quarta-feira, julho 11, 2007 |
não há mãozinhas, não há bolachinhas |
Não, Samuel, o mundo não parou há 2000 anos. Cristo é que Se fez homem há 2000 anos. Mas, depois disso, o mundo continuou a girar - por isso é que, na Igreja Católica, damos tanta importância à Tradição. Nem foi o Papa quem respondeu às perguntas. Foi o Cardeal William Levada, que é o actual Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé - e que não é Papa. Mas o Papa ratificou, claro, que aqui há ordem (no sentido jurídico de certeza e segurança).
Mas lê lá bem o documento: «Segunda questão: Como deve entender-se a afirmação de que a Igreja de Cristo subsiste na Igreja católica? Resposta: Cristo "constituiu sobre a terra" uma única Igreja e instituiu-a como "grupo visível e comunidade espiritual", que desde a sua origem e no curso da história sempre existe e existirá, e na qual só permaneceram e permanecerão todos os elementos por Ele instituídos. "Esta é a única Igreja de Cristo, que no Símbolo professamos como sendo una, santa, católica e apostólica […]. Esta Igreja, como sociedade constituída e organizada neste mundo, subsiste na Igreja Católica, governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele". Na Constituição dogmática Lumen gentium, subsistência é esta perene continuidade histórica e a permanência de todos os elementos instituídos por Cristo na Igreja católica, na qual concretamente se encontra a Igreja de Cristo sobre esta terra. Enquanto, segundo a doutrina católica, é correcto afirmar que, nas Igrejas e nas comunidades eclesiais ainda não em plena comunhão com a Igreja católica, a Igreja de Cristo é presente e operante através dos elementos de santificação e de verdade nelas existentes, já a palavra "subsiste" só pode ser atribuída exclusivamente à única Igreja católica, uma vez que precisamente se refere à nota da unidade professada nos símbolos da fé (Creio… na Igreja "una"), subsistindo esta Igreja "una" na Igreja católica.
Quinta questão: Por que razão os textos do Concílio e do subsequente Magistério não atribuem o título de "Igreja" às comunidades cristãs nascidas da Reforma do século XVI? Resposta: Porque, segundo a doutrina católica, tais comunidades não têm a sucessão apostólica no sacramento da Ordem e, por isso, estão privadas de um elemento essencial constitutivo da Igreja. Ditas comunidades eclesiais que, sobretudo pela falta do sacerdócio sacramental, não conservam a genuína e íntegra substância do Mistério eucarístico, não podem, segundo a doutrina católica, ser chamadas "Igrejas" em sentido próprio.»
Meus amigos, como diz a mãe do aleijadinho, "não há mãozinhas, não há bolachinhas". Se não há sucessão apostólica - o que os protestantes reconhecem com orgulho (numa variante dos orgulhos por coisas muito pouco invejáveis, a la orgulho gay) - é evidente que as suas congregações são coisa diversa da Igreja una e apostólica. Do mesmo modo, se não há Estado, não pode haver concordata.
Se querem viver fora da família (e ter a sede da vossa igreja na rua onde moram) e, portanto, não estar sujeitos aos deveres do matrimónio, são v. exas. livres de o fazerem. Não queiram é, vivendo na alegria sem chatices ou responsabilidades da união de facto, ter todos os direitos dos pobres homens que se sujeitam ao jugo do casamento (e têm a sede da sua Igreja numa rua de Roma, onde ainda nem todos os caminhos vão dar).
Carlos Cunha |
posted by @ 7:49 da tarde |
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5 Comments: |
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CC,
A questão da sucessão apostólica é um pouco mais complicada que isso. A 3ª maior confissão cristã no mundo, a Comunhão Anglicana, também reclama para si a sucessão apostólica, e tem-na em termos de uma linha sucessória clara remontando aos apóstolos. O Vaticano não a considera como tal sobretudo porque não admite o rito de ordenação como válido. A questão não é portanto assim tão límpida como isso (já tinha lido esse texto e achei-o bem estruturado mas relativamente artificioso).
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Ó CC, faça-me um favor, se puder (o que eu duvido). Explique-me com linguagem de gente o que aqui escreve (sem esse jargão todo de católico apostólico romano), para ver se eu acho outra coisa daquela que fiquei a achar quando li este post. Assim, numa frase curta sem substantivos, adjectivos e advérbios de modo manhosos, a razão da sucessão apostólica ser tão importante (por acaso a vossa história acerca disso é falsa, mas isso n é importante para aqui). Eu agradecia. vamos ver se tenho sorte
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Ad latere - "por acaso a vossa história acerca disso é falsa, mas isso n é importante para aqui"
Ó João Leal, tendes sempre que pôr em causa a boa fé do papado? Ainda tou pra ver, o que é que nas histórias da Igreja Católica, vocês não católicos aceitam como verdadeiro. Quem vos ouve falar fica com a persistente sensação de que em Roma reside uma tenebrosa associação de conspiradores, cuja função essencial será multiplicar patranhas para dominar rebanhos de tótós(dos quais eu devo ser o maior), que por notória ignorancia ou falta carácter se lhe submetem.
Não mesmo há nada, nadinha que se aproveite em Roma?
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ó cbs, com a mania de perseguição? Claro que há coisas verdadeiras na história do papado não todas como as dos bórgia, por exemplo. Estava-me a referir a essa história da sucessão apostólica a partir de pedro e tal... era só isso. Eu sei que não lhes interessa explicar, mas se se baseiam na sucessão apo´stólica como 'tradição', o mínimo que podiam fazer era explicar-nos a nós o que é isso, n acha?
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Calma João, já está a vir.
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CC,
A questão da sucessão apostólica é um pouco mais complicada que isso. A 3ª maior confissão cristã no mundo, a Comunhão Anglicana, também reclama para si a sucessão apostólica, e tem-na em termos de uma linha sucessória clara remontando aos apóstolos. O Vaticano não a considera como tal sobretudo porque não admite o rito de ordenação como válido. A questão não é portanto assim tão límpida como isso (já tinha lido esse texto e achei-o bem estruturado mas relativamente artificioso).