sexta-feira, junho 01, 2007
A esquerda e o Bem
Caro tim,

Enquanto a esquerda europeia continuar a defender a PAC com unhas e dentes, para que meia dúzia de agricultores em França (e alguns por cá também) continuem a fingir que a Europa tem uma agricultura minimamente sustentável, condenando à miséria e ao subdesenvolvimento todo o continente africano por lhe fechar sistematicamente os mercados com os preços artificialmente baixos dos nossos produtos agrícolas, eu fico-me pela minha visão relativista.

A menos que se ache que a África teria outra hipótese de desenvolvimento que não a agricultura... Talvez comecem a fazer semi--condutores como os chineses! Bah...

Antonius Block
posted by @ 1:48 da tarde  
27 Comments:
  • At 1 de junho de 2007 às 14:13, Blogger zazie said…

    O problema de África e ser governada por sobas.

    Não vale a pena vir com o choradinho africano enquanto os regimes forem como forem.

     
  • At 1 de junho de 2007 às 14:16, Blogger zazie said…

    O mesmo se diga em relação a todos os regimes de sobas sejam africanos, sejam do Próximo Oriente Oriente ou Chinocas e indianos.

    E não vale a pena pensar-se que é despejando para os sobas que o povo passa a viver melhor.

    Há-de ser problema interno que só teria solução se não houvesse muito poder e muito soba a lucrar com o terceiro mundismo em que vive.

    E a "Europa" não precisa de ser politicamente intervencionista nem ter complexos pelo facto.

     
  • At 1 de junho de 2007 às 14:20, Blogger Luís Sá said…

    É principalmente esse mas não é só esse...

    Os chineses por exemplo começam a comprar produtos agrícolas aos africanos... Isso não é assim tão linear.

    A melhor reflexão sobre a esquerda e como actualizá-la que já li foi o Empire do Antonio Negri e Michael Hardt. Enquanto a esquerda se mantiver assim, não advoga mais do que manter o status quo a todo o custo, com políticas sempre nacionalistas, egoístas e autistas. Ou se internacionaliza verdadeiramente ou morre. E por enquanto a esquerda ainda é sinónimo de proteccionismo sectário e egoísta.

     
  • At 1 de junho de 2007 às 14:23, Blogger Luís Sá said…

    A Europa não tinha que ser intervencionista. Teria apenas que abrir os seus mercados aos produtos agrícolas exteriores. Não só a África beneficiava, como a América Latina também.

    O único interesse que levo minimamente a sério na manutenção da PAC é um interesse de defesa europeia, de manutenção de uma capacidade de auto-sustento agrícola para o caso de que algo corra mal e sejam cortadas as importações desses países.

     
  • At 1 de junho de 2007 às 14:29, Blogger zazie said…

    Muito sinceramente essa história nem sei.

    Por cá a agricultura acabou, por isso estamos assim mais a dar para chinocas às avessas: escravos da importação.

    O que eu não sei até é bem mais vasto- não sei no que deu a globalização, por muito bonitos que sejam os ideais.

    A imagem de futuro que tenho desta globalização e queda de fronteiras não é política; anda mais próxima do "Tempo do Lobo", do Michael Haneke

     
  • At 1 de junho de 2007 às 14:31, Blogger zazie said…

    A Europa não tem possibilidade de suportar sequer os mercados que já tem.

    Aqui há tempos os Medina Carreira apresentou uma estimativa de mercados suportáveis pela Europa e por Portugal- é mais óbvio que já foram ultrapassados.

    Os nossos morrem por asfixia. Importamos tudo e já vamos na fase de exportar mão-de-obra.

     
  • At 1 de junho de 2007 às 14:33, Blogger zazie said…

    Pela mesma razão é absurdo falar-se em "preservar o Estado Social querendo meter o Rossio na Rua da Betesga.

    A política de porta-aberta extermina a social democracia. Não há volta a dar. Se o país é pobre, mata apenas com maior rapidez.

     
  • At 1 de junho de 2007 às 14:35, Blogger Luís Sá said…

    zazie,

    "Por cá a agricultura acabou, por isso estamos assim mais a dar para chinocas às avessas: escravos da importação."

    A PAC ainda é cerca de metade do orçamento europeu. A agricultura pode ser inexistente, os subsídios ainda são bem existentes.

    Os chineses têm todo o direito a exportar o que quiserem. Sou 100% a favor. Escravos da importação? Temos preços mais baratos por causa deles... onde é que isso nos prejudica, quanto mais tornar-nos escravos? E ajuda a desenvolver essas populações.

