Quanto ao Cepticismo que considera a Fé como uma capacidade puramente subjectiva, de que são dotados certos seres, para objectivar crenças inteiramente gratuitas e ilusórias, essa é uma posição que não chega a ter sentido.
“À primeira vista, afigurava-se-me escandaloso submeter a fé religiosa, tomada na sua pureza, a uma verificação empírica. Ela apresentava-se-me como estando, por essência, para além de qualquer desmentido e de qualquer possível confirmação experimental” *
O objecto da Fé não é da categoria dos que se podem verificar, porque não é coisa exterior, cuja existência se imponha no plano da realidade objectiva; é uma realidade que me é mais interior do que eu próprio sou a mim mesmo, Deus, intimior intimo meo.* Desta forma, a atitude céptica, não tem sentido... Dizer “talvez não esteja ninguém aonde vós credes que está alguém” é estarmo-nos a referir a uma experiência rectificadora que, por definição, não abrange aquilo que está em questão, porque o objecto da Fé, tem de ser posto como transcendente em relação às condições que qualquer experiência implica.
Aliás, quanto mais se cresce na Fé, mais se triunfa desse cepticismo que nunca poderá pôr em causa o seu valor, precisamente porque começa por fazer dela uma ideia que desvirtua a sua própria natureza. Saibam pois, caríssimos ateus, que quanto mais a minha alma se aproxima da Fé, tanto mais ela se convence que seria absolutamente incapaz de a produzir por si mesma. cbs * Gabriel Marcel, Regard en arriere in L’existencialisme chrétien, Paris Plon 1947
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