sexta-feira, novembro 20, 2009 |
Dar a conhecer |
Conta-se que William Tyndale, indignado com a ignorância dos religiosos da época, terá dito a um clérigo: “Se Deus me der vida farei conhecer mais a Sagrada Escritura a um rapaz que está atrás de um arado do que aquilo que tu conheces”. Viviam-se os primeiros instantes da Reforma Protestante, e a Inglaterra católica-romana não tolerava ainda a tradução da Bíblia para a língua vernácula. Tyndale teve que fugir e passar o resto da vida no exílio, onde acabou por morrer, na fogueira, em 1536, sem ver completada a sua obra – tinha traduzido o Novo Testamento e uma parte do Antigo (não tardou, porém, mais do que um par de anos para que a tarefa fosse concluída). A afirmação de William Tyndale é, concerteza, uma das frases da Reforma. Não só porque realça a importância da Bíblia, mas, sobretudo, porque atenta contra as barreiras que separavam os cristãos da Palavra.
Pedro Leal |
posted by @ 9:46 da tarde |
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quinta-feira, novembro 12, 2009 |
expiação |
Adão: A culpa foi da Eva.
Eva: A culpa foi da serpente.
Deus: Olhem, vão bardamerda com essa conversa.
vítor mácula |
posted by @ 12:06 da tarde |
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sábado, novembro 07, 2009 |
A razão, o purgatório e o inferno |
O Pedro Leal e a Hadassah dizem nos comentários ao anterior post que as minhas opiniões de nada valem perante a soberania de Deus.
Obviamente, têm toda a razão.
Contudo, seria conveniente pensarmos também que Deus nos deu a cabeça não só para usar chapéu mas também para usar a razão (ver Fides et Ratio).
Mandam os bons princípios da razão e da humildade (e do trabalho intelectual) que perante um texto que contém elementos que nos parecem contraditórios, que se sigam duas regras fundamentais.
A título principal, descobrir um sentido ao texto que seja compatível com os enunciados contraditórios (e a partir do momento em que tal sentido seja possível, a aparente contraditoriedade intrínseca do texto deixa implicitamente de existir).
A título subsidiário, sempre que tal sentido seja impossível de conseguir, descobrir prioridades no texto ou no sistema do qual o texto faz parte e valorizar o elemento assim considerado prioritário relativizando o outro enquanto elemento não fundamental para a lógica do sistema.
Penso que não é preciso sequer recorrer a esta última linha de argumentação para compreender o que se deve entender por "eterno" na definição que a Bíblia e o Catecismo da Igreja Católica dão ao Inferno.
Se, no fim dos tempos, Deus vence o Diabo (e este elemento parece-me fundamental na Fé cristã) o entendimento de "eterno" terá que obedecer a duas restrições. Primeiro, uma restrição lógica: "eterno" é um conceito temporal, isto é, supõe a existência de "tempo", logo, no fim dos tempos, a Bíblia nada nos diz sobre a existência do Inferno. Segundo, uma restrição decorrente da vitória final de Deus sobre o Diabo: o Mal será absolutamente extinto (e, logicamente, também o seu subproduto "Inferno").
Assim, mesmo aqueles que, após a morte física desejem continuar apartados de Deus, assim estarão enquanto assim o quiserem. Desse ponto de vista o Inferno será eterno. Estará sempre à disposição dos que desejarem continuar a sua separação de Deus.
Mas não me parece que tal "lugar" continue "disponível" após a vitória final de Deus sobre o Diabo no fim dos tempos.
timshel |
posted by @ 5:02 da tarde |
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quarta-feira, novembro 04, 2009 |
O Purgatório e o Inferno |
Diz o Pedro aí atrás que não acredita no Purgatório pois, segundo ele, "a autoridade que reconheço, a Bíblia, não faz qualquer referência, ou a menor sugestão sequer, ao purgatório".
