? Nada é punido senão o infiel que não formulou a proclamação maometana, ou não matou por Alá e suas virgens, ou não sucumbiu nas mãos dos evangelistas do terrorismo. Ou, segundo Vítor Mácula, o 'cristão' que não conhece a justiça do 'Deus cristão' segundo Vítor Mácula.

Lembro que toda a argumentação do post anterior foi para culminar neste clímax argumentativo, que vem da atitude descrita com humilde de quem nega 2000 anos de ortodoxia cristã para além da Palavra que os apóstolos nos preservaram:



'E todo o resto, por muito barulho e resplendor, por muito fulgor e adoração,
por muita palavra e convicção, na verdade – não passa de medo e solidão'.


Vítor Mácula quer-me sozinho e temerário. Provavelmente em posição fetal, chuchando no dedinho. Mas não vai acontecer, amigo. O meu temor é ao Senhor, e não a ti. E o teu resíduo inquisidor não se sobrepõe a isto. No meio de tanta pretensão pregressista e hipertolerante, Vítor Mácula descamba no ad-hominem, como é hábito. E argumentar ad-hominem é o que também me vejo forçado a fazer, pois não distingo o 'cristianismo' que Vítor Mácula me prega de algo exterior - revelatório ou até humano - a Vítor Mácula. Mas graças a Deus pelo sacrifício expiatório em substituição dos pecados do povo eleito para a misericórdia! Permite-nos separar os pecados do pecador regenerado. Mais: as heresias do herege justificado.

Que glorificante é de Deus ter a Cruz como centro da nossa ontologia, epistomologia - e até diálogo humano.

É que o que vejo ser punido na Cruz em meu lugar diz demasiado sobre o meu mal para admitir o 'bem inerente' que a Palavra me nega, e a minha carne - e Vítor Mácula - me roga a crer.

Quem não celebra a Páscoa abnegado, não celebra Páscoa alguma.

Nuno Fonseca
posted by @ 9:17 da tarde   13 comments
Sacrum facere
A humildade da incarnação, que se mostra de imediato no nascimento no estábulo – é pura verdade vital. Não se trata de nascer no desfalecimento da vida. Esta pequenez, é a força real da vida.

É por essência, e não por condicionamento e frustração, que Deus é humilde. Trata-se duma das dinâmicas do amor divino: dar-se até ao fim. Assim é a relação interna da trindade divina, e daí o transbordo para a criação. Deus não se retém: é doação pura, até ao aniquilamento. E esse aniquilamento é vida em abundância, é fundamento e fonte, é o minúsculo indício que em tudo o que há o faz precisamente – haver.
A verdade da existência mostra-se no despojamento e nudez, e não nos aparatos de grandeza. É nesse sentido que o seu reino não é deste mundo, e como poderia sê-lo? As potências do mundo são separação, máscara e ilusão – quando tomadas como verdade fundamental. É no útero da vida e no leito da morte que se configura a existência.
A doação irrestrita não faz contas, e assim o amor cobre a multitude dos pecados, liberta de imediato qualquer um, seja qual for o tamanho da sua desorientação. Só conta até um – total e absolutamente um. Duma vez e de imediato. Sempre e em toda a parte.
A trindade divina não é Zeus irado na sua grandeza, à espera que as dores e as lágrimas lhe satisfaçam uma justiça quantitativa, distributiva. Faz suas as dores e lágrimas, e os risos e as esperanças, numa unidade que os extremos reúne. E nunca desespera, porque nada espera e tudo entrega.
Não se trata mesmo de pagar a conta na mercearia divina. Deus não é um cobrador de impostos, e a sua aliança não é um contrato de interesses próprios e fechados.
Um criador de talião, eis a inversão natural do amor sobrenatural, que sendo pura e absoluta dádiva, exige na sua comunhão – que sejamos também pura dádiva. Ou se preferirmos, a demonização contratualista e contabilística – é a resistência espontânea à inversão de valores que o cristianismo veio deflagrar.
Este é o sacrifício – de si próprio, em dádiva e doação. Só a pura dádiva faz sagrado. Porque só a pura dádiva tudo recebe – precisamente no mesmo movimento em que tudo dá.
Todo de mim a ti te entrego, e em ti te recebo. De outro modo, está-se na fantasmagoria, na fantasia de ti que se constitui na distância de mim. Ou doutro modo: na idolatria, na representação contemplada que não se vive e mata. A amada na torre, é a morte do amado, e o dragão - é o rosto dessa morte.

E todo o resto, por muito barulho e resplendor, por muito fulgor e adoração, por muita palavra e convicção, na verdade – não passa de medo e solidão.


vítor mácula
posted by @ 11:32 da manhã   3 comments
Ilustração
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Paulo Ribeiro
posted by @ 11:11 da manhã   1 comments
Um blogue de protestantes e católicos.
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