sábado, novembro 17, 2007 |
Fé e Ciência 3 |
Não há racionalidade onde não se encontrem vestígios de fé. Não há sobretudo fé que não esteja cercada de uma franja de racionalidade… são tendências e não coisas feitas. Toda a fé concreta tem misturada alguma razão, como toda a racionalidade é penetrada pela fé. A razão tem ainda mais necessidade da fé do que esta da razão, porque trabalhar a matéria bruta supõe já no animal homo um grau superior de organização, ao qual ele só se pôde elevar nas asas de uma fé… a fé na inteligibilidade da matéria. cbs |
posted by @ 1:07 da manhã |
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4 Comments: |
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Repetir até á exaustão para se fazer acreditar é o caminho escolhido pelos crentes de modo a evitar justificar aquilo que dizem, apenas em desespero de causa.
Racionalismo é pensar, ponderar e afirmar com provas reais, de modo a qualquer um poder garantir a sua legitimidade. Fé é acreditar naquilo que não se vê, que não sabemos se existe (nunca ninguém viu), é acreditar em algo que alguém terá dito ou que pensamos que poderá (hipoteticamente) existir. Se estivesse escrito que existem "baratas" em órbita entre a Terra e Marte seriamos obrigados a acreditar independentemente de sabermos que as condições (de vida) seriam desfavoráveis, mas como estavam escritas teríamos que acreditar e ponto final A razão é conhecimento, é saber, é o garante da certeza. A fé baseia-se em “hipóteses” em probabilidades, quanto muito num desejo. Como já terei dito antes isto é contradição de modo a inviabilizar o racionalismo dos crentes.
De outra forma: Eu posso ter fé que a minha equipa de futebol ganhe o jogo. Como não sei o resultado, eu tenho “fé” que o resultado tenha sido favorável ou seja tenho “esperança” que se tenha verificado uma vitória. A partir do momento em que saiba o resultado (depois do fim do jogo) eu deixo de ter fé, porque passei a ter conhecimento (passei a ter a certeza do resultado). Independentemente do resultado o “conhecimento” passou a permitir que a razão passasse a ser conhecida. Fé não tem nada a ver com conhecimento ou razão, fé tem a ver com “hipótese”
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Caro anónimo
Eu não estou a repetir ideias (até à exaustão?) para me fazer acreditar – essa do desespero de causa é apenas convicção sua, creia – mas estou de facto a dizer de várias maneiras a mesma coisa: Deus existe e a Fé tem validade. Como não sei qual dos anónimos é, dirijo-me em abstracto a si e a outros; tenho a nítida sensação de que se passa o mesmo com os ateus aqui passantes. Vêm repetir uma mesma ideia: Deus é uma fraude e a Fé não tem validade nenhuma, pelo menos comparada com a Ciência. Registro no entanto um avanço na nossa conversa quando diz “Fé não tem nada a ver com conhecimento ou razão, fé tem a ver com “hipótese”… certo, estamos de acordo, e já não é mau. Registro contudo que se mantém um desacordo, melhor dois: Primeiro quando diz “A razão é conhecimento, é saber, é o garante da certeza”, não concordo em absoluto; A razão talvez, porque a matemática é realmente a única ciência do rigor absoluto, mas se refere o saber científico não, a ciência é probabilidade, eventualmente muita alta, mas nunca é certeza. Segundo quando diz “A fé baseia-se em “hipóteses” em probabilidade, quando muito num desejo”, discordo de novo; A fé não se baseia em hipóteses mas em convicções íntimas muito fortes, em “evidências pessoais”, digo-lhe até, mesmo que eu quisesse não conseguiria recusar a minha fé, tal é a evidência para mim. Em resumo creio que há um conhecimento que se demonstra, universal, científico, e há outro que se mostra, pessoal, a Fé. Reside aí, parece-me, a fragilidade da Fé, ser uma experiência pessoal, se bem que inerente à condição humano.
