segunda-feira, janeiro 04, 2010
O caminho da evolução
Por mais que usasse a metáfora da árvore da vida, o próprio Darwin não tinha assim tanto a dizer acerca do caminho concreto da evolução. Esse tema praticamente não é discutido na Origem. As ideias que ele tinha sobre o assunto – particularmente, a de filogenia – estavam aí, mais implícitas do que expressas. Mas embora Darwin dissesse pouco acerca do assunto, pelos meados do século XIX já andavam outros a descortinar e a confirmar os traços gerais da história da Terra. O registo fóssil estava a ser descoberto, e percebia-se que tinha um padrão interpretável, desde as formas mais antigas, como as trilobites, até aos peixes vertebrados, aos anfíbios, aos répteis, aos pássaros e aos mamíferos.

Hoje cremos – repito, cremos – que a grande explosão da Vida, no Câmbrico, data de há cerca de 550 milhões de anos. Isto é uma mera fracção da história da Terra, que se estende a uns 4,5 mil milhões de anos, ou até da história da Vida, que terá cerca de 3,7 mil milhões de anos. Encontramos aqui um primeiro ponto de potencial conflito entre darwinistas e cristãos. O Génesis já inclui a sua própria história da Criação, de como Deus fez o Céu e a Terra, com os seus habitantes, no espaço de seis dias – na verdade são duas histórias divergindo nos pormenores; numa, Adão e Eva surgem juntos; noutra Eva é feita a partir de Adão. Não são dadas datas em absoluto, mas com suficiente engenho, podemos trabalhar retrospectivamente, usando as genealogias do Antigo Testamento, e verificar que a Criação ocorreu há cerca de seis mil anos, quatro mil antes de Cristo.

Mas a revelação filogenética dos fósseis, não era o único guia da história da Vida. Outras técnicas implicavam a comparação entre diferentes aspectos anatómicos, e o recurso a analogias e dissemelhanças embriológicas. Apesar de, superficialmente os organismos parecerem muito diferentes, existiam homologias subjacentes nas formas embrionárias, que podiam revelar conexões, sem serem necessárias provas fósseis. De facto, estes conceitos nem eram sequer evolucionistas. A filosofia idealista alemã (Naturphilosophie), já no início do século XIX buscava ligações harmónicas na Natureza, vendo essas semelhanças anatómicas como provas da acção do Espírito do Universal.
cbs

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