domingo, outubro 07, 2007 |
questões tecnológicas |
Hoje, numa igreja, vejo anunciada uma "conferência para casais católicos".
O tema: como conseguir uma taxa de eficácia contraceptiva através do "método natural" igual à taxa de eficácia da pílula contraceptiva. Seguia-se o nome de distintos médicos ginecologistas católicos que iam ensinar a matéria aos crentes desejosos de "contracepcionar sem pecar".
Não sei qual é a opinião dos distintos colegas protestantes deste blogue sobre matérias tão esotéricas.
Mas, quando vi o dito anúncio, lembrei-me de um post que o Antonius escreveu aqui há uns dias, relativamente ao qual, na altura, por entender que havia outras prioridades mais importantes, não reagi.
Mas não foi só por isso que não reagi a esses temas que ele propôs. É também porque esses "temas fracturantes" são muito difíceis. Prefiro, por isso, começar com um "tema fracturante" bem mais fácil (para mim) e, relativamente ao qual, já tenho algumas ideias relativamente formadas (contrariamente aos temas propostos pelo Antonius no referido post).
Passo a avançá-las. A pílula simplesmente contraceptiva (isto é, não estou a falar da abortiva) ou o preservativo ou o método natural são, de um ponto de vista moral, absolutamente idênticos (tenho reservas quanto à pílula, mas simplesmente por razões de saúde - física, mas também, e sobretudo, psíquica - do consumidor).
De um ponto de vista moral, o que pode ou não ser um pecado é querer ter relações sexuais sem querer ter filhos. Agora não compreendo como pode ser um pecado utlizar uma tecnologia em vez de utilizar uma outra.
timshel |
posted by @ 8:10 da tarde |
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13 Comments: |
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Mas eu acho q os católicos tem toda a razão em interessar-se por essas coisinhas não devem é impor isso aos outros. Mas há todo o benefício em ter mais soluções alternativas
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eu não sei o que os protestantes pensam sobre estas matérias e até acredito que eles possam fazer aquilo que quiserem
mas isso vai até ao ponto de, se assim o desejarem, poderem constituir família com o objectivo de, voluntariamente, não terem filhos porque acham que os filhos dão demasiado trabalho, por exemplo
e nesse caso, acham que o cristianismo é moralmente neutro sobre esse tipo de atitudes?
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Acabaste de o dizer. "De um ponto de vista moral, o que pode ou não ser um pecado é querer ter relações sexuais sem querer ter filhos." O que é entendido entre os católicos como significando que NÃO TER relações sexuais, para evitar ter filhos por motivos sérios, não é imoral (entre casados, se o motivo for fútil, passa a sê-lo). Ou seja, deixar de ter relações sexuais em certos dias porque o corpo dá sinais de estar em fase em que seria possível engravidar entra nesta definição. O chamado "coito reservado", ou "abstinência incompleta".
(Já agora, a quem interessar, foi recentemente publicado um artigo numa publicação científica de medicina reprodutiva que confirma que pelo menos um dos (inúmeros) "métodos naturais" tem realmente uma taxa de eficácia muito semelhante à da pílula. Os métodos são hoje em dia muitos, alguns pouco eficazes, mas outros já bastante eficazes. Quem quiser ler a esse respeito de uma forma não demasiado técnica mas até mais ou menos rigorosa, veja na Wikipedia em inglês os artigos sobre contracepção e controlo da natalidade).
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Obviamente, falta uma vírgula no comentário anterior.
"NÃO TER relações sexuais, para evitar ter filhos, por motivos sérios, não é imoral"
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"NÃO TER relações sexuais, para evitar ter filhos, por motivos sérios, não é imoral"
isso levanta várias questõs interessantes
e ter relações sexuais utilizando métodos contraceptivos para evitar ter filhos, por motivos sérios, é imoral?
e um homem e uma mulher casados, NÃO TEREM relações sexuais para evitar ter filhos, independentemente dos motivos, é imoral?
