terça-feira, março 18, 2008 |
a «não-verdade» serve a causa da guerra: 5 anos |
Passaram mais de cinco anos de mentiras que conduziram à guerra contra o Iraque. Em 2003 - oh!, ingenuidade - pensava-se que o Iraque não possuia armas de destruição massiva ou que não havia qualquer ligação do regime aos terroristas da Al-Qaeda. Hoje vamos em mais de 4 mil soldados americanos mortos e em 60.000 feridos. Para não falar nos mais de 80.000 iraquianos mortos. Still counting, como diriam os nossos amigos protestantes, para quem é mais feio mentir sobre o lugar onde a pila esteve recentemente do que deliberadamente construir um embuste que arrasta morte e destruição - para os outros, claro.
«Um diagnóstico: a «não-verdade» serve a causa da guerra 1. Se é exacto afirmar e ninguém duvida disso que a verdade serve a causa da paz, também é indiscutivel que a «não-verdade» anda a «pari passu» com a causa da violência e da guerra. Por «não-verdade» é preciso entender aqui todas as formas e todos os níveis de ausência, de recusa e de desprezo da verdade: mentira propriamente dita, informação parcial e def ormada, propaganda sectária, manipulação dos meios de comunicação e outras ainda. Será preciso estar aqui a passar em revista todas as diferentes formas sob as quais se apresenta essa «não-verdade»? Bastar-nos-á indicar apenas alguns exemplos. Com efeito, se sucede vermos nascer uma inquietude legítima perante a proliferação da violência na vida social, nacional e internacional, bem como diante das ameaças contra a paz, a opinião pública muitas vezes é menos sensível em relação a todas as formas de «não-verdade» que estão na base da violência e que para esta criam um terreno propício. A violência está embebida na mentira e tem necessidade da mentira, procurando garantir-se uma respeitabilidade na opinião mundial, mediante justificações totalmente alheias à sua própria natureza e, aliás, com frequência contraditórias entre si. Que dizer, por exemplo, da prática que consiste em impor àqueles que não compartilham as mesmas posições a fim de mais facilmente os atacar e os reduzir ao silêncio a etiqueta de inimigos, atribuindo-lhes intenções hostis e estigmatizando-os como agressores, mediante uma propaganda hábil e constante? Uma outra forma de «não-verdade» manifesta-se pela recusa a reconhecer e a respeitar os direitos objectivamente legítimos e inalienáveis daqueles que se negam a aceitar uma ideologia particular, ou daqueles que nesse caso fazem apelo para a liberdade de pensamento. A recusa «de verdade» é posta em acção também quando se atribuem intenções de agressão àqueles que manifestam claramente que a sua única preocupação é a de se porem a coberto e se defenderem das ameaças reais que infelizmente existem sempre, tanto na vida interna de uma nação como entre os povos. Indignações selectivas, insinuações pérfidas, manipulação das informações, descrédito lançado sistematicamente sobre o adversário sobre a sua pessoa, sobre as suas intenções e sobre os seus actos chantagem e intimidação: eis o desprezo da verdade, posto em acção, a fim de desenvolver um clima de incerteza, no qual se pretende constranger as pessoas, os grupos, os governos e as próprias instâncias internacionais a silêncios resignados e cúmplices, a compromissos parciais e a reacções não razoáveis; todas estas atitudes são igualmente susceptíveis de favorecerem o jogo perigoso da violência e de atacarem a causa da paz.
2. Na base de todas estas formas de «não-verdade», alimentando-as e alimentado-se delas, existe uma concepção errónea do homem e dos seus dinamismos constitutivos. A primeira mentira e a falsidade fundamental está no facto de não acreditar no homem, no homem com todo o seu potencial de grandeza, mas também com a sua necessidade de redenção do mal e do pecado que nele existe. Veiculada por ideologias diversas, muitas vezes opostas entre si, difunde-se a ideia de que o homem e a humanidade inteira realizarão o seu progresso sobretudo pela luta violenta. Chegou-se mesmo a acreditar poder verificá-lo na história. Tentou-se até fazer disso uma teoria. E, progressivamente, passou a ser hábito analisar tudo, na vida social e também na vida internacional, em termos exclusivamente de relações de força e organizar-se consequentemente para impor os próprios interesses. É certo que uma tal tendência, amplamente difundida, para recorrer às provas de força a fim de fazer justiça, muitas vezes é contida por tréguas tácticas ou estratégicas. Todavia, enquanto se deixar pairar a ameaça da violência, enquanto se apoiarem selectivamente determinadas violências, ao sabor dos interesses e das ideologias, e enquanto se mantiver a afirmação de que o progresso da justiça resultará, em última análise, da luta violenta, as matizes, os freios e as selecções acabarão por ceder periodicamente, perante a lógica simples e brutal da violência, que poderá ir até à exaltação suicida da violência pela violência».
