segunda-feira, março 31, 2008
Anjo
















Duane Michals
posto por Vítor Mácula
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desconsolado
" - Mas então vivemos num lugar abandonado por Deus - disse desconsolado.

- Encontraste-os esses lugares onde Deus se sentiria à vontade?"

"O Nome da Rosa", Umberto Eco (tradução de Maria Celeste Pinto, Edição Difel, pag. 151)

timshel
posted by @ 6:00 da manhã   3 comments
quinta-feira, março 27, 2008
Shame on You!
Desde sempre, como sempre, é a política que divide.
Entusiasmamo-nos e respeitamos liturgias, credos e tudo o que é etéreo. Mas desça-se à ética e à política e isto parece um concílio. Quando se fala de religião até se é tolerante: A nossa senhora é dissecada mas tolerada. Às garagens torce-se o nariz, mas de forma carinhosa. Critica-se o papa, mas todos sabem que faz parte da tarefa dos rebeldes. Expõe-se a saloíce evangélica, mas somos na verdade povão. Mas o caldo entorna-se quando se mexe na política. Estivéssemos noutros tempos e era para a fogueira com os protestantes e afogavam-se os católicos.
Shame on you!
Beguina
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quarta-feira, março 26, 2008
Estou-me nas tintas
Depois de re-ler o poste de despedida do Tiago e as várias respostas, venho me declarar. Estou-me nas tintas relativamente à sua saida. Eu cá fico até se apagar o blogue. O mais provável é que eu passe despercebido e até mal entendido, mas é assim a vida. E como a igreja se constroi com pedras vivas e não por meios humanos, mas antes pelo obra do Senhor, quem sou eu seguir atrás de um homem... ou vários que se ofende(m) com a posição de uma pedra outra?

Que eu percebi, segundo o convite que recebi, o propósito deste blogue era manter uma conversa entre pessoas que se consideravam cristãos por confissão pessoal, ou seja, que acreditassem em Cristo como salvador e Senhor. Cá para mim, a proposta persiste embora a pessoa que nos convocou já se tenha ausedntado um pouco amuado. Afirmo ainda que tenha uma grande am izade para com o Tiago, não foi por sua causa que entrei e muito menod por sua causa sairei. Tenho aprendido, tenho levado mal e tenho sido levado mal mas nunca me ofendi de tal maneira de que considerasse inútil o exercíso de conversar com irmãos na fé. Podemos discordar, e investigar a nossa fé "à porrada" e posso participar ou apenas observar, mas desitir? Só desisto quando deixar de respirar (e por isso, não adianta nada suster a respiração, que não acompanho). Entretanto, se o blogue for apagado, paciência, continuarei a procurar o dialogo e assim seja.

Já não há quem se chateie comigo se porventura me esqueço de assinar, mas pelo esquecimento anterior e com humilde contrição... subscrevo-me com os melhores cumprimentos e muito afecto, mas não me despeço.
-SCOTT
posted by @ 11:42 da manhã   3 comments
segunda-feira, março 24, 2008
Igreja
Era uma gaiola de rede metálica, enorme. Sem tecto. Nem chuva. E nada se passava lá dentro. Seres humanos. De fora. A defendiam. Percebem. Algo iria surgir lá dentro. Do nada. Assim então a defendiam. Era necessário vedar aquele espaço de futuro. Daí a rede. Defendê-lo. Daí aquela ser metálica. Necessário olhar o espaço. Esperar. Era um ofício repleto de paciência. Até que um dia as toupeiras enlouqueceram. Não se sabe se todas ou se apenas algumas. Nem sequer o motivo. Talvez desesperassem. Surgiam do solo às centenas. E atiravam-se às redes da gaiola. Subiam. Saltavam para dentro. Pareciam querer destruir o que ainda não acontecera. Centenas de toupeiras raivosas amontoando-se na gaiola. Como cadáveres das valas comuns em tempo de peste, levantando-se num clamor de morte injusta, inaceitável. Qualquer coisa do género. Centenas de toupeiras a boca em espuma mordendo e roendo. Centenas de toupeiras escavando e arranhando o solo como se este tivesse que desaparecer. E os seres humanos atiravam veneno às pázadas, veneno branco e ácido. No entanto parecia inútil. Era como se por cada toupeira morta aparecessem dezenas, obsessivamente. Um dos seres humanos empunhava um revólver, disparando contra as toupeiras loucas. Outro lançava gasolina para cima delas e ateava-lhes fogo. E outro ainda, quase tão enlouquecido como as toupeiras, ou talvez com a volúpia de mártir que aquela excitação poderia instigar, subiu pela rede e atirou-se para o meio das toupeiras, urrando e batendo e mordendo, e finalmente desaparecendo por entre elas. E foi então que um dos seres humanos teve uma iluminação, uma daquelas intuições em que a percepção se funde com o entendimento numa compreensão imediata. Clara, súbita e inquestionável. Talvez num sonho, vira-se a si-próprio toupeira, as patas curtas e o focinho afunilado, e uma raiva sem objecto a corroer-lhe a paciência. Mas sobretudo, aquela escuridão visual, quase absoluta, e aquela intensificação sensorial do tacto, do olfacto e da audição, transformando-lhe a consciência e o pensamento dum modo que ele agora apenas pressentia, entrevia, se assim se pode dizer. De qualquer modo, sentiu-o o suficiente para deduzir o sentido da situação. Compreender. Perceber. Que o acontecimento tão esperado, o acontecimento tão preparado, eram as toupeiras. A cegueira. Qualquer coisa de súbito, de fulminantemente transformador. E a pouco e pouco, talvez numa clareza induzida pela inutilidade do esforço, todos os seres humanos acabaram por entender a situação, ou agir como tal. Por intuição, ou raciocínio, ou apenas cansaço. Desistência. E sentaram-se todos olhando o espaço de futuro agora presente, olhando as toupeiras entrando na gaiola, guinchando e espumando. Até que a última toupeira entrou, e os seres humanos colocaram então um tecto na gaiola, e as toupeiras lá dentro, uma gaiola enorme e selada e os seres humanos adormecendo sem espera nem receio ou raiva. E caiu a primeira gota de chuva. Do lado de fora do sono humano. E já não havia espaço nem tempo para poder dizer: até que um dia, ou sequer a palavra “fim”. Uma espécie de hiato, como o intervalo de substituição duma corda de guitarra que se quebre a meio duma cantiga que entretanto se esquece. Uma espécie de inexistência. A cegueira. Supõe-se que quando acordarem, estarão, por dentro, no mesmo momento que quando adormeceram. E, por fora, totalmente noutro momento. É realmente um ofício repleto de paciência.
Vítor Mácula
posted by @ 10:45 da manhã   3 comments
domingo, março 23, 2008
Pascoais.
Passam paixões-de-Cristo em fita,
Com louros, ianques nazarenos,
Tipo hippie, krishna, que a Deus irrita,
E a cruz merecem, pelo menos,

