quarta-feira, dezembro 31, 2008
Passagem de ano puritana
Não comam doze passas à meia-noite. Não se preocupem com a cor da vossa roupa interior. Não subam a cadeiras com notas na mão. Não dêem espaço a esses, ou outros, rituais de boa sorte. Em vez disso, iniciem o ano pisando* o verme da superstição. Essa é que é a maneira auspiciosa de começar.
* Não é preciso ser o pé direito.

Pedro Leal
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segunda-feira, dezembro 29, 2008
Ainda o Natal: Desígnio
Vim para que tenham vida e a tenham em abundância; Eu sou a porta
(Jo 10:10 - 10:9) por cbs
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domingo, dezembro 28, 2008
Ainda do Natal
Neste tempo, quase toda a atenção é focada no Menino adorado.
É bem assim, mas apesar disso, não consigo deixar de lembrar os outros que acompanharam o nascimento; penso naquele casal humano, nas dificuldades daquele homem, bom mas simples, quando a mulher lhe anunciou uma gravidez, sendo virgem; penso até no burrito, que foi no fundo, uma parte essencial da Família sagrada…
Em especial, volto a interrogar-me, sobre as dificuldades que alguns contemporâneos têm, em reconhecer o carácter único da Mãe.
É facto que Maria nada tem a ver com a Modernidade, a começar pela marca de virgindade, a acabar no apagamento, voluntário, aceitando, sofrendo.
Mas como ignorar Maria?
Se a Sua carne é o ponto de reencontro entre o natural e o sobre natural, se é no Seu ventre que se reata a aliança entre o Criador e a criatura. Como ignorá-la, se Ela é o protótipo do novo humano em que nos transformaremos, se Ela é a prova real do nosso destino transcedente?

Maria é silenciosa enquanto a ignoramos, mas ela reboca-nos pela História, como mãe de Deus e nossa; cala-se, mas está presente, é a eficácia em estado puro.
Por isso, digo-lhe todos os dias: Ave Maria.
cbs
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sábado, dezembro 27, 2008
Uma apologia do Natal bíblico.
É interessante observar como o desenraizamento do homem pós-moderno - em relação às matrizes culturais, às instituições societais que o formam, e às cosmovisões que o identificam - resulta (além da irracionalidade, relativismo moral, alienação, etc) também na procura infrene por uma identidade pura, pristina, imaculada.

No meio cristão, deparamo-nos com cenário semelhante. Um exemplo chega-nos desta preocupação ingénua de desmitificar o Natal, e a querer expôr o festejo perante a cristandade como um logro litúrgico; como um paganismo velado que deve ser excomungado do cristianismo histórico - o qual nunca o deveria ter incorporado de todo, segundo estes.

Absorvidos nas mesmas deambulações desconcertadas de teóricos da conspiração que insistem que Armstrong nunca deu o pequeno passo lunar e que Bush arquitectou o desarquitectamento do World Trade Center, tais homens podem incluir os hereges suspeitos do costume (testemunhas de Jeová, mórmones, neopentecostais, etc), assim como católicos e evangélicos peculiares, como é tendência mais recente. A ele digo-lhes isto: vocês não compreendem o cristianismo; especificamente, a natureza da obra redentora de Jesus Cristo para o restauro da Criação à soberania absoluta de Deus.

Vejamos um exemplo, retirado dum blogue nacional:

'Já não posso mais ignorar a convicção que tem vindo a crescer em mim de que
o Natal não é, nem nunca foi, uma festa cristã. A cada ano que passa os
indicadores intensificam-se e mostram-me que Deus não pode estar presente no
meio do neo-paganismo folclórico que nos rodeia e que se exprime por palavras,
comportamentos e, principalmente, símbolos. Qualquer cristão minimamente
consciente da verdade bíblica deveria sentir repulsa pela realidade presente.
Como é possível participar de uma celebração que, supostamente, deveria ser por
Ele, para Ele e por causa Dele, mas onde Ele não está presente? Uma palavra de
esclarecimento, porém. Não se pode confundir Natal com o nascimento de JESUS
CRISTO. Esse é real e de significado profundo para os seus seguidores. Jesus é
EMANUEL, O Deus que veio viver entre nós, tomar a primazia e destruir as trevas,
derrotando o maligno. De forma muito "blunt" e ao estilo da regra de "três
simples" concluímos que: se o paganismo é do maligno, logo Jesus não tem
qualquer tipo de ligação com ele. Talvez seja essa a razão pela qual, nem Jesus
(nos Evangelhos) nem os Apóstolos (nas Epístolas) se tenham alguma vez referido
a algo remotamente parecido com "Natal". Se eles não ligaram a isso, porque
ligaremos nós?'

