quarta-feira, dezembro 17, 2008
Arrancar ou relativizar?
“Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o, e atira-o para longe de ti, pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno. E se a tua mão direita te escandalizar, corta-a, e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca, do que seja o teu corpo lançado no inferno.”
Mateus 5:28 e 29

Ter como ordem de comando os instintos, fazer o que gostamos, expressar aquilo que somos, radica na ideia que somos um caldo determinista de genes e (ou) cultura. Nesta perspectiva, a mutilação sugerida por Jesus Cristo pode ser considerada um atentado contra o “eu”. Se somos aquilo que os nossos membros são, e se tiramos um, ou alguns, então tornamo-nos incompletos, e inviabilizamos, logo aí, a plena e desejada realização pessoal. A alternativa é, nesta perspectiva, “desmontar” o escândalo, compreende-lo, em vez de arrancar o membro.
Mas se somos mais do que um caldo determinista de genes e (ou) cultura, se somos maiores do que isso, se existe em nós o elemento transcendente chamado alma, então o nosso “eu” não fica em causa quando cortamos as partes doentes. Pelo contrário, preservamo-lo. Preservamo-lo de uma doença mortal chamada pecado. É por isso que Cristo fala em arrancar. É por isso, também, que quem não quer arrancar tem como primeira tarefa relativizar a gravidade do pecado.

Pedro Leal
posted by @ 12:04 da tarde  
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