quarta-feira, março 25, 2009 |
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No meu tempo, a subscrição ao Credo Apostólico era requerimento obrigatório para entrar e debater no Trento na Língua.
Pessoal, ando farto. Para debater descrentes não-cristãos, uso doutros meios. Mas para dialogar com Católicos-Romanos, peço exactamente isso: Católicos-Romanos. Isso e ser confirmado por outros Protestantes confessantes e ortodoxos. Desculpem-me, mas por esta altura, a minha falta de tempo e paciência me impede de me ater em toda e cada incredulidade particular que me ferva o sangue como o de Paulo no Areópago. Há que economizar. Uma heresia de cada vez, e uma em cada lugar.
Se o Trento já não se identificar com o Credo Apostólico, fico por aqui. Sem dramas, nem traumas. Apenas decisão individual baseada em prioridades pessoais.
Nuno Fonseca |
posted by @ 10:30 da tarde |
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18 Comments: |
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O Credo Apostólico?
Incluindo o Creio na Comunhão dos Santos e na Igreja Católica?
Essa é novidade. Não imaginava que os Evangélicos acreditassem nos santos e na Igreja Católica.
Então não andou o Pedro Leal a explicar como isso até é superstição?
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Aiai, Zazie. Tanta lábia contra o Protestantismo e, no fundo, nem a mais elementar da informação sobre.
Os Evangélicos crêem na Comunhão dos Santos, porque todos os cristãos são santos e comungam na Igreja, onde partilham os sacramentos e adoram Cristo 'em Espírito e em verdade'. Pertencem à Igreja una, santa e católica [universal], que é eterna, invisível, e composta de todo o homem redimido no Senhor desde Adão até à segunda vinda de Cristo, em que tomará a Sua noiva, a dita 'eklesia' [gr. os eleitos].
Deves estar a confundir a comunhão com a Eucaristia transubstancial e a veneração de mortos; e Igreja Católica com a Igreja Católica Apostólica Romana.
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Achas que tenho lábia contra o protestantismo?
É? tem piada. Porque eu nunca debati protestantismo- apenas facciosismos- muitos, que vão aparecendo e outro tanto de complexos de minorias que são questões políticas e nada têm a ver com a religião.
E não, não sabia que chamavam santos à comunhão dos não santos e superstição e heresia aos Santos.
E ainda menos que chamavam Igreja Católica a outra coisa pois à católica chamam coisas muito pouco dignificantes. Pelo menos os que leio por aqui.
Mas isso nem é da minha conta, porque não faço parte do Trento.
Aproveito é para te fazer a pergunta bem clara, já que tu sabes as coisas todas de cor e tens tudo arrumado em tabelas:
Queimar um crucifixo é blasfémia ou uma cura do pecado da superstição?
Ou, para se aferir isso, é preciso mais do que tabelas que se trazem no bolso já que o problema veio do lado Prot e não Cat?
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Mas repito- só me lembro de ter debatido um niquinho da história do protestantismo contigo quando tu quiseste provar que o Papa era uma besta do Apocalipse e que a Igreja Católica apoiou o nazismo
Aí lembro-me que te dei uma pequena lição de história e te contei como o Hitler foi recebido como o Novo Lutero e mais todas aquelas famosas teses contra judeus.
Foi esta a única questão religiosa que me lembro de ter referido em relação aos protestantes. A par, se não me engano, da inexistência de confissão pública de pecados e revolta carnavalesca com patuscadas de salsichas aquando dos movimentos da Reforma.
Fora isso é sempre o mesmo- as minorias, as histórias de vitimização e discriminação completamente traumática e fantasiosa que é igualzinha ao que dizem os ateus militantes da Associação ou dos grupos LGBT.
Isto é o que me levou a criticar. O resto sempre foram conversas bem interessantes paricularmente quando por cá andava o Antonius que bem sabia fazer a ponte teórica em relação à Graça e Predestinação.
Não me lembro de teres entrado nessas conversas teóricas. Ultimamente esse cargo de Vigilante e Censor não te tem dado tempo para mais nada.
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Aproveito para dizer que até acho que escreves bem. Que rediges bem. Coisa em que nem me comparo, pois escrevo com os pés.
E sim, é verdade que o Vítor Mácula tem talento de escrita, o que nunca me impediu de questionar ideias, como sucedeu a propósito do casório gay. Foi até um debate um tanto tonto e fora do lugar, pois tinha a ver com que escrevera no blogue dele e não aqui.