O discurso é bem intencionado e o desejo do autor deste parecer é o de ser ortodoxo, fiel à Palavra de Deus. Ele tenciona poupar os seus irmãos de fé à promiscuidade espiritual dum festejo que ele vê como pagão. Mas espero que ele compreenda as falácias aqui representadas, e as implicações que o seu raciocínio cria, quando aplicado a outras realidades.

Começo por responder assim: o Natal não é pagão, mas as Saturnálias e o Dia da Natalidade do Sol Invicto, sim; isto da mesma forma que eu, Nuno Fonseca, o cristão, pertenço a Cristo, enquanto que Nuno Fonseca, o ateu irregenerado, pecador imperdoável que fui, não era de Deus. Tal como as tradições que o autor deste texto enumera mais adiante (retirando-os da 'infalível' wikipédia), e que faziam parte dos rituais gentios do feriado de 25 de Dezembro para que o sol renascesse após o solistício, também eu sofri de todas as prostituições heréticas imagináveis antes de ser remido por Jesus. No entanto, sou aceite com alegria na comunhão dos santos do Senhor, quando partilho do mesmo Espírito Santo que se move na Igreja de Deus. E o que fez a diferença entre o Nuno Fonseca descrente e o salvo; entre a festa do equinócio e o festival das tabernas? A diferença é a Cruz.

O autor daquele post não compreende talvez que Jeová de Israel justificou festejos pagãos e transformou-os em celebrações devotas apenas e só ao Deus vivo e verdadeiro, para mostrar o Seu poder e ofender os inimigos do Seu povo - tal como fez comigo, em justificação da minha alma pelo sangue de Cristo, para ser Ele mesmo glorificado como Salvador misericordioso dum homem tão ímpio como o que fui.

Quer o Dia de Pentecostes, quer o Festival das Luzes (heb. hanukkah) também coincidiam em data e em algumas tradições com as dos não-judeus monoteístas. Mas deixaram de ser. As gerações seguintes não mais se lembrariam da origem desortodoxa daqueles festejos, estando mais ocupados a louvar o Senhor que os libertou da terra do Egipto. Foi esta lógica bem bíblica que os Pais da Igreja aplicaram ao redimir o 25 de Dezembro.

Nunca houve pretensão em fazer crer que Jesus nascera nessa data, o que é óbvio pelo nome dado ao festejo: Dies Natalis - o dia da natalidade; do nascimento. Não se trata dum aniversário. Em vez, e derivado da impossibilidade de se achar uma data precisa para o dia e o mês específicos do Advento, se optou por votar aquele dia nefasto tão querido aos pagãos para o esquecimento, fazendo nascer no seu lugar o dia em que lembramos, com júbilo, o cumprimento da promessa de Deus, conforme o eterno concelho do Seu decreto:

'Nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor' (Lucas 2:11).

Que hoje o mundo lute para destruir o Natal cristão e torná-lo num tributo ao altar do materialismo e da ganância capitalista, não é motivo para derrotismos, mas antes um incentivo para a reforma do Natal. Porque o Reino de Deus conquistará a terra, e remirá tudo quanto lhe aprouver na Sua Criação. Não devemos recuar asceticamente do mundo como um monge budista, porquanto estamos nele como Cristo esteve, pois que, também, nos é pedido que o vençamos, conforme o exemplo de Jesus (João 16:33).

Obedeçamos.