     
  • At 1 de junho de 2007 às 14:38, Blogger zazie said…

    Não tenho respostas para isso porque é coisa que só com estudo especializado se pode saber.

    Nunca estudei os efeitos da economia de mercado para poder mandar boutades com essa certeza.

    A economia não é moral. Essa é a única verdade que sei.

    E essa de termos subsídios para agricultura sem agricultura e com as terras ao abandono, os subúrubios a transbordar, o interior desertificado e as cidades a morrerem, há-de ser outro fenómeno que não sei se a PAC explica.

    Subsídios para jovens agricultores ou velhos que já nem agricultura fazem é um museu ao vivo...

     
  • At 1 de junho de 2007 às 14:39, Blogger Luís Sá said…

    Mercados suportáveis? A Europa começa a não ter capacidade de suportar os mercados nos quais não tem qualquer hipótese de competir claro. E deve deixá-los cair por isso mesmo, não é manter-se agarrada a eles e fechar portas na esperança que isso mude alguma coisa. Mas a Europa ainda compete e é líder em muita coisa no mercado mundial... Só a Alemanha é o país com maior volume de exportações no mundo.

    Nisso acho que a Europa devia abrir-se. Progressivamente e com cuidado, sobretudo por razões de defesa. E se os EUA não viessem atrás, paciência. Mas advogar isso é que é advogar uma posição corajosa de esquerda, com o risco que ela poderia comportar. O proteccionismo actual não é de esquerda nem é nada.

     
  • At 1 de junho de 2007 às 14:41, Blogger Luís Sá said…

    zazie,

    "A economia não é moral. Essa é a única verdade que sei."

    Também discordo. A economia, porque tem muito de política, é moral, e opções económicas têm consequências morais e afectam populações reais.

     
  • At 1 de junho de 2007 às 14:42, Blogger zazie said…

    Tendemos para isso. Para sermos uma "Quinta-ecológica"; um museu agricola a ser visitado graças ao bom clima com que Deus nos abençou.

    Quanto a mafias chinocas que compram a pronto grandes armazéns para lavagem de dinheiro é com cada um.

    Eu ainda perfiro a fantasia das Tríadas do Corto Maltese. Mas admito que os tempos mudam. No Cocanha já contratámos uma Xangai-Lina do impor expor da Mouraria...

     
  • At 1 de junho de 2007 às 14:44, Blogger zazie said…

    Claro que sim, que as opções deviam ser. Mas nem tudo o que parece é.

    A China não fica mais democrata por matarmos os nossos comerciantezinhos e os nossos fabricantezinhos, julgando que os estamos a libertar da escravatura de produção lá na terra deles.

    E só por ingenuidade é que se acreditava que a invasão chinoca é uma invasão que nada tem a ver com autênticas mafias de dinheiro sujo.

     
  • At 1 de junho de 2007 às 14:46, Blogger zazie said…

    O que eu disse é que sou pela abertura de mercado mas não pela abertura de fronteiras.
    E não acredito no mito da Europa (UE). Como aliás já nem ela acredita.

     
  • At 1 de junho de 2007 às 14:46, Blogger Luís Sá said…

    zazie, mas por isso é que disse que só no que à nossa defesa diz respeito é que me faz estar de pé atrás. É o único motivo que levo a sério ser invocado e mesmo assim, temo que se tenda para medos infundados muitas vezes (mas aí nunca convém ser ingénuo como dizes).

     
  • At 1 de junho de 2007 às 14:47, Blogger Luís Sá said…

    E também não sou pela abertura das fronteiras, pela mesmíssima razão.

     
  • At 1 de junho de 2007 às 14:49, Blogger zazie said…

    Como é óbvio os pequenos são sempre absorvidos pelos grandes.E a História de um país conta mais para se entenderem as mudanças possíveis que a "história" das leis da economia.

    Se assim não fosse, então quem estava certo eram os neo-liberais.
    Eles são o novo leninismo da globalização e do fim da História. Explicada mecanicamente pelo voluntarismo progressista e pelas leis do mercado e da economia.
    E são optimistas. Não há utopias realistas e muito menos cépticas.