Enquanto o clã de classe média
De amêndoas doces diarreia-se,
Entre os franceses primos, tédio, a
Avó que vive, ou não: drageia-se,

Pra celebrar o sacrifício
De morte e ressurreição crísticas;
Pra expiação do nosso vício:
Chocolatadas eucarísticas,

E o de folgar em pagãos dias,
Segundo césares epilépticos,
E ocidentais, vãs liturgias
De pasteleiros catequéticos,

Provando o humano erro, inda vivo,
Plo qual Jesus sangrou Sua vida,
E ao Céu subiu, Deus redivivo,
Pla gente hipócrita, absolvida.

Nuno Fonseca
posted by @ 6:07 da tarde   0 comments
quinta-feira, março 20, 2008
Na Missa desta Quinta-Feira Santa, ocorre-me que, antes de seguir o exemplo de serviço de Nosso Senhor, talvez fosse importante permitirmo-nos ser servidos por Ele.


[Venho eu, em plena Semana Santa, tomar o meu lugar a esta mesa e encontro a divisão instalada. Talvez seja por vontade de Deus (Lc 12, 49).]

Rui Almeida
posted by @ 9:22 da tarde   2 comments
Do Escândalo.

Voltando para o Reino de Deus, onde todo o cristão mora em esperança do Dia, vim apenas lembrar os essenciais da nossa fé aos que entre nós crêem no que acreditam:


'Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Deus. Porque está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua louvará a Deus. Assim, pois, cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus. Portanto não nos julguemos mais uns aos outros; antes o seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao vosso irmão'(Rom14:10-13).


O escândalo, na linguagem neotestamentária, é um lexema usado com mais ênfase na voz de Jesus Cristo, nas suas constantes exortações aos apóstolos, e aos mais que O escutavam:


'E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar de mim' (Mt11:6).


A mim, parece-me que o escândalo é a medida da nossa intimidade com o Espírito Santo, com a Verdade da Palavra, e com o Pai reconciliado, e, por vezes, sofro com o meu escândalo quando não reajo com a temperança e paciência que o meu Senhor mostra diante dos meus erros. Deprimo-me ainda mais quando revejo o meu escândalo nos meus irmãos, e concluo que o nosso escândalo é comunitário enquanto igreja ocidental e pós-moderna, e, muito francamente, duvido que a nossa atitude para com os incrédulos, os desviados, os homossexuais, os criminosos, os impuros, os extremistas, os abortistas, e todas as mais vítimas da nossa humanidade, seja a que o Nazareno mostraria, Ele que gozava a companhia de alcoólatras, idólatras, sexólatras, não vendo escândalo em mostrar-se entre eles santo e redentor. Doo-me mais quando recordo a igreja perseguida, que habitou as catacumbas do Império Romano, migrou pela Inquisição, e hoje é martirizada pelos ermos do Sudão, e não se escandaliza pelas nossas manicurices de cristãos do 1º mundo.

Maior é a obra do Espírito Santo dos massacrados em nome de Jesus, não se escandalizando da opressão do Mundo, e tomando a Cruz sobre os seus ombros, se mantiveram unos com o Salvador, em plena santidade. Mas comparo-me e comparo-nos, e desiludo-me. Porquê?

Pela blogosfera cristã, por exemplo. Perdemos tanta vez a nossa paz por tão pouco. Blasfemamos quando contrariados. Não somos calmos para quem nos calunia. Não nos calamos quando o descrente injuria. E, sobretudo, não avançamos em frente quando não seminamos o Evangelho em quem precisa, mas não o aceita. Mais: prendemo-nos em confissões e denominações, reabrimos chagas históricas para provar supremacias eclesiásticas no favor divino, examinamos a fé e a vida do irmão não admitindo que no-lo façam, e mostramos o nosso lugar no Corpo como estatutário e titular, esquecendo que à margem da Deus, isso nada vale, ainda para mais numa sociedade ateia e relativista como a nossa. Alturas houve em que não me revi na pessoa que blogava com o meu nome no Trento na Língua, e não vi edificação que se discutia, e sobretudo se disputava. Queria um repensar da fé nos católicos e uma reconciliação com os protestantes, mas nunca fomos além dos almoços em Alcântara, sem as abdicações e reconsiderações que o ecumenismo pede além das refeições. E isto tudo num blogue.

Mas penso que o Tiago tem neste blogue um fruto do Paracleto. Este lugar tem que existir na pós-modernidade, não como o José o propõe, que é uma promoção do cristianismo-evangélico e do protestantismo português por mera misericórdia e pena dos romanistas nacionais que se sentem culpados da Inquisição ainda que teologicamente superiores e como se Deus se preocupasse com isso, mas antes uma comunhão entre cristãos que mais se interessam pela emergência que se sente neste país por Jesus Cristo e por uma Igreja cristã que O represente, quando não a há no espaço físico. E isto tudo é o Trento.

