domingo, janeiro 03, 2010
Eleição

Ao terceiro dia de 2010 já tenho feita uma das leituras do ano. Do livrinho com o sermão de Spurgeon sobre a doutrina da Eleição deixo aqui um pequeno trecho:
"Não obstante, há alguns que objectam: - É muito difícil aceitar que Deus tenha escolhido alguns e tenha deixado outros!
Ora, é por esta altura da minha exposição que desejo fazer-lhes uma indagação: Há alguém que deseje ser santo, que deseje ser regenerado, que deseje abandonar o pecado e andar em santidade? Alguém poderá responder-me: “Sim, eu quero!” Pois muito bem, nesse caso, Deus escolheu a esse alguém. Mas eis que outra pessoa talvez replique: “Não, eu não quero ser santo, e nem quero desistir das minhas paixões e dos meus vícios!” Neste último caso, retruco: Porque, então, ficas aí queixando-te do facto de Deus não te ter escolhido? Pois se tivesses sido escolhido, não apreciarias, de acordo com a tua própria confissão, o facto de teres sido eleito. Se Deus te tivesse escolhido para a santidade, terias afirmado que não te importarias nem um pouco com isso.
Porventura, já reconheceste que preferes viver no alcoolismo, e não na sobriedade, que preferes viver na desonestidade, e não na honestidade? Amas mais os prazeres mundanos do que a piedade cristã. Assim sendo, por que razão ficas murmurando perante o facto de Deus não te ter escolhido para a piedade? Se porventura amas a piedade, então Deus escolheu-te para viveres piedosamente. Caso contrário, que direito tens tu de dizer que Deus deveria ter-te dado aquilo que não desejas?"

Pedro Leal
posted by @ 12:23 da manhã  
8 Comments:
  • At 3 de janeiro de 2010 às 13:25, Blogger timshel said…

    please sign :)

     
  • At 3 de janeiro de 2010 às 15:12, Blogger Pedro Leal said…

    Sorry.
    Já está corrigido. :)

     
  • At 4 de janeiro de 2010 às 14:30, Blogger Paulo Ribeiro said…

    Muito bom mesmo.

     
  • At 5 de janeiro de 2010 às 11:38, Blogger Vítor Mácula said…

    homessOlá, Pedro

    A questão do livre-arbítrio, parece-me humanamente insolúvel: teria de ter-se acesso ao ponto de vista divino: saber se tenho a vontade de X a partir de uma decisão, condicionada imanentemente ou por determinação divina… É obscuro, e de certos modos até são compatíveis, conforme os casos: uma liberdade outorgada pode ter conteúdos orientadores, por exemplo; Deus determina a partir de causas seguindas, imanentes, por outro exemplo; etc

    Põe também o difícil problema das relação da eternidade com a temporalidade.

    Seja como fôr, na humana e cristã labuta, há um ponto em que vai dar ao mesmo, isto é – a malta tem de esforçar-se ;)

    Um abraço

     
  • At 5 de janeiro de 2010 às 11:41, Blogger Vítor Mácula said…

    PS: JAJAJAJAJAJJAJAJA! "homess" era a "palavra de verificação pedida" e daí não ter entrado à primeira; o facto de remeter para dois "lares" (homes(s)) é pura determinação divina através de imanentes e net-causas...

     
  • At 5 de janeiro de 2010 às 13:45, Blogger Pedro Leal said…

    Vitor

    :) Eu li "homessa", essa antiga expressão popular de espanto.
    Quanto à eleição, estamos concerteza num nível de verificação que nos ultrapassa. Mas é uma verdade cristã muito importante. Repara na segurança dá ao crente - é Deus que nos escolhe, portanto qualquer falibilidade do acto fica de lado; fomos escolhidos antes que o tempo e o Universo existissem, portanto não é um capricho do momento; e por aí fora.
    Sim, se entenderes "esforço" como aplicação prática, concordo contigo.

     
  • At 5 de janeiro de 2010 às 14:25, Blogger Nuno Fonseca said…

    Vim só dizer que a Predestinação e a Eleição são ambos dogmas Católicos. Trento afirma um e o outro, deixando espaço para a postura agostiniana-tomista (a minha) e a jesuíta-molinista. A primeira começa a partir da soberania de Deus; a segunda, a partir do livre-arbítrio do homem. Desde então, sínteses de ambas as posição foram tentadas.

    A diferença entre a doutrina Calvinista e a Católica é que uma afirma que o decreto de predestinação para a salvação é positivo (Deus intervém directamente para converter o cristão), assim como o decreto de reprovação (Deus endurece o coração do não-eleito); noutra, o decreto de eleição é positivo também (podendo incluir a perda momentânea do estado de Graça e/ou a passagem pelo Purgatório até à salvação final), mas o decreto reprovativo é negativo; ou seja, Deus não faz nada para endurecer o não-eleito (por natureza, ele mesmo se endurece) e permite que este resista ao Espírito Santo (blasfemando contra este).

    Acho interessante o estudo dos Jesuítas sobre como se processa a Providência (sucessão de causas, computação de mundos hipotéticos à Liebniz, o 'efeito borboleta', etc), mas penso que é um mistério insondável e inconclusivo. Mas edificante e interessante.

    §

    Fide, Spes, Caritas

     
  • At 5 de janeiro de 2010 às 18:24, Blogger timshel said…

    a propósito do livre arbítrio recomendo uma releitura do post "Chuva em Novembro" cujo link aqui postei em 20 de Dezembro à luz desse tema (e não do tema formal do post)

     
Enviar um comentário
<< Home
 
 
Um blogue de protestantes e católicos.
Já escrito
Arquivos
Links
© 2006 your copyright here