quinta-feira, julho 12, 2007
True Ecumenism

Imagem gentilmente cedida por A View From The Catholic Trenches.

Concordo inteiramente com a Beguina quando adverte para o risco de podermos ficar enredados na escolástica levada da breca. De facto, sobre este documento recentemente divulgado do qual o Carlos retira excertos, diz um ortodoxo do Oriente perplexo com as investigações teológicas a que o Ocidente tem habituado os cristãos eslavos de há uns séculos a esta parte: "The distinction between 'subsists' and 'is present and operative' is probably meaningful from the point of view of Latin theological tradition, but it makes not much sense for an Orthodox theologian. For us, 'to subsist' means precisely 'to be present and to be operative,' and we believe that the Church of Christ subsists, is present and is operative in the Orthodox Church." Claro e directo. A terminologia do documento é de facto ininteligível no estilo pseudo-ecuménico que de vez em quando ecoa das salas do Vaticano desde os anos 60. Que como se vê não dá grandes frutos se não gerar confusão e não apazigua ninguém ao contrário do pretendido.

Antonius Block
posted by @ 2:00 da tarde  
9 Comments:
  • At 12 de julho de 2007 às 17:19, Blogger cbs said…

    "for an honest theological dialogue to happen, one should have a clear view of the position of the other side.
    It helps understand how different we are"

    Isto é muito diferente de estar sempre a vincar as diferenças, a dar com elas no toutiço dos outros, condimentando tudo com insinuações de má fé.
    Ao menos aí, não me lembro de insinuações "oficiais" dessas, de bispos católicos sobre as igrejas protestantes. Pode haver, mas não me parece a norma.

     
  • At 12 de julho de 2007 às 19:07, Blogger zazie said…

    Mas isto é óbvio. Estes estão de fora e não querem que Roma saia para então dizerem que a família é una!

    Óbvio. Não tem a menor comparação com o "revisionsimo reformista" que se queixa de estar fora quando nunca quis estar dentro.

    Os ortodoxos não têm mais pretenções que essas. Cuidarem da sua casinha.

    O resto é Poder, como é óbvio. A história da Igreja também é uma história de poder. O que não vale a pena é querer virar-se o bico ao prego e chamar ecumenismo ao "contra-poder".

     
  • At 12 de julho de 2007 às 19:08, Blogger zazie said…

    Pior, atacar-se de totalitarismo um poder que se deseja por ressabiamento de não o conseguirem dissolver.

     
  • At 12 de julho de 2007 às 19:10, Blogger zazie said…

    O que ali foi escrito foi mesmo uma revisão de milhares de anos da História da Igreja dizendo-se que a verdade é que eles sabem que devia ter sido e não foi.

    E o desejo de acabar com a Igreja Católica atacando católicos por "terem a Igreja em Roma, enquanto eles a têm na rua do seu bairro", é uma enorme inversão de "mau perder de minoria".

     
  • At 12 de julho de 2007 às 19:12, Blogger zazie said…

    à Letra é isto: Lutero e Calvino deviam ter feito o mundo reformista e exterminado Roma. A missão deles é continuar essa Reforma. É mesmo algo que só se pode comparar com o "contra-poder" da revolução mundial. A sabotagem permanente.

     
  • At 12 de julho de 2007 às 19:23, Blogger zazie said…

    Que diabo de ecumenismo é que se pode pregar, dizendo que “nós aceitamos v.s” quando se compara a Virgem Maria a uma qualquer fantasia de fadas de Avalon e sacramentos são fantochadas a deitar fora, santos só os que vão à tv e a mistura do plano teológico com política e ideologia de super-potência?

    Havia de sobrar muito de uma Igreja assim, então não havia. Era harakiri em 3 tempos.

     
  • At 12 de julho de 2007 às 19:29, Blogger zazie said…

    A questão é que os Ortodoxos conervam ritos (outros mas lá os conservam, são uma divisão de ordem diferente (produto de separação política e geográfica) não são contra poder e mantêm uma dignidade que não tem a menor comparação com essa multiplicação de seitas, cada vez mais folclóricas que nascem todos os dias.