Não nos escandalizemos: sejamos santos.
Vimos tudo o que o Mundo é capaz. Não o que Deus pode em nós.

Nuno Fonseca
posted by @ 1:20 da tarde   2 comments
post pós-conciliar
Este post que é o meu último post aqui e, quem sabe, na blogosfera, é um post escrito a quente, directamente no coiso e é assim porque, deixem-me dizê-lo assim, fiquei fodido com o Tiago Cavaco. O Trento, para que saibam, foi uma ideia de ambos mas foi uma criação dele. Em que eu alinhei sabendo que os propósitos desta coisa serviam-lhe muito mais a ele e aos evangélicos do que a mim e aos católicos. Este espaço destinava-se sobretudo a dar relevância cultural e ideológica aos evangélicos portugueses e nós católicos estivemos aqui sabendo isso perfeitamente, desde início, cumprindo o nosso papel de ponto e contraponto, às vezes o papel de côro grego, por amizade certamente, mas sobretudo porque achámos justo que assim fôsse, achámos justo que os evangélicos tivessem aqui um espaço onde não fossem esmagados pela sua irrelevância estatística e menoridade teológica. Eu vi ou julguei ver no Tiago Cavaco um sentido de missão que era arrancar os seus confrades das garagens, subcaves e acampamentos e trazê-los para aqui onde, lendo os seus melhores a conversar fraternalmente com os católicos de serviço, poderiam criar uma certa e nova maneira de serem pertença da cristandade portuguesa e não meros enclaves de cristandades de além-mar. Foi por isso e para isso que eu alinhei nisto e alinharam também os meus outros irmãos católicos. Aliás ainda bem que o fizémos porque neste ano e picos em que por cá andei, mudei completamente o meu conceito de ecumenismo percebendo finalmente que não é a esbater as diferenças, relativizando o carácter distintivo da nossa crença, que se consegue a unidade dos cristãos, e sim fazendo o contrário precisamente. Isto era algo que o Tiago Cavaco me dizia já há anos mas foi aqui que eu o percebi inteiramente e por isso lhe estou grato.
Agora o que eu não posso admitir é que por causa duma Zazie e, muito menos, por causa dum Bush Jr., venhas agora, ó Tiago, pôr têrmo à obra que fizeste e em que nós colaborámos com boa vontade, assim, abruptamente, publicamente, sem aviso nem discussão prévias. Aliás nem acho muito convincente vires agora querer enfiar à Zazie a touca de Salomé nem Bush é gajo para que tu diminuas para que ele seja grande pois grande nunca ele será. Agora se para ti a Atlântico ou lá como essa merda se chama é mais importante do que isto, então também te digo que tenho muito mais e melhor do que fazer do que a gastar aqui o meu verbo escasso. E usando exactamente o mesmo meio que tu, ou seja este mesmo, digo-te para te ires lixar.
Mas não quero acabar sem dizer à comunidade evangélica que este triste acontecimento não muda a imagem que guardo de vocês, gente honesta como eu já pensava e gente mais divertida do que eu fazia ideia. Fiquei definitivamente a simpatizar com vocês, ainda mais do que antes. A sério. Mas não estive aqui apenas para Ad Majorem Dei Gloriam, eu diverti-me bastante enquanto por aqui andei e agora vou-me divertir para outro lado. Então adeuzinho a todos.

josé
posted by @ 11:37 da manhã   6 comments
Flannery XIV (do temperamento)
(desculpem lá eu enfiar esta última flannerice que me faltava ainda postar, assim à socapa e mudando a hora e tudo - são agora 15h20 e não 11h30 - para ficar antes do meu último post; não costumo fazer isso mas prometo que não repito...)

When people think they are smart - even when they are smart - there is nothing anybody else can say to make them see things straight, and with Asbury, the trouble was that in addition to being smart, he had an artistic temperament.

josé
posted by @ 11:30 da manhã   0 comments
O eterno retorno
“Então! Caíste dos céus, astro brilhante, filho da aurora!” Isaías 14-12

Na blogofosfera voga por aí, desde o princípio, uma velha estrela cadente, que em tempos adorei, mas que aparenta de facto o anjo caído; é brilhante, é vaidosa, mas move-se pelo ciúme e a luz que brilha é negra. Gosta mais de dividir e em encontrando discussões de amigos, insinua-se pelo meio, lambendo uns, rosnando a outros.
Claro que uber alles, nunca lhe ocorre pedir desculpa – ela cujos melindres se excitam à flor da derme – julga-se sempre a ultima bolacha do pacote, detendo também uma curiosa necessidade adicional de evacuar palavreando. Enfim...

O Tiago Cavaco é um homem bom, íntegro, e como toda a gente tem direito ao tratamento digno. O Tiago e o CC são amigos, meus amigos, e do melhor que conheço.
Nenhum deles merecia a velha.
Enquanto não voltares Tiago, também eu não escrevo mais no Trento.

