domingo, setembro 23, 2007
um argumento simples (catequizando a Zazie - 3)
Interroga-se a Zazie aqui nos comentários sobre a razão pela qual, do Mandamento do Amor, decorre que todos os homens são iguais.

Parece-me inútil fazer longas lucubrações teóricas porque a resposta é simples.

Os homens são filhos de Deus mas não são todos iguais. Tal como os filhos de um homem não são todos iguais.

Mas, qual é o Pai que, amando os seus filhos, todos os seus filhos, perante as diferenças de capacidades naturais entre os seus diferentes filhos, não regula as relações com (e entre) eles de modo a que todos tendam a ter os mesmos direitos e os mesmos recursos?

É este o igualitarismo cristão.

timshel
posted by @ 4:53 da tarde  
17 Comments:
  • At 23 de setembro de 2007 às 17:15, Blogger zazie said…

    Isto está demasiado simplista para ser uma mera resposta ao que eu escrevi ou à "idioteira" do texto que larguei.

    Sabes a que é que me soa esta série de mini-postes?

    agit prop de dazibao.

    Chapadinha.

     
  • At 23 de setembro de 2007 às 17:18, Blogger zazie said…

    Agora vê lá se não tropeças e deixas demasiado à mostra a cauda maoista.

    Olha que é susposto este debate parecer uma problematização dos dogmas da Igreja Católica.

    E ainda estou à espera, na minha ignorância de simpatizante mal doutrinada, onde é que o igualitarismo entra no meio dos 43.

     
  • At 23 de setembro de 2007 às 17:29, Blogger zazie said…

    Mas isso deve ser contágio de alguma cagadela que o saguim te deixou no ombro.

    Eu não me interrogo como deriva a ideia de igualdade do mandamento do amor. O que eu me interrogo é que isso seja um dogma da Igreja Católica.

    Porque não é. Porque nunca poderia ser um dogma, algo que é tão difuso como apenas uma formulação ontológica.

    Essa irmandade ou igualdade de todos à imagem do Criador, não é uma igualdade absoluta, de réplicas bem-aventuradas fora do tempo e da História.

    Se assim fosse, Deus tinha criado apenas um modelo animal e um modelo humano e impedido o pecado original ou o Diabo de entrar na História.

    Não havendo paraíso e sendo toda a geração diferente, o que daqui decorre, seguindo a doutrina, apenas pode levar para a tal partilha igualitária virada para Cristo. Mas nunca daqui se pode extrapolar que essa igualdade há-de ser uma alteração da natureza.

    Até por uma razão. Tu só te preocupas com a igualdade do carcanhol. Mas o carcanhol não veio do paraíso, o que veio foram as infinitas maleitas. Que nunca são meras faltas de carcanhol que dê alento à alminha.

    Essa é a tua versão mais antiga do dogma da fé: a marxista. O catolicismo da igreja é que não é responsável por ela.

     
  • At 23 de setembro de 2007 às 18:22, Blogger zazie said…

    Ainda assim, pegando apenas no que deixaste, isto não bate certo:

    «Mas, qual é o Pai que, amando os seus filhos, todos os seus filhos, perante as diferenças de capacidades naturais entre os seus diferentes filhos, não regula as relações com (e entre) eles de modo a que todos tendam a ter os mesmos direitos e os mesmos recursos?»

    Mas então como é? é Deus o pai a quem compete regular os recursos de todos os filhos?

    Nesse caso, se não houver regulação a responsabilidade é dele.

    Se não é dele, quem é que vai para o lugar do Pai, a regular os recursos, se o pressuposto deriva do Amor e da igualdade entre todos?

    Como é? Quem é a cúpula reguladora?

    Isto também vem no catecismo? a regulação dos recursos pelo Pai?

     
  • At 23 de setembro de 2007 às 18:26, Blogger zazie said…

    É que, lido assim, dá ideia que o Paraíso foi uma grande repimpa capitalista. depois foram expulsos, não trouxeram todos o carcanhol por igual, nem o talento para o carcanhol quando havia à abundância para todos, e a história terrena é a busca de um Pai protector que volte a distribuir os tais recuros iguais por toda a gente.

    Porque é que isto me soa mais a marxismo que a doutrina católica?

    o homo economicus, sempre... só, exclusivamente.

     
  • At 23 de setembro de 2007 às 20:00, Blogger timshel said…

    do muito de criticável apenas refiro uma coisa

    o cristianismo não é passividade em que Deus já regulou tudo e não precisa de nós para nada

    Deus precisa tanto de nós como nós d'Ele

     
  • At 23 de setembro de 2007 às 20:03, Blogger zazie said…

    Nunca ninguém aqui disse o contrário.

