quarta-feira, maio 21, 2008
Da Autoridade.
'Sim, Nuno, o problema é pretenderes teres o juízo religioso sobre outros (o juízo final ou total ou espiritual ou apocalíptico, o que quiseres) substituindo-te assim ao divino'.

Se isto é verdade, e se é pretensão mostrar juízo 'religioso' sobre os outros substituindo-me ao divino, não fará o mesmo o autor desta acusação ao julgar religiosamente esse a quem ele responde? Vamos com calma.

O Vítor, a quem admiro a escrita e a capacidade de desconstrução, mostra, porém, resistência às declarações bíblicas, principalmente as absolutas e universais. Objectivando, isto não é inédito; muito menos no Trento. É apenas a atitude liberal - que tantas vezes se livra até à libertinagem - e que faz esquecer de que é da Escritura que se liberta. É, também, a tendência abstractizante - que tantas vezes resulta em hermetismo/gnosticismo e no ídolo da dúvida (o típico do crente da Nova Era) - que omite o seu prefixo, ab, que se dista do centro. E na teologia, esse eixo é Deus; a periferia, a anátema.

Com o tempo - e com a experiência da leitura para a qual a faculdade (ao menos nisso) contribuiu - fui aprendendo a desconfiar da linguagem; certos dialectos idiossincréticos, como mostrou George Orwell. Depois, passei a escutar com mais meticulosidade discursos históricos, políticos, filosóficos. O estudo da lógica foi-me essencial para o que se passaria a seguir. Desde então, não compactuo com liberalizações de significado, nem abstractizações semióticas - pois reparei que por hábito, são normas pelas quais os -ismos humanos mais totalitários e genocidas se promoveram (cf. socialismo 'científico' vs. gulags da Sibéria, vs. khmerismo do Camboja, etc). É a falácia do idiolecto.

Prefiro o terra-a-terra da Escritura, de palavras humildes e perfume campestre, que os romanos pré-evangelizados viam como despojadas, sem as flores, oiros e púrpuras dos seus Virgílios, mas que bastou, na sua objectividade e síntese invencíveis, para derrubar a cosmovisão pagã, e as que se lhe depararam desde então.

Ao lembrar os mártires que morreram sob a glória de Deus nesses dias, medito sobre como os cristãos pós-modernos, na sua sensibilidade abstractizante e liberal, responderiam à espada. Se viveriam a sua fé em Jesus Cristo, como Ele se revelou na Palavra de Deus; ou se até se submetiam aos deuses falsos e comiam das carnes sacrificiais, através de a) sobretolerância e concílios ecuménicos, pois segundo o Vítor e a Zazie a devoção dos pagãos poderá ser do agrado do Deus verdadeiro, por ser demonstração de fé, embora mal conferida; e b) tal como nos terços e nas santas louças não se é venerada a substância, mas o significante saussurreano, traguemos.

Quanto à acusação do Vítor de que eu tomo o lugar de Deus por mostrar à luz da Escritura desvios da Escritura, permitam-me que use a mesma para responder:

'Não repreendas ao escarnecedor, para que não te odeie; repreende ao sábio, e amar-te-á' (Provérbios 9:8).

'Não julgueis pela aparência mas julgai segundo o recto juízo' (João 7:24).

'Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra' (II Timóteo 3:16-17).

Prefiro a humildade de aceitar uma leitura mais literal da Palavra que a potencial presunção de impôr a minha interpretação, liberal e abstracta, sobre ela, para evitar o gáudio da epistolatria humana.
Nada afirmo sobre Deus que não venha da Escritura.

Se sim, caro irmãos, amem-me. Mas amem-me ao ponto de me repreender, ajuizar, rectificar sob a luz dEla. Pois outra não é a vontade de Deus.

Paz.

Nuno Fonseca
posted by @ 5:45 da tarde  
20 Comments:
  • At 21 de maio de 2008 às 23:45, Blogger zazie said…

    Nuno:

    Eu nunca defendi paganismos ou outras tretas no género, muito menos como modas do presente.

    É estranho, mas sempre o pensei desde que apareceste- nós andamos à porrada facilmente porque até somos muito parecidos.

    A questão fundamental, não só teórica como social, como uma espécie de "frente" que me importa é esta: Deus é universal.

    E esta verdade não deve ser secundarizada por força de formas de religiões diferentes que dela derivam (já sei que vais dizer que não derivam, porque só há uma que em que Ele se manifestou- mas não concordo que alguem de nós possa afirmar isso sem ser Deus).

    O que não significa que seja obrigatório (ou desejável) um ecumenismo entre todas as formas de louvar Deus. E muito menos obrigar a entrar nelas todas as variantes noções de sagrado.

    O que não me interessa é que haja algo universal- Deus- cativo de uma única religião. Pela simples razão que nem cativo das religiões deve estar.