da Mensagem de João Paulo II para o «Dia Mundial da Paz» - 1º de Janeiro de 1980
história da foto aqui. Carlos Cunha |
posted by @ 2:28 da tarde |
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24 Comments: |
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Companheiro, não sei o que me irrita mais em ti, se o cinismo europeu que ainda assim defende a Igreja Apostólica Católica Romana se estes resquícios de comunista ofendido. O teu post é tosco, de mau tom e feio. E a guerra, essa coisa tão importante, para ser convenientemente discutida merece mais de nós.
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Caro Tiago, fico contente por não teres gostado do meu poste.
Na verdade, a guerra é uma coisa chata e aborrecida (e feia) e demasiado importante para ser discutida em postes. Acontece que tu também o fizeste. E com muita frequência. Com postes a transbordar de estilo (e não feios e toscos e com citações do Papa) mas rasos de conteúdo. O voz do deserto está cheio de slogans a defender a guerra e nunca aí vi qualquer menção mais séria sobre as mentiras que foram criadas para a justificar. Como se isso já não fosse sério ou importante. Nem cínico. Nem europeu (penso que ainda sejas).
E também é no voz do deserto que te vejo defender a verdade na política com a brilhante frase «Se em política as mentiras graves não forem assuntos de pi__otas e c__inhas serão assuntos do quê?». Sim, serão assunto do quê, Tiago? Em que outro assunto podem as mentiras dos líderes políticos serem graves? Não estou a ver. Talvez sobre a g_erra?
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Então, Carlos?
Ofendes assim o nosso líder, a quem acendemos velas e cantamos litanias, e em que acreditamos sempre, de Segunda a Domingo, não importando o que aconteça na Quarta?
A América é uma nação gloriosa. E todo o lar evangélico português tem uma Stars & Stripes. E, sim, comemos todos no McDonald's, e calçamos Nikes cosidos por crianças indonésias, que mais tarde jantamos. Tal como o Bush.
É bom que todo o católico saiba que sempre merecemos as nossas fogueiras inquisidoras no Terreiro do Paço, e somos aliados do inimigo ianque, que nos invadirá a qualquer dia, tal como era intenção do Martinho Lutero, para nos privar da Sagres e dos tremoços, levar-nos os carros das garagens, e obrigar-nos a ouvir roquenrole na igreja, cantado por padres pretos que berram muito. Porquê? Fizeram-no no Iraque.
Desculpa, CC. Mas se é para imitar uma reunião do bar de membros do BE no largo da paróquia, ao menos que se faça com estilo.
Paz.
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CC, na verdade eu nem gosto de discutir estes temas da guerra. Talvez porque tu estás completamente correcto e eu completamente enganado. Ou não. Uma coisa típica das pessoas que não bebem um copo de água e respiram fundo antes de exprimir a sua santa ira aos outros é uma capacidade de visão apuradíssima (slogans a favor da guerra included). Não levarás a mal se te confessar que em tanto que o teu catolicismo e o de outros bons amigos me tem ensinado, este teu lado bruto é-me inesperadamente bastante ofensivo. E sem maneiras não vale a pena nem a tua santa língua do latim. Perdoa o meu cinismo aqui mas com cínicos é difícil ser terno. Aproveita a semana santa e pensa que bons católicos americanos defenderam esta mesma guerra. Por muito escandaloso que isso te possa parecer. Se puderes, procura tu também a paz.
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Mas estás a falar de quê, Tiago? Não é apenas da falta de estilo de que me acusa (e ao Papa, suponho) o Nuno, pois não?
Já reli o meu poste uma dezena de vezes e não lhe encontro um lado bruto assim tão vincado. Onde está a falta de maneiras e de bom tom, Tiago? Será nas palavras que emprego (mentira, «não-verdade», mortos, guerra, embuste)?
Olha, não conheço «bons católicos americanos (que)defenderam esta mesma guerra». Nem maus. Estás a falar de quem? E ainda a defendem hoje? (A propósito, digo-te que almocei no domingo com uma cidadã iraquiana. Parece que também não gostou muito da intervenção salvadora e democratizante. Ingrata!).