cbs

posted by @ 11:25 da manhã   24 comments
quarta-feira, março 19, 2008
Dar parte de
Bush é a minha fraqueza. Porque apoiar a Guerra do Iraque teve para mim um carácter de sair do armário ao mesmo tempo que significou o deslumbramento por pertencer a um grupo de gente elegante (blogger, reaccionário-chic). Cinco anos depois é, todavia, fácil desrespeitar um momento que, por muito patético que seja, detém razões importantes.
Não deixei de ser a favor da Guerra do Iraque. Não me parece que os seus detractores, a quem lhes cabe o mérito da coerência, vençam incontestavelmente a discussão só porque a opinião geral segue na mesma direcção. Seria tudo muito simples. Lamento que nesta história me pareça que há muito pouca gente interessada em discutir o assunto com razoabilidade. No entanto, não vou negar que Bush é a minha fraqueza e que mesmo num contexto de um blogue sobre religião seja mais fácil sentir-me lesado por uma crítica que lhe é feita do que por uma qualquer opinião de alguém que veja como blasfema. Em consciência isto não me parece justo e esforço-me para que não continue. Mas não o nego.
O Carlos Cunha atacou o assunto com consciência que me apanhava. Acusei o toque, mencionando que o seu tom me era ofensivo. Até porque misturado com a minha sensibilidade regional está uma sensibilidade global que lamenta que alguém poste num blogue do qual faço parte um Presidente Americano ou outro cidadão qualquer esticando o dedo médio. Mencionei isso também. O José aproveita para dar prosseguimento ao fenómeno. Lamento-o profundamente. Lamento profundamente o que me parece ser cinismo frontal de quem não sabe reconhecer num pedido ou numa queixa um verdadeiro apelo cristão.
Sempre defendi aqui o Ecumenismo da Porrada, vocação para a qual considero este blogue talhado. Mas na minha visão do Ecumenismo da Porrada não está ausente um ponto prévio: a caridade cristã. Esta caridade permite que se discuta violentamente a nossa fé e a dos outros mas que não nos mantenhamos surdos a quando alguém nos pede algo. A história dos crentes fracos e fortes das cartas de Paulo. Os fortes devem respeitar os fracos. Por isso fui a favor da expulsão do Nuno Fonseca quando postou textos indefensáveis ligando o Catolicismo ao Nazismo (não deixa de ser revelador que foram precisamente católicos como o José que sempre relativizaram a importância do que uma expulsão afirma). Ora os postes que se têm seguido ao meu "acusar do toque" têm sido, na minha perspectiva, completamente desprovidos de caridade. O tal cinismo do qual nos últimos tempos me passo a vida a queixar. Não estou disposto a participar num blogue cristão sem personalidade cristã. E ligar textos que posto na Voz do Deserto para o expediente cismático do Trento é igualmente clarificador para quem não quer discutir ou sequer compreender mas tão somente acusar (não há problema com o mecanismo em si mas é insuficiente quando os interlocutores se melindram).
Uma nota para a Zazie. Tenho, não com total sucesso, tentado evitar mencionar directamente a Zazie desde que ela me ofendeu num post do passado, do qual nunca se retratou. Devo dizer que acho a Zazie uma blogger fantástica, que aprendo imenso com ela, e, pior, que concordo com ela mais vezes do que desejava. Mas, como o José já referiu certeiramente numa polémica anterior, a Zazie tem uma qualidade satânica que não devemos ignorar. Na minha visão, a Zazie não é íntegra. A Zazie não é inteira. A Zazie não mostra fidelidade a nada. A Zazie defende a Igreja Católica mas não assume a Fé Católica e isso não vale nada. Mais. As opiniões da Zazie sobre o protestantismo evangélico são tão abalizadas como as minhas opiniões sobre a menopausa ou a situação profissional dos docentes da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Volto a dizer: a Zazie não é inteira. A Zazie é apenas uma parte. A Zazie é uma alma penada. A Zazie é um morto-vivo. A Zazie é um cérebro fora da caixa craniana. A Zazie é uma língua. A Zazie é uma papila gustativa. Por tudo isto não quero nada com a Zazie e com as suas elocuções descarnadas com travo estetizante, embora a minha velha natureza se ressinta. Citando a minha amiga Carla Quevedo, gostava de reanimar esse apelo eminentemente evangélico: getalife.
Sou agora eventualmente o cristão fraco escandalizado pelas acções de outros cristãos que, possivelmente mais fortes e maduros que eu, não merecem a minha debilidade. Mas devo ser honesto com a minha consciência. Em semana santa saio do Trento na Língua.

Tiago Cavaco
posted by @ 10:44 da tarde  
ou esta ainda
Carlos Cunha
posted by @ 12:33 da tarde   19 comments
ou mesmo esta
Carlos Cunha
posted by @ 12:25 da tarde   2 comments
Insultos de comunóide ofendido sempre são melhores que fogueiras absolutistas
Até compreendo que os católicos deste blogue, por falta de sensatez, julguem que a igreja evangélica seja apenas a versão não-romana do Vaticano, em que o protestante mais influente (tipo: presidente americano) nos é uma espécie de Papa, a quem obedecemos uniformemente, e que devemos por ele responder cada vez que ele nos visita o altar, mas aqui constato que os níveis de provincianismo neo-inquisidor quebra já o termómetro trentista.

E como este é mais um caso de 'Antes de moveres o cisco do olho do teu irmão, tira o tronco do teu', peço aos meu manos catós que não me obriguem a repostar fotos do sr Adolfo e bispos romanos de mãos dadas, ou frescos das cruzadas; ambos não evolvendo armas de destruição maciça.

Mas pergunto sinceramente: porque haverão os cristãos evangélicos portugueses de se responsabilizar por um outro, americano, numa decisão de política externa, que nem concerne a fé, que é o único ponto comum com ele?

E se sim, como explicam Giuliani?

Nuno Fonseca
posted by @ 11:46 da manhã   9 comments
ou até esta

josé
posted by @ 11:06 da manhã   1 comments
mas se o problema é da imagem então também temos esta

josé

posted by @ 11:04 da manhã   0 comments
terça-feira, março 18, 2008
Impaciências.

Mano Carlos Cunha, até acertas em muito do que criticas da administração bushista, a que também vejo como um hiato do espírito democrático americano, e embora me faça espécie o estilo PREC-o-panfletário do teu post e a desactualidade desse discurso, nada me maça mais do que a descontextualização desta intervenção no espaço do Trento.


Não sei que estereótipo paróquio-provinciano tens dos protestantes, mas permite-me a pergunta: 'Se eu te disser que sempre fui contra as guerras do Golfo, deixas-me ser cristão evangélico?'


Que fique claro: George Bush é tão Born-Again Christian como o Sénior, ou o Clinton antes dele, ou a Clinton que lhe poderá suceder, ou o Obama que há-de dar alegrias à América.


