quinta-feira, abril 30, 2009
Novos ateus, pt 3.
Aqui, Tim Keller, pastor presbiteriano de Nova Iorque, aborda o cepticismo moderno e pós-moderno quanto à religião, sobretudo da religião exclusivista e da cristandade em particular.

O método é o pressuposicionalista: encarnar a cosmovisão adversária, eliminar as suas premissas segundo a própria epistemologia e apontar para o axioma de partida; neste caso, o cristianismo bíblico.



Nuno Fonseca

[Nota: Passem à frente dos dois anúncios iniciais.]
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terça-feira, abril 28, 2009
Um
Por outro lado, o Ateísmo não suprimiu de modo algum a unidade do Ser pelo facto de impugnar a identificação da unidade de todo o ser pela ideia de Deus.
A mais forte e activa forma de ateísmo, o Marxismo, afirma do modo mais rígido, essa unidade do Ser em todos os seres, ao equiparar o Ser com a Matéria.
Sem dúvida, o elemento que é o próprio Ser, como matéria, separa-se completamente da antiga concepção do Absoluto, ligada com a ideia de Deus, mas ao mesmo tempo recebe traços que fazem ressaltar claramente o carácter absoluto da matéria, tornando assim a evocar a ideia de Deus.

RATZINGER, Joseph; Introdução ao Cristianismo, Herder 1970 - pag. 44
cbs
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segunda-feira, abril 27, 2009
O Papa em Angola
Chegado o tão esperado momento de encontro do Papa Bento XVI com o Presidente Eduardo dos Santos e após alguns minutos em particular, a conversa pôde ser acompanhada pelos presentes. O Papa perguntou então ao Presidente: E então, Preto dos Santos, como vai a campanha da Fome Zero?
Todos ficaram preocupados, Sua Santidade estava a cometer uma gafe gravíssima. Porém, o Papa continuou: Pois é, Preto dos Santos, nós temos acompanhado em Roma...
Rápidamente, um de seus assessores correu para junto do Papa e cochichou-lhe ao ouvido: Sua Santidade está cometendo um equívoco, não é por "Preto" que ele deve ser tratado, mas sim por Presidente.
O Papa, então, na sua serenidade, respondeu: Claro, filho, eu chamo-lhe Presidente. Mas diz-lhe primeiro para parar de me chamar "Sumo Patife"!
cbs (e-mail originado algures em Angola)
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sexta-feira, abril 24, 2009
O melindre da distinção entre Fé e heresia
"Guilherme tinha sido indubitavelmente insinuante, tinha procurado dizer-lhe que havia pouca diferença entre a sua fé mística (e ortodoxa) e a fé distorcida dos hereges. Ubertino tinha-se melindrado, como quem visse bem a diferença."

"O Nome da Rosa", Umberto Eco (tradução de Maria Celeste Pinto, Edição Difel, pag. 121)

timshel
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quinta-feira, abril 23, 2009
Novos ateus, pt 2.
Já que estamos numa de 'novos ateus' aqui fica um debate entre Christopher Hitchens (que já conhecem) e Douglas Wilson - cristão calvinista, apologeta pressuposicionalista, enfim, tudo boas coisas. Começo pela 2ª parte; you take it from there.



Nuno Fonseca
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cbs


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sábado, abril 18, 2009
Debate
Se tiverem tempo, o fim-de-semana parece que vai ser chuvoso, vejam este blog com o debate entre Richard Dawkins, o ateísta mais famoso do momento, autor do best-seller “The God Delusion”, e John Lennox, Professor de Oxford e cristão. Mesmo para os que não são fluentes em inglês, como eu, a boa dicção e a polidez dos intervenientes simplifica a tarefa de tradução.

Nota: Dawkins foi baptizado e "confirmado" na Igreja Anglicana. Conheço casos semelhantes por cá, na versão romana. Gente baptizada, crismada, casada e previsivelmente enterrada pela igreja e que são ateus ou agnósticos (ou, na versão espiritual, pagãos). Será que isto põe em causa os poderes auto-conferidos por essas igrejas, incluindo os sacramentos?

Pedro Leal
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sexta-feira, abril 17, 2009
O rebanho odeia-os, eles odeiam o rebanho
" — Eles são, para o povo cristão, os outros, os que se encontram nas margens do rebanho. O rebanho odeia-os, eles odeiam o rebanho. Quereriam ver-nos todos mortos, todos leprosos como eles.