Mas nada disto é Comunhão falta de espírito de Comunhão com os Santos, espero. Caso contrário estou tramada por ter sido mais toina que a dona brasuca do sertão, amante de homem casado, e arrependida da Igreja Católica em boa hora.
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EW olha, antes de ires, apenas para eu ficar um pouco menos ignorante em matéria de Credo Apostólico, explica o que é que o texto do Vítor- o da Nota, tem assim de tão herético.
Bem explicadinho, porque eu li-o, entendi-o à minha maneira, e fui a correr postá-lo sem ser para fazer sátira.
Donde estou mesmo supreendida. Deve ser bruta ignorância minha acerca de algum pecado católico apostólico romano, aos olhos de um Protestante que não reconhece o Vaticano.
É que o texto fala do mundano, de Deus e da Verdade. E de forma lindíssima, sem ponta para se trocar Deus por certezas, ideias, convencimentos, apropriações icónicas, ou meras formas de o significar- as únicas que paradoxalmente possuímos, precisamente por não sermos divinos.
(mas não quero abusar de explicação semântica de um texto a quem há-de ser doutor bem letrado nisso).
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Olha, Zazie, faz-se tarde. Vou dormir. Amanhã espero a resposta, se bem que já sei qual é.
Deixa lá isso das tabelas. Como sabes, a minha fonte é a Escritura. E não, não vejo isto como um exercício de estilo literário. Para isso, tenho os sonetos e aquelas outras metrificações no meu blogue.
Deixa também o crucifixo em paz. Não é blasfémia queimá-lo. Só há superstição se o possuidor do mesmo lhe conferir algum poder sobrenatural.
E não, não te critico pelo desconhecimento do Protestantismo. Mas da mesma forma que me arrependi das minhas descaracterizações da ICAR (embora as polémicas com o nazismo sejam históricas, foi uma argumentação baixa da minha parte), também reparo que vezes muitas falaste para lá do que sabias ao criticar-nos.
Mas como acabo de sair duma aula na faculdade onde me foi dito que não me visto 'como um calvinista' e que um Reformado só tem a certeza da salvação através do trabalho manual árduo, vou ficando menos e menos supreendido com eventuais desleituras.
Boa noite. Deus te abençoe.
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Só há superstição se o possuidor do mesmo lhe conferir algum poder sobrenatural.
Plenamente de acordo.
Eu nunca poderia fazer crítica teórica de algo que mal conheço.
Só me lembro de fazer crítica social quando lhes dá para quererem deitar abaixo a Concordata e fazer forcinha ao lado dos jacobinos do Poder.
Sempre foi isto e isto é mera questão social por serem minoria em território de tradição católica.
Como te digo, são questões que nunca encontrei em Inglaterra onde até vou a cerimónias protestantes e ortodoxas, dado não ter igreja católica por perto.
De resto, em relação às destruições de imagens digo sempre que é problema cultural meu- e bem verdadeiro- passo-me só de pensar nisso e não é exclusivo em relação a protestantes já que para fogueiras há sempre demasiada gente iluminada que avança.
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E mais, a questão das imagens tanto a tive com o Pedro Leal como com o Timshel. Nunca foi uma "querela protestante"- antes uma querela de variantes de razão que temem os sentidos e que sempre me pareceram demasiado contraditórias na sua senha purista.
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E dorme bem
eheheh
Eu sempre te achei um bacano, vá-se lá saber porquê mas estás tramado, nem à força consigo embirrar contigo
":O)))))
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És um bom discípulo, Nuno.
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Nuno
Compreendo a tua posição. Mas deixa-me dizer que a questão do Credo não me parece assim tão clara. Desde os meus primeiros tempos aqui no Trento que o vejo ser posto em causa com bastante frequência. Começando logo pelo que vem na primeira linha: quantos dos que escrevem, ou escreveram, no blogue, acreditam num Deus criador? Sem querer arriscar números, eu diria que a minoria. A maioria, mesmo dos que assinariam por baixo o Credo dos apóstolos, crê, quando muito, num deus “detonador” ou “causa primeira”. E exemplos semelhantes seguem-se pelo Credo abaixo (outro: o que vale a interpretação metafórica da ressurreição feita por um católico ou protestante liberal?) Não estou com isto a dizer que vale tudo. Não vale. Mas, porque já tive também que considerar várias vezes a validade ou não da participação neste blogue, julgo que o Credo não funciona como regra (e talvez tenha sido essa pretensão um dos grandes equívocos dos iniciadores do blogue). Mas isto é a minha opinião. Como disse acima, compreendo a tua decisão. Desejo, acima de tudo, que saibas “remir o tempo” que Deus te dá.
