quinta-feira, maio 10, 2007 |
Tesourada final, espero |
Meu caro José, amigo que me deixas de voz trémula, para não eternizar problemas cervicais nos leitores, expectantes da força com que a próxima bola virá, deixo-te apenas com a confissão que para me silenciares bastou a frase da "justa dificuldade da Igreja Católica em encaixar o Inferno no Amor de Deus por nós". Um belo naco de poesia teológica, diria. Tu, que me meteste a ler o Paul Johnson e a sua abençoada History Of Christianity, abandonas-me órfão dessa providencial picuinhice que é olhar para a fé recordando o seu passado. Aproveitando a dica, volto a reafirmar a minha afeição por Ratzinger. Na sua agenda brasileira deveria visitar os evangélicos. Mas isso talvez seja o meu pseudo-ecumenismo-retroactivo a falar alto demais. Nuno, estás a dar-me vontade de ter um passado nazi.
Tiago Cavaco |
posted by @ 10:32 da tarde |
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13 Comments: |
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Tiago (e José),
Sobre o limbo não me parece que o que esteja em causa seja especificamente a "justa dificuldade da Igreja Católica em encaixar o Inferno no Amor de Deus por nós". A dificuldade está em admitir que aqueles que nunca foram baptizados em nome da Santíssima Trindade, e que, por serem crianças, nunca tiveram oportunidade de conhecer a Cristo (pelo menos por intermédio da sua Igreja ou das Escrituras) possam ser condenados por exclusiva responsabilidade do pecado original, sem lhes ter sido dada qualquer oportunidade de remissão. Era para esses que se pensou no Limbo, figura de doutrina que aliás nunca foi definida dogmaticamente (como o são o Céu, o Inferno e o Purgatório). Sobre isto penso basicamente aquilo que vem no catecismo:
artigo 1260: «Quanto às crianças que morrem sem Baptismo, a Igreja não pode senão confiá-las à misericórdia de Deus, como o faz no rito do respectivo funeral. De facto, a grande misericórdia de Deus, «que quer que todos os homens se salvem» (1 Tm 2,4), e a ternura de Jesus para com as crianças, que O levou a dizer: «Deixai vir a Mim as criancinhas, não as estorveis.» (Mc 10, 14), permitem-nos esperar que haja um caminho de salvação para as crianças que morrem sem Baptismo. Por isso, é mais premente ainda o apelo da Igreja a que não se impeçam as criancinhas de virem a Cristo, pelo dom do santo Baptismo.»
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Eu cá acho que o José e o Tiago estão de pazes feitas. O Nuno (coitado) é que leva a tesourada final e sai retalhado... :)
Ó Nuno descontrai e não leves a missão tão a peito! :)A sério.
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...mas a tesourada é bem merecida.
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Hadassah, adorarias isso não era? Ora, mordam aqui a ver se eu deixo.
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Em todo o caso, julgo ser mais perdoável tomar uma missão para além do que é sério do que não saber qual a trincheira de que se faz parte e que guerra é a que se trava.
Por outro lado, fui eu que mencionei o suposto 'dildó da minha 'amiga' snifante de coca', e, por isso, não sei que diga sobre a seriedade com que tomo o blogue.
Nuff said.
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Ó Nuno isto é no máximo uma guerra "santa" ... é um género de "paint ball" ..
Se levas as coisas tão a peito e sais da trincheira, ficas no meio da batalha e levas tiros de todos os lados, ainda não percebeste?
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Prefiro a objectividade quanto a assuntos da importância das do divino.
Ao solo todos tombamos. Se for por uma bala inquisidora e martirizante, tanto melhor.
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Além do mais, o gozo do paintball é somar espirros de cor ao uniforme, não é?
Façam da minha farda o manto de mil cores technicolor de José.
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"Ora, mordam aqui a ver se eu deixo." ?!
lol lol lol
epá ! já não ouvia essa expressão há tanto tempo!
Fez-me lembrar aquela da escola primária: "lá fora levas!"
eh eh eh
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Sem dúvida, o Trento tem sido, entre vós, um regresso à infância. No entanto, que mal há nisso?
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Nenhum Nuno. Be cool! (à puto)
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Acabando por hoje com uma nota ecuménica, acho que de facto o Papa devia ir prestar uma visitinha aos evangélicos.
Até porque, sejamos muito sinceros, é admirável a vitalidade missionária dos evangélicos, sobretudo com as classes mais pobres, que são sempre verdadeiramente aquelas onde Cristo melhor se reflecte. É preciso aprender, é preciso ir lá ver como se faz, é preciso infiltrar alguns falsos conversos que explorem aquilo por dentro e depois retirem as técnicas necessárias para a Igreja passar essa gente toda de volta para a sã doutrina :P
Dir-me-ão que a técnica é Jesus Cristo. Provavelmente... grande chatice que isso é... não dá para retirar cientificamente, é preciso de facto ser de facto uma Igreja viva. Bah...
Rezem a Deus por esta vetusta instituição, tão cheia do peso da idade e debruçada sobre a sua culpa. Talvez isso ajude! :P
Um abraço, em Cristo
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Tiago (e José),
Sobre o limbo não me parece que o que esteja em causa seja especificamente a "justa dificuldade da Igreja Católica em encaixar o Inferno no Amor de Deus por nós". A dificuldade está em admitir que aqueles que nunca foram baptizados em nome da Santíssima Trindade, e que, por serem crianças, nunca tiveram oportunidade de conhecer a Cristo (pelo menos por intermédio da sua Igreja ou das Escrituras) possam ser condenados por exclusiva responsabilidade do pecado original, sem lhes ter sido dada qualquer oportunidade de remissão. Era para esses que se pensou no Limbo, figura de doutrina que aliás nunca foi definida dogmaticamente (como o são o Céu, o Inferno e o Purgatório). Sobre isto penso basicamente aquilo que vem no catecismo:
artigo 1260: «Quanto às crianças que morrem sem Baptismo, a Igreja não pode senão confiá-las à misericórdia de Deus, como o faz no rito do respectivo funeral. De facto, a grande misericórdia de Deus, «que quer que todos os homens se salvem» (1 Tm 2,4), e a ternura de Jesus para com as crianças, que O levou a dizer: «Deixai vir a Mim as criancinhas, não as estorveis.» (Mc 10, 14), permitem-nos esperar que haja um caminho de salvação para as crianças que morrem sem Baptismo. Por isso, é mais premente ainda o apelo da Igreja a que não se impeçam as criancinhas de virem a Cristo, pelo dom do santo Baptismo.»