terça-feira, maio 19, 2009 |
Encontros improváveis |
Quando José Pacheco Pereira escreve no seu blogue que ”a caridade não é a missão do Estado. A missão do Estado é garantir a nossa segurança, sem mas, nem ambiguidades”, aproxima-se muito da perspectiva puritana acerca da responsabilidade individual e o papel do Estado, sobre a qual postei aqui na passada semana. Este é um bom exemplo de como os extremos, neste caso ateísmo (JPP) e pia religiosidade, podem, discordando em quase tudo, encontrar pontos comuns. (Nota: é interessante verificar que, na ausência de uma religiosidade subjacente, o liberalismo cria figuras como a “mão invisível” que orienta os mercados. Um pouco, como o “acaso”, regulador e criador, engendrado pelos evolucionistas).
Pedro Leal |
posted by @ 11:28 da tarde |
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15 Comments: |
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Muito pertinente essa nota.
Mesmo muito.
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Todos os estados são uma teocracia. O que põem sobre o trono teocrático pode não se chamar 'deus', mas há uma fonte moral e ética que transcende estas, fazendo-as, no entando, ser obedecidas. Negando a transcendência, tem-se a redundância: o Estado tem como missão a garantia da segurança, pois é esse o papel do Estado.
JPP está a um passo de entender a falha do seu materialismo/naturalismo.
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Pedro,
confesso que não entendo onde queres chegar. E se concordas com o JPP.
Eu discordo completamente. Prefiro esta opinião do Pedro Magalhães:
http://outrasmargens.blogspot.com/2009/05/num-pais-serio.html
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A primeira parte do post do PL é ideológica e só pode ter opinião ou debate político.
A segunda- a nota- é teológica e particularmente interessante. E até acaba a negar o que sustenta ideologicamente a primeira parte- a tal política.
Foi um bom post- daqueles sintéticos e "directamente para a veia".
Há que reconhecê-lo
ehehe Estou-me a rir mas não estou a gozar.
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De resto, a propósito de criminalidade nem entro em discussão porque já se tornou pretexto para insultar os pobres.
Como quem é pobre tivesse de ser criminoso.
O resto é mesmo política e nada tem a ver com caridade.
Tem a ver com lei frouxa de código penal imbecil e com políticas irresponsáveis de porta aberta.
Mas o interessante é mesmo a nota.
Na nota é que está a tacada ao mito que também fez do carcanhol utopia- à conta da fezada na tal mãozinha.
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sim, isso percebi. queria perceber era a posição do PL. Fiquei baralhada com a aparente contradição que referes, Zazie. Não me parecia muito à PL.
Também não me interessa entrar nisto pela discussão "Bela Vista", não é que seja indiferente às pessoas que lá vivem. Mas não é preciso pegar num caso particular.
Mas qual o papel do Estado na protecção dos cidadãos, sobretudo os mais desfavorecidos, incapazes etc.? Só conta a responsabilidade individual?
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A posição do PL é mais que conhecida.
Tens aí dezenas e dezenas de posts onde ele sempre a afirmou.
Há que ser justo, o PL não empastela. Defende x posições políticas e isso é lá com ele.
E faz ligação entre essas posições e a tradição calvinista e isso até é curioso porque tem uma grande verdade histórica.
A parte da nota é que é teológica e, no outro dia, eu disse algo parecido no post do Tim- aquele onde o Tim falou do Deus Acaso e das leis do darwinismo social.
Este é um excelente post para se lhe contrapor.
Ambos dizem metade da verdade. E este é muitíssimo pertinente por ter mostrado que o tal "Acaso" também é lei. A lei possível para o ateísmo que depois tem de desencantar uma protecção "natural" a tal mãozinha invisível.
Este post do PL foi brilhante.
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phónix! outra vez....
Foi o danado do musaranho que me apanhou a cache do computador.
Mas pronto, já sabem quem é
":O?
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O papel do Estado é questão política e, é um facto, que nada tem a ver com caridade.