    Daqui não deriva uma qualquer fantasia social utópica da minha parte. Simplesmente, mesmo do ponto de vista teórico seria errado reduzir o sagrado à Bíblia. Do mesmo modo que me parece que seria errado reduzir toda a criação a algo feito para servir o Homem.

    Se eu acho que há "algo de sagrado" na própria natureza porque não é obra nossa, sou obrigada, para ser consequente, a não reduzir o sagrado à leitura da Bíblia.

     
  • At 21 de maio de 2008 às 23:58, Blogger zazie said…

    No outro dia estava a "pensar alto" no Dragoscópio e interroguei-me como seria se tivesse nascido noutro país. E disse que não tinha resposta mas achava que tive muita sorte por ter nascido num país católico já que penso que a religião católica é a mais perfeita.

    No entanto, não estava satisfeita com esta ideia- A de ter uma religião que considero a mais perfeita, por tradição nacionalista. Uma vez que, sendo eu tendencialmente nacionalista, se tivesse nascido noutra época, noutro local do mundo, teria o mesmo problema.

    Logo a seguir o José deixa lá um comentário magistral. Dizia basicamente isto- se tivesse nascido no tempo das catedrais- ajudaria a erguè-las para louvar Deus; se tivesse nascido entre os incas, faria sacrifícios humanos (quem sabe?) para louvar Deus. E assim por diante.

    Ele resumiu a minha dúvida nas palavras certas- se há apelo de Deus, este é universal e louvamo-lo do modo que conhecemos, com a religião que podemos ter mas com a mesma moção- o mundo não existe por acaso. Há um criador e esse criador é um Bem que nos orienta nas escolhas da vida e na preservação de um gigantesco legado espiritual.

     
  • At 22 de maio de 2008 às 00:00, Blogger zazie said…

    noção e outras gralhas.

     
  • At 22 de maio de 2008 às 00:07, Blogger zazie said…

    nota: quando digo que acho que a religião católica é a "mais perfeita" incluo nessa avaliação a mensagem cristã e a imperfeição "natural e nada purista" da tradição católica.

    É claro que não faço esta avaliação em nome do "cristianismo". É uma avaliação "intelectual".

    Razão pela qual costumo ter o pudor de não me "incluir" entre aqueles que vivem uma religião "à séria".

    Daí a facilidade com que depois me chamam ateia, mas acerca disso, estou-me pouco lixando. A esses faço-lhes um manguito.

    (já fiz).

     
  • At 23 de maio de 2008 às 12:23, Blogger Vítor Mácula said…

    Olá, Nuno, Zazie.

    Tudo isto é muito giro e eloquente, Nuno, passa-se que essa da “leitura literal e simples” pressupõe uma posição de leitura e interpretação; depois terás de ter uma exegese para resolver as contradições do texto bíblico. Que é o que a leitura literal e “simples”, tem. Podes brincar a exercícios de lógica com a tabela de validade lógica – e ficares-te só pelas cartas de S. Paulo… :)

    Não sei o que queres dizer com “liberal”, mas se te referes a uma naturalização e racionalização do sagrado e do divino, eu até sou mais para o dogmático ;)

    Quanto ao juízo apocalíptico (totalmente revelador) que me devolves, é pura retórica. Tu pretendes deter os critérios de quem se salva e não se salva, e isso só um ponto de vista inteiramente revelador e ciente (o de deus) o pode deter; eu frisei até que o mais provável, relativamente a aferições do divino, era eu e tu estarmos parcial ou totalmente errados.

    Repetição de reparos bíblicos:

    “Nuno, nem o centurião se converteu (embora aqui dependa do que se entende por tal) nem o samaritano da parábola sequer se encontrou com Cristo.”

    “Sim, Nuno, o problema é pretenderes teres o juízo religioso sobre outros (o juízo final ou total ou espiritual ou apocalíptico, o que quiseres) substituindo-te assim ao divino; as categorias de juízo limite no temor e tremor são auto-aplicáveis, mas mal as revertemos para fora, para os outros, é sobre nós que recai a maldição, a maldade.”

    “outro ponto são as verdades naturais revelarem e constituírem a criação, interna ou externamente, mas não terem nada que ver com a face de deus, a tal que se morre ao contemplá-la directamente. que a religião seja a ordenação do natural e humano, em via e preparação do face a face, sim; que se confunda essas condições e exercícios com uma relação directa com deus, parece-me perigoso. chama-se a isso idolatria. que se idolatrem representações, ritos, pessoas, a bíblia ou o que for – a ilusão é a mesma.”