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Questões interessantes com direito à mesma resposta: "claro" à primeira, "evidentemente" à segunda, "mas que raio de perguntas" às duas. Aliás, só não são duas prácticas muito imorais porque muito, muito mais imoral é o facto de a igreja (qualquer uma) continuar a arrogar-se o direito de se meter na vida privada das pessoas, que diga-se de passagem, vão ouvindo com muita atenção e depois fazem rigorosamente o que lhes apetece, à excepção de uma ou outra família de totós para quem o Século XXI é apenas uma data que em nada difere do Século Primeiro, senão nos algarismos. Com "A Palavra" parada e o mundo a avançar, um dia havia de dar bota... já deu! É pena, pois A Palavra devia avançar ou mesmo voar à frente de todo e qualquer progresso nascido das mãos dos homens, em vez de em tantas ocasiões ser travão, desconfiança, reprovação, negação dos avanços, obrigando tantas e tantas vezes os seres humanos e o mundo a crescerem apesar da Igreja (mais uma vez, qualquer).
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Ó meu Deus... mas vocês acham mesmo que a mulher só serve para ter filhos???
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Hadassah
Para esta estirpe de machismo persistente que tende a provocar no homem alucinações que o levam a pensar que vale 10 vezes o que realmente vale, que a mulher mesmo quando é grande é para estar "atrás de um grande homem", para além de ter uma função meramente utilitária, infelizmente não há antibiótico ainda. Nenhuma religião, por si, ajuda tão-pouco a resolver a patologia. Deviamos estudar de perto quem não é assim... Alguns anticorpos devem "de" ter que talvez ajudassem a encontrar um remédio!
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Hadassah,
Através de que exercício rebuscado é que viste o timshel ou a knit a dizerem isso ou a dizerem algo do qual se depreendesse isso?
Last time I checked relações sexuais involvem duas pessoas e é da natureza e finalidade destas que falavam...
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1º Para o Tim,
Deixo aqui este link, remetendo a leitura para o tema: Concepção e Contracepção, para que fiques melhor esclarecido sobre a posição protestante:
http://www.portalevangelico.pt/noticia.asp?id=2101
2º Respondendo ao Antonius:
O simples facto de se terem colocado estas perguntas:
"e ter relações sexuais utilizando métodos contraceptivos para evitar ter filhos, por motivos sérios, é imoral?"
"e um homem e uma mulher casados, NÃO TEREM relações sexuais para evitar ter filhos, independentemente dos motivos, é imoral?"
Seguindo esta linha de raciocínio, que coloca o RESULTADO à frente do ACTO, passa-se para segundo plano a importância do acto em si, que é o de proporcionar prazer e satisfação ao casal, representando a consagração do amor entre eles. Continuando, depreendo que se venha a pensar que a mulher não terá sido criada primeiramente, porque fazia falta ao homem, enquanto sua "adjutora" e para ser simplesmente por ele amada e gozarem a companhia um do outro, mas para um outro fim primário: o da procriação...
Se analisarmos o capítulo de 2 de Génesis, verificamos precisamente o contrário. Em primeiro lugar esteve o bem estar do homem e da mulher, enquanto casal e só mais tarde...se fala na procriação, que nada mais é do que a consequência (o fruto) de um amor completo que obviamente, como seres sexuais que somos, inclui o acto sexual.
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Resumindo, se vincularmos o acto sexual à procriação...perde-se toda a beleza daquilo que representa: o amor pelo amor.
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a problemática associda às questões que colocquei transcendem-na em muito
a questão de fundo subjacente a estes problemas é o objectivo da existência do homem na visão cristã
ele deve estar centrado apenas sobre si e os seus? o que é o amor cristão?
paradoxalmente, esta questão é (também) uma questão eminentemente política
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Tim, Não sei se atingi o pensamento onde queres chegar.
Mas se me perguntares sobre o que é que eu acho de um casal que decide não ter filhos, por conveniência financeira, por comodismo, por não querer "perturbar" a sua estabilidade económica, ... a mim parece-me que este tipo de decisões fogem completamente aos desígnios que Deus tem para nós.
A constituição de família e o desejo de ter descendência deveria ser um interesse natural de todos os homens...mas as coisas estão cada vez mais subvertidas...pela falta de amor, de compromisso e pela sopreposião dos valores económicos aos valores humanos.
Mas não é por acaso que Deus tornou tão difícil, essa questão da contracepção...se analisarmos bem...com os avanços tecnológicos que existem, é interessante verificar que ainda assim não se consegue controlar a 100% essa questão...
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Mas eu acho q os católicos tem toda a razão em interessar-se por essas coisinhas
não devem é impor isso aos outros. Mas há todo o benefício em ter mais soluções alternativas