segunda-feira, julho 02, 2007

Tateamos, erramos, tropeçamos.
Gritamos kerigmas, esvaziam-se conteúdos.
Cristilizamos dogmas e reformulamo-los a cada geração.
Preenchemos lacunas e repensamo-las de novo.
Somos povo de Deus que busca verdade como um burro que segue a cenoura nunca alcançada.
Somos águias que o Espírito transporta, mas que sozinhas não podem avançar.
A teologia é construída à beira d'água e é levada pelas ondas, no entanto da areia também sobrevivem fósseis.
A fé é visionária e cega. Existe apenas sustentada pelo vento que sopra desde o início.
Nada nos prende a Deus, nem a razão, nem a ciência, nem provas. Nada nos prende a Deus a não ser Ele próprio.
Não sabemos nada excepto o que presentimos. Sabemos tudo porque a história é testemunha das gerações.
A Beguina
posted by @ 9:38 da tarde  
9 Comments:
  • At 2 de julho de 2007 às 22:32, Blogger samuel said…

    Ah!... se a realidade lá fora se compadecesse minimamente com este tipo de conversa... mas não!
    Ao fim de 2000 anos destes poemas que os crentes escrevem, frementes, o mundo atinge níveis nunca vistos de injustiça, violência, abjecção. Decididamente, ou os "seguidores" são extremamente incompetentes ou o seguido "não está nem aí". E quando digo não está nem aí, é MESMO não estar. Nem aí, nem em lado nenhum.
    Porque não nos concentramos em formas de resolver os problemas da humanidade, talvez menos "divinas" mas com provas dadas?

     
  • At 2 de julho de 2007 às 23:13, Blogger cbs said…

    esta conversa é muito bonita e traduz amor.

    Samuel, o século que passou foi todo concentrado em formas positivas de resolver os problemas da humanidade; muito mais avançadas e modernas que a Santa Inquisição, tivemos as experiencias do homem novo, a Oeste e a Leste; tivemos as provas dadas em 1914, depois em 1939 que redundou numa forma absoluta de resolver os problemas da humanidade, testada em 1945 no Japão. esta ultima técnica resultou tão bem que impediu a guerra absoluta pró resto do século, mas não impediu mais experiencias com provas dadas como aquela imensa do Vietname, as outras daquele gajo, chamado Pol Pot, muito positivo e reformador, etc, etc... tudo sem querer saber do "Seguido" para nada, mas sempre com outros "seguidos" e "seguidores".

    Talvez não nos faça mal, em vez de olhar para o nosso umbigo com desprezo, voltar a olhar para cima, desta vez com Amor... digo eu.
    Mas se procurares informação, verás que nem só de terrorismo vive a religião do século XXI, e que grande parte das ONG mais eficazes, corajosas e honestas são as cristãs, não são as seculares... com a ajuda de Deus, vai-se dando provas por esse mundo "reformado" pelo século que passsou.

     
  • At 2 de julho de 2007 às 23:36, Blogger zazie said…

    grande resposta, cbs

     
  • At 3 de julho de 2007 às 00:22, Blogger mulheres_estejam_caladas said…

    às vezes estamos tão cheios do nosso papel de profetas da desgraça que nos esquecemos que o século XX não foi apenas um suceder de desgraças. Alfabetização, nutrição, saneamento básico, casa. A humanidade vive mais e melhor. não todos claro, mas exsite alguma consciência colectiva, as guerras agora fazem-se debaixo de uma lupa da moral. A escravatura acabou para uma grande percentagem das pessoas. A criança é vista com respeito.
    É verdade que o século XX foi um séculos de extremos, mas eu não quereria ter nascido em mais nenhum outro.

     
  • At 3 de julho de 2007 às 00:25, Blogger mulheres_estejam_caladas said…

    A forma divina de resolver problemas sempre foi prática. A proposta divina ao homem sempre tem sido: justiça social, equidade económica, dignidade humana.
    A religião pode tornar-se abstracta, mas Deus sempre foi muito terra a terra.

