quarta-feira, novembro 22, 2006
Junto-me então, sem tento na língua


Quem quer que, conhecendo o Antigo e Novo Testamento, leia o Corão, vê claramente o processo de redução da Revelação Divina que nele se efectuou.
É impossivel não notar o afastamento daquilo que Deus disse de Si próprio, primeiro no Antigo Testamento por meio dos profetas, e depois de forma definitiva no Novo, por meio do Seu Filho.
Toda esta riqueza da autorevelação de Deus, que constitui o património do Antigo e do Novo Testamento foi, de facto, posta de parte no Islamismo.

Ao Deus do Corão são dados nomes entre os mais belos conhecidos na linguagem humana, mas ao fim e ao cabo, é um Deus fora do mundo, um Deus que é apenas Majestade, mas nunca Emanuel, Deus-connosco.
O Islamismo não é uma religião de redenção.
Nele não há espaço para a Cruz e a Ressurreição.
Jesus é mencionado, mas apenas como profeta preparando o último profeta Maomé.
É recordada também Maria, Sua Mãe virginal, mas está completamente ausente o drama da redenção.
Por isso, não apenas a teologia, mas também a antropologia do Islão é muito distante da cristã.

in João Paulo II, Atravessar o limiar da esperança, Planeta 1994, pág. 88
cbs

posted by @ 12:07 da manhã  
6 Comments:
  • At 23 de novembro de 2006 às 12:02, Blogger josé said…

    É interessante pensar em como as coisas evoluiram em 12 anos. Hoje este comentário dum papa sobre o Alá muçulmano provocaria um banzé do caraças no Islão e mais ainda nesta Europa borrada de medo...

     
  • At 23 de novembro de 2006 às 14:36, Blogger Luís Aguiar Santos said…

    Isto é o que eu chamo entrar a matar... Mas dificilmente um cristão poderá dizer outra coisa.

     
  • At 25 de novembro de 2006 às 23:04, Blogger zazie said…

    Alguém me sabe informar se este texto foi apenas escrito ou também teve qualquer comunicação oral?

    É que era precisamente disto que eu andava à procura para poder aferir o que tera´mudado em relação a estas últimas reacções às palavras do Papa.

    Tal como o José diz houve uma grande mudança em 12 anos. Resta saber por quê.
    Ser capaz de entender os motivos que levaram a esta mudança é que era interessante.
    Muito mais que a velha história de se ir buscar explicações ao pós Grande Guerra.

    O tempo curto, esta dezena de anos, ou menos, isso sim, é que era importante.

    Quanto a mim a mudança deve-se muito mais a políticas intercencionistas que quaisquer explicações de cariz religioso. A religião é a mesma. Não foi ela que mudou.

     
  • At 25 de novembro de 2006 às 23:05, Blogger zazie said…

    intervencionistas.

     
  • At 27 de novembro de 2006 às 00:02, Blogger josé said…

    Zazie,
    O Cbs indica o livro de onde veio o texto. Agora se o papa o veiculou oralmente deve ser dificil saber. Uma coisa é certa: nos tempos que correm a melhor maneira de mandares uma bujarda sem ninguém ligar nenhuma é escrevê-la num livro, de preferência grande, denso e assinado por um papa...
    Agora se a disseres frente aos media caem-te logo os mirmidões em cima.

     
  • At 27 de novembro de 2006 às 13:48, Blogger zazie said…

    Pois, José, isso todos sabemos e eu bem que defendi o Papa.

    A questão não é essa. Na altura tentei saber se, no passado recente, tinha havido outras comunicações com críticas do género ao islão e ninguém conhecia nada. Isto porque, pelo menos na Idade Média (que conheço melhor) eram comuns os debates entre cristãos, rabinos e muçulmanos.

    Que o islão tem estas características, em termos genéricos, também sabemos, ainda que para compreender o sentido de ascese da mística guerreira seja preciso estudar aprofundadamente a questão. Eu apenas conheço alguns estudos no campo medieval.

    Agora aquilo que não faz sentido é atribuirem-se os conflitos sociais ou o terrorismo a uma religião.
    O islão sempre foi como é. Ponto final. Não mudou agora em meia dúzia de anos.

    Nem sequer é uma religião com práticas unificadas. As correntes e rivalidades são mais que muitas.
    A única coisa que tem vindo a mudar é a sua transformação numa ideologia por via dos nacionalismos emergentes (com a retirada da URSS).

    Para se entender a última reacção ao discurso do Papa (que, como aqui fica mostrado, nem foi o primeiro) é preciso muito mais. ´Há-de ser preciso entender as alterações políticas recentes. E aí, meu caro, só com muito truque é que se pode assacar a responsabilidade apenas aos muçulmanos ou ao tal "islão fundamentalista".

    O intervencionismo e as guerras, assim como uma maior mediatização de tudo, parecem-me bem mais pertinentes.

    No entanto, este blogue não se destina a debater política.

    Por isso mesmo não entendi se este post pretendia fazer qualquer abordagem religiosa ao islão ou falar de política por outros meios.

     
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