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"É que o texto fala do mundano, de Deus e da Verdade (...) sem ponta para se trocar Deus por certezas, ideias, convencimentos, apropriações icónicas, ou meras formas de o significar- as únicas que paradoxalmente possuímos, precisamente por não sermos divinos."
Nem mais, Zazie, ou melhor: e tudo mais ;) e o próximo passo cristão é a comunhão concreta com o divino. Em termos técnicos: a nossa transubstanciação. Nada de complicado, é acessível a todos sejam quem forem e de infindos modos o é, se bem que os mais intelectuais são os que têm mais resistências e dificuldades LOL
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tenho alguma pena de desiludir a vossa ortodoxia mas eu creio no Credo literalmente.
mas sem dúvida que a minha participação ou não-participação no Trento terá de ser repensada.
abraços
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Isto às vezes é mesmo cansativo...
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posso dar uma sugestão? (ninguém me autorizou mas eu dou à mesma).
Esqueçam o Trento, vocês são todos crescidinhos, façam uma almoçarada, vão à pesca, aos caracóis... e sem ninguém aviar as botas, porque estão todos muito bem, comecem uma coisa de novo, sem acharem que têm de ser fiéis a alguém que não à vossa real vontade, até ao disparate que um blogue tal como a vida também a isso tem direito, que Nosso Senhor não se vai ofender.
è que este blogue, por vezes, cheira mais a fantasmas que a gente viva. Perdoem qualquer coisinha.
abraço a todos
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Não faço ideia e sempre disse que este blogue foi dos mais interessantes que apareceu em toda a blogosfera.
Teve por aqui excelentes participações- das quais recordo sempre o Antonius e alguns textos de antologia e elegância humorística do CC.
Depois havia o problema político- uns por causa do buschismo evangélico que tinha de fazer de relógio de cuco periódico e outros por causa da militância politicamente correcta da política que tinham de fazer o mesmo- usar a religião para servir a vocação política.
Agora estava calmo, dado o Bush ter ido à vida e a militância do lado dos alcoólicos anónimos idem (atenção que não é boca para o Tim- esse desencorpou-se mas de vez em quando larga uma gracinha deliciosa).
Mas pronto- há sempre auto-eleito vigilante e dor de cotovelo literária que faz o resto.
A iliteracia restantoe também costuma ajudar, na proporção directa do facciosismo. E ajudou- não perceberam um corno do texto do Vítor- dava direito a chumbo se fosse exercício de Português de 12º ano
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Certa voz discernida apelou-me hoje para o bom-senso.
A Bíblia fala-nos pregar o Evangelho a judeus e gregos, e levo a crer que cada um de nós tem algo em si de hebreu, que é relacional e emotivo; e algo de grego: lógico e contemplativo. Examinando a minha fé, reparo que no diálogo submeto de tal forma o hebreu em mim ao grego frio e académico, que o hebreu interior revolta-se, rasga o vestido, bate o peito, arranca os pêlos da barba, e faz ceder a razão da ortodoxia à paixão do zelota.
Tenho que pensar até que ponto glorifico o Senhor nestes debates e até que altura não satisfaço a minha carne na controvérsia; se me devo ater em toda a heresia ou subdoutrina (o que o Evangelho não se diz ser), ou deva comprometer-me na proclamação assertiva da Palavra (o que o Evangelho se diz ser).
Uma coisa é certa: a minha postura terá que mudar para meu próprio bem. Vou ali ao ermo e volto em 40 dias após muito arrependimento, jejum e meditação. Não por voltar atrás na defesa da ortodoxia, mas porque em Jesus tenho um Mestre demasiado perfeito e íntegro, que não diferencia o saber da ortodoxia do agi-la e do sê-la ao falá-la.
Continuem o Concílio. Deus me ajude. O Senhor vos abençoe.
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O Credo Apostólico?
Incluindo o Creio na Comunhão dos Santos e na Igreja Católica?
Essa é novidade. Não imaginava que os Evangélicos acreditassem nos santos e na Igreja Católica.
Então não andou o Pedro Leal a explicar como isso até é superstição?