    Quanto à Bíblia e à sua inspiração, não se tratam de textos de inspiração mágica em que a singularidade da pessoa inspirada desaparece e Deus ou o que for fala directamente em linguagem humana. Trata-se sim de inspiração dialogante e livre, em que havendo arrebatamento ele é consciente e não anulador da consciência. É o humano que escreve inspirado pela sua relação com Deus.Tratam-se de textos pastorais de comunidades vivas e dialogantes dos primeiros cristãos assim como de cartas dirigidas a essas comunidades. Não são textos mágicos. São textos de pessoas que se relacionam com Jesus vivo e com testemunhas directas da vida pré-ressurreição de Jesus, ou perto disso.

    Por outro lado, há um limite na linguagem humana para directamente referir-se ao divino, e por isso S. Paulo não relata o seu arrebatamento ao terceiro céu e os relatos de milagres e ressurreição são enigmáticos.

    Se Jesus tivesse querido fechar-nos num preceituário literário directo, mano, teria ele próprio escrito qualquer coisinha que não na terra que o vento apaga ;)

    Abraço, beijoca

     
  • At 23 de maio de 2008 às 17:27, Blogger Vítor Mácula said…

    "Pois outra não é a vontade de Deus."

    é aqui que está o busílis. pretenderes-te paladino mundano da vontade de deus. descalça mas é as sandálias, mano ;) saberes a vocação dos outros, a voz de deus neles e para eles... humano, meu caro, demasiado e assustadoramente humano...

     
  • At 25 de maio de 2008 às 20:44, Blogger Nuno Fonseca said…

    Zazie,

    Essa problemática não se aplica ao cristianismo radical de Cristo; apenas às religiões baseadas numa tradição:

    'E assim por causa da vossa tradição invalidastes a palavra de Deus. Hipócritas! bem profetizou Isaias a vosso respeito, dizendo: Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim. Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homem (Mateus 15:6-9).

    O tradicionalismo, as liturgias e os rituais não interessam literalmente ao menino Jesus. Elas apenas pretendem legitimar o mérito humano na salvação.

    Esta poluição, quando aplicada ao cristianismo, etniza aquilo que é supra-étnico; culturiza o que é sobrecultural; nacionaliza o que é ultranacionalista. Quando o crente se converte, é, assim, despotamente obrigado a converter-se também a uma etnia (ex: europeia), a uma cultura (ex: monástica), a uma nação (ex. Vaticano). Este é um dos pontos fracos da Igreja Católica Apostólica Romana, que a distancia comprometedoramente da igreja que ela presume ser. Objectivando, só a definição 'católica' e 'romana' é antitética: contradiz uma caracterização universal com uma particular. Logicamente, ou ela é católica ou de Roma. A menos que o centro dessa universalidade/catolicidade se centre em Roma, e então temos eclesiolatria pura e simples. As razões, por muito inconvenientes que nos pareçam, devem-se às políticas de Constantino para domesticação da seita fanática dos cristãos, unindo as suas várias igrejas - para bem da Pax Romana - na capital do império, cujo patriarcado séculos mais tarde cederia sob o ouro e a púrpura do poder pontífice.

    Assim, e como é hábito dos católicos-romanos com que converso o Evangelho, para que não aceitem este judeu anticlerical, antitradicional e anti-statusquo, demasiadas vezes submetem-nO à sua leitura selectíssima da Palavra, abstraindo e relativizando onde convenha, e hiperbolizando os éditos dos bispos, as encíclicas papais e a dita autoridade dos seus sacramentos até à divinização sacrílega destes, se necessário.

    Pior ainda, Zazie, e penso que seja este o motivo porque não vais à missa, é o desapontamento que a ilusão humana duma igreja perfeita provoca. Pois tal coisa não existe. E se certa congregação/denominação entenda ou subentenda uma perfeição, uma infabilidade ou uma exclusividade sobre o nome de Jesus Cristo, assim demostra a marca da seita e a índole do fanatismo.

    Além do mais, esse prefeccionista clerical, para defender a sua obcessão, deve omitir a história da igreja cristã primitiva, na qual, como podemos atestar pelas epístolas apostólicas, se atestava a anarquia dos Coríntios, o dogmatismo dos Gálatas, a deslealdade dos Romanos, etc - falando nós das congregações de Paulo, de Pedro, de Timóteo, de quem os romanistas se confessam herdeiros em exclusividade.

    No fim, temos o mesmo erro dos fariseus: confundir o templo com Deus; o tabernáculo dos sacrifícios com o Senhor, a lei com o Adonai.

    Como tu, Zazie, creio no Credo Apostólico, e na 'igreja una, eterna, católica', mas não cometamos a adição anátema de lhe chamar romana. Até porque falamos da igreja pós-apocalíptica, a que Jesus tomará como Noiva, e será composta pelos Seus eleitos, conforme a Sua vontade - e não pelas tradições religiosas de homens pecadores, que somos todos nós:

    'Pois, quem jamais disse a Deus: Sofri, ainda que não pequei?' (Job 34:31)

    A humildade está em reconhecermos que somos todos iguais sob Jesus Cristo, e que devemos dar fruto, fazendo a Sua querença no mundo, esse que devemos vencer na vinda do Seu Reino, sob a autoridade da Sua Palavra - não esquecendo que nada disto merecemos; nada por nós valemos; de nenhum bem somos capazes, senão pela Graça.

