Não é coisa digna de relato. Vivido em família, com os dramas de todas as famílias espalhadas pelo país. Experimentam-se todos os anos fórmulas de viver de forma mais autêntica esse Natal, acolher o Menino. Mas acabamos por notar que não se escapa à fórmula (também já velha) de só mais esta prenda. A prenda, afinal, não tem de ser diabolizada: pode ser o elo do afecto tantas vezes esquecido ou "obliterado" na agenda dos dias e dos trabalhos de todos nós. Claro que não precisa de ser a prenda de muitos euros, claro que podemos pensar sempre numa partilha com quem precisa. Mas, porventura, o desafio está em multiplicar essas prendas pelos 365 dias do ano. Não é fazer Natal todos os dias, é construir e reforçar os laços e os afectos que sublinhamos (apenas?) nesta época. O Natal pode ser a porta final que se abre de uma caminhada feita com amigos, família, colegas. Não resisto a trazer um poema de Jean Debruynne, traduzido pelo padre José Manuel Pereira de Almeida.
Ser capaz de olhar o outro como um filho de Deus e não como um não-praticante, vê-lo com a mesma ternura com que Deus o vê, encontrar o outro como alguém a quem se deve amar e não como presumível culpado, É o sinal mais concreto de que chegou o Natal e de que é bem verdade que Deus se fez homem.
Miguel Marujo, trazido da Terra da Alegria de Dezembro 2004, por cbsEtiquetas: Natal |