     
  • At 13 de julho de 2007 às 09:48, Blogger cbs said…

    a imagem que puseste é muito bem adapatada Antonius.
    e é linda, é mesmo aquilo que se passa :)

     
  • At 14 de julho de 2007 às 18:37, Blogger zazie said…

    Gastar o latim

    14.07.2007, Pedro Mexia




    O cristianismo nasceu com o Império Romano. Em quatro séculos e meio, passou de "superstição perniciosa" a religião oficial. Os conceitos cristãos essenciais não existiam em latim, mas a língua deu novos significados a algumas palavras e adaptou termos gregos. O primeiro autor cristão importante a escrever em latim foi Tertuliano. A primeira tradução integral da bíblia em latim foi feita por São Jerónimo. Santo Agostinho escreveu em latim os geniais A Cidade de Deus e Confissões e o mesmo aconteceu com a enciclopédica Summa de São Tomás. Ao longo dos séculos, o latim foi a língua teológica e litúrgica do catolicismo e ainda hoje é o idioma oficial em documentos da Igreja.
    Com o Concílio Vaticano II e o documento Sacrosanctum Concilium (1963), a eucaristia passou a ser celebrada nas línguas vernáculas e foi adaptado o chamado Missal Romano (alterado em 1970). Mas há dias o Papa Bento XVI publicou a carta apostólica Summorum Pontificum, que liberaliza a celebração do rito tridentino (o antigo ritual da missa católica). A celebração em latim nunca foi exactamente proibida, mas tornou-se residual, adoptada quase exclusivamente pelos sectores tradicionalistas. Por isso mesmo, o Papa tem o cuidado de explicar que não recusa a doutrina do Concílio mas que apenas pretende contrariar a "deformação arbitrária da liturgia" e religar a eucaristia ao legado cultural e estético de rito tridentino.
    Ratzinger há muito que defende que a crise da Igreja "se deve em grande medida à desintegração da liturgia". O ritual católico, no seu esplendor romano, é um espectáculo memorável. E a dimensão coreográfica sempre foi decisiva num ritual, que implica uma comunhão organizada e solene. A missa comum, pelo contrário, tornou-se num serviço entediante e feio. Assim que se falou desta mudança, a Associação da Liturgia em Latim, sedeada em Filadélfia, saudou a decisão através do chamado Manifesto Socci: "Manifestamos o nosso regozijo com a decisão do Papa Bento XVI de cancelar a proibição da antiga Missa em Latim de acordo com o Missal de São Pio V, um grande legado da nossa cultura, que deve ser preservado e redescoberto." A declaração vem no seguimento de outro grande manifesto de intelectuais cristãos e laicos que em 1966 e 1971 protestaram contra o que viam como um ataque à liturgia. A liturgia, tal como as catedrais, diziam, faz parte da civilização cristã e inspirou muita arte ocidental, e não podia ser abandonada sem mais.
    O Papa acha exactamente o mesmo: "(...) a liturgia, como aliás a revelação cristã, tem uma ligação intrínseca com a beleza: é esplendor da verdade (veritatis splendor). (...) a beleza não é um factor decorativo da acção litúrgica, mas seu elemento constitutivo, enquanto atributo do próprio Deus e da sua revelação" (Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, 2007). O "sentido do sagrado", escreve Ratzinger, passa pela arte da celebração: "Igualmente importante para uma correcta arte da celebração é a atenção a todas as formas de linguagem previstas pela liturgia: palavra e canto, gestos e silêncios, movimento do corpo, cores litúrgicas dos paramentos. Com efeito, a liturgia, por sua natureza, possui uma tal variedade de níveis de comunicação que lhe permitem cativar o ser humano na sua totalidade. A simplicidade dos gestos e a sobriedade dos sinais, situados na ordem e nos momentos previstos, comunicam e cativam mais do que o artificialismo de adições inoportunas."
    Este assunto não é "arcaico" ou "reaccionário". Há quatro décadas, assinaram o manifesto pelo latim intelectuais como Jorge Luís Borges, Giorgio De Chirico, W. H. Auden, Robert Bresson, Carl Dreyer, Julien Green, Jacques Maritain, Eugenio Montale, Cristina Campo, François Mauriac, Salvatore Quasimodo, Evelyn Waugh, Maria Zambrano, Gabriel Marcel, Salvador De Madariaga, Mario Luzi ou Graham Greene.
    O sentido do sagrado e o sentido da beleza não são nunca língua morta.

    Para o José Tolentino Mendonça

     
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