domingo, dezembro 07, 2008
Do diálogo inter-religioso
Mais uma vez, necessitamos colocar a tolerancia como ponto de partida para esta discussão.
De uma forma cada vez mais crescente, em especial, como seria de esperar, pelos que não se consideram ou não professam qualquer religião,as crenças das várias religiões têm sido relativizadas e tomadas com uma leviandade simplista. Esta relativização social não tem sido levada a sério (...) pelas crenças religiosas, o que leva a uma crescente ideologia que procura impor ou conduzir o diálogo inter-religioso para uma universalização de uma só crença religiosa.

Esta ideia está muito difundida e é muito popular entre os jovens: a de que o caminho de diálogo pressupõe um caminho de unicidade. A ideia de que o diálogo inter-religioso tem em vista a criação de uma religião universal e única. A ideia de que as religiões caminham todas para o mesmo fim e buscam as mesmas coisas. Esta ideia pode ser defendida por muitos, mas não passa de uma fantasia. As várias religiões têm entre si mundividências muito distintas e, como tal, propostas muito diferentes para o mundo.

Paralelamente, esta ideologia tem-se desenvolvido nos jovens com uma outra: a do fanatismo religioso, com as consequencias que tão bem conhecemos.

Na minha opinião, a imposição da unicidade religiosa e o fanatismo religioso são duas faces da mesma moeda. Tanto uma como a outra, de diferentes maneiras, não reconhecem a multiplicidade e não dão o direito ao outro de viver de forma diferente. Ambas rejeitam a liberdade de expressão:
- a primeira porque rejeita que se considere que as religiões são, de facto, diferentes.
- a segunda porque, ao defender o que considera verdadeiro, não permite que o outro escolha livremente o contrário.
As duas são intolerantes, porque não respeitam o outro e a liberdade da diferença do outro.
(...)
Parece-me que todos teriamos mais a lucrar se assumíssemos as divergências existentes e cerrássemos fileiras em relação a como podemos conviver todos apesar das nossas diferenças. (...) E isto é mais do que uma convicção, é, na minha opinião, uma evidência.

Tiago Oliveira (por cbs)
posted by @ 1:47 da tarde  
2 Comments:
  • At 7 de dezembro de 2008 às 15:07, Blogger cbs said…

    A questão pode pôr-se na veemencia com que se vincam as diferenças, que pode ir até ao fanatismo - obrigar o outro, para o bem dele - ou se vincam os pontos em comum, passando por cima das diferenças, relativizando-as até ao limite em que se diluem.
    Muita gente, e eu por vezes, pensa que não se deve falar na diferença, para não alimentar o conflito. Isto é cobardia que, como diz o Tiago, pode redundar me intolerancia por duas vias, a da unicidade e a da diferença fanática.

    Concordo contigo, Tiago, para haver paz é preciso aceitarmo-nos mutuamente, mas isso obriga a fazermos o reconhecimento de onde nós estamos, isto é, daquilo que, sujeito à deformação dos tempos, das culturas, resiste e permanece em cada um de nós.
    E só dessa forma é possivel ser verdadeiramente tolerante e permitir a liberdade.

     
  • At 8 de dezembro de 2008 às 14:38, Blogger Pedro Leal said…

    "todos teriamos mais a lucrar se assumíssemos as divergências existentes e cerrássemos fileiras em relação a como podemos conviver todos apesar das nossas diferenças".
    Este é o caminho óbvio, digo eu, mas nada fácil. Por exemplo, lembro-me de uma vez ler a representante do comunidade judia defender que a tal base para a sã convivência entre todas as religiões seria a renúncia a qualquer tipo de proselitismo. Ora isto é impensável para os cristãos. Cristo mandou que levássemos o Evangelho "até os confins da Terra". Ou seja, nem com os judeus, que teoricamente são os mais próximos de nós, o acordo é fácil.

     
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