quinta-feira, março 20, 2008
post pós-conciliar
Este post que é o meu último post aqui e, quem sabe, na blogosfera, é um post escrito a quente, directamente no coiso e é assim porque, deixem-me dizê-lo assim, fiquei fodido com o Tiago Cavaco. O Trento, para que saibam, foi uma ideia de ambos mas foi uma criação dele. Em que eu alinhei sabendo que os propósitos desta coisa serviam-lhe muito mais a ele e aos evangélicos do que a mim e aos católicos. Este espaço destinava-se sobretudo a dar relevância cultural e ideológica aos evangélicos portugueses e nós católicos estivemos aqui sabendo isso perfeitamente, desde início, cumprindo o nosso papel de ponto e contraponto, às vezes o papel de côro grego, por amizade certamente, mas sobretudo porque achámos justo que assim fôsse, achámos justo que os evangélicos tivessem aqui um espaço onde não fossem esmagados pela sua irrelevância estatística e menoridade teológica. Eu vi ou julguei ver no Tiago Cavaco um sentido de missão que era arrancar os seus confrades das garagens, subcaves e acampamentos e trazê-los para aqui onde, lendo os seus melhores a conversar fraternalmente com os católicos de serviço, poderiam criar uma certa e nova maneira de serem pertença da cristandade portuguesa e não meros enclaves de cristandades de além-mar. Foi por isso e para isso que eu alinhei nisto e alinharam também os meus outros irmãos católicos. Aliás ainda bem que o fizémos porque neste ano e picos em que por cá andei, mudei completamente o meu conceito de ecumenismo percebendo finalmente que não é a esbater as diferenças, relativizando o carácter distintivo da nossa crença, que se consegue a unidade dos cristãos, e sim fazendo o contrário precisamente. Isto era algo que o Tiago Cavaco me dizia já há anos mas foi aqui que eu o percebi inteiramente e por isso lhe estou grato.
Agora o que eu não posso admitir é que por causa duma Zazie e, muito menos, por causa dum Bush Jr., venhas agora, ó Tiago, pôr têrmo à obra que fizeste e em que nós colaborámos com boa vontade, assim, abruptamente, publicamente, sem aviso nem discussão prévias. Aliás nem acho muito convincente vires agora querer enfiar à Zazie a touca de Salomé nem Bush é gajo para que tu diminuas para que ele seja grande pois grande nunca ele será. Agora se para ti a Atlântico ou lá como essa merda se chama é mais importante do que isto, então também te digo que tenho muito mais e melhor do que fazer do que a gastar aqui o meu verbo escasso. E usando exactamente o mesmo meio que tu, ou seja este mesmo, digo-te para te ires lixar.
Mas não quero acabar sem dizer à comunidade evangélica que este triste acontecimento não muda a imagem que guardo de vocês, gente honesta como eu já pensava e gente mais divertida do que eu fazia ideia. Fiquei definitivamente a simpatizar com vocês, ainda mais do que antes. A sério. Mas não estive aqui apenas para Ad Majorem Dei Gloriam, eu diverti-me bastante enquanto por aqui andei e agora vou-me divertir para outro lado. Então adeuzinho a todos.

josé
posted by @ 11:37 da manhã  
6 Comments:
  • At 20 de março de 2008 às 13:14, Anonymous Anónimo said…

    Este comentário foi removido pelo autor.

     
  • At 20 de março de 2008 às 13:48, Blogger zazie said…

    Este comentário foi removido pelo autor.

     
  • At 20 de março de 2008 às 13:50, Blogger zazie said…

    Por causa de uma Zazie?

    Eu tenho de suportar o mau-gosto destes anormais usarem o meu nome na primeira página de um bogue, só porque se acham umas marquesas que nem se dignam descer às caixas de comentários?

    Acaso faço parte do Trento?

    Ao que parece tornou-se moda descarregar em mim as pancadas e as vozes que ouvem.

    Até aqui as vozes que ouviam eram as da intriga. Intriga e devassa da vida privada, escarrapachando o meu nome e local de trabalho.

    Agora parece que também sou responsável pelos achaques de uma prima-dona da merdaleja que ficou muito ofendido por lhe terem ido ao Bush.

    Grande fiasco. E foi fiasco tão imbecil que só por ingenuidade alguém sai à custa dele.

    Quem é que podia advinhar que o Tiago tinha um papa que até era mais sagrado que o verdadeiro?

    Saiu porque considerou insulto um texto do João Paulo II em nome da paz. Porque essa paz parece que ia em sentido contrário à mensagem que as vozes lhe deram- espalhar a boa nova do Bush na aldeia da blogosfera tuga e acolitado por uma bomba inteligente.

    Acredito que possa haver quem se sinta mal com isto. Mas só pode ser por vergonha de achaque tão patético

     
  • At 20 de março de 2008 às 14:04, Blogger zazie said…

    Uma coisa é certa. Pela primeira vez me questionei da pertinência de defender a religião.

    É um facto. Sempre consegui manter a minha crença em estado bem preservado por me afastar de tudo o que é grupelho.

    E aqui deu para perceber que um grupelho religioso é uma réplica de um grupelho político estalinista.

    Com todos os ingredientes dessa maleita: a escuta da vida dos outros; a medição de ortodoxia por bruxedo psicanalítico; o teatro da crueldade; a intriga; as micro divisões internas e sempre o incontrolável gosto pela fancaria das tentativas de enxovalhos pedagógicos a que chamam parábolas mas mais não passam de achaques histéricos de endemoninhados.
    ........

    É que se isto é assim com pessoas que nunca viram, o que será ao vivo...

    Espero bem estar enganada, já que por aqui apenas existem imitações de padres e macacadas de pastorícia.

    Seja como for não recomendo a ninguém enfiar-se em grupinho de crentes. É tudo a mesma porcaria- partidarite. Podiam ser ateus que ia dar ao mesmo.

    Qualquer mais valia que a religião comporte só me parece credível se for feita dentro das tradições populares. Bem longe de grupelhos de devassas da consciência de cada um.
    É que as pancadas evangélicas conseguem ser mais idiotas que as dos muçulmanos pobres imigrados.
    Esses, passados 3 gerações não estão integrados mas ainda têm razões de queixa.

    Estes passados 5 ou 7 estão na mesma e sem razões para isso, a não ser a tal identidade por reactiva à doutrina de patranhas de perseguições históricas que lhes metem na cabeça à nascença.

     
  • At 20 de março de 2008 às 16:23, Blogger cbs said…

    José
    gostava que não fosse, mas sendo defenitivamente o teu ultimo post, é também o meu fim aqui.
    Sem desprimor para todos os outros, a quem agradeço a amizade e a paciencia de me aturarem, tu e o Tiago são as minhas referencias aqui, e tu em particular o meu patrono.
    Não é isto melindre de ervinha, é mesmo genuino, pois pensei que aquilo que nos unia aguentava bem estes acidentes, mas se acabas desta forma, eu com muita mágoa, vou-me também. E não é desta para melhor, garanto, porque não há melhor.

     
  • At 20 de março de 2008 às 16:43, Blogger Vítor Mácula said…

    Hããã... bem, os manos adultos hão-de compreender que isto está um pouco estranho para este recém-nascido, que ainda mal trento-gatinhando vê a família a abandonar a casa :) Sem me querer intrometer em quezílias que nem conheço, mas quer-se dizer não sei bem o quê, daaaa... a malta agora vai de retiro pascal e volta para a semana. abraços, strong blood, deo gratias

     
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