Nuno Fonseca

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quarta-feira, dezembro 24, 2008
Saudações
Bom Natal e feliz Ano Novo!

Scott
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Véspera do Prodígio
Creio em Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e dos anjos que andam sobre a terra.
Creio num engenho que falta mais fecundo de harmonizar as partes dissonantes.
Creio que tudo é eterno num segundo, num céu futuro que houve dantes.
Creio na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, no incrível e nas coisas assombrosas, na ocupação do mundo pelas rosas. Creio no Amor. Com asas de ouro. Amén
cbs demi pagão em paz, com a Natália na voz
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Novidade, alegria e salvação
As “novas de grande alegria, que será para todo o povo: na cidade de David, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor”.
Lucas 2:10 e 11

Pedro Leal
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segunda-feira, dezembro 22, 2008
Gentes, não deixem de ler isto.

Rui Almeida
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quarta-feira, dezembro 17, 2008
Arrancar ou relativizar?
“Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o, e atira-o para longe de ti, pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno. E se a tua mão direita te escandalizar, corta-a, e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca, do que seja o teu corpo lançado no inferno.”
Mateus 5:28 e 29

Ter como ordem de comando os instintos, fazer o que gostamos, expressar aquilo que somos, radica na ideia que somos um caldo determinista de genes e (ou) cultura. Nesta perspectiva, a mutilação sugerida por Jesus Cristo pode ser considerada um atentado contra o “eu”. Se somos aquilo que os nossos membros são, e se tiramos um, ou alguns, então tornamo-nos incompletos, e inviabilizamos, logo aí, a plena e desejada realização pessoal. A alternativa é, nesta perspectiva, “desmontar” o escândalo, compreende-lo, em vez de arrancar o membro.
Mas se somos mais do que um caldo determinista de genes e (ou) cultura, se somos maiores do que isso, se existe em nós o elemento transcendente chamado alma, então o nosso “eu” não fica em causa quando cortamos as partes doentes. Pelo contrário, preservamo-lo. Preservamo-lo de uma doença mortal chamada pecado. É por isso que Cristo fala em arrancar. É por isso, também, que quem não quer arrancar tem como primeira tarefa relativizar a gravidade do pecado.

Pedro Leal
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segunda-feira, dezembro 15, 2008
Da verticalidade horizontal

para o Tiago Cavaco


O problema da fé é evidentemente o seu núcleo de dureza extrema, a sua essencial inumanidade. Falemos da fé desde a sua abordagem primeira: que há Deus, que uma força criadora e consciente preside e produz absolutamente tudo, e que tal força deseja falar e haver-se pessoalmente comigo.

Ao seguirmos o aviso do próprio, e nos fecharmos no quarto sem ninguém, ajoelhado à beira da cama à uma da manhã rezando, confrontados com a primeira interpelação: Acreditas tu que Eu seja? é com algum assombro e destemor que noto em mim, que a mais adequada imagem para este embate básico da fé com que me debato, precisamente – é a luta nocturna com o anjo, o tornar-se-me como uma ferida na perna, que me desorienta os passos. Ou no estrondoso dizer de Lutero: O demónio? Vou com ele para a cama todas as noites. A fé trata deste combate em mim, aí começa: quando abandonados como esterco todos os hábitos e procuras culturais e religiosos, e até inúmeros pessoais; quando todo e qualquer véu rasgado ou caído se requer, e estar frente a frente com Deus, como é verdadeiramente isso em nós? Qual a minha fé, viva e verdadeira, palpitante como palavras que me ardessem nas veias e algo sussurrassem na noite da alma?

Noto assim, com temor tranquilo e tremente, que um certo não-saber, uma tensão de dúvida, reside no nervo central desta fé, é parte da sua dinâmica interpelativa; o poder dizer não à interpelação livre, inclui de sobremaneira a possibilidade de negar-se a própria validade e realidade da interpelação.