     
  • At 3 de julho de 2007 às 01:41, Blogger cbs said…

    Nini
    eu sei que o século XX, talvez como nenhum outro, tem muito de positivo... e de horroroso.

    mas estava a referir-me a "formas de resolver os problemas da humanidade, menos "divinas" mas com provas dadas?"
    e um dos problemas do século XX foram as tais "formas de resolver problemas". não todos como é evidente, a medicina e a ciencia resolveram muita coisa.
    mas o progresso trás consigo a semente da destruição.
    Nunca antes do século XX os homens tinham pensado em criar o paraíso na Terra. mesmo que para isso tivessem de matar uns milhões.
    É esta ideia de destruir para reconstruir apartir das cinzas, de brincar aos deuses (como no domínio da genética) que é a marca assustadora de "resolver problemas" que nós herdámos do século que passou.
    Essa herança foi essencialmente feita contra Deus.

    E infelizmente, olhando hoje, para Leste e também para Oeste, vemos a mesma marca moderna, agora já em nome de Deus.

    Era a isso que me referia, e a diferença talvez esteja em reconhecer que o mundo não tem que ser "novo", e que a base do problema humano reside em aceitar amar ou recusar o "outro", com ou sem Deus (mais dificil assim, acho eu).

     
  • At 3 de julho de 2007 às 13:18, Blogger samuel said…

    Caro CBS
    Acho que não preciso de repetir pela enésima vez a admiração que sinto pelas pessoas que movidas por uma ideia de Deus (um qualquer) fazem coisas admiráveis.
    Nos seus exemplos em que tentou gozar com aquilo a que chamei soluções com provas dadas, o que se vê é gente a matar "por um deus" ou gente a matar "contra um deus".
    Se existe, é realmente esperto! Inspirar a chacina de milhões e milhões de seres humanos mas serem sempre e sempre só estes os que se lixam, é obra!
    Tirando isso, caro CBS, não olho para o umbigo com desprezo, embora um pouco de exercício não me fizesse mal e quanto a olhar p'ra cima, hoje o céu está muito nublado e confesso que já vi os pássaros todos que me apetecia ver.
    Ah, e isso não impede que a sua resposta tenha sido muito boa, o post da "beguina" muito bonito e ambos, certamente, sinceros, o que é uma coisa preciosa nos tempos que correm.
    Paz.

     
  • At 3 de julho de 2007 às 16:39, Blogger cbs said…

    Samuel
    eu não gosei com aquilo a que chamas-te soluções com provas dadas. eu ironizei, o que é diferente. e ironizei porque nesses exemplos magnos do século passado, era assim que os homens falavam, positivos, seguros, sem precisarem do Céu, resolvidos a aplicar a ciencia "das provas dadas" aqui mesmo, no chão.
    Isto foi "grosso modo" assim, mas foi.

    Só mais uma coisa, eu não me movo pela ideia de um Deus, movo-me por uma pessoa que me tocou, sem ser preciso que eu lhe tocasse nas feridas. melhor, eu não me movo pela razão abstracta, mas pelo amor concreto... terra a terra, por estranho que seja.

    E sim, haja Paz Samuel

     
  • At 3 de julho de 2007 às 17:55, Blogger samuel said…

    E "prontos", caro CBS. Só falta limar mais uma aresta. Mas se o Champalimaud... havemos também de conseguir.
    Verifico que dás um significado muito mais grave ao "gozar com..." do que eu. Sendo assim, não, CBS, não acho nada que estivesses a gozar com o que disse e muito menos comigo. Isso, nem precisava de ler com muita atenção para o saber. Digamos que "gozar com as pessoas" não é bem a tua marca d'água.
    Quanto aos argumentos, essas "obras valorosas" com que resolveste ironizar, eu também ironizo e em relação a algumas (as menos graves) até seria capaz de "gozar com...". Outras são tão dramáticas que nem uma coisa nem outra.
    Repito, nada admiro mais, do que as pessoas que com uma ideia de um Deus, ou qualquer outro princípio de conduta que tenham eleito para seu farol, fazem coisas admiráveis, sobretudo as que não perdem demasiado ou mesmo todo o tempo a teorizar uma e outra e outra vez sobre isso.
    Finalmente, sobre o crença das pessoas (dentro dos meus próprios limites), não faço juizos.

    "Onde Sancho vê moinhos
    D. Quixote vê gigantes.
    Vê moinhos? São moinhos!
    Vê gigantes? São gigantes!"

    Paz.

     
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