— Sim, recordo uma história do rei Tristão, que devia condenar Isolda, a Bela, e a fazia subir à fogueira e vieram os leprosos e disseram ao rei que a fogueira era castigo leve e que havia um pior. E gritaram-lhe: dá-nos Isolda, que pertença a todos nós, o mal acende os nossos desejos, dá-a aos teus leprosos, olha, os nossos farrapos estão colados às chagas que gemem, ela, que a teu lado se comprazia com os ricos tecidos forrados de baio e com as jóias, quando vir a corte dos leprosos, quando tiver de entrar nos nossos tugúrios e deitar-se connosco, então reconhecerá deveras o seu pecado e terá saudades deste belo fogo de sarças!

— Vejo que, sendo um noviço de São Bento, tens leituras bastante curiosas — gracejou Guilherme, e eu corei, porque sabia que não devia ler romances de amor, mas entre nós, rapazinhos, circulavam no mosteiro de Melk, e líamo-los de noite à luz da vela. — Mas não importa — continuou Guilherme —, compreendeste o que queria dizer. Os leprosos excluídos quereriam arrastar todos na sua ruína. E tornar-se-ão tanto piores quanto mais os excluíres, e quanto mais os representares como uma corte de lémures que querem a tua ruína tanto mais eles serão excluídos. São Francisco compreendeu isto, e a sua primeira escolha foi ir viver entre os leprosos. Não se muda o povo de Deus se não se integrarem no seu corpo os marginais."

"O Nome da Rosa", Umberto Eco (tradução de Maria Celeste Pinto, Edição Difel, pag. 198)

timshel
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Credo, a renúncia cristã aos deuses
Não menos importante do que o esclarecimento da renúncia encerrada no "Credo" é compreender a afirmação nele contida; e isto porque a renúncia só se sustenta a partir da afirmação e, a seguir, também porque a renúncia dos primeiros séculos cristãos se comprovou de tão grande eficiência histórica, que os deuses desapareceram para sempre.
Certamente, não desapareceram as potências expressas nas divindades, nem desapareceu a tentação de absolutizar todas as energias. Um como o outro pertence ao cerne da situação humana e exprime a perene "verdade" do politeísmo: o absolutismo da força, do pão e do Eros não nos ameaça menos do que ao homem antigo.
Porém, embora os deuses de então continuem hoje como "forças" a tentar impor-se de modo absoluto, deixaram tombar a máscara do divino e são obrigados a apresentar-se na sua verdadeira profanidade. Eis aí a base da diferença entre o paganismo pré e pós-cristão, que continua marcado pelo dinamismo histórico da renúncia cristã aos deuses.

RATZINGER, Joseph, Einführung in das Christentum, Kösel-Verlag. München 1968
cbs
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domingo, abril 12, 2009
O que fica da Páscoa?
Que diremos disto? Se Deus está por nós, quem poderá estar contra nós? Ele que não nos recusou o seu próprio Filho mas o ofereceu por todos nós, como é que não nos dará tudo com o seu Filho? Quem poderá acusar aqueles que Deus escolheu se Deus os declara inocentes? Quem é que os pode condenar? Será porventura Cristo Jesus que morreu, e mais, ressuscitou e que ocupa o primeiro lugar junto de Deus, pedindo por nós? Quem nos pode separar do amor de Cristo? O sofrimento, as dificuldades, a perseguição, a fome, a pobreza, os perigos, a morte?
(…)
Não há nada nem ninguém que nos possa separar do amor que Deus nos deu a conhecer por nosso Senhor Jesus Cristo.


Carta aos Romanos (8:31 a 39)

Pedro Leal
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quinta-feira, abril 09, 2009
Mar aberto
A vida cristã consiste em não justificar o mundo, e manter intacta a santidade de Deus. Esse é aliás um dos infindos signos que a crucificação do único asseguradamente cristão realiza. A lei natural não é elidida (Ele morre) assim como a regulação social, política, religiosa, etc se mantém em todo o seu esplendor (Ele é condenado). A superação de ambas dada na ressurreição e no amor divino é o ponto de tensão máxima face à lei natural e humana – o que só acontece, precisamente por estas não serem elididas.