Esta apresentação de si que a própria fé traz, assusta e abala, é certo, no sentido em que faz da fé um risco e uma esperança, uma afirmação e um anseio, uma mudez e um chamamento; tranquiliza porém, pois depõe-nos no assumir e enfrentar da nossa própria fragilidade e limites, a nossa cegueira intrínseca. Ficamos a saber que somos como crianças com anseio e imaginação que extravasam em absoluto as nossas próprias condições de existência e vida; que somos um excesso soçobrado de nós próprios, que somos o nosso próprio e contínuo fracasso. Qual de nós alguma vez levou os desejos e sonho que transporta até à sua plenitude? Ou sequer um que seja, neste entrelaçamento feroz que somos?

Esta fé é uma larva do horizonte de papel que somos e vivemos, uma inconcebível borboleta que só Deus pode criar, ou então pura cinza esboroada no tecido da vida, pura mudez anterior e futura.
Nesta tensão se constitui a própria fé, numa provação intrínseca, uma força que cresce na medida imanente da sua própria negação; uma brisa suave, uma semente de mostarda, um sem-nome que nomeia.

Há um castelo, uma porta estreita, e ninguém tem chave que seja; ninguém tem chave que se seja.

Vítor Mácula
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domingo, dezembro 14, 2008
O Santo Padre em 8 de Dezembro de 2008
"Por si só, a globalização não consegue construir a paz; antes, em muitos casos, cria divisões e conflitos. A mesma põe a descoberto sobretudo uma urgência: a de ser orientada para um objectivo de profunda solidariedade que aponte para o bem de cada um e de todos. Neste sentido, a globalização há-de ser vista como uma ocasião propícia para realizar algo de importante na luta contra a pobreza e colocar à disposição da justiça e da paz recursos até agora impensáveis."

timshel
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sábado, dezembro 13, 2008
«(…) Aquele que possui o espírito fraco quer sempre congelar o tempo e conservar a vida sob o apertado jugo do imobilismo.
Também existe esse espírito na religião. Foi essa a razão por que algumas vezes ela rejeitou com paixão dogmática verdades novas. Por meio de éditos e bulas, inquisições e excomunhões, a igreja tentou prorrogar a verdade e erguer barreiras intransponíveis no caminho daqueles que a procuravam. Para os espíritos fracos, o criticismo histórico-filosófico da Bíblia é considerado blasfemo, e a razão um exercício duma faculdade corruptiva. Interpretando a seu modo as Bem-Aventuranças, eles lêem: «Bem-aventurados os puros na ignorância, porque verão a Deus!»
Isto conduziu também à divulgada noção de um conflito entre ciência e religião, o que não é verdade. Haverá talvez conflito entre um religioso de espírito fraco e um cientista de espírito forte, mas nunca, mas nunca entre a ciência e a religião. Os seus campos são diferentes e os métodos diversos. A ciência investiga; a religião interpreta. A ciência dá ao homem o conhecimento, que é força; a religião dá-lhe a sabedoria, que é domínio. A ciência trata principalmente de factos; a religião, sobretudo, de valores. Não são rivais; completam-se. A ciência evita que a religião caia no abismo dum irracionalismo destrutivo e obscurantismo paralisante; a religião impede a ciência de se afundar num materialismo obsoleto e num niilismo moral.
(…)»

(Martin Luther King, in Força para Amar, tradução de Margarida Bénard da Costa, 2ª edição: Moraes editores, 1969 – Círculo do Humanismo Cristão)


«Sou discípulo de Kant. Ele diz que há três questões fundamentais: o que posso saber, o que devo fazer, o que me é lícito esperar. E achou que a primeira depende da ciência. As más catequeses tiveram sempre a mania de misturar essa questão com a apologética. Kant achava que não, eu também.
Uma coisa é tentar compreender o universo. Para isso há a física e a biologia. Se quero saber se houve ou não big bang, se a vida evoluiu ou não, não pergunto à Bíblia, não pergunto à Igreja, que não tem competências nessa matéria.
A segunda questão é o que devo fazer, como se deve viver para se ser homem. Pergunto à história, às culturas, às religiões. A terceira pergunta é o que me é lícito esperar, qual o sentido de fundo disto tudo. Aí, encontro a questão de Deus.
Em suma, questões relativas a como é feito este mundo são da ciência. O sentido da vida diz respeito à religião, à filosofia, às culturas. Nós aprendemos com todas as culturas. Eu, em particular, aprendi e acreditei em Jesus Cristo.»