Quanto a mim, devo admitir que me causa mais confusão a ideia do Inferno que a ideia do Purgatório. Não pelo facto de o Inferno se tratar de um lugar de "fogo" na expressão bíblica, mas, sobretudo por se tratar de um lugar de "fogo eterno". Ou, como diz o Catecismo da Igreja Católica, o inferno consiste "na separação eterna de Deus". Sublinho de novo o "eterno".
Um Deus que é amor é incompatível com o conceito de separação eterna. O Diabo é que é o Separador quase-eterno (pois no final dos tempos será derrotado por Deus).
Prefiro o Purgatório, o lugar que nas palavras de São Josémaria, serve para "limpar os defeitos". O único lugar onde a presença de Deus é possível.
timshel |
posted by @ 6:30 da tarde |
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domingo, novembro 01, 2009 |
Hoje é Dia de Todos os Santos |
Trata-se de uma festividade de todos aqueles que gozam já da visão de Deus. "A santidade consiste em viver tal como nosso Pai dos céus dispôs que vivêssemos. É difícil? Sim, o ideal é muito elevado. Mas, por outro lado, é fácil: está ao alcance da mão."
"O fim do Opus Dei, repito uma vez mais, é a santidade de cada um dos seus sócios, homens e mulheres, que continuam no lugar que ocupavam no mundo. Se alguém não vem ao Opus Dei para ser santo, apesar de todos os pesares - quer dizer, apesar das misérias próprias, dos erros pessoais - ir-se-á embora imediatamente. Penso que a santidade atrai a santidade, e peço a Deus que no Opus Dei nunca falte essa convicção profunda, esta vida de fé. Como vê, não confiamos exclusivamente em garantias humanas ou jurídicas. As obras que Deus inspira movem-se ao ritmo da graça. A minha única receita é esta: ser santos, querer ser santos, com santidade pessoal."
São Josemaría Escrivá, "O Opus Dei: uma instituição que promove a busca da santidade no mundo"
timshel |
posted by @ 8:21 da manhã |
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Amar a Igreja |
"Demonstraria pouca maturidade aquele que, na presença de defeitos e misérias que encontrasse em alguma pessoa pertencente à Igreja - por mais alto que estivesse colocada em virtude da sua função -, sentisse diminuir a sua fé na Igreja e em Cristo. A Igreja não é governada por Pedro, João ou Paulo; é governada pelo Espírito Santo e o Senhor prometeu que permanecerá a seu lado todos os dias, até à consumação dos séculos.
(...) o que se abeira dos Sacramentos, recebe-os certamente do ministro da Igreja, não enquanto é tal pessoa, mas enquanto ministro da Igreja. Por isso, enquanto a Igreja lhe permitir exercer o seu ministério., o que receber das suas mãos o Sacramento, não participa do pecado do ministro indigno, mas comunica com a Igreja, que o tem por ministro . Quando o Senhor permitir que a fraqueza humana apareça, a nossa reacção há-de ser a mesma que teríamos se víssemos a nossa mãe doente ou tratada com frieza. amá-la mais, ter para com ela mais manifestações externas e internas de carinho.
Se amamos a Igreja, nunca aparecerá em nós o interesse mórbido de pôr à mostra, como culpa da Mãe, as misérias de alguns dos seus filhos. A Igreja, Esposa de Cristo, não tem por que entoar nenhum mea culpa. Nós sim: mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa! Este é o verdadeiro meaculpismo, o pessoal, e não o que ataca a Igreja, apontando e exagerando os defeitos humanos, que, na Mãe Santa, são uma consequência da acção n'Ela exercida pelos homens. Acção que, aliás, só vai até onde os homens podem, porque nunca chegarão a destruir - nem sequer a tocar - aquilo a que chamávamos a santidade original e constitutiva da Igreja."
São Josemaría Escrivá, "Amar a Igreja" (Lealdade à Igreja, Ponto 7)
timshel |
posted by @ 8:13 da manhã |
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