quinta-feira, maio 10, 2007
Jesus Me Toca.
Ratzinger desfilará no papamobil pelas terras sambadas de Vera Cruz, semana adentro. Retrospectivando, décadas passaram desde o último ex-nazi que, sob vestes católicas, se exilara na latinamérica, mas este, contrariamente, fá-lo pelo bem da vida humana, e da judia também. O patriarca, chegado a São Paulo esta quarta, pregará acerca dos malefícios do aborto que, no país mais cristão do mundo, está de esperanças para que se liberalize.

Muitos, contudo, se inquerem se Bento v16.0 não migrara para uma aborção própria. De facto, existe um crescimento para 26 milhões de evangélicos, desde há 20 anos, que se ecografam na demografia brasileira. Este apresenta 6% de incremento anual nas suas conversões, que, comparando com a perda de 89 para 74% de católicos entre os 127 000 000 de zucas que viveram entre 1980 e 2000 (fonte: StarTribune), inflinge dores de parto prematuro no povo de Maria.

Admire ele, como eu, a espiritualidade brasileira: a sua febre de Paracleto, a sua glossolália tupí, as Assembleias de Deus com cultos de feijoada, os seus hinários de paráfrases sálmicas ritmadas com forró. Mora ali a pobreza feliz da meninice de favela cujas crianças Jesus abraçaria já no Reino, após anos de espera, para que se exodassem do mundo caído que os prostituiu de pés descalços e lhes deu cocaína para mercar à narina do turista ianque.

A eles:
'Enchei-vos do Espírito, falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo' (Ef5:18-20).

Mas com fanque. E vatapá.
E glóriasss. E aleluiasss.
Para inflar de Jesus as nossas almas europeias, enfadonhas e avoengas de nascença.

Nuno Fonseca
posted by @ 1:00 da manhã  
16 Comments:
  • At 10 de maio de 2007 às 02:45, Blogger Miguel Marujo said…

    O bom José dizia aí em baixo, no seu iluminado regresso, que até eu vinha para aqui defender o Papa. E neste caso, reajo à piada fácil do nazi colado a Bento XVI, que andou no exército nazi, sim, mas desertou, certamente por gostar muito de ali se espojar na trincheira. É caso para perguntar se o Nuno seria um intrépido evangélico a saltar a fronteira para Paris, ao lado de Sérgio Godinho ou de Álvaro Cunhal, nos anos da ditadura de chumbo do seminarista de Santa Comba, ou se pelo contrário marcharia na gloriosa mocidade portuguesa, em saudação nazi ao Oliveirinha do Dão.

     
  • At 10 de maio de 2007 às 09:55, Blogger Nuno Fonseca said…

    É caso para perguntar se o Miguel focará sobre o post objectivamente ou se persistirá em especular sobre o autor sob cenários impossíveis.

    A aliança nacional-socialismo/Vaticano está historicamente documentada. Por isso riamos da pequena ironia de Bento, e não me obriguemos a remexer nos arquivos do Reich.

    Heil Jesus.

     
  • At 10 de maio de 2007 às 11:02, Blogger josé said…

    jahowl! o Nuno não nos dá opiniões mas factos, como semprre. e não vale a pena abrirr os arrquivos do Reich parra se saberrr que a soluzao final foi engendrrrada pelo sacrro impérrio romano gerrmanico parra acabarr com o pofo que Deusz nos manndou amarr. Poiz eztá tudo aqui, meinen herren:
    http://www.chick.com/reading/tracts/0054/0054_01.asp
    (a WASP meet the Weisses)

     
  • At 10 de maio de 2007 às 12:51, Blogger zazie said…

    ahahahaha

    que macacada mais parva

     
  • At 10 de maio de 2007 às 13:16, Blogger Hadassah said…

    Mas que salganhada de cenários ... um bocadinho a mau gosto......(Samba, Papa, Holocausto, feijoada, criancinhas, aborto...)

    já estiveste melhor, Nuno!

    Mas é só a minha opinião de Assembleana com o orgulho ferido...

     
  • At 10 de maio de 2007 às 13:21, Blogger Hadassah said…

    ...cocaína, narinas, prostitui... fogo!!!