Mas, peço-lhe, não ligue aos “disparates” que eu disse até aqui e concentremos a conversa neste ponto “Fé é acreditar naquilo que não se vê, que não sabemos se existe (nunca ninguém viu) é acreditar em algo que alguém terá dito ou que pensamos que poderá (hipoteticamente) existir”. Penso que se pode aplicar todo este seu parágrafo ao conhecimento científico (não se zangue:). Lembro-me, por exemplo, de quase toda a Ciência manter durante o século XIX e a maior parte do século XX que o Tempo era eterno e o Universo não tinha tido início nem teria fim. De início a discussão era teológico-filosófica, mas em 1948 Bondi; Gold e Hoyle estabeleceram a Teoria do Estado Estacionário ou Criação Contínua; A sua densidade do Universo permanecia constante porque a matéria era criada - resultando da criação de novos átomos de hidrogénio, por efeito da gravidade – constantemente nos espaços vazios entre as estrelas; assim se justificava a observação do movimento de afastamento das galáxias, submetidas à Constante de Hubble. Repare-se que se aduzia toda esta falsidade da própria observação astronómica, desacreditando com desdém a Teoria do Big Bang – até o nome foi uma alcunha irónica de Fred Hoyle. Só quase no final do século passado a teoria de Hoyle ficou desacreditada em detrimento das novas evidencias que apontam para o “Big Bang”; a “certeza” era afinal mentira… acredita-se em algo “que alguém terá dito ou que pensamos que poderá (hipoteticamente) existir”.
Assim, e para eu poder acreditar que é o assunto que interessa esclarecer, e não escarnecer das convicções dos outros, como tem sido o mote dos anónimos ateus, gostava que me dissesse duas coisas: - Acredita que o Universo é inteligível? Porquê? Tem provas? - Acredita que a Ciência pode validar-se a si própria? Com que método? Qual a ciência indicada para esse objecto?
Um abraço, na expectativa de, com a sua paciência, podermos discutir civilizadamente
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Peço desculpa, mas só depois de editar o comentário reparei numa “contradição” da minha arengagem.
Digo, concordando consigo: “Fé não tem nada a ver com conhecimento ou razão, fé tem a ver com “hipótese”
Digo depois discordando de si “A fé não se baseia em hipóteses mas em convicções íntimas muito fortes, em “evidências pessoais”
Aquilo que quero dizer é que a fé está relacionada com a intuição e não com a razão, é de carácter evidente e não discursivo. Quando concordo consigo na primeira afirmação, relativa à “hipótese” científica, o que estou a pretender é que existe uma crença da parte do cientista na inteligibilidade do Universo, quando ele está a aventar uma hipótese explicativa (embora fundada numa observação de carácter analítico-racional) Peço desculpa…
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Como não sei qual dos anónimos é, dirijo-me em abstracto a si...
faço das palavras do cbs as minhas.
Se não quiserem se identiicar, que é o vosso direito, poderiam então combinar usar números, tipo, anónimo #1, "666, ou qq coisa para podermos distinguí-los ;) Não levem isto mal, sejam sempre bem vindos seja qual for o apelido.
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Repetir até á exaustão para se fazer acreditar é o caminho escolhido pelos crentes de modo a evitar justificar aquilo que dizem, apenas em desespero de causa.
Racionalismo é pensar, ponderar e afirmar com provas reais, de modo a qualquer um poder garantir a sua legitimidade.
Fé é acreditar naquilo que não se vê, que não sabemos se existe (nunca ninguém viu), é acreditar em algo que alguém terá dito ou que pensamos que poderá (hipoteticamente) existir.
Se estivesse escrito que existem "baratas" em órbita entre a Terra e Marte seriamos obrigados a acreditar independentemente de sabermos que as condições (de vida) seriam desfavoráveis, mas como estavam escritas teríamos que acreditar e ponto final
A razão é conhecimento, é saber, é o garante da certeza. A fé baseia-se em “hipóteses” em probabilidades, quanto muito num desejo. Como já terei dito antes isto é contradição de modo a inviabilizar o racionalismo dos crentes.
De outra forma:
Eu posso ter fé que a minha equipa de futebol ganhe o jogo. Como não sei o resultado, eu tenho “fé” que o resultado tenha sido favorável ou seja tenho “esperança” que se tenha verificado uma vitória. A partir do momento em que saiba o resultado (depois do fim do jogo) eu deixo de ter fé, porque passei a ter conhecimento (passei a ter a certeza do resultado). Independentemente do resultado o “conhecimento” passou a permitir que a razão passasse a ser conhecida.
Fé não tem nada a ver com conhecimento ou razão, fé tem a ver com “hipótese”