(Pe. João Resina Rodrigues, em entrevista concedida a António Marujo, revista Pública, 10 de Abril de 2007)


(escolhas de) Rui Almeida
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sexta-feira, dezembro 12, 2008
Again in the last supper...
Hail Mary full of grace the Lord is with thee blessed art thou amongst women and blessed is the fruit of thy womb Jesus.
Holy Mary Mother of God pray for us sinners now and at the hour of our death.
Amen
cbs (as always your spirit was among us... and yours too :)
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quarta-feira, dezembro 10, 2008
O porto sempre por achar, a febre em mim de navegar, e a Cruz ao alto diz, que o que me há na alma, só encontrará Deus na eterna calma.
cbs a fernandar
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terça-feira, dezembro 09, 2008
Ilustração
Clique para aumentar.

Lágrimas de um leproso.
Lágrimas de um leproso
"E eis que um leproso, tendo-se aproximado, adorou-o, dizendo: Senhor, se quiseres, podes purificar-me. E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo da sua lepra." Mateus 8:2-3

Paulo Ribeiro
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domingo, dezembro 07, 2008
é apenas isso de facto
o desafio de nos tornarmos oração viva (frase roubada ao Th. M.)

timshel
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Do diálogo inter-religioso
Mais uma vez, necessitamos colocar a tolerancia como ponto de partida para esta discussão.
De uma forma cada vez mais crescente, em especial, como seria de esperar, pelos que não se consideram ou não professam qualquer religião,as crenças das várias religiões têm sido relativizadas e tomadas com uma leviandade simplista. Esta relativização social não tem sido levada a sério (...) pelas crenças religiosas, o que leva a uma crescente ideologia que procura impor ou conduzir o diálogo inter-religioso para uma universalização de uma só crença religiosa.

Esta ideia está muito difundida e é muito popular entre os jovens: a de que o caminho de diálogo pressupõe um caminho de unicidade. A ideia de que o diálogo inter-religioso tem em vista a criação de uma religião universal e única. A ideia de que as religiões caminham todas para o mesmo fim e buscam as mesmas coisas. Esta ideia pode ser defendida por muitos, mas não passa de uma fantasia. As várias religiões têm entre si mundividências muito distintas e, como tal, propostas muito diferentes para o mundo.

Paralelamente, esta ideologia tem-se desenvolvido nos jovens com uma outra: a do fanatismo religioso, com as consequencias que tão bem conhecemos.

Na minha opinião, a imposição da unicidade religiosa e o fanatismo religioso são duas faces da mesma moeda. Tanto uma como a outra, de diferentes maneiras, não reconhecem a multiplicidade e não dão o direito ao outro de viver de forma diferente. Ambas rejeitam a liberdade de expressão:
- a primeira porque rejeita que se considere que as religiões são, de facto, diferentes.
- a segunda porque, ao defender o que considera verdadeiro, não permite que o outro escolha livremente o contrário.
As duas são intolerantes, porque não respeitam o outro e a liberdade da diferença do outro.
(...)
Parece-me que todos teriamos mais a lucrar se assumíssemos as divergências existentes e cerrássemos fileiras em relação a como podemos conviver todos apesar das nossas diferenças. (...) E isto é mais do que uma convicção, é, na minha opinião, uma evidência.

Tiago Oliveira (por cbs)
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BS2 ou resposta ao Tim



Também já quase me esquecera isto...

