sexta-feira, setembro 28, 2007
Metendo as mãos na merda (1): as emoções ("Nuno, Nuno, lemá sabachthani")
O manicómio está de regresso. Salvo erro, da última vez foi graças ao Nuno, fiquei-lhe muito agradecido nessa altura mas, desta vez, até o Nuno se espantou e desapareceu de cena. Peço desculpa aos amigos protestantes do triste espectáculo para o qual aqui contribui.Talvez a religião (ou antes o catolicismo) seja, como pensam os amigos ateus, a doença infantil da humanidade. A esses só posso contrapor que, utilizando um excerto do José, num dos posts anteriores, a Igreja "é portadora de um tal capital de amor, de generosidade, de esperança, de humildade, de boa vontade e de fé no único mestre Jesus, que nenhuma das suas fraquezas (e estou a pensar em mim e noutros católicos que aqui escreveram ou comentaram - parêntesis meu) pode prevalecer e barrar o caminho por muito tempo ao Espírito Santo".

Do que vi aí para trás escrito fica-me uma ideia de várias emoções.

É natural, como em todos os debates, que as argumentações se incendeiem. Não me parece que daí possa advir algum mal irreparável. Os debates muito frios têm as suas vantagens mas se fosse possível o debate resolver-se de um modo completamente lógico, racional e "científico" púnhamos os computadores a travá-lo e a resolvê-lo.

Se a emoção é muitas vezes má conselheira, também é verdade que a exactidão e a adequação de muitas decisões humanas são também, e por vezes fundamentalmente (segundo alguns cientistas do comportamento), conseguidas pelo facto de sermos seres emocionais. Felizmente para os humanos.

O mal da emoção é apenas quando ela conduz a males irreparáveis. Mas, felizmente, normalmente perdoamos a quem nos ofendeu. Uma herança cristã? Não sei. Sempre pensei que talvez o Pai Nosso estivesse mal formulado quando nos mandava perdoar a quem nos ofendeu. Ele deveria dizer-nos para nunca nos ofendermos com o que quer que seja.

Mas, se nunca nos ofendêssemos nem sequer por alguns milésimos de segundo, seríamos computadores e não humanos.

Portanto o Pai Nosso tem razão. Podemos e devemos ofender-nos por alguns milésimos de segundo mas não mais do que isso.

Uma das coisas que define o ser humano face aos outros animais é (a par do riso não agressivo, a actividade mais humana por excelência) a sua capacidade para comunicar de modo inteligente. Sempre que se reduz a comunicação a Humanidade torna-se um pouco menos humana. Quando a comunicação se reduz de modo definitivo é um mal irreparável que infligimos à essência da nossa condição humana.

Um bom cristão terá sempre muitas ocasiões para se tornar a zangar. Assim o espero.

timshel
posted by @ 7:27 da tarde  
2 Comments:
  • At 28 de setembro de 2007 às 23:01, Blogger cbs said…

    "Ele (Pai Nosso) deveria dizer-nos para nunca nos ofendermos com o que quer que seja"
    Peço desculpa por discordar Tim.
    Importa ter presente que a noção do Bem e do Mal, implica a coexistencia de ambos.
    No Céu não será assim, mas na actividade dos humanos, nunca percebemos uma sem a outra, daí que sem ofensa não poderia haver perdão.
    Acho que faz parte da vida eo Pai Nosso está certo.

    Tenho consciencia de que feri por aqui toda a gente (incluindo eu próprio).
    Por tal peço sinceramente desculpa a todos, e aceito todas as críticas.
    Agradeço também a vossa tolerancia para me aturarem.
    Merecem muito melhor do que eu.

    Lamento no entanto ter que dizer que, nas mesmas condições, voltaria a agir da mesma forma, pelo que talvez nem mereça o vosso perdão.

    um abraço Tim, e acredita que és para mim uma referencia de santa paciencia.

     
  • At 29 de setembro de 2007 às 06:31, Blogger timshel said…

    cbs

    tu e eu e todos sem excepção ajudámos a esta cegada

    quanto à parte final do teu comentário, ela vale um post

     
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