Mas o meu poste de mau tom não era um ataque pessoal, amigo. Eu nem sequer sei a tua posição actual sobre a guerra - depois de os próprios líderes americanos terem reconhecido a falsidade das provas que o Colin Powell apresentou na ONU, a não existência das ADM e a inexistência de relações do Saddam à Al-Qaeda. Por que razão uma crítica (banalíssima hoje em dia, tanto na Europa como nos EUA) ao modo como se planeou a guerra ao Iraque te incomoda tanto?
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Não tenho tempo para te responder agora. Bons católicos americanos a defender esta guerra? Simplesmente alguns da melhor revista religiosa que leio (www.firstthings.com). A imagem que metes do Bush é feia. Era tempo de vocês católicos europeus pós-modernos moderarem a linguagem/imagem. É que nós, os evangélicos fundamentalistas, damos mais importância a essas coisas pequeninas do que às grandes causas. Defeitos de fabrico. Quando reconheceres humanidade a Bush poderemos falar um dia. Até lá podes ficar com os teus monstros que eu nem me importo assim tanto. Até me dá jeito esse teu curioso mindset. Abraço pascal.
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E perguntares "Por que razão uma crítica (banalíssima hoje em dia, tanto na Europa como nos EUA) ao modo como se planeou a guerra ao Iraque te incomoda tanto" quando me lincas no teu post pacifista inflamado é no mínimo irónico.
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Boa CC!
Desde que por aqui li a defesa da pena de morte ou o festim com o enforcamento do Saddam, era de esperar tudo.
E ainda bem que não gostaram do post.
Porque vergonha seria gostarem depois de tudo o que já foi escrito.
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E Páscoa Feliz, já agora
":O)
(não sei onde param os outros católicos nestas alturas... Deve ser por causa do progressismo, já estão noutra...)
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E isto não tem nada de BE. Os posts a defenderem o neoconeirismo é que são uma vergonha, para além de nem serem portugueses
":OP
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mas é preciso ter lata de dizer que este post é de mau gosto e sem conteúdo.
Para quem escreveu aquela merda da pena de morte no sapatinho de Natal. Um nojo que, ainda por cima, era só embrulho já que nem lógica tinha...
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Já cá faltavam os ditames da autoridade, lol
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CC
Esta guerra serviu de separação das águas para muita gente (daqui a uns anos talvez haja um estudo sobre o assunto). Pelas circuntâncias históricas que a rodearam o dilema parecia ser entre usar as palavras balofas do costume, ditas a uma distância segura e confortável, ou meter os mãos nos problemas, correndo o risco de as sujar. A guerra correu mal e por isso há muita gente com as mãos sujas. A questão é essa gente com as mãos sujas, não tendo orgulho nas mãos, sente que, mesmo assim, fez melhor do que os que ficaram a mandar bocas da plateia. Um pouco como o avançado que falha o golo de baliza aberta: falhou, sim senhor, mas para falhar foi preciso lá estar.
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Bom dia, Carlos, pois, pois… a pastora Jessica também não apreciou muito essa transição dum post do Tiago Cavaco para a atribuição aos “amigos protestantes”; e ele, o marciano, achou estranho, pois até conhece católicos pró guerra no Iraque e anti, e protestantes idem.
Quanto a mim, é o texto do João Paulo II que me levanta uma quiçá curiosa questão relativamente à violência. Falar grandiloquentemente da paz, da verdade, do bem e etc, unificando-os numa suposta e não esclarecida antropologia interpela-me. Significa que a autenticidade humana reside no sorriso e no acolhimento, o que remete para o diálogo e a abertura ou escuta. Ok ok. Resta moscardar a relação entre diálogo e verdade, isto é, se esta é algo não tido na completude e que para o humano se constitui dialecticamente e em busca, ou univocamente e pré-definidamente. Como neste texto grandiloquente, João Paulo II não esclarece tal antropologia, teremos, como se faz nestas coisas, de o cruzar com outros textos seus, como por exemplo o livro “Atravessar o limiar da esperança”, e em que se percebe preto no branco que a sua fé no diálogo reside numa univocidade e pré-determinação da verdade, detida na sua plenitude na Igreja Romana. Em vernáculo: dialoguemos na boa, que se os outros forem pessoas de bem, acabarão por aderir à plena verdade que nós já temos. Sub-texto quiçá aborrecido: os não aderentes e adversários, são pessoas do mal, nem vale a pena investigar muito nem deslocarmo-nos ao seu universo de sentido. E isto, meu caro, é uma das raízes da violência.
