quarta-feira, março 19, 2008 |
Dar parte de |
Bush é a minha fraqueza. Porque apoiar a Guerra do Iraque teve para mim um carácter de sair do armário ao mesmo tempo que significou o deslumbramento por pertencer a um grupo de gente elegante (blogger, reaccionário-chic). Cinco anos depois é, todavia, fácil desrespeitar um momento que, por muito patético que seja, detém razões importantes. Não deixei de ser a favor da Guerra do Iraque. Não me parece que os seus detractores, a quem lhes cabe o mérito da coerência, vençam incontestavelmente a discussão só porque a opinião geral segue na mesma direcção. Seria tudo muito simples. Lamento que nesta história me pareça que há muito pouca gente interessada em discutir o assunto com razoabilidade. No entanto, não vou negar que Bush é a minha fraqueza e que mesmo num contexto de um blogue sobre religião seja mais fácil sentir-me lesado por uma crítica que lhe é feita do que por uma qualquer opinião de alguém que veja como blasfema. Em consciência isto não me parece justo e esforço-me para que não continue. Mas não o nego. O Carlos Cunha atacou o assunto com consciência que me apanhava. Acusei o toque, mencionando que o seu tom me era ofensivo. Até porque misturado com a minha sensibilidade regional está uma sensibilidade global que lamenta que alguém poste num blogue do qual faço parte um Presidente Americano ou outro cidadão qualquer esticando o dedo médio. Mencionei isso também. O José aproveita para dar prosseguimento ao fenómeno. Lamento-o profundamente. Lamento profundamente o que me parece ser cinismo frontal de quem não sabe reconhecer num pedido ou numa queixa um verdadeiro apelo cristão. Sempre defendi aqui o Ecumenismo da Porrada, vocação para a qual considero este blogue talhado. Mas na minha visão do Ecumenismo da Porrada não está ausente um ponto prévio: a caridade cristã. Esta caridade permite que se discuta violentamente a nossa fé e a dos outros mas que não nos mantenhamos surdos a quando alguém nos pede algo. A história dos crentes fracos e fortes das cartas de Paulo. Os fortes devem respeitar os fracos. Por isso fui a favor da expulsão do Nuno Fonseca quando postou textos indefensáveis ligando o Catolicismo ao Nazismo (não deixa de ser revelador que foram precisamente católicos como o José que sempre relativizaram a importância do que uma expulsão afirma). Ora os postes que se têm seguido ao meu "acusar do toque" têm sido, na minha perspectiva, completamente desprovidos de caridade. O tal cinismo do qual nos últimos tempos me passo a vida a queixar. Não estou disposto a participar num blogue cristão sem personalidade cristã. E ligar textos que posto na Voz do Deserto para o expediente cismático do Trento é igualmente clarificador para quem não quer discutir ou sequer compreender mas tão somente acusar (não há problema com o mecanismo em si mas é insuficiente quando os interlocutores se melindram). Uma nota para a Zazie. Tenho, não com total sucesso, tentado evitar mencionar directamente a Zazie desde que ela me ofendeu num post do passado, do qual nunca se retratou. Devo dizer que acho a Zazie uma blogger fantástica, que aprendo imenso com ela, e, pior, que concordo com ela mais vezes do que desejava. Mas, como o José já referiu certeiramente numa polémica anterior, a Zazie tem uma qualidade satânica que não devemos ignorar. Na minha visão, a Zazie não é íntegra. A Zazie não é inteira. A Zazie não mostra fidelidade a nada. A Zazie defende a Igreja Católica mas não assume a Fé Católica e isso não vale nada. Mais. As opiniões da Zazie sobre o protestantismo evangélico são tão abalizadas como as minhas opiniões sobre a menopausa ou a situação profissional dos docentes da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Volto a dizer: a Zazie não é inteira. A Zazie é apenas uma parte. A Zazie é uma alma penada. A Zazie é um morto-vivo. A Zazie é um cérebro fora da caixa craniana. A Zazie é uma língua. A Zazie é uma papila gustativa. Por tudo isto não quero nada com a Zazie e com as suas elocuções descarnadas com travo estetizante, embora a minha velha natureza se ressinta. Citando a minha amiga Carla Quevedo, gostava de reanimar esse apelo eminentemente evangélico: getalife. Sou agora eventualmente o cristão fraco escandalizado pelas acções de outros cristãos que, possivelmente mais fortes e maduros que eu, não merecem a minha debilidade. Mas devo ser honesto com a minha consciência. Em semana santa saio do Trento na Língua.
Tiago Cavaco |
posted by @ 10:44 da tarde |
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