    Penso que o ecumenismo cristão seria possível se a Igreja Católica Apostólica Romana fosse mais católica que romana, mais apostólica que católica, mais cristã que apostólica - e se humildasse, enquanto igreja, sabendo que é apenas a igreja de Roma, celebrando somente a perfeição do Seu criador, em que todos nos satisfazemos.

    Paz.

     
  • At 25 de maio de 2008 às 21:22, Blogger zazie said…

    Nuno:

    Quem é que te disse que eu não vou à missa?

    Eu deixei de comentar no Trento e um dos motivos foi pela mania de se fulanizar tudo.

    O modo como eu trato da religião é estritamente pessoal. E nada do que aqui comento se relaciona com isso.

    Estes comentários derivam de um engano teu na leitura da passagem do Ratzinguer. Quando ele disse que existem muitas vias para se chegar a Deus não estava a dizer que existiam vias fora do Cristianismo mas maneiras de chegar a ele.
    .......
    À parte isso eu não tenho qualquer desilusão com nada. Vou até a missas diferentes. Das católicas, às protestantes e ortodoxas.

     
  • At 25 de maio de 2008 às 22:43, Blogger Nuno Fonseca said…

    Caro Vítor, respondo-te assim:

    1- 'Tudo isto é muito giro e eloquente, Nuno, passa-se que essa da “leitura literal e simples” pressupõe uma posição de leitura e interpretação; depois terás de ter uma exegese para resolver as contradições do texto bíblico'.

    R:. Existe uma leitura. Ponto. A interpretação pessoal do estilo liceal de análise de sonetos camonianos do género 'O que me diz este texto?' não é permitido pela Palavra:

    '(...) nenhuma profecia da Escritura é para a interpretação de cada um. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo' (II Pedro: 1:20-21).

    A Escritura é óbvia, objectiva, frontal nas suas verdades essenciais, como a da salvação humana, que o citadíssimo João 3:16 - e todo o capítulo - sintetizam:

    i) É-se salvo apenas pela Graça de Deus, pois nada merecemos senão a morte, pela nossa desobediência enquanto pecadores de nascença, pelo gene adâmico.
    ii) É-se salvo por intermédia da fé somente no sacrifício de Jesus, que morreu na nossa cruz para que não perecêssemos, e ressuscitou para que eternamente com Ele vivamos, sendo toda a Glória para o Senhor.
    iii) É-se salvo apenas pela autoridade da Escritura, a verdadeira e única Palavra de Deus, cujo testemunho é eterno, perfeito, inegável, irrefutável.

    Se falas de teologias secundárias como os de controvérsias do tipo 'determinismo vs indeterminismo', ou 'dispensacionalismo vs pós-tribulacionismo', aí sim, falamos de exegese. Mas do novo, tratamos de detalhes cuja interpretação em nada contribuem para a salvação, ou a compreensão da providência divina. Ou seja, ninguém será mais ou menos santificado por saber ler o significado dos misteriosos candelabros que João viu no seu sonho apocalíptico.

    Não há contradições na Bíblia. É completamente hegemónica e heterogénea. Debato-me apenas com ateus e católicos-romanos nesta questão, que, por exemplo, de má-fé me vêm comparar os evagelhos questionando-me quem viu Jesus ressuscitado: se Maria Madalena, se as duas Marias mais a Marta, se Tiago e o mulherio. Nessa altura lembro-lhes o conceito de complementariedade, e que os evangelistas conheciam o evangelho anteriormente escrito, sobre o qual promenorizavam. Sei que os romanistas descobrem contradições q.b. entre o que lhes é dito na prédica e o que lêem na Bíblia, mas isso é subentender que o que lhes é pregado vem na mesma.

    Mas põe a Palavra à prova, Vítor - mostra-me exemplos de contradições ou erros e veremos se assim serão.

    2- 'Não sei o que queres dizer com “liberal”, mas se te referes a uma naturalização e racionalização do sagrado e do divino, eu até sou mais para o dogmático'.

    R:. Falo de leituras demasiado metafóricas, místicas, simbólicas, não-lineares, poéticas, que, sob termos tão latos e inconclusivos como 'naturalização' e 'racionalização' - que podem significar de tudo um pouco - tentam omitir o que não convenha para o interesse humano, societal, político, religioso, etc.

    A sinceridade e simplicidade da Palavra de Deus são brutas e brutais. E bem sabes da reacção dos pagãos da Antiguidade greco-romana, que afirmavam até que o Espírito Santo escrevia como um homem do campo.