Nunca gostei muito da voz do Ozzy Osborne (mil vezes a do Guillul); em compensação considero aquela Gibson do Iommi, uma das melhores guitarras eléctricas que já ouvi tocar a solo: toma lá Tim, do Sabbath que eu gosto.
cbs

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sábado, dezembro 06, 2008
Black Sabbath


Não me perguntem porque é que hoje me lembrei de postar isto. Há quase quarenta anos que não ouvia esta canção.

timshel
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sexta-feira, dezembro 05, 2008
Agora na Bolívia
Como fica um baptista, que não gosta de Evo Morales, quando lê isto?
Pensa que as atitudes certas têm sempre mais força quando são tomadas pelas pessoas certas… mas, não podendo acontecer o melhor, que as atitudes certas não deixem de ser tomadas.
De notar ainda o contra-ataque clássico dos privilegiados (que nós tão bem conhecemos por cá): «A igreja católica cumpre uma «missão muito importante razão pela qual goza de alguns privilégios».
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quinta-feira, dezembro 04, 2008
HP

Diz o professor hebreu: se rezares correctamente, saberás imediatamente reconhecer a sua invasão em ti, e que te arrebata. O espírito abre-te às suas possibilidades.
Antes de todos os tempos Eu te amei, e amei toda a criação, olhei para ela e vi que era bela.
O mundo não é amado porque tenha sentido, mas ganha sentido ao ser amado. Sendo o significado o do amor, e não do mundo, trata-se duma dinâmica de transformação. O mundo sem sentido em que paira um significado, como que tende a dar expressão a esse significado que ele, mundo, não é. O sentido é dado, digamos assim, no olhar.
Não se trata aqui da encarnação humana do verbo de Deus, mas da sua presença executante, muito antes sequer do avô hebreu que professa, e de todas as índias e gálias e américas, desde fora do primeiro átomo da criação ao sentido da inteira história desta. O significado do mundo está dado desde sempre, e para sempre, fora portanto da temporalidade própria do seu acontecer, do mundo, e assim o move.
O acto de criação é uma dinâmica do amor divino, que transposto para a acção humana corresponde ao famigerado Amar é querer que o outro seja. Não que eu seja através dele, mas que sem apropriação despersonalizante e enclausurante, eu seja o que sou, e com-sejamos numa unidade que não anula a inteireza de cada um de nós, e que produz uma terceira inteireza que se constitui na própria união. É um analógico do famoso três em um que tanto abespinha alguns.
Olhar o outro no significado da sua criação, do outro, do que mais fundo o sustém e lhe dá sentido – isso, não o podemos. Podemos no entanto não ser obstáculo a esse olhar, não determos o outro na opacidade que reside na impossibilidade de o vermos verdadeiramente. Porque tudo o que vemos e vivemos, tudo aquilo que verdadeiramente nos toca e contactamos – somos nós próprios. As características que nos atraem, as afecções que nos movem, das actividades que nos agarram às pessoas que nos apaixonam – não passam de remissões para o que nos caracteriza, a nós, o teu cabelo a esvoaçar ao vento mostra tão só o meu anseio de liberdade, mas não o teu revelado rosto.
Enquanto eu estiver a ver, vejo-me a mim-próprio. Aqui se vê o sentido do também famigerado O Amor é cego – atira-se para fora de si, e avança.
Isto não significa que as afecções, os sentimentos, os pensamentos, o que é próprio e acontece – sejam anulados ou desvalorizados. Pelo contrário, são até valorizados, ganhando sentido e constituindo-se doação total, sem freios nem retenções. E sim que apontem para algo – o outro, absolutamente.
E não significa que as afinidades electivas, os companheirismos e as amizades e os amores, sejam superados. Mas que se intensificam na vontade que o outro se seja – a si, cada vez mais, revelado e renovado, revelando-nos e renovando-nos.
Até ao inimigo, como se sabe – o que também não anula a inimizade. Também esta é reveladora.
Neste mundo e na razão, duas plenitudes impedem-se uma à outra. Mas o cristianismo pretende dissolver sem mais, ferozmente, a impossibilidade – é esse o sentido do Serão a mesma carne, analogia da unidade trinitária, divino soco na mesa da realidade. O amor esponsal é uma das imagens vivas mais intensas da unidade amorosa. A mesma carne, a mesma substância, o mesmo ser – é de loucos.
O amor é algo de absolutamente incompreensível, e curiosa e simultaneamente, absolutamente reconhecível – tal como a vida, a que preside.
É o rosto do outro visto e vivido na pausa de nós-próprios, paradoxalmente retribuído, o que faz com que cada um é pelo amor do outro, e por este se move e vive e é – e assim nenhum se anula.
Há uma esponsalidade desmedida no cristianismo. A Trindade é evidentemente fecunda – é precisamente essa a ideia de Criação. A vida. Não necessária, mas querida e desejada na fecundidade transbordante.
O cristianismo pretende que se execute a imagem da Trindade com todo e qualquer um, com o primeiro e com o último e todos os restantes. É aliás o seu único mandamento. E raios não me venham dizer que é razoável – o que por outro lado não configura nenhuma anti-racionalidade.
Deveríamos mesmo ser capazes de amar uma pedra – como diz o irmão António, que se assusta se tudo arde.
Vítor Mácula
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quarta-feira, dezembro 03, 2008
Problemas do Mundo e... Luz
Será verdade que a tarefa da Igreja consiste em oferecer hoje ao Mundo soluções para os seus problemas? Haverá em geral soluções cristãs para problemas mundanos?
Tudo depende, claro está, daquilo que se quer dizer:
Se alguém pensar que o Cristianismo tem uma resposta para todas as questões sociais e politicas do mundo, de modo que bastaria ouvir tais respostas cristãs para pôr o Mundo em ordem, isso é claramente um erro.
Se, pelo contrário, se pensar que, à luz do Cristianismo, há algo de muito preciso a dizer acerca das coisas mundanas, isso é verdadeiro.