    O que perguntei é qual é o pai. Tu escolheste um exemplo, deves ter uma ideia das consequências.

    Não sei como se pode explicar um Pai terreno igual a um Pai Celeste.

    Mas, como digo, tu escolheste o exemplo, há-de ter teoria sobre isto, desde o momento que passaste a explicar a teoria política pela doutrina cristã.

     
  • At 23 de setembro de 2007 às 20:13, Blogger timshel said…

    mas quais consequências?

    é assim tão difícil perceber que devem existir normas políticas que tendam a estabelecer direitos iguais entre todas as pessoas e, nomeadamente, redistribuição de recursos entre todos os homens para que todos eles tenham as suas necessidades igualmente satisfeitas

    e que essa dimensão política do cristianismo é-lhe tão imanente como a sua dimensão individual de fé, esperança e caridade, porque o homem é um animal social cujos comportamentos também traduzem aspirações de um modus vivendis social

    e mais, que essa dimensão política não encontra nenhum outro fundamento sólido que não a fé cristã porque essas regras não são "leis da natureza" mas sim expressão de um "dever ser" necessariamente transcendental

     
  • At 23 de setembro de 2007 às 20:19, Blogger zazie said…

    Este comentário foi removido pelo autor.

     
  • At 23 de setembro de 2007 às 20:22, Blogger zazie said…

    correcção:

    « existir normas políticas que tendam a estabelecer direitos iguais entre todas as pessoas e, nomeadamente, redistribuição de recursos entre todos os homens para que todos eles tenham as suas necessidades igualmente satisfeitas»

    Pergunto-te:

    E essas normas e direitos de igualdade social económica que, como bem dizes são políticas, não são teológicas, nem se vivem dentro da Igreja, podem ser justificadas ou reivindicadas politicamente, sem o catecismo católico vir à baila. Podem ou não?
    Estão ou não estão no terreno social que até dispensa a Igreja?

    Por outras palavras- se deduzes do amor de Deus e do amor em Deus, a necessidade de igualdade dos homens- o que implica uma variedade gigantesca de paridades ou equidades, a começar pelas espirituais- e é disso que se encarrega a religião, porque é que depois as afunilas e apenas consegues retirar daí um modelo político de igualdade económica, que até já existe, existiu e dispensou a inspiração do Amor cristão?

     
  • At 23 de setembro de 2007 às 20:26, Blogger zazie said…

    Simplificando:

    Porque é que começas pelo mandamento da Igreja, o do amor e dás o salto para o da igualdade social e não desenvolves em que consiste essa igualdade apenas derivada de onde partiste?

    Porque é que, em chegando a essa palavra igualdade, apenas te lembras de justiça (coisa que é terrena) e igualdade de recursos. coisa que é da economia e que apenas teve um modelo económico no comunismo?

    Como é que fazes a ponte entre um mandamento espiritual e uma modelo económico se o primeiro não implica o segundo e o segundo até já foi experimentado, e dispensou o primeiro?

     
  • At 23 de setembro de 2007 às 20:30, Blogger timshel said…

    "se deduzes do amor de Deus e do amor em Deus, a necessidade de igualdade dos homens(...) e apenas consegues retirar daí um modelo político de igualdade económica, que até já existe, existiu e dispensou a inspiração do Amor cristão?"

    não existe, nunca existiu nem sei se alguma vez existirá

    o que existe é um desejo de justiça social que, mesmo quando o não reconhece, é apenas e tão somente o reflexo da mensagem cristã

    aliás, só aí encontra consistência teórica

    todos os modelos que se pretendiam não cristãos falharam por duas razões: falta de fundamento (apenas um fundamento transcendental revelador da dignidade humana enquanto reflexo da origem divina do homem permite legitimar essa escolha) e, em consequência disso, falta de equilíbrio e falta de proporcionalidade com o consequente recurso à violência e o totalitarismo para a sua "pseudo-execução"

    e agora tenho que me ir deitar

    e se calhar só consigo aqui voltar no proximo week-end

    boa noite

     
  • At 23 de setembro de 2007 às 20:32, Blogger zazie said…

    É que tu ficas sempre num tremendo de um beco que é sempre igual:

    Quando se te pede para desenvolveres a doutrina religiosa, afunilas e resumes ao amor e à igualdade entre todos.

    Nunca, em parte alguma,conseguiste explicar em que consiste e o que atinge esta igualdade teológica.

    Mas depois, saltas sempre para o modelo económico e aí limitas mais uma vez a palavra "igualdade" protelando-a, circularmente, para o mandamento divino.