    3- 'Nuno, nem o centurião se converteu (embora aqui dependa do que se entende por tal) nem o samaritano da parábola sequer se encontrou com Cristo'.

    R:. Sei de pelo menos três centuriões. Vou excluir Cornélio, do livro de Actos. Ficam o do Calvário, que admitiu que Jesus era justo, e o Filho de Deus; e esse, cujo servo foi curado por fé em Cristo (ambos casos dum encontro - até salvífico - com Jesus). O samaritano da Palavra era apenas um exemplo dado aos judeus de como existiam não-hebreus em quem Deus reconhecia justeza - o que nada tem que ver com salvação (a menos que me digas que obras contribuem para o perdão humano, ou uma pelagianice herege do género).

    4- 'Quanto ao juízo apocalíptico (totalmente revelador) que me devolves, é pura retórica. Tu pretendes deter os critérios de quem se salva e não se salva, e isso só um ponto de vista inteiramente revelador e ciente (o de deus) o pode deter'.

    R:. Podes chamar-lhe retórica, mas isso é um critério subjectivo teu. O que não é critério subjectivo meu são os versículos que te dei, que vêm da Escritura, e se definem como a Autoridade de Deus entre os homens, proveitosa também para ajuizar e ensinar, sob o critério objectivo, isento e universal de Deus, que aí te declara que deves repreender pacientemente o teu irmão à luz da Palavra de Deus, por amor a ele, quando necessário, para edificação do teu amado mano. O Deus em que acredito não é irresponsável: mostra-nos certos e errados, sins e nãos. Resumindo: eu não possuo em mim estes critérios, mas o Espírito Santo, pela Escritura, mos escreve em mim, como em todo o homem salvo, ecoando o que Jesus dizia:

    'As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é quem faz as suas obras' (João 14:10).

    E a minha vida é imitar Jesus, que, como sabes, nos declarou com toda a assertividade sobre quem vem o julgamento apocalíptico:

    'Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é julgado; mas quem não crê, já está julgado; porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus' (João 3:17-18).

    Como vês os meus critérios são os de Jesus. E não percas tempo a questionar-me com que autoridade eu julgo, pois Cristo já o respondeu aos fariseus.

    Entretanto, falta-te replicar porque me julgas pessoalmente por eu ajuizar moralmente a atitude do outro, se ao fazê-lo a mim estás a cometer o 'pecado' que alegas ser meu.

    5- 'que se idolatrem representações, ritos, pessoas, a bíblia ou o que for – a ilusão é a mesma'.
    'Quanto à Bíblia e à sua inspiração, não se tratam de textos de inspiração mágica em que a singularidade da pessoa inspirada desaparece e Deus ou o que for fala directamente em linguagem humana. Trata-se sim de inspiração dialogante e livre, em que havendo arrebatamento ele é consciente e não anulador da consciência. É o humano que escreve inspirado pela sua relação com Deus.Tratam-se de textos pastorais de comunidades vivas e dialogantes dos primeiros cristãos assim como de cartas dirigidas a essas comunidades. Não são textos mágicos. São textos de pessoas que se relacionam com Jesus vivo e com testemunhas directas da vida pré-ressurreição de Jesus, ou perto disso'.

    R:. Sobre a idolatria da Bíblia, muito deves explicar. O que se trata? Se falas de acender incensos, fazer orações, entoar cânticos, beijar as páginas da Escritura como os católicos-romanos fazem às louças santas, então, sim, temos bibliolatria. Se falas de aceitar a Escritura como a revelação e testemunho de Deus dado aos homens pela inspiração de homens eleitos, sendo a única Autoridade entre os cristãos como fôra entre os judeus, pergunto-te: com que autoridade o alegas? Se for apenas tua, desenvolve a tua dúvida; mas lembra-te que o parecer isolado dum homem é a dum pecador. Se for a da tua igreja, pergunto sobre que autoridade foi ela edificada senão a da Escritura, e sobre que testemunho se diz ela cristã senão pelos Evangelhos, e sob qual tradição nega ela a Palavra que os apóstolos persevaram e da qual extrairam todos os seus ensinos.

    É que me leva a crer que há raciocínio circular nisso:
    a) a tradição católica-romana vem da Escritura;
    b) a Escritura vem da tradição católica-romana.

    O pior é quando a Escritura contradiz a tradição católica-romana, até pelo simples facto que a primeira se opõe a todo o tipo de tradicionalismos que pretendem usurpar-lhe a Autoridade:

    'E assim por causa da vossa tradição invalidastes a palavra de Deus. Hipócritas! bem profetizou Isaias a vosso respeito, dizendo: Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim. Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homem' (Mateus 15:6-9)

    'Portanto, assim como recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, assim também nele andai, arraigados e edificados nele, e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, abundando em ação de graças. Tendo cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo' (Colossenses 2:6-8).

