domingo, abril 05, 2009
Bi-Ratz
Da Verdade da nossa natureza resulta ainda o seguinte: dentro desta nossa História humana nunca se alcançará o Estado ideal absoluto, e nunca se poderá constituir uma ordenação definitiva da Liberdade.
O Homem está sempre a caminho e é sempre finito. Perante a injustiça patente no regime socialista e perante todos os problemas do regime liberal, Szczypiorski formula a sua dúvida numa pergunta: talvez não exista justiça?
De facto, somos forçados a dizer que a ordem ideal das coisas, totalmente justa, não existirá jamais. Quem tiver esta pretensão, não falará verdade. A fé no progresso não é errada em todos os seus aspectos, errado é o mito de um mundo liberto, onde tudo será diferente e bom. A regulamentação social que estabelecermos, será sempre relativa, será sempre relativamente certa e justa. Mas precisamente por isso temos de nos esforçar por atingir o mais alto grau de uma possível aproximação ao verdadeiramente justo. Tudo o resto, qualquer escatologia intra-histórica, não liberta, mas engana e portanto escraviza.
Por isso urge desmistificar a aura mítica que foi associada aos conceitos de mudança e revolução. A mudança não é nenhum bem em si. Se ela é boa ou má depende do seu conteúdo concreto e dos seus pontos de referência. A ideia de que a tarefa principal da luta pela liberdade seja a mudança do mundo é – repito – um mito. Na História haverá sempre altos e baixos. Em relação à natureza ética do Homem, a História não segue um curso linear mas processa-se por repetições. A nossa missão é, em cada momento do presente, fazer um esforço para atingir a constituição relativamente melhor da convivência humana, enquanto se preserva o bem conquistado e se supera o mal existente, defendendo-nos da invasão das forças da destruição.
RATZINGER, Joseph - Fé, Verdade e Tolerância: o Cristianismo e as grandes religiões do mundo; 2005



cbs by appointment of Vitor Mácula
posted by @ 5:07 da tarde  
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