     
  • At 1 de junho de 2007 às 14:50, Blogger zazie said…

    "E também não sou pela abertura das fronteiras, pela mesmíssima razão. "

    Verdade? ehehe
    ninguém tem coragem para dizer isto em privado, quanto mais em público

    ";O)))

     
  • At 1 de junho de 2007 às 23:05, Anonymous Anónimo said…

    A Africa deixara' de ser miseravel quando a deixarem em paz. Nao precisa que lhe abram os mercados, especialmente para Africa e os africanos, nem de missoes de salvacao, nem nada disso. O que a Africa precisa, repito, e' que a deixem estar em paz.

     
  • At 1 de junho de 2007 às 23:06, Anonymous Anónimo said…

    mas não pela abertura de fronteiras.
    E não acredito no mito da Europa (UE). Como aliás já nem ela acredita.

    Eu acredito. E passo por essas fronteiras todos os meses. E passava 'a clandestinidade se se lembrasse de as fechar :O))

     
  • At 1 de junho de 2007 às 23:08, Blogger zazie said…

    ahahaha

    Nesse pequeno detalhe estou contigo...

    ";O))

    bisou

     
  • At 1 de junho de 2007 às 23:48, Blogger Luís Sá said…

    ah, talvez tenha entendido mal a zazie...

    Abrir as fronteiras dentro da UE claro que sou a favor. Imigração à vontade do freguês é que não (de países extra-UE)...

    "A Africa deixara' de ser miseravel quando a deixarem em paz. Nao precisa que lhe abram os mercados, especialmente para Africa e os africanos, nem de missoes de salvacao, nem nada disso. O que a Africa precisa, repito, e' que a deixem estar em paz. "

    Isto é um mito. Muito bonito, mas um mito de quem ainda vive assombrado pelo fantasma do colonialismo. Os africanos nunca se aguentarão sozinhos, sem que lhes seja dada oportunidade de expansão para outros mercados. O seu mercado interno é ridiculamente pequeno.

     
  • At 1 de junho de 2007 às 23:52, Blogger zazie said…

    "Imigração à vontade do freguês é que não (de países extra-UE)..."

    Exacto. Não entendeste mal. Era isto que queria dizer. Claro que a emigração é sempre controlada mas há a que precisa de ser mais controlada.

    O resto foi uma ligeira private joke com o malandro do MP_S

    Ele também percebeu a que me referia mas fez um joguinho floral
    ";O)

     
  • At 1 de junho de 2007 às 23:55, Blogger zazie said…

    Este comentário foi removido pelo autor.

     
  • At 1 de junho de 2007 às 23:56, Blogger zazie said…

    Toda a emigração que é trafico de carne humana devia ser chamada por estes nomes. E é óbvio que mesmo dentro da UE não pode entrar tudo para vir roubar ou viver à custa do Estado.

    Só por irrealismo é que se anda a fazer burrice até dizer chega nessa matéria.

    E é claro que o MP-S não anda a roubar, para precisar de ir para a clandestinidade

    ahahaha

     
  • At 1 de junho de 2007 às 23:59, Blogger zazie said…

    A história de África não percebi.

    Quem é que não os deixa em paz?

    Eles vivem em paz naquela vergonha de colonialismo de sobas, de elites e de corrupção.

     
  • At 2 de junho de 2007 às 14:34, Anonymous Anónimo said…

    Nao somos so' nos que nao os deixamos em paz. Sao tambem os chineses no Sudao ( e nao so'), as mafias russas no Lago Victoria, foram os sovieticos em muitos sitios. E nos tambem, com as multinacionais e as industrias farmaceuticas, e tudo o mais que se possa imaginar. E' uma misturada de todo o tamanho. E nao sabemos da missa a metade... Nao acredito que este caldo seja virtuoso e acho que eles continuam a ser explorados ate' ao tutano simplesmente por serem mais fracos. E as fundacoes Gates e quejandos... alguem percebe qual e' o resultado liquido da sua accao? Lembro-me de ouvir umas pecas jornalisticas do LA Times e os tipos nao conseguiam desembaracar os nos das actividades todas que eles promoviam. Umas accoes contrariaravam os principios da fundacao e por ai' fora. Os tipos nao conseguiam estimar o resultado liquido daquela macacada. Ora eu ainda menos consigo. Mas fico muito ceptico. O nosso mercado para eles aproveitarem.... mas o nosso mercado e' extremamente sofisticado e competitivo. Como e' que se compatibiliza isto com a necessidade deles desenvolverem as suas actividades, aprenderem pelo seu proprio pe', etc? A mim parece-me que iriam ser, uma vez mais, carne para canhao.

     
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