    Quanto à tua alegação que creio numa Escritura mágica, começo por perguntar-te onde te dei azo a essa conclusão. Não compreendo o que entendes por 'magia'. Vou excluir a hipótese de mediunidade ou conjura espiritista para entrada voluntária em transe. Resta o sobrenatural. Mas se negas a Deus a capacidade de agira fora das normas naturais, retiras-lhe a omnipotência, o que não penso que queiras. Talvez duvides da inspiração dos eleitos que compuseram o cânone. Mas aí tens que explicar como, por exemplo, Isaías previu o ano do início do ministério de Jesus, e o Seu nascimento virgem, e a cidade donde seria chamado; ou, também, como afirmou que o Altíssimo observa a 'esfera' da terra, coisa que um hebreu astrologicamente analfabeto, nascido milénios antes de Magalhães e Galileu era incapaz de saber; e mesmo até como os apóstolos construiram um registo histórico coincidente entre si, e com os relatos seculares vindos até de inimigos da cristandade, como dos de Josefo, o judeu, e Suetónio, o latino.

    Deus usou os homens como nós o lápis. Confirmo que o Senhor permitiu o exteriorizar de impressões e experiências pessoais desses inspirados quando foi propício (Salmos de David, opiniões de Paulo, etc), mas nem os profetas se abstinhariam da lapidação nem os apóstolos do desdém pelo Israel da Antiguidade se o testemunho da Palavra de Deus fosse apenas um trabalho de colunistas de jornal eclesiástico, ou cartas com postais de feliz Pasoch para os cristãos primitivos.

    6- 'Por outro lado, há um limite na linguagem humana para directamente referir-se ao divino, e por isso S. Paulo não relata o seu arrebatamento ao terceiro céu e os relatos de milagres e ressurreição são enigmáticos'.

    R:. Não disse que a Palavra é a completa compreensão de Deus, mas a revelação suficiente para a salvação humana. Há, sim, mistérios na Escritura, mas é aí, nessa teologia secundária, que existe margem para conversa entre nós. O facto de a linguagem humana ser imperfeita e incapaz de replicar perfeitamente a Palavra de Deus não impede o Senhor de se relevar de forma a que O compreendamos, a menos que prefiras a falácia. Não te esqueças que a Palavra que no princípio era Deus se fez carne e humilhou-se entre os homens, para dar testemunho da Luz (João 1:1-14).

    Nota: O 'terceiro céu' é hebreismo para o céu que existe para lá do sol que nos mostra o dia.

    7- ' Se Jesus tivesse querido fechar-nos num preceituário literário directo, mano, teria ele próprio escrito qualquer coisinha que não na terra que o vento apaga'.

    R:. 'Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão' (Marcos 13:31)

    Pergunto-te quem disse isto, em que livro, e se tal obra foi com o vento.

    8- 'é aqui que está o busílis. pretenderes-te paladino mundano da vontade de deus. descalça mas é as sandálias, mano ;) saberes a vocação dos outros, a voz de deus neles e para eles... humano, meu caro, demasiado e assustadoramente humano...'

    R:. Persistes na tua falácia ad hominem e no teu boneco-de-palha. Não incorras na má-fé e nesse golpe retórico debaixo do ventre que é ridicularizares-me para distraires-te do facto que não consegues refutar objectivamente o que te argumento. O que te digo vem apenas e só da Escritura. Senão, mostra-me onde não lhe fiz jus e eu concordarei contigo. Em caso contrário, é na negação da Palavra que reside a tua busílis. E então não estás a seguir o exemplo de Jesus Cristo que respondia a todos com 'Está escrito'.

    Vou orar por ti.
    Paz.

     
  • At 25 de maio de 2008 às 22:46, Blogger Nuno Fonseca said…

    Zazie:

    Ok. Peço desculpa. Em todo o caso, fica o testemunho de como seria se assim não fosse.

    Só uma pergunta: onde vais para participares em cultos ortodoxos? São esteticamente agradáveis.

     
  • At 26 de maio de 2008 às 13:07, Blogger Vítor Mácula said…

    Nuno, uma nota: no credo não se acrescenta “romana”; isto não impede no entanto de, na pastoral e magistério haver essa vontade de centralismo regional.

    1. Todo o enunciado exige interpretação; no caso religioso exige ainda por cima apropriação vital, isto é, que se transforme em vida para mim. O literalismo é uma interpretação, com os seus métodos e pressupostos. Relativamente ao texto bíblico ele é impossível, aliás (não me digas que arrancaste um olho?) Resta fazer a distinção de linguagens e contextos, claro.

    Também não penso que muito do que discutimos aqui seja essencial para a salvação; estou apenas em palheta cristã, não estou a fazer sermões.