Boa Páscoa!

vítor mácula
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segunda-feira, abril 06, 2009
Tri-Ratz
Também temos de renunciar ao sonho da autonomia absoluta da razão e da auto-suficiência. A razão humana tem necessidade do suporte das grandes tradições religiosas da humanidade. Mas deverá ter sempre uma atitude crítica perante cada uma das várias tradições religiosas, pois a mais perigosa doença do espírito humano é a patologia da religião. Esta patologia existe nas religiões, mas existe também sobretudo quando a religião como tal é rejeitada e se atribui aos bens relativos um valor absoluto.
Os sistemas ateístas da modernidade são exemplos aterradores de uma paixão religiosa alienada da sua essência, constituindo uma doença do espírito humano que faz perigar a própria vida. Quando se nega Deus não se edifica a liberdade mas retira-se-lhe o fundamento, do que resulta a sua distorção. Onde as tradições religiosas mais purificadas e profundas são rejeitadas, o homem separa-se da sua verdade, vive contra ela e deixa de ser livre.
Também a ética filosófica não pode ser simplesmente autónoma. Ela não pode prescindir da ideia de Deus, e não pode prescindir da concepção de uma verdade do ser com carácter ético. Se a verdade do homem não existe, então ele também não tem qualquer liberdade.
Só a Verdade liberta.
RATZINGER, Joseph - Fé, Verdade e Tolerância: o Cristianismo e as grandes religiões do mundo; 2005
cbs by appointment of Vitor Mácula
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explicação
Entendo que muitas pessoas não me considerem um cristão. Isso não me magoa nem me fere. Tão pouco me sinto insultado.
Entendo que a compreensão do evangelho daqueles que não me consideram cristão seja diferente da minha nalguns pormenores. Na avaliação da importância desses pormenores estará a diferença de pontos de vista. Para alguns basta eu dizer que não acredito na Bíblia como única regra de Fé e Prática. Para outros bastará a minha aparente falta de fé na Igreja.
Herege, blasfemo, apóstata, etc. Eu percebo porque o dizem e acham. Se eu os percebo, não me é possível sentir-me ofendido.
Aliás, a auto-apropriação do agravo é um luxo que não me toca usar. Quem sou eu para me achar assim tão valioso? Mas entendo que haja quem se sinta ofendido e leve para níveis pessoais a discordância de adjectivação mal medida.

Jesus não foi o único mestre daquele estilo profético. Contemporâneos a ele, segundo historiadores, houve muitos. Como Jesus, foram silenciados por Romanos e Sacerdotes. E o que acontecia aos seus discípulos? Dispersavam-se, quando não eram executados também, e a seita desaparecia.
Com os que seguiam Jesus aconteceu o mesmo imediatamente após a morte do mestre.
Eu sou cristão porque acredito que aconteceu algo importante a seguir. Os homens e mulheres que o seguiam, e que se tinham disperso, voltaram a reunir-se. Diziam que Ele tinha vencido a morte e de tal modo o viviam que arriscaram as suas vidas na proclamação da mensagem de que ele estava vivo.
Essa experiência não pode ter sido uma alucinação colectiva. A transformação brutal de Saulo não pode ter nascido de um delírio. Eles estavam dispostos a morrer por isso muitos anos depois.
É por isso que eu acredito na Ressurreição e a considero histórica. Se a isto juntar a mensagem de Jesus, a forma como ela ecoa no meu entendimento e emoções, não posso deixar de, mais que acreditar, confiar. Eu confio o meu dinheiro a um banco. Do mesmo modo, confio a minha existência e conduta a Jesus e a Deus. Eu acredito que isto é verdade. Não um tipo de verdade demonstrável pela ciência, mas sim uma verdade demonstrável através de mim, como ela foi demonstrada pelas vidas profundamente transformadas dos que conviveram com ele e que, após a sua morte, continuaram a pregar as suas palavras, tentando seguir o seu exemplo nas acções.
Se isto não bastar a quem me lê para me considerar cristão, eu percebo. Mas eu acho-me cristão e era bom que se contasse com isso para futuras interpretações do que escrevo.

