quarta-feira, outubro 22, 2008 |
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- Senhor cura O padre a mirar a pistola saída em pressa do bolso e a culatra que deslizou para trás e aceitou uma bala, a buscar auxilio mas nem vozes nem pessoas, deu-lhe ideia que um rafeiro e todavia nenhum bicho nas travessas, só ecos, o dos ramos das nogueiras, um banquito que deslocaram para ver melhor os retratos - O padre Sem que o feitor os notasse, a lagoa fervia como sempre em março com os girinos novos e abelhas incompletas a aprenderem a ser, o padre para o feitor - Para que queres a pistola? E o feitor a persignar-se depois de lhe pedir a confissão - Para o ajudar a partir senhor cura Não exaltado, respeitoso que o Inferno assusta, quase nenhum olmo vibrou com o primeiro tiro esmagado na cancela, o feitor a ajudar a pontaria com a outra mão - Já me absolveu não já? E a disparar de olhos fechados, sentiu o padre de joelhos, ganhou força para abriri os olhos, viu-o de cara na terra e como estava absolvido abriu a navalha e cortou-lhe o pescoço até à resistência das vértebras, pensou melhor e trocou os sapatos com os do morto apesar do pe esquerdo difícil de entrar e agora as doninhas e os texugos que o comam…
António Lobo Antunes, O arquipélago da insónia, Dom Quixote 2008 (p.35) cbs |
posted by @ 9:07 da tarde |
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