    Porque não falar antes dos lençois de origem lusa, onde o padre repousou, na sua clausura? Digamos que era mais engraçado, na minha opinião... ou será poltranice? Agora é que já não sei...

     
  • At 10 de maio de 2007 às 13:34, Blogger Luís Sá said…

    Caro Nuno,

    Ainda estava a pensar deixar o post passar, mas então com o teu brilhante comentário ao que o Miguel disse (e bem cordial foi ele), gostaria de dizer apenas isto.

    Não fazes a menor ideia do que estás a falar. É que a mais pequena ideia. Os católicos na Alemanha sempre ofereceram resistência ao nazismo e a antipatia entre o nacional socialismo e o catolicismo era quase tradicional (e a antipatia do nazismo pelo catolicismo provinha muito de os católicos serem "uma internacional" o que sempre chateou vários governantes ao longo dos séculos. Além disso provinham de uma zona que sempre se encarou como quase um país à parte, a Baviera, coisa que os nazis repudiavam fortemente). Se quiseres falar de colaboração activa com o estado alemão, fala antes da Igreja Evangélica Alemã (Luterana que para os alemães evangélico=luterano). Evoca-se muito o Dietrich Bonhoeffer e a Bekennende Kirche, mas a verdade é que nem só disso viveu a história do protestantismo na Alemanha nazi. Mas claro tu não és Luterano, és convenientemente de uma confissão que não foi vista e achada na Guerra. How convenient! É por isso que digo que prefiro ser católico, estas coisas põem uma pessoa no seu devido lugar.

    Da Igreja Católica podes quanto muito falar de uma passividade. Sim senhor, assumo-a claramente. Agora daí a apontar que Ratzinger era nazi porque foi forçado a inscrever-se na Juventude Hitleriana e a combater na guerra, sendo que sociologicamente os bávaros católicos sempre foram fortemente anti-nazis é não só ignorante como é profundamente desprezível. Ataques à Igreja, venham eles. Ataques ad hominem a um homem e a um povo que muito sofreram com a guerra, isso é absolutamente medíocre.

    Como católico com familiares bávaros e não só dentro da Alemanha, com amigos que contam histórias horrorosas, como solidário e ligado a um povo que sofreu e continua a sofrer com esse estigma, devo dizer-te que esse é o pior farisaísmo do qual alguma vez poderias lançar mão.

    E depois falar de uma aliança nacional-socialismo/Vaticano com essa leviandade... Enfim, há formas civilizadas de diálogo, e há a barbárie. Parece que optaste claramente pela última.

    P.S.: Todo o resto do post é de enorme mau gosto. Como se a Verdade fosse uma questão numérica (é que se fosse, doutrinas como a presença real de Cristo na Eucaristia e a devoção aos santos que são aceites pela maioria dos cristãos teriam que ser consequentemente aceites como válidas. Nunca invoquei tal argumento, porque é de uma enorme tristeza e completamente anti-evangélico e anti-bíblico como gostas tanto de citar, basear-mo-nos em supostas demonstrações de força.) Que tristeza...

    Não obstante

     
  • At 10 de maio de 2007 às 13:35, Blogger samuel said…

    Pessoalmente, consigo há muitos anos escolher da cultura brasileira (mais música) o que "necessito" para dar mais côr à vida, sem precisar de fazer uma lobotomia acompanhada de "glóriasss e aleluiasss".

     
  • At 10 de maio de 2007 às 13:37, Blogger Luís Sá said…

    Não obstante, despeço-me com "o ósculo da Paz" que sobre estas e sobre muitas outras coisas somos no fundo todos ignorantes.

    Um abraço, em Cristo

     
  • At 10 de maio de 2007 às 13:44, Blogger samuel said…

    Ah, e este coment do Antonius Block feito à 1:34 PM, fez-me lembrar aquelas belas máquinas com uma enorme bola de ferro na ponta de uma corrente, que se usam para demolições, mas muitíssimo mais inteligente.
    Xiça!
    Chapeau!

     
  • At 10 de maio de 2007 às 15:52, Blogger knit_tgz said…

    Hm, Nuno, certamente sabes mais do que o então rabino de Roma, que agradeceu ao papa da altura a ajuda que a Igreja deu para esconder e salvar milhentos judeus...