    É-se salvo por Deus, não pela escritura (se autoridade da escritura se refere ao elemento divino da sua constituição, sim; mas nesse caso é-se salvo pela autoridade da criação, da natureza, da cultura, dos sinais quotidianos de cada qual, etc)

    Contradições apenas neotestamentárias: a parusia estar próxima, e não estar; inúmeras questões de regras de assembleia nas epístolas de S. Paulo; Jesus ter instaurado a eucaristia na noite das noites ou o lava-pés, etc Eu também vivo pela complementaridade bíblica, diga-se de passagem, mas precisamente, ela exige interpretação. Quanto a esgrimir citações bíblicas, não me interessa; cair-se-ia na luta pela interpretação autoritariamente correcta, o que, para o sentido do que tenho vindo a tentar dizer, seria um equívoco. Tudo isto me parece mais ou menos claro (e discutível;), o resto é braço de ferro.

    2. LOL Pagão quer dizer do campo; o Espírito Santo escreve como os pagãos, acusam os pagãos… LOL

    Relatado na Bíblia está a reacção dos estóicos e dos epicuristas; isto tem razões de debate teológico. Os pagãos é outra das figuras de generalidade (tal como os católicos liberais, os pós-modernos, os new age, etc) que subsumindo neles uma míriade de posições diversas, serve a propaganda mas não a verdade.

    Esta subsumpção, na sua referência particular, constitui para mais um fechamento ao outro enquanto realidade, tornando-o espécime dum género alargado, previamente estabelecido, e destruindo a sua pessoalidade (esta é a parte cristologicamente perigosa, ou se preferires, na contra-mão da atitude de Jesus). Assim, não nos relacionamos com os outros, mas connosco próprios através deles, sendo eles apenas ocasião para confirmarmos a nossa ideologia e impormo-la a eles por adesão ou rejeição.

    3. Referia-me ao do servo curado. Não sei o que queres dizer com salvífico, mas a conecção no texto é entre “amar o servo com a um filho” e “cura do servo”; de modo nenhum se trata de crer em Jesus como verbo incarnado ou salvação da humanidade etc Se conectares tal com a parábola do samaritano, perceberás o que quero dizer (que penso já teres percebido, mas estás decidido a convencer-me dos meus erros e da tua verdade, e não a escutar-me e relacionar-te com o que digo e vivo; espero também que não seja esse o sentido do teu orar por mim :P

    Salvar-se e executar a vontade de Deus são complementares; salvar-se e ser justificado idem. O samaritano executa a vontade de Deus na operação que Deus nele faz, e é sempre assim, como é evidente. A questão da fé e das obras tem que ver com “a quem é devida a potência”; e a potência amorosa e criadora é sempre devida a Deus, potência que habita e sustenta o mais fundo de nós, e a que podemos resistir ou fazer crescer como semente de eternidade.

    4. Repetição: não é o juízo moral que está em causa, mas a pretensão de saber quem se salva e quem se perde. Para ti, todo o não-cristão está condenado. Ou se discute isto, ou se entras em salamaleques retóricos e cheios de citações bíblicas etc.

    5. Lá estás tu com juízos prévios: eu não sou católico no sentido do teu fantasma. Nem acredito na sucessão apostólica como é definida pelo magistério. Fala comigo, não com as tuas representações de adversidade que tanto confirmam o teu esplendor cristão.

    Com mágico, quis apenas referir-me à pretensão de que textos temporais e humanos correspondam ao divino a falar directamente; ao contrário dos transes xamânicos ou pitonísicos, a inspiração bíblica não anula a reflexão nem a circunstância.

    6. Eu sei o que é o terceiro céu, Nuno.

    7. As palavras (ou signos, se preferires) de Jesus não são o texto bíblico.

    abraço

     
  • At 26 de maio de 2008 às 14:35, Blogger zazie said…

    Não há crise, Nuno.

    O Vítor já referiu uma igreja ortodoxa perto do Museu Militar. Ainda lá não fui.

    Costumo ir em Londres

     
  • At 28 de maio de 2008 às 14:13, Blogger Nuno Fonseca said…

    Vítor, meu, já começo a ter falta de paciência. Nem respondes às minhas questões, nem me pareces ter sequer lido os meus argumentos. Pára de te evadir. Já ando com falta de paciência para essas evasões.

    1- 'Repetição: não é o juízo moral que está em causa, mas a pretensão de saber quem se salva e quem se perde. Para ti, todo o não-cristão está condenado. Ou se discute isto, ou se entras em salamaleques retóricos e cheios de citações bíblicas etc'.

    R:. 'Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é julgado; mas quem não crê, já está julgado; porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus' (João 3:17-18)'.

    'Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados; porque, se não crerdes que EU SOU, morrereis em vossos pecados' (João 8:24).