Se o homenzinho do dedo do meio que aparece na tua foto demonstra o credo da cristandade evangélica, não sei o que farás do catolicíssimo Rudolph Giuliani, que pimpou a guerra pós-setembrista melhor que Hugo Chávez o socialismo de Jesus Cristo.


Nuno Fonseca, um cristão de esquerda
posted by @ 8:16 da tarde   18 comments
a «não-verdade» serve a causa da guerra: 5 anos
Passaram mais de cinco anos de mentiras que conduziram à guerra contra o Iraque. Em 2003 - oh!, ingenuidade - pensava-se que o Iraque não possuia armas de destruição massiva ou que não havia qualquer ligação do regime aos terroristas da Al-Qaeda. Hoje vamos em mais de 4 mil soldados americanos mortos e em 60.000 feridos. Para não falar nos mais de 80.000 iraquianos mortos.
Still counting, como diriam os nossos amigos protestantes, para quem é mais feio mentir sobre o lugar onde a pila esteve recentemente do que deliberadamente construir um embuste que arrasta morte e destruição - para os outros, claro.


«Um diagnóstico: a «não-verdade» serve a causa da guerra
1. Se é exacto afirmar e ninguém duvida disso que a verdade serve a causa da paz, também é indiscutivel que a «não-verdade» anda a «pari passu» com a causa da violência e da guerra. Por «não-verdade» é preciso entender aqui todas as formas e todos os níveis de ausência, de recusa e de desprezo da verdade: mentira propriamente dita, informação parcial e def ormada, propaganda sectária, manipulação dos meios de comunicação e outras ainda.
Será preciso estar aqui a passar em revista todas as diferentes formas sob as quais se apresenta essa «não-verdade»? Bastar-nos-á indicar apenas alguns exemplos. Com efeito, se sucede vermos nascer uma inquietude legítima perante a proliferação da violência na vida social, nacional e internacional, bem como diante das ameaças contra a paz, a opinião pública muitas vezes é menos sensível em relação a todas as formas de «não-verdade» que estão na base da violência e que para esta criam um terreno propício.
A violência está embebida na mentira e tem necessidade da mentira, procurando garantir-se uma respeitabilidade na opinião mundial, mediante justificações totalmente alheias à sua própria natureza e, aliás, com frequência contraditórias entre si. Que dizer, por exemplo, da prática que consiste em impor àqueles que não compartilham as mesmas posições a fim de mais facilmente os atacar e os reduzir ao silêncio a etiqueta de inimigos, atribuindo-lhes intenções hostis e estigmatizando-os como agressores, mediante uma propaganda hábil e constante?
Uma outra forma de «não-verdade» manifesta-se pela recusa a reconhecer e a respeitar os direitos objectivamente legítimos e inalienáveis daqueles que se negam a aceitar uma ideologia particular, ou daqueles que nesse caso fazem apelo para a liberdade de pensamento. A recusa «de verdade» é posta em acção também quando se atribuem intenções de agressão àqueles que manifestam claramente que a sua única preocupação é a de se porem a coberto e se defenderem das ameaças reais que infelizmente existem sempre, tanto na vida interna de uma nação como entre os povos.
Indignações selectivas, insinuações pérfidas, manipulação das informações, descrédito lançado sistematicamente sobre o adversário sobre a sua pessoa, sobre as suas intenções e sobre os seus actos chantagem e intimidação: eis o desprezo da verdade, posto em acção, a fim de desenvolver um clima de incerteza, no qual se pretende constranger as pessoas, os grupos, os governos e as próprias instâncias internacionais a silêncios resignados e cúmplices, a compromissos parciais e a reacções não razoáveis; todas estas atitudes são igualmente susceptíveis de favorecerem o jogo perigoso da violência e de atacarem a causa da paz.

2. Na base de todas estas formas de «não-verdade», alimentando-as e alimentado-se delas, existe uma concepção errónea do homem e dos seus dinamismos constitutivos. A primeira mentira e a falsidade fundamental está no facto de não acreditar no homem, no homem com todo o seu potencial de grandeza, mas também com a sua necessidade de redenção do mal e do pecado que nele existe.
Veiculada por ideologias diversas, muitas vezes opostas entre si, difunde-se a ideia de que o homem e a humanidade inteira realizarão o seu progresso sobretudo pela luta violenta. Chegou-se mesmo a acreditar poder verificá-lo na história. Tentou-se até fazer disso uma teoria. E, progressivamente, passou a ser hábito analisar tudo, na vida social e também na vida internacional, em termos exclusivamente de relações de força e organizar-se consequentemente para impor os próprios interesses. É certo que uma tal tendência, amplamente difundida, para recorrer às provas de força a fim de fazer justiça, muitas vezes é contida por tréguas tácticas ou estratégicas. Todavia, enquanto se deixar pairar a ameaça da violência, enquanto se apoiarem selectivamente determinadas violências, ao sabor dos interesses e das ideologias, e enquanto se mantiver a afirmação de que o progresso da justiça resultará, em última análise, da luta violenta, as matizes, os freios e as selecções acabarão por ceder periodicamente, perante a lógica simples e brutal da violência, que poderá ir até à exaltação suicida da violência pela violência».


da Mensagem de João Paulo II para o «Dia Mundial da Paz» - 1º de Janeiro de 1980

história da foto aqui.

Carlos Cunha

posted by @ 2:28 da tarde   24 comments
segunda-feira, março 17, 2008
Fazei o mar deflagrar nos rios, e não esboroar as suas margens
- Você é muito ecuménico, disse-lhe a pastora com o seu eclodido sorriso que tanto o contaminava, acompanhando-o com o seu também habitual gesto de braços que lhe fazia estalar a capa e dava a impressão que abraçando o ar, como que abarcava o mundo inteiro num anelo de amor e comunhão.

