quinta-feira, março 13, 2008 |
verbatin |
Ao contrário do que a comunicaçãozinha socialzinha tem vindo a propagar (António Marujo incluído, surpreendentemente), não há qualquer "nova lista" dos pecados mortais ou qualquer actualização dos pecados por parte da temível e retrógrada burocracia do Vaticano. Há, sim, novas formas de pecar, facilitadas pelas inovações tecnológicas, por exemplo (coisa facilmente entendível até por crianças ou mesmo jornalistas - desde que possuam um QI um bocadinho superior ao da Fátima Campos Ferreira, claro). Como refere a agência ecclesia, que transcreve integralmente a entrevista ao Bispo Gianfranco Girotti publicada no jornal L’Osservatore Romano, «a notícia que correu mundo nos últimos dias, sobre uma "nova lista" de pecados mortais/capitais baseia-se numa entrevista do Bispo regente do Tribunal da Penitenciaria Apostólica, D. Gianfranco Girotti, ao jornal do Vaticano L’Osservatore Romano. Não se trata, como foi noticiado, de um decreto do Vaticano, mas de uma peça do jornalista Nicola Gori, que leva como título “As novas formas do pecado social”». Repare-se no que diz o Bispo: «Há muitas áreas dentro das quais, hoje em dia, vemos atitudes pecaminosas a respeito dos direitos individuais e sociais. Acima de tudo na área da bioética, dentro da qual não podemos deixar de denunciar algumas violações dos direitos fundamentais da natureza humana, através de experiências, manipulações genéticas, cujo êxito é difícil vislumbrar e ter sob controlo. Uma outra área, propriamente social, é a área da droga, através da qual se enfraquece a psique e se obscurecer a inteligência, deixando muitos jovens fora do circuito eclesial. Mais ainda: a área das desigualdades sociais e económicas, nas quais os mais pobres ficam cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos, alimentando uma insustentável injustiça social; a área da ecologia, que se reveste hoje de um interesse relevante». Lêde, pois.
Carlos Cunha |
posted by @ 1:40 da tarde |
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7 Comments: |
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Em todo o caso, Carlos, tens que concordar que não é assim que se atraem homens para Jesus: denunciando, como um bons fariseus, os pecados dos incrédulos.
Primeiro vem o amor de Deus pela graça, e só depois a santificação. A lógica é 'Deus ama-te; logo, faz a Sua vontade', e não 'Faz a Sua vontade; logo, Deus há-de te amar'.
Quando não se demonstra ao indivíduo a evidência duma divindade que revela um Bem e um Mal, é inútil apontar a malvadez do pecador, pois não a há para ele.
Aliás, mesmo que este não peque, e siga os preceitos da Lei, não será salvo por isso, não tendo feito a coisa mais fácil que há: aceitar a graça de Jesus.
E sim, a comunicação social é tendeciosa para com o catolicismo-romano, mas por vezes também em seu favor. Ao menos, reconhece a vossa existência, o que não é o caso dos cristão evangélicos portugueses. E, não-obstante a relevância das declarações deste clérigo, a verdade é que esta atitude não é rara, vinda do Vaticano. É até tradicional.
Paz.
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Tens razão no que dizes a respeito da Boa Nova que temos por missão anunciar. Mas esta entrevista (as perguntas, repara nas perguntas) era sobre outra coisa. Uma coisa obscura, jurídica, canónica, chamada Penitenciaria Apostólica. Daí a relevância do pecado neste contexto (e não me parece que seja pouco cristão falar na «violação da aliança com Deus e com os irmãos e os reflexos sociais do pecado»).
Paz, paz.
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Ora aí está uma boa notícia! Inventem se for o caso, uns pecados em flik-flack, encarpados à retaguarda, em parafuso... o que quiserem, mas por todos os deuses do olimpo, mais "mortais" já ninguém aguenta!
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Reparem nesta boa malha do CC ao linkar o Público mas da edição impressa versão para cegos ;) É que é mesmo um caso de blind leading the blind! Mas pior ainda esteve a BBC brasileira e a sua correspondente asinina ou Assimina, citada pelo Scott. Esses não tresleem, esses reescrevem!
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"não há qualquer "nova lista" dos pecados mortais (...) Há, sim, novas formas de pecar, facilitadas pelas inovações tecnológicas"
muito obrigado Carlos; desde esta manhã que, sem tempo pra buscas na net, andava a ruminar nisto - até o Luis caiu nisto- mas eu tinha a certeza que seria como dizes...
O Bem Comum é um conceito já antigo da Igreja Católica, assim como a noção de pecado que lhe é inerente.
E já agora, umas palavrinhas de início de ano, do Bentinho, que se conjugam com estes tempos pecaminosos :) "Para prosperar, a comunidade familiar tem necessidade do consenso generoso de todos os seus membros. É preciso que esta consciência se torne convicção partilhada também por quantos são chamados a formar a família humana comum. (...)Não vivemos uns ao lado dos outros por acaso; estamos percorrendo todos um mesmo caminho como homens e por isso como irmãos e irmãs" Mensagem do Papa para o dia mundial da Paz, 1 janeiro 2008
Bem hajam todos
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Carlos, A notícia não vem assinada e não me parece q seja do António Marujo, q nessa edição assina um texto sobre o teatro clássico português.
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Como se desdenham listas, chamemos-lhe então "As novas formas do pecado social". Mas depois fico a matutar e vejo: "lista substantivo feminino 1. tira comprida e estreita de pano ou papel; 2. risca em tecido, de cor diferente da do fundo; 3. rol; 4. relação dos pratos disponíveis para refeição e preços respectivos nos restaurantes; ementa; 5. catálogo; 6. risca; listra; 7. relação oficial dos números da lotaria; (Do fr. liste, «id.»)" Ora, um rol, uma relação, um catálogo, também é enunciado. Ou não?
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Em todo o caso, Carlos, tens que concordar que não é assim que se atraem homens para Jesus: denunciando, como um bons fariseus, os pecados dos incrédulos.
Primeiro vem o amor de Deus pela graça, e só depois a santificação. A lógica é 'Deus ama-te; logo, faz a Sua vontade', e não 'Faz a Sua vontade; logo, Deus há-de te amar'.
Quando não se demonstra ao indivíduo a evidência duma divindade que revela um Bem e um Mal, é inútil apontar a malvadez do pecador, pois não a há para ele.
Aliás, mesmo que este não peque, e siga os preceitos da Lei, não será salvo por isso, não tendo feito a coisa mais fácil que há: aceitar a graça de Jesus.
E sim, a comunicação social é tendeciosa para com o catolicismo-romano, mas por vezes também em seu favor. Ao menos, reconhece a vossa existência, o que não é o caso dos cristão evangélicos portugueses. E, não-obstante a relevância das declarações deste clérigo, a verdade é que esta atitude não é rara, vinda do Vaticano. É até tradicional.
Paz.