JL
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domingo, abril 05, 2009
Bi-Ratz
Da Verdade da nossa natureza resulta ainda o seguinte: dentro desta nossa História humana nunca se alcançará o Estado ideal absoluto, e nunca se poderá constituir uma ordenação definitiva da Liberdade.
O Homem está sempre a caminho e é sempre finito. Perante a injustiça patente no regime socialista e perante todos os problemas do regime liberal, Szczypiorski formula a sua dúvida numa pergunta: talvez não exista justiça?
De facto, somos forçados a dizer que a ordem ideal das coisas, totalmente justa, não existirá jamais. Quem tiver esta pretensão, não falará verdade. A fé no progresso não é errada em todos os seus aspectos, errado é o mito de um mundo liberto, onde tudo será diferente e bom. A regulamentação social que estabelecermos, será sempre relativa, será sempre relativamente certa e justa. Mas precisamente por isso temos de nos esforçar por atingir o mais alto grau de uma possível aproximação ao verdadeiramente justo. Tudo o resto, qualquer escatologia intra-histórica, não liberta, mas engana e portanto escraviza.
Por isso urge desmistificar a aura mítica que foi associada aos conceitos de mudança e revolução. A mudança não é nenhum bem em si. Se ela é boa ou má depende do seu conteúdo concreto e dos seus pontos de referência. A ideia de que a tarefa principal da luta pela liberdade seja a mudança do mundo é – repito – um mito. Na História haverá sempre altos e baixos. Em relação à natureza ética do Homem, a História não segue um curso linear mas processa-se por repetições. A nossa missão é, em cada momento do presente, fazer um esforço para atingir a constituição relativamente melhor da convivência humana, enquanto se preserva o bem conquistado e se supera o mal existente, defendendo-nos da invasão das forças da destruição.
RATZINGER, Joseph - Fé, Verdade e Tolerância: o Cristianismo e as grandes religiões do mundo; 2005



cbs by appointment of Vitor Mácula
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sábado, abril 04, 2009
Ratz
Um entendimento da Liberdade, que apenas veja como libertação uma crescente dissolução das normas e um contínuo alargamento das liberdades individuais até à libertação completa de toda a ordem, é errado. A Liberdade, para não acabar na mentira e na autodestruição, tem de se orientar pela Verdade, que dizer, por aquilo que realmente somos, tem de corresponder à nossa natureza. Uma vez que o homem é uma entidade à maneira de ser-de, ser-com e ser-para, a liberdade humana só pode consistir no encontro organizado das liberdades.
O Direito não contradiz portanto a liberdade, é a sua condição, é mesmo constitutivo dela. A libertação não consiste na abolição gradual do direito e das normas, mas na purificação quer de nós próprios quer das normas que possibilitem a existência conjunta das liberdades adequadas ao homem.
RATZINGER, Joseph - Fé, Verdade e Tolerância: o Cristianismo e as grandes religiões do mundo; 2005
cbs by appointment of Vitor Mácula
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sexta-feira, abril 03, 2009
Contra-indicação
Todos os trentistas se identificam com o credo apostólico e é injurioso pretender o contrário; no entanto todo o trentista é aqui ou ali, e como se pode facilmente verificar, injurioso para outro; assim como é blasfemo aqui e ali sob o ponto de vista de outro, ou quiçá até sob o próprio no deslocamento da manhã para a tarde, ou no deslocamento das diversas fases da sua própria caminhada de fé.

Qualquer trentista pode postar ou não postar, sair ou não sair, sem que tal seja entendido como uma saída da sua confissão de fé ou do cristianismo ou qualquer outra espécie de traição religiosa; afinal, isto é uma reunião livre de uma série de caramelos e caramelas que se querem discípulos de Jesus Cristo, cada qual à sua maneira e caminhada.

Nenhum trentista representa a totalidade do protestantismo ou do catolicismo, seja na sua generalidade teológica, seja na sua generalidade histórica; por outro lado, todos se pretendem e querem sinceramente cristãos nos modos com que se apresentam e representam a si mesmos e à sua eclesiologia vivida; qualquer trentista pode até ter uma vivência cristã totalmente à margem de alguma prática eclesial, e nenhum é obrigado a dar contas da sua vida cristã a nenhum outro.

Nenhum trentista é obrigado a nada excepto a entender-se e viver-se ele mesmo, e a seus modos, como cristão; nenhuma relação directa com os outros trentistas, seja sob que modo for, no blogue ou fora dele, lhe é exigida; fora do âmbito religioso, é-lhe também exigido que, caso pretenda convidar alguém para trentista, submeta tal proposta previamente a todos os outros trentistas.

Isto é como este caramelo vê a coisa, a saber: como ela lhe parece desenrolar-se realmente. As restantes enunciações genéricas, apenas comprometem quem as profere, assim como afinal o faz este mesmo post.

vítor mácula

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Um blogue de protestantes e católicos.
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