    Uma coisa é ir dando uma no cravo e outra na ferradura, a ver se ao menos alguns conseguiam esconder, outra diferente é apoiar e colaborar. Houve quem fosse passivo e ignorasse, houve quem ajudasse, mas às escondidas, enquanto simulava passividade, e houve mártires. Houve de tudo menos aliança, meu caro, essa não houve, ao que dizem historiadores vários (estudiosos, portanto) e judeus da época que lidaram com a Igreja na época (testemunhas).

    Volto ao silêncio.

     
  • At 10 de maio de 2007 às 16:03, Blogger cbs said…

    que estudar um pouco do "reinado" de Pio XII apartir de 1939, bem como o período anterior na Alemanha.
    PioXII, o amigo de Salazar, nunca foi um democrata, longe disso.
    Admirou a Alemnha Nazi e a Italia de Mussolini... sabem os meus amigos quantos nessa altura o acompanhavam na Europa e até na América. Ainda não se via tudo,e por vezes os olhos enganam, como enganaram tantos admiradores dos sovietes, que pareciam ter cataratas me relação à repressão brutal.
    E Pio XII só passou a doutrina social da Igreja para o lado da Democracia, após a derrota de Stalingrad, quando a maré mudou.

    Mas considero uma injustiça enorme a difamação que se faz do seu comportamento em relação ao Holocausto, em especial apartir do livro de John Cornwell, O Papa de Hitler, que caíu que nem ginjas no imaginário das esquerdas.
    Em nome da verdade, leiam isto (há muito mais pró, e contra na net):
    "Poucos meses depois (do final da guerra) o Congresso Judaico Mundial enviou um telegrama à Santa Sé, agradecendo pela proteção dada “sob condições difíceis, aos judeus perseguidos na Hungria sob domínio alemão”."
    (http://www.olavodecarvalho.org/convidados/sobran.htm)

    A Igreja de Roma esteve de pés e mãos atadas, sob a ameaça Nazi. Hitler chegou a ameaçar destruir o Vaticano. Mas muita gente foi slava em Italia pelo Vaticano, que impediu várias deportações.
    A Igreja de Roma foi a única entidade a protestar conta a repressão Nazi, dentro do espaço do Eixo (queria ver-vos lá meus amigos); mesmo em relação ao Holocausto disse e fez o que os aliados não disseram (sabendo o que se passava) nem fizeram até terminar o conflito.

    O cardeal Pacelli não era um democrata, mas era um cristão piedoso. Teve foi que ter muito, mesmo muito. cuidado com os seus "amigos" do Eixo, mesmo vendo a barbárie.
    Em nome da verdade.

     
  • At 10 de maio de 2007 às 17:43, Blogger Physis said…

    A visita dele é escusada, pois de muito convertido já aquele país anda. Adorei o seu humor na feijoada, no entanto penso que grão com bacalhau os convertia evangelicamente.


    Tente.

     
  • At 11 de maio de 2007 às 17:24, Blogger Luís Sá said…

    Nuno,

    Uma pequena nota de quem antes de mais é estudante do IST e cuja vida é feita de forçada sensibilidade aos números (mais até do que gostaria).

    A perda de 126 milhões de católicos no Brasil entre 1980 e 2000 é um absurdo. O que existem é cerca de 125 milhões de católicos brasileiros, num país de 170 milhões de cidadãos recenseados (mas que tem pelo menos mais uns 10 milhões de habitantes). Ver aqui:

    http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2000/populacao/religiao_Censo2000.pdf

    Isto é obviamente um aparte.

    Um abraço, em Cristo

     
  • At 11 de maio de 2007 às 17:31, Blogger Luís Sá said…

    Outra coisa interessante de se fazer é comparar por sexos. As mulheres ganham em número de participantes em praticamente todas as confissões, mas são deixadas para trás nestas categorias:

    - católica ortodoxa
    - judaísmo
    - hinduísmo
    - islamismo
    - tradições indígenas
    - sem religião
    - sem declaração.

    I wonder why! :P

     
  • At 11 de maio de 2007 às 23:10, Blogger Nuno Fonseca said…

    Antonius, dizes bem.
    Segue-se emenda.

    Obrigado.

     
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