Neste tempo, quase toda a atenção é focada no Menino adorado. É bem assim, mas apesar disso, não consigo deixar de lembrar os outros que acompanharam o nascimento; penso naquele casal humano, nas dificuldades daquele homem, bom mas simples, quando a mulher lhe anunciou uma gravidez, sendo virgem; penso até no burrito, que foi no fundo, uma parte essencial da Família sagrada…
Em especial, volto a interrogar-me, sobre as dificuldades que alguns contemporâneos têm, em reconhecer o carácter único da Mãe. É facto que Maria nada tem a ver com a Modernidade, a começar pela marca de virgindade, a acabar no apagamento, voluntário, aceitando, sofrendo. Mas como ignorar Maria? Se a Sua carne é o ponto de reencontro entre o natural e o sobre natural, se é no Seu ventre que se reata a aliança entre o Criador e a criatura. Como ignorá-la, se Ela é o protótipo do novo humano em que nos transformaremos, se Ela é a prova real do nosso destino transcedente?
Maria é silenciosa enquanto a ignoramos, mas ela reboca-nos pela História, como mãe de Deus e nossa; cala-se, mas está presente, é a eficácia em estado puro. Por isso, digo-lhe todos os dias: Ave Maria. cbs |
Sim, Maria deve ser prezada pela graça de ser a portadora do Filho de Deus.
Mas honremos Maria mais fiéis ao que Maria acreditava: a lei monoteísta e contra-idólatra de Israel, e a promessa dos profetas de que o Messias seria o único redentor e intercessor entre Deus e os homens.
Outra coisa seria desonrosa à santa.
§
Soli Deo Gloria