segunda-feira, janeiro 25, 2010
Nossa Senhora das Coisas Impossíveis
Vem, Noite silenciosa e extática,
Vem envolver na noite manto branco
O meu coração...

Todos os sons soam de outra maneira
Quando tu vens.
Quando tu entras baixam todas as vozes,
Ninguém te vê entrar.
Ninguém sabe quando entraste,
Senão de repente, vendo que tudo se recolhe,
Que tudo perde as arestas e as cores,
E que no alto céu ainda claramente azul
Já crescente nítido, ou círculo branco, ou mera luz nova que vem,
A lua começa a ser real.

Vem, cuidadosa,
Vem, maternal,
Pé ante pé enfermeira antiquíssima, que te sentaste
À cabeceira dos deuses das fés já perdidas,
E que viste nascer Jeová e Júpiter,
E sorriste porque tudo te é falso e inútil.

Vem sobre os mares,
Sobre os mares maiores,
Sobre os mares sem horizontes precisos,
Vem e passa a mão pelo dorso da fera,
E acalma-o misteriosamente,
Ó domadora hipnótica das coisas que se agitam muito!

Momento de paganismo cristão, ao qual me licencio; e que mo perdoem os reformadores, que deixam romanos ao abandono nesta Cíbercatedral.
cbs (auxiliado por um Álvaro etílizado)

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posted by @ 10:27 da tarde  
4 Comments:
  • At 28 de janeiro de 2010 às 15:00, Blogger Vítor Mácula said…

    tens mesmo a certeza que o Álvaro é que estava etilizado? ;) quanto a paganismos e etc retomados, da data de Natal a quartas-feiras de cinza e etc, sempre foi uma rica e funda tradição cristã; renovar todas as coisas não é aniquilá-las, precisamente. abraço, bom fim de semana

     
  • At 29 de janeiro de 2010 às 23:33, Blogger cbs said…

    Vítor :)
    pois eu também acho que a boa tradiçao cristã é a que inclui, não a que exclui. Mas precisamente por isso, tenho sempre que pedir desculpa aos nossos manos rezingões, lol

    quanto ao Alvaro, nao temos duvida. Todas as nôtes o Fernando lhe levava aquela garrafita poética. Parece k até tinha um ritual com o taberneiro.
    bom fim de semana (eu agora é só faces. tenho que me compôr pra voltar ao blog)

     
  • At 1 de fevereiro de 2010 às 20:24, Blogger Nuno Fonseca said…

    Sobre renovação/redenção de elementos pagãos: o prefixo grego 'ante-' (latinizado: anti-), não só denota aversão/antagonismo mas também apropriação/transferência. Ou seja, dizer que o Cristianismo tomou o 25 de Dezembro dos pagãos não é dizer que o Natal é pagão, mas que é, sim, anti-pagão; pois, ao celebrá-lo, o mundo esqueceu o que raio é o 'dia do Sol invicto', as 'saturnálias', etc. Tudo coisas que o Inominável de Israel já tinha feito com o Pentecostes e o Festival das Luzes.

    O Reino de Deus conquista e ganha terreno pelo amor; mas, irra: conquista e ganha terreno na mesma. Afinal, se Deus não gozasse os seus loles [expressão que pretendo cunhar e difundir] subvertendo o paganismo, não salvaria nenhum de nós, todos pagãos e gentios até ao tutano desde nascença.

     
  • At 5 de março de 2010 às 15:55, Blogger sofiasegredo said…

    Que bela poesia! Por algum motivo acredito que uma boa parte de Deus é pura poesia. Independentemente dos seus desvarios. Mas só a poesia poderia compreender o amor (ou vice-versa).

     
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