Depois riu-se e bateu-lhe carinhosamente na coxa, sentados que estavam lado a lado na assembleia vazia, enquanto ele sorria não apenas perante ela, mas perante aquela palavra cujo significado desconhecia, e que lhe despoletara imagens de campos e cavaleiros em contenda por fluxos contidos de ecus e poder, patacas e colonizações.

- Que coisa é essa? perguntou ele com um sorriso quase riso, Algum conceito protestante que desconheço?

Ela quedou-se olhando-o num pequeno estarrecimento, talvez pelas largas conversas teológicas e bíblicas já ocorridas, ou por ele ser um católico que já há quase dois meses era presença certa nas suas celebrações dominicais e outros convívios, partilhas e serviços.

- Mas você vem donde? exclamou, De marte? brincadeira que rimava de facto com a presença dele, aparecido sem mais naquele subúrbio laranjeiro, num quarto alugado como que sem motivo e por acaso. Ainda nunca calhara terem conversas mais biográficas, o que naquele momento também não lhe pareceu oportuno, e com novo abraço aéreo e global continuou Mais ou menos, e riu, Historicamente foi iniciado por protestantes. Ecumenismo é a relação entre as igrejas cristãs, com vista a uma possível unidade.

Ele estremeceu. Ah, havia isso? Interessante, comentou, vou-me informar, e conseguiu facilmente, dada a delicadeza dela, desviar a conversa para outros assuntos e decisões. Porque sabia, isso já percebera, que a unidade era uma categoria extremamente perigosa nas suas efectivações, orientação de comunhões abertas assim como de massificações alienantes, de diálogos na mutualidade assim como de manipulações despóticas, tal como o abraço de Jessica, a pastora, era de amor e alegria, mas o mesmo gesto noutro modo era a acção mais costumeira de estrangular o outro até à morte de ambos.

Como tantas vezes, a associação livre que lhe ocorrera, com os cavaleiros e suas espadas de sangue e domínio, rimava com os conteúdos analíticos da reflexão.

E naquela mesma noite, orou por unidades amorosas que fecundassem o mundo de supresas e destemores, pétalas de anjos que caíssem no rosto da humanidade raivosa.

Não sabemos a que horas adormeceu, nem o que leu ou não leu antes, mas uma coisa era certa: ele iria informar-se.

Vítor Mácula
posted by @ 11:34 da manhã   3 comments
sábado, março 15, 2008
Síndrome de Jerusalém
Há uma desordem mental chamada “Síndrome de Jerusalém”: uma pessoa chega, inala o ar puro e maravilhoso da montanha e de repente, inflama-se e pega fogo a uma mesquita, a uma igreja ou a uma sinagoga.
Ou então tira a roupa, sobe a um rochedo e começa a fazer profecias.
Já ninguém escuta.
Mesmo hoje em dia, mesmo na Jerusalém actual, em qualquer fila de autocarro, é provável que surja uma exaltada conferencia na via pública, entre pessoas que não se conhecem de nenhum lado, mas que discutem Politica, Moral, Estratégia, História, Identidade, Religião e as verdadeiras intenções de Deus.
Os participantes nessas conferências, enquanto discutem politica e teologia, o Bem e o Mal, tentam no entanto, abrir caminho à cotovelada até aos primeiros lugares da fila.
Toda a gente grita, ninguém ouve.

Amos Oz, Contra o fanatismo (memória inspirada por uma conversa com o CC... sobre chacinas)
cbs
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sexta-feira, março 14, 2008
A primeira pessoa, que é o Padre, é fecunda, e gera o Filho.
A segunda, que é o Filho, é também fecunda, e juntamente com o Padre produz o Espírito Santo.
Mas no Espírito Santo, que é a terceira, pára e cessa de tal sorte a divina fecundidade, posto que infinita e imensa, que não pode gerar, nem produzir outra que seja a quarta.

Vieira, Sermão Gratulatório a S. Francisco Xavier, Sermões XV (p.131)
cbs
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quinta-feira, março 13, 2008
Flannery XIII (ainda sobre a escrita)
St. Gregory wrote that every time the sacred text describes a fact, it reveals a mystery. This is what the fiction writer, on his lesser level, hopes to do. The danger for the writer who is spurred by a religious view of the world is that he will consider this to be two operations instead of one. He will try to enshrine mystery without the fact, and there will follow further separations inimical to art. Judgment will be separated from vision, nature from grace, and reason from imagination.

josé
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Flannery XII (da escrita)
Don't think I write for purgation. I write because I write well.