    Quando eu sou capaz de separar uma da outra, avançar e alargar ideias acerca delas (como o tentei fazer mas ficaste histérico porque te soou a neo-liberalismo bíblico.

    E também sou capaz de alargar historicamente esse conceito social de igualdade e ver o que ele atinge, para além dos tais recursos.

    Porque é que só fazes o caminho num sentido e nunca explicas as consequências da palavra?

    Porque elas não tiveram consequências na história da humanidade?
    Tiveram e todos sabemos e só não quer saber quem enfia a cabeça na areia.

    Mas a outra, a igualdade derivada do amor, porque é que também não és capaz de alargar, apenas dentro da doutrina da Igreja. Já que dizes que é daí que parte e nela que te fundamentas.

     
  • At 23 de setembro de 2007 às 20:36, Blogger zazie said…

    «não existe, nunca existiu nem sei se alguma vez existirá

    Até que enfim! há anos que esperava que dissesses isto!

    É então um desejo utpópico fudamantado num pequeníssimo conceito derivado de uma leitura cristã.

    Pelo menos já chegámos a algum lado. Tu projectas uma utopia terrena com base num dogma que só é religioso porque, por acaso, pode-se retirar do cristianismo, não como dogma, mas como possível consequência do amor, embora muito vaga e difusa que, por si só, não legitima o modelo social e político.

    Mas chamas-lhe um dogma e acabas de dizer que é daí que nasce o projecto utópico social que nunca existiu mas que existe na tua cabeça.

    Pergunta lógica: posso deduzir que então, esse dogma faz todo o sentido de ser dogma, como lhe chamaste, sem precisar de o ser em termos religiosos. Mas necessitando de o ser em termos políico-sociais

     
  • At 23 de setembro de 2007 às 20:37, Blogger zazie said…

    dorme bem, rapaz
    ehehe

     
  • At 23 de setembro de 2007 às 21:17, Blogger zazie said…

    E, no entanto, estaria de acordo contigo nesta ideia:

    " que existe é um desejo de justiça social que, mesmo quando o não reconhece, é apenas e tão somente o reflexo da mensagem cristã

    aliás, só aí encontra consistência teórica


    Se me dissesses de outro modo: que a mensagem cristã implica uma ideia de justiça para com o próximo e um minimizar dos males dos que nos estão poróximos ou sob os quais podemos intervir.

    Absolutamente de acordo e também não consigo entcontrar fundamento mais perfeito que o cristão.

    O que é diferente do que tu dizes. Tu dizes que sempre que aparece uma ideia de justiça social ela tem por base um fundamento que teria, em útlima instãncia, de ser forçosamente cristão. em termos ontológicos.

    E eu digo-te que não. E isso só se compreenderia desenvolvendo a ideia de igualdade ou de justiça. O Antonius deu um excelente exemplo: pode ser desejo de participação; pode ser desejo de retirar o poder a uns para o usar no seu lugar, pode ser derrube, pode ser vontade de revolta; pode ser fantasia que obrigue a igualdade por imposição de normas consideradas necessárias por uns e não pedidas por outros- porque na igualdade , nessa palavra, enre muito mais coisas que apenas o tal conceito cristão.

    Terminando que, ao contrário do que dizes, eu não acho que seja benéfico tentar-se um comunismo cristão apenas para alargar esse conceito ao nível económico. E não vejo que a igualdade deva ser uma meta, quando o seu fundamento não é pragmático nem viável.

    Como também não vejo que o cristianismo tenha necessidade de criar algum modelo novo social.Bastaria que fosse um aperfeiçoamento interno e já tinhas utopia com que te entreteres. Daquelas mais humildes (e foi excelente o Antonius lembrar-se da humildade que nunca esteve associada a nenhum utopia de igualdade) que começam em nós sem precisarem de novimentos holísticos.

    Até porque, o grande problema enunciaste-o tu, sem quereres, quem é o Pai terreno? quem decide? quem vai tratar de tudo isto para toda a malta? O que é que se passa cá em baixo com os papás terrenos que também pedem para os colocarmos nesse lugar e cuidarem do resto?

     
  • At 25 de setembro de 2007 às 05:10, Anonymous Anónimo said…

    "Mas a todos quantos o receberam, a esses Ele deu o poder de serem filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome." - Palavras de Jesus em S.João 1:12

    Não confundamos filhos de Deus com pessoas criadas por Deus. Um homem que teve um filho e esculpiu uma estátua com figura humana, ao morrer não reparte a herança por ambos.
    Há os filhos (os que creram) e os enteados (os que não creram)

     
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