A ideia de que a Igreja dispõe, em princípio, da solução cristã para todos os problemas do Mundo e de que apenas ainda não se fez grande esforço a tal respeito, está sobretudo difundida no pensamento anglo-saxónico.

Dietrich Bonhoeffer (Ética) lido domingo passado numa Igreja Baptista
cbs
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terça-feira, dezembro 02, 2008
Cuba tem novo Beato
Cuba viveu no último Sábado um momento histórico.

Dez anos depois da visita de João Paulo II a este país.

Na cidade de Camagüey, o Cardeal José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação das Causas dos Santos, presidiu em nome do Papa à Missa de Beatificação do frei José Olallo Valdés, religioso da Ordem Hospitaleira de São João de Deus, que viveu de 1820 a 1889.

O presidente cubano, Raul Castro, esteve presente na cerimónia.

O Cardeal Saraiva Martins, que levou a saudação e a Bênção do Papa, afirmou que “Frei Olallo, com a sua dedicação aos doentes, ensina-nos, num tempo atravessado por uma cultura materialista que exclui os mais fracos e indefesos, que cada homem é desejado e amado por Deus e possui uma singularidade e uma beleza irrepetíveis”.

O novo beato era para os cubanos o “pai dos pobres” como explicou aos microfones da Rádio Vaticano o Cardeal Saraiva Martins: “O seu ideal era estar a serviços dos pobres, dos doentes, sobretudo daqueles mais abandonados”.

(via Agência Ecclesia)

timshel
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segunda-feira, dezembro 01, 2008
Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça e tudo mais vos será dado por acréscimo
cbs
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Amável Roncalli, o meu Papa
No dia 28 de outubro de 1958, há meio século atrás, era eleito Papa o idoso patriarca de Veneza, Angello Giuseppe Roncalli, que tomava o nome de João XXIII, depois de quase 20 anos de pontificado de Pio XII, muito criticado pela alegada insensibilidade frente à perseguição dos judeus pelo nazismo.
Em menos de cinco anos, a duração de seu pontificado, conseguiu colocar em marcha uma das maiores transformações da Igreja católica romana, que passou do autoritarismo ao conciliarismo, do integrismo ao compromisso com a história, da contra-reforma à reforma, da cristandade medieval à modernidade, da aliança com o poder à Igreja dos pobres, e do anátema ao diálogo.
Colocava fim a quatro séculos de Contra-Reforma, fazendo sua, sem a citar, a proposta de Lutero: A Igreja deve estar em permanente reforma
cbs citando...
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Um blogue de protestantes e católicos.
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