josé
posted by @ 5:08 da tarde   1 comments
por falar do Mal e em ler

aconselho a leitura do grande livro do escritor católico Cormac McCarthy, "Este País Não É Para Velhos" (ou "No Country For Old Man", para protestantes e para o Luís Sá), de preferência antes de verem o filme dos irmãos judeus.
Sim, católico. O Cormac, além de ser o maior escritor americano da sua geração (mete o Philip Roth a um canto), é católico (fiquem lá com o Kaká). E isso nota-se na forma como dribla os adversários, perdão, no que escreve.
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«Christifideles ergo cooperentur ut culturæ manifestationes actionesque collectivæ, quæ nostræ ætatis sunt propriæ, spiritu humano et christiano imbuantur* ** (Gaudium et Spes, 61).
* «Colaborem, portanto, os cristãos, a fim de que as manifestações e actividades culturais colectivas, características do nosso tempo, sejam penetradas de espírito humano e cristão».
** versão para protestantes: «Let Christians cooperate so that the cultural manifestations and collective activity characteristic of our time may be imbued with a human and a Christian spirit» (Pastoral Constitution on the Church in the Modern World Gaudium et Spes, 1965).
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Carlos Cunha
posted by @ 2:02 da tarde   3 comments
verbatin
Ao contrário do que a comunicaçãozinha socialzinha tem vindo a propagar (António Marujo incluído, surpreendentemente), não há qualquer "nova lista" dos pecados mortais ou qualquer actualização dos pecados por parte da temível e retrógrada burocracia do Vaticano. Há, sim, novas formas de pecar, facilitadas pelas inovações tecnológicas, por exemplo (coisa facilmente entendível até por crianças ou mesmo jornalistas - desde que possuam um QI um bocadinho superior ao da Fátima Campos Ferreira, claro).
Como refere a agência ecclesia, que transcreve integralmente a entrevista ao Bispo Gianfranco Girotti publicada no jornal L’Osservatore Romano, «a notícia que correu mundo nos últimos dias, sobre uma "nova lista" de pecados mortais/capitais baseia-se numa entrevista do Bispo regente do Tribunal da Penitenciaria Apostólica, D. Gianfranco Girotti, ao jornal do Vaticano L’Osservatore Romano. Não se trata, como foi noticiado, de um decreto do Vaticano, mas de uma peça do jornalista Nicola Gori, que leva como título “As novas formas do pecado social”».
Repare-se no que diz o Bispo: «Há muitas áreas dentro das quais, hoje em dia, vemos atitudes pecaminosas a respeito dos direitos individuais e sociais. Acima de tudo na área da bioética, dentro da qual não podemos deixar de denunciar algumas violações dos direitos fundamentais da natureza humana, através de experiências, manipulações genéticas, cujo êxito é difícil vislumbrar e ter sob controlo.
Uma outra área, propriamente social, é a área da droga, através da qual se enfraquece a psique e se obscurecer a inteligência, deixando muitos jovens fora do circuito eclesial. Mais ainda: a área das desigualdades sociais e económicas, nas quais os mais pobres ficam cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos, alimentando uma insustentável injustiça social; a área da ecologia, que se reveste hoje de um interesse relevante
».
Lêde, pois.

Carlos Cunha
posted by @ 1:40 da tarde   7 comments
Louvor Alternativo p/a Pós-Modernidade.
Sendo filhos dum Deus criador, há que louvá-lo criativamente, perfumando a terra com ao Aroma de Jesus que é a Igreja, não estagnando na estância e instância, mas fazendo fluir o Espírito Santo espontaneamente neste século e realidade, para a glória do Senhor que nos mostra o Seu Reino como a alternativa ao mundo.




Nuno Fonseca
posted by @ 1:14 da tarde   0 comments
quarta-feira, março 12, 2008
Alguém me explique?
Sob o tema dos novos pecados mortais:

..."Confissão em 15 ou máximo 20 dias antes ou depois de cometer o pecado, comunhão, oração segundo as intenções do papa, pureza e caridade", disse o clérigo.

- monsenhor Gianfranco Girotti, responsável pelo tribunal da Cúria Romana
numa reportagem do jornal BBC

O que quero saber é o significado do tal "antes" (ênfase minha). Quer dizer, posso fazer o que quiser desde que vá à confissão com antecedência? Isto era incentivo para me tornar católico se não fosse tão ridículo. Pouças! Pequemos, que a graça abunde!

-Scott
posted by @ 9:18 da manhã   11 comments
segunda-feira, março 10, 2008
O sentido do amor depois de Cristo
“Mas eu creio que o amor é isso, Susana. Não poder repousar por causa do mistério dum ser!... Eu queria aceitar-te completamente, no que é claro e no que é obscuro, em tudo o que conscientemente me dás e em tudo o que implica a tua simples existência. O facto de seres minha não impede que sejas tua, doutra sorte não serias mais do que uma coisa. O meu ciúme acabaria por negar-te o carácter de ser humano. E é um ser humano que amo. E não te imagino subjugada, mas livre e como que repetindo a cada instante o sim do nosso matrimónio.”
Paul André Lesort, Les reins et les coeurs - 1946

O significado ultimo do amor autêntico não consiste pois em submeter alguém. Consiste em promovê-la. Eis para mim uma lição de Cristo, talvez aquela que mais me tocou.

O erro de Sartre - lá estou eu com os erros dos filósofos, lol - estará em ter definido o amor mais como posse do que como promoção. Não terá compreendido bem o papel do sofrimento no amor: está ligado ao exercício da generosidade e não só ao insucesso do desejo de dominar (lá vejo Nietzsche a influenciar…).
É o amor que renova e recria, por excelência. Por isso, está ligado ao sacrifício, que adquire o valor duma verdadeira experiência metafísica. Não há amor sem mortificação, isto é, sem a destruição voluntária do egoísmo. O amor impõe uma desarticulação prévia de si mesmo, e é por isso que amar é também sofrer.
Mas este penoso desenraizar é também um recriar; ao destruir-me, é um outro que se instala em mim, um outro que é mais que eu próprio.

A reflexão cristã, parece-me, reitera a mais simples (e profunda) intuição de todos os amantes: o amor é mais forte que a morte e amar é morrer incessantemente, para incessantemente ressuscitar.
Posso enganar-me, claro, mas isto também é Cristianismo…

cbs em tentativa de resposta ao Vitor

posted by @ 7:57 da tarde   3 comments
Deus é Deus de todos os homens, mas nem todos os homens são os seus, senão aqueles que muito intimamente ama e estima. (...)
Do mesmo modo todos os homens são de Deus, mas Deus não é seu de todos, senão daqueles que subidos ao supremo grau do amor e da união são já possuidores nesta vida do mesmo Deus. Tal era Xavier (...)