Ou seja, o ter deixado de usar a espada contra a infidelidade, que nos termos da univocidade corresponde à falsidade e à inverdade, não anula que a estrutura despótica da violência se mantenha tematicamente intocada. Não se trata de haver ou não dados adquiridos, trata-se de qual o seu estatuto (e os do cristianismo são essencialmente mistérios) assim como da noção de não os determos em plenitude e que o seu desvelar infindo exige uma certa indeterminação e mobilidade.
Esta univocidade romana, e seu fachamento correspondente, mostra as suas garras no direito e na moral natural na sua relação com a sociedade civil, e na relação interna com os fieis, na moral e na teologia. Ou seja, continuamos na mútua surdez de Caim e Abel.
Clara que não há apenas isso; refiro-me apenas aos problemas relativos a tal, que o citado papa levanta.
Vais-me dizer que isto não tem nada que ver com o Iraque. Huuumm… quem sabe. Há o Ruanda também, e many more stuff in Africa. Enfim, isto só porque pretender indicar que os católicos estão mais perto da não-violência que os protestantes ou whatever é radicalmente… violento. Mas aqui, no terreno, teríamos também de aferir as estruturas financeiras em jogo, e poderes decorrentes (é por isso que o Magistério gosta tanto do Berlusconi, e as eleições espanholas também foram/são bastante interpelantes neste campo, e a guerra passa por estas coisas, ela é sempre política.)
Abreijos da Jessica, do marciano e das Mácula
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PS: Se os "amigos protestantes" são apenas os daqui do Trento, e se eles são todos pró-guerra do Iraque ou não, isto é então uma peleja entre manos mais velhos do Trento. Este mano mais novo não tem dados para saber de tal, mas como é nhurro, suspeita que, mesmo na família trentista, as coisas não serão assim tão simples; seja como fôr, talvez nem toda a gente que aqui passe esteja dentro de assuntos tão internamente familiares e portanto...
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Sr. Vitor,
simplifique, por favor. Parece ter algumas coisas interessantes para dizer, mas o modo atabalhoado estraga tudo. É só uma dica, claro.
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Não se trata de os católicos serem mais pacíficos que protestantes.
Para já aqui nem existem protestantes. Há evangélicos que é outra coisa.
Depois também costuma ser hábito saírem uns posts, a ritmo de relógio de cuco, em defesa do Bush, da guerra, da pena de morte e coisas no género. Por isso, este post do CC foi do mais cool possível.
É preciso é grande lata para se dizer que não é apropriado.
Quanto à guerra, porque é que é uma coisa séria?
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Sr. João.
complique, por favor. Indique o que lhe parece interessante, e onde se atabalhoa o discurso. Seja como for, se está totalmente atabalhoado, isso significa simplesmente que não partilhamos de todo das mesmas impressões e interrogações, nem nos modos nem nas matérias, e nesse caso nada de comunicante vale a pena tentar. Talvez noutras matérias, não sei… É só uma bisca, claro.
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É que não tenho tempo. Tantos adjectivos e palavras repetidas em grandes frases, os advérbios de modo e por aí...
não leve a mal, era sincero quando dizia que acho que tem ideias interessantes. só preferia era que não o fizesse em tão grande estilo...
Cumprimentos
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João, não levei de todo a mal, dei réplica, ou bisca. E tomo em conta o que me diz, mas no entanto... e isto seria uma biscada com tempo, que eu neste momento também não tenho. abraço
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mas a besta animalesca da zazzie nunca mais se cala???
É preciso eu viola-la com um piacaba ???
Já cheira mal ejá enoja ou nãoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo!!!
Qt a ti CC, fico muito desgostoso com o teu post mas, de facto, tu - tal como eu - és um pecador e é precisamente como um pecado q eu entendo o teu " avacalho " blogistico
Só um exemplo : " Já reli o meu post uma dezena de vezes e não lhe encontro um lado bruto assim tão vincado " Só pode isto ser verdadese a tua consciência estiver já cauterizada. Eu tenho A CERTEZA de q não é o caso AREPENDE-TE AMIGO e chora os teus pecados aos pés da CRUZ como eu tb vou fazer em relação aos meus
Santa PÁSCOA
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ó panascoide: santa Páscoa, meu endemoninhado?
O que tu precisavas era de um pau de marmeleiro enfiado por esse cu acima, minha grande puta travestida de pastora-xuxialista.
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Apenas vou comentar:
" Não respondas ao tolo segundo a sua estulticia " Biblia Sagrada
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Companheiro,
não sei o que me irrita mais em ti, se o cinismo europeu que ainda assim defende a Igreja Apostólica Católica Romana se estes resquícios de comunista ofendido. O teu post é tosco, de mau tom e feio. E a guerra, essa coisa tão importante, para ser convenientemente discutida merece mais de nós.