    Jovem, qual é a tua confusão?

    2- 'As palavras (ou signos, se preferires) de Jesus não são o texto bíblico.

    R:. Que autoridade to diz? Qual é o padrão científico/histórico/filosófico/etc que te permite afirmar tal coisa?

    3- 'Referia-me ao do servo curado. Não sei o que queres dizer com salvífico, mas a conecção no texto é entre “amar o servo com a um filho” e “cura do servo”; de modo nenhum se trata de crer em Jesus como verbo incarnado ou salvação da humanidade'.

    R:. A questão é que é, Vítor. Esses indivíduos creram em Jesus. É exactamente o mesmo processo que se opera no novo homem que através da Escritura escuta o testemunho da Palavra que era Deus, e se fez carne, para dar testemunho da Luz (João 1:1-14), que temos nas Escrituras. O centurião, após ver Jesus humanamente morto, reconheceu que ele era Quem disse que era; o do servo curado confiou em Jesus, quando ele afirmou que curaria o seu servo; e Barrabás, reconheceu a divindade do Messias, sendo ali salvo, segundo as palavras de Jesus. Plain and simple.

    Peço que releias o meu texto anterior, porque não quero redundar mais neste debate. E quando responderes, lembra-te que impressões e expressões subjectivas são exactamente isso. O último post do CBS ser-te-á útil.

    Paz.

     
  • At 28 de maio de 2008 às 14:21, Blogger zazie said…

    O último post é descaramento de quem teve a lata de andar a defender o aborto em nome da religião católica. E é com este complemento que o último e antepenúltimo devem ser lidos.

    Filisteus a pregarem aos peixes, passo.

     
  • At 28 de maio de 2008 às 16:30, Blogger Vítor Mácula said…

    Ok, certo. Sem paciência não vale a pena; sem paciência a alma é pequena ;)

     
  • At 28 de maio de 2008 às 18:31, Blogger Vítor Mácula said…

    Só mais um poucochinho:

    "2- 'As palavras (ou signos, se preferires) de Jesus não são o texto bíblico.

    R:. Que autoridade to diz? Qual é o padrão científico/histórico/filosófico/etc que te permite afirmar tal coisa?"

    Repetição: Foi Jesus que escreveu os evangelhos, os actos, as cartas, o apocalipse?

    És mesmo surdo, pá

     
  • At 28 de maio de 2008 às 23:06, Blogger Nuno Fonseca said…

    Vítor,

    A Palavra de Deus que descobrimos nas Escrituras são da autoria do Senhor que foi Elohim para Adão e Eva, El Shadai para os patriarcas, Jeová para Israel, e que selou a Nova Aliança com o nome de Jesus Cristo.

    Por isso, sim. Quando os eleitos para a inscrição do cânone foram inspirados, era o único Deus verdadeiro que os usava. E é de Jesus que te evades quando te recusas a ler objectivamente os versículos que te dou.

    Vais agora ler o meu comentário anterior ou não?

    Além das questões anteriores, ainda andas a esconder-te desta, quando negas a infabilidade bíblica e a exclusividade de Jesus:

    'Que autoridade to diz? Qual é o padrão científico/histórico/filosófico/etc que te permite afirmar tal coisa?'

    Paz.

     
  • At 29 de maio de 2008 às 16:02, Blogger Vítor Mácula said…

    Olá, Nuno

    A tua noção de inspiração (Deus escrevendo directamente, instrumentalizando os humanos) vai na contramão total dum deus que quer estabelecer uma relação viva e consciente com os humanos. Mas desse deus que dita anulando o outro, vejo que está em caminho de sua imitação, ok.

    Isto já não é surdez, não acredito. Ainda não percebeste o estatuto que eu dou ao texto bíblico? Minha nossa senhora... :)

    abraço

     
  • At 29 de maio de 2008 às 23:30, Blogger Nuno Fonseca said…

    Vítor,

    Não vai em contramão nenhuma. Os sujeitos inspirados relacionavam-se com Deus há muito, e tal como a tua nossassenhora, a quem prefiro chamar Maria, aceitou gerar o Messias, também acredita que os eleitos canónicos juntaram pena e papiro felicíssimos com o Paracleto a chamejar dentro deles.

    E sim, compreendo o estatuto que dás à Escritura: é oposta ao que ela se assume ser - a Palavra inspirada e infalível de Deus.

     
  • At 30 de maio de 2008 às 11:47, Blogger Vítor Mácula said…

    Sim, parece-me completamente oposto ao teu o estatuto e sentido que dou e com que me dou aos textos bíblicos, sendo que para mim eles são relatos duma relação, e incluem expressão de comunhão, distracção e até negação – do amor e do amado.

    Relação e peregrinação – vão na contramão da fixidez e inerrância.

    Bom fim de semana.

     
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