Vieira, Sermão Gratulatório a S. Francisco Xavier (p.125)
cbs
posted by @ 11:57 da manhã   6 comments
sábado, março 08, 2008
Não esquecer hoje



Tiago Cavaco
posted by @ 4:39 da tarde   1 comments
sexta-feira, março 07, 2008
Desafio às Igrejas
Ontem, em conversa com o Timóteo Cavaco, veio-me à memória uma conferência onde o pastor-professor protestante Dimas de Almeida, falou sobre ecumenismo. Sem tirar uma vírgula da minha fidelidade à Una e Sancta - em nome do uno, não se renega o múltiplo, lol – aqui vai um pequeno texto, crítico até, mas que acaricia as nossas amizades ecuménicas…

“Procura-se falar aqui, pois, de ecumenismo. Palavra que se formou a partir da forma verbal grega oikoumenê (verbo oikeo, habitar), que significa toda a terra habitada.
E isto é já sinal de uma universalidade a ter em conta. Isto é, há um horizonte que transcende o horizonte habitual das igrejas e nelas não se esgota: o ecumenismo, visto assim, implica um dialogo criador entre as Igrejas, por um lado, e o mundo dos homens e das mulheres, por outro. Quer isto dizer que a questão das Igrejas é inseparável da questão do mundo. Apague-se o mundo do horizonte das Igrejas, e estas ficarão reduzidas a uma insignificância total. Não passarão de significantes sem significado.
Foi sem dúvida, uma boa coisa que, particularmente no século XX, se tenha falado de ecumenismo. O assim chamado movimento ecuménico – de origem protestante, há cem anos, e de que o móbil forte era o de restituir a Igreja à sua missão – contribuiu notoriamente para criar um novo clima entre as várias confissões cristãs.
Que pessoas – que durante séculos se insultaram, se desprezaram e até se perseguiram e mataram em nome de Jesus Cristo – se tenham posto a dialogar com o objectivo de se aproximarem, eis uma coisa importante. Essencial mesmo.

Essa passagem do anátema ao diálogo revestiu-se, sem duvida alguma, de um valor enorme. Foi de facto, importante passar a a designar o seu vizinho como um irmão – ainda que, mesmo como um irmão separado, expressão sempre carregada de uma grande ambiguidade, por não se saber muito bem onde era posta a tónica, se no irmão, se no separado – e deixar de o ter como um herético ou um cismático.
Mas é também significativo – que o chamado movimento ecuménico tenha há já muitos anos começado a dar a impressão de um esgotamento. O que se tem registrado ao nível do chamado ecumenismo oficial. Este parece ter caído num impasse, na medida em que tem ficado, contínua e permanentemente, dominado por um instinto de auto-salvação, segundo o qual, mais importante do que o Evangelho, é a preservação de muita coisa que pouco ou nada tem a ver com ele."

Dimas de Almeida, O diálogo das Igrejas 2005
cbs
posted by @ 12:37 da tarde   2 comments
quinta-feira, março 06, 2008
Já que os católicos não se mexem
Vítor Mácula a blogger do Trento!

Tiago Cavaco
posted by @ 4:55 da tarde   5 comments
quarta-feira, março 05, 2008
Que é como quem diz
Pena os que choram lágrimas de sangue não terem os teus bíceps.

Tiago Cavaco
posted by @ 4:13 da tarde   3 comments
Teste de Virilidade.
Tiago, com o devido respeito, homens a sério choram lágrimas de sangue, aqui, como no jardim de Getsémane, pela 'Sola Scriptura, Sola Fide et Sola Gratia'.

E os meus bíceps são maiores que os teus. Etc.

Nuno Fonseca
posted by @ 12:41 da tarde   3 comments
Programa para o fim-de-semana
Depois de devidamente assoados, rumem, crentes e pagãos, à palestra na Igreja Baptista de S. Domingos de Benfica onde a Carla Quevedo e o Pedro Sobrado falarão sobre Carisma. Sábado, 19h. Serão benvindos.

Tiago Cavaco
posted by @ 12:10 da tarde   0 comments
Eu passo-te o lenço, Nuno
Tenho pena que os protestantes no ano do Senhor 2008 se esbanjem em choraminguices. Sola Scripta, Sola Fide e Sola Gratia, digo eu. Mas, já agora, com "religião corporativa, eurocêntrica, autoritária".

Tiago Cavaco
posted by @ 11:43 da manhã   0 comments
A Título de Exemplo:
Escutava a Palavra pregada pelo pastor da igreja baptista da cidade, que conhecera recentemente a minha decisão em dar esta vida a Jesus, e que, após pôr termo à oração de despedida, falou-me na mudança a fazer na minha pessoa para receber a graça de Deus:

1. Trocar de óculos (Vogue, transparentes);
2. Tirar os brincos (de preto);
3. Escolher outro chapéu (militar, esquerdista).

Tudo o que desejava era um renascimento espiritual em Cristo, e, em vez, deram-me um Extreme-Makeover, versão retro-heterossexual.

Isto vindo da mesma comunidade que em pleno Portugal pós-revolucionário se dividiu pelas mulheres que não ficaram caladas, e insistiam no pecado de vestir calças e ir ao cinema.

Repensemos.

Nuno Fonseca
posted by @ 10:43 da manhã   3 comments
terça-feira, março 04, 2008
Repensar a Igreja.
Eram os meus últimos segundos enquanto ateu, e ao ler choradamente a Palavra pela primeira vez, na biblioteca da Faculdade de Letras—ali, quando Jesus Cristo Se me revelava naqueles versículos, e enquanto o Espírito Santo adentrava o meu íntimo, que convertia a cada suspiro—cismei: como pôde culminar a vida e obra deste nazareno, tão antirreligioso, contracultural, e marginal ao status-quo—numa religião corporativa, eurocêntrica, autoritária?

Pensava: Jesus é o maior revolucionário de sempre, e a força do Cristianismo é a do escândalo dum nazareno pobre, que tratava o Senhor de Israel por Papá, e mostrou-Se o Deus que disse 'Eu Sou' antes da Criação—que venceu o pecado na Cruz, e a morte pela ressurreição, e que prometeu conquistar o mundo com o Seu Reino.

Então, e tanto como agora, questiono: Haverá uma igreja que verdadeiramente cumpra com esta revolução de esperança na Pós-Modernidade—como em Jerusalém, dia do Pentecostes, ano 33?

É tempo para repensar. Amén?

Nuno Fonseca

posted by @ 1:41 da manhã   17 comments
Um blogue de protestantes e católicos.
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