sábado, dezembro 19, 2009 |
O facto da evolução |
Charles Robert Darwin não foi o primeiro evolucionista. Outros houve antes, como o seu avô Erasmus Darwin ou o famoso francês Jean Baptiste de Lamarck, que defendiam que os organismos se transformam porque certas características que são adquiridas durante a vida do organismo podem ser herdadas pela sua descendência. Darwin foi influenciado pelo astrónomo John Herchel e o filósofo da ciência William Whewell que discutiram em Cambridge, a meio do século XIX, as condições da Ciência. No método da ciência, para formular uma hipótese é necessário recorrer a um vasto leque de provas, sendo as provas explicadas à luz da hipótese, e a hipótese por sua vez sustentada depois por novas provas. As teorias mais consistentes da história das ciências são aquelas em que, induções feitas a partir de classes de factos completamente diferentes, deram o salto juntas, apoiando-se mutuamente. O exemplo favorito de Herschel e Whewell era o da mecânica de Newton, cujas afirmações principais – designadamente a força de atracção gravitacional – explicam os movimentos dos planetas (as leis de Kepler) e o do movimento de projecteis aqui na Terra (as leis de Galileu), que por sua vez ganham também força com o sucesso das suas explicações. Expressamente guiado pelo que aprendera com Herschel e Whewell, Darwin recolheu provas em todos os campos da Biologia para defender a sua hipótese. A Biologia foi explicada e a evolução encontrou sustentação: a) Na Paleontologia: que melhor resposta para a sequencia fóssil, mais ou menos progressiva, que se estende desde as formas extintas até restos de organismos, muito parecidos com os de hoje? b) Na Biogeografia: como explicar que animais e plantas da mesma tipologia, não estejam espalhados ao acaso pelo planeta, mas mais semelhantes em zonas próximas (como nas Galápagos) e menos semelhantes entre zonas distantes, como as ilhas e o continente? c) Na Anatomia: de que modo explicaremos os ossos e outras partes do corpo, que apesar de terem funções completamente distintas (o braço humano, a pata do cavalo, a barbatana da foca), revelam semelhanças estruturais inequívocas ("homologias")? d) Na Sistemática: a constatação de, quase todas as tipologias de organismos, sendo diversas, poderem simultaneamente ser ordenadas, com vários grupos (espécies) nos níveis mais baixos e com cada vez mais grupos inclusivos à medida que subimos de escalão (de espécie para género, e por aí em diante) não sugerirá uma ancestralidade comum? e) Na Embriologia: A existência de organismos, cujos especímenes adultos, atingindo formas muito diferentes entre si, surgem de embriões perfeitamente idênticos (como os do cão e os do humano) não apontará uma origem evolucionária comum?
E assim prosseguiu a história até a evolução ser vista como um facto para além de qualquer dúvida razoável. Temos “uma grande árvore da vida, que preenche a crosta da Terra com os seus ramos mortos e partidos, e cobre a superfície com as suas sempre belas e contínuas ramificações” (On the Origin of Species 1859)
cbs Etiquetas: Darwin |
posted by @ 12:37 da tarde |
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5 Comments: |
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O grau de razoabilidade da dúvida no evolucionismo é completamente diferente do grau da Física de Newton. Eu percebo que é boa companhia para o evolucionismo, mas misturar os dois não me parece muito honesto. Quanto às alíneas sustentatórias, a a), a Paleontologia, parece-me mais um problema do que trunfo. O tal evolucionismo de tentativa e erro teria deixado muitos milhões de fósseis de espécies intermédias que, apesar de todas as escavações, teimam em não aparecer. As b), c), d) e e) são perfeitamente compatíveis com um Deus Criador. Porque não há-de Ele definir estruturas bases, organizações geográficas, etc?
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Mas o ponto é esse: "As b), c), d) e e) são perfeitamente compatíveis com um Deus Criador" Em geral, o Darwinismo hoje, que é diferente do inicial (por exemplo, a hereditariedade tornou-se tão ou mais importante, que a selecção natural) é compativel sem favor nenhum, com o Cristianismo. Contudo, já o conhecimento cientifico não confirma, nem permite aceitar o Criacionismo como uma hipotese cientifica válida. isot é simples e elementar...
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Tens razão, mas também me parece simples e elementar que há buracos e contradições a mais na teoria evolucionista - a falta de registos fósseis é um exemplo entre muitos. Quando falo disto lembro-me sempre da Astronomia de Ptolomeu que vigorou antes de Copérnico. Era um sistema cosmológico geocêntrico e com órbitas circulares perfeitas - errado, portanto. Mas a verdade é que era o melhor que se arranjava e ia "dando para as encomendas". Dava alguns erros incompreensíveis, é certo, mas, penso eu, haveria a ideia de que, com o tempo, se encontrariam as devidas correções.
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Certo Pedro, mas a Ciencia tem sempre buracos... mas é o melhor que se arranja. Motivo para ter humildade (coisa que o Dawson tem falta) mas também para ser levada a sério.
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Dawkins! o dito Dawson é Dawkins... a velhice é um naufrágio, lol
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O grau de razoabilidade da dúvida no evolucionismo é completamente diferente do grau da Física de Newton. Eu percebo que é boa companhia para o evolucionismo, mas misturar os dois não me parece muito honesto.
Quanto às alíneas sustentatórias, a a), a Paleontologia, parece-me mais um problema do que trunfo. O tal evolucionismo de tentativa e erro teria deixado muitos milhões de fósseis de espécies intermédias que, apesar de todas as escavações, teimam em não aparecer. As b), c), d) e e) são perfeitamente compatíveis com um Deus Criador. Porque não há-de Ele definir estruturas bases, organizações geográficas, etc?