Teoricamente o PL está certo. Falta o resto, que é a política que também não tem de ser teologia nem caridade
":O)))
Mas a notinha altera tudo. Se o PL levar às últimas consequências o que tão brilhantemente escreveu só tem 2 saídas- ou dá em Católico anarquista, ou vira social democrata.
":O)))))
(esta agora é charada para ele)
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zazie
Quanto ao poema, para além da eventual parcialidade na abordagem, julgo que tem a ver sobretudo com um período de mudança. Imagino que algo de parecido poderia ser escrito por estes dias se em Portugal as IPSS deixassem de receber dinheiro do Estado. Quanto á charada, acho que o campo de manobra é um pouco mais vasto. Precisamente porque os valores são teológicos (justiça, responsabilidade, caridade, etc) e não políticos - fugi bem à questão ? :)
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Pedro:
Não sei se percebeste que o poema não foi feito por mim.
O poema era uma balada popular que se cantava em Inglaterra.
Não imagino como é que tu consegues detectar parcialidade numa balada popular do século XVI.
Mas posso passar-te numenos, aos milhares dos que acabaram por morrer à fome.
Por outro lado, a tua comparação da assistência privada dos mosteiros aos pobres, com o Estado, é perfeitamente demagógica.
Porque então, a bao da caridade puritana também era a mesma coisa que a assistência do Estado.
Mas vou dar-te uma supresa. Sabes como começou a "assistência estatal"?
Imagina...
Imagina qual terá sido a primeira assistência e caridade Estatal depois do extermínio da privada dos monges.
Olha, até me deste uma ideia.
Vou fazer outro post a contar o aparecimento de outra instituição moderna para onde passaram a ser enviados esses vagabundos.
E começou em Inglaterra.
Imagina qual foi.
Está é mais uma charada.
A outra charada era simples- o liberalismo defende que existe sempre um equilíbrio natural que acaba por salvar tudo.
Tu negas a lei principal em que assenta a tal fé liberal - a mão invisível do mercado.
Então fica a pergunta- como é que podes defender o liberalismo de mercado?
Como é que pode existir um sistema organizado se o fulcro dessa organização que é a mão invisível que tende a equilibrar todo o dinamismo do capitalismo, não existe?
Isso era dizer que não há sistema mas caos.
Não era?
E no caos, a lei do mais forte serve apenas para quê?
Para a tal caridade calvinista?
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O teu post foi brilhantemente pertinente por teres mostrado que a mão invisível é uma fé ateia e uma suposta lei da natureza.
E não se sabe. Antes pelo contrário. O que cada vez mais se tem escrito por quem estuda o mercado é que não existe sociedade a fazer o mercado, mas o inverso e não há qualquer lei que faça disto um sistema equilibrado e orgânico.
Então, se é fé, é fé partilhada entre crença religiosa e fé materialista.
E como é que se resolve esta promiscuidade nos que são crentes em Deus?
E depois, os valores, como tu dizes, são superiores aos descontos do IRS.
Mas fica a pergunta- tu, ao pagares os impostos camarários para os esgotos, também te queixas e chamas a isso caridade estatal?
Na verdade- como é que se pode desencantar a "caridade estatal" no meio de tanto desconto, que vai dos esgotos ao selo do carro e às brutas mordomias dos servidores dos Estado?
hummm..?
É complicado, não é?
Mas dá sempre um ar de justiceiro atirar com os gastos com os pobrezinhos e não falar nos gastos com os brutos automóveis dos servidores do Estado, que também saem dos bolsos.
- por caridade da ética republicana- imagino.
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E sim, fugiste bem à questão e tens brains
";O)
Mas vou aproveitar para fazer o outro post porque esta temática é histórica e bem pertinente.
A blogosfera também pode servir para se recordarem estas pequenas coisas.
Toda a gente anda com o "estatismo" na boca e a solidariedade da ética republicana e esquecem-se de fazer um upgrade de como começaram estas coisas.
O momento da Reforma é um momento charneira para se compreender muita coisa.
E do Calvino ao Adam Smith e deste ao Marx é apenas um percurso- com variantes e reactivas dentro do mesmo.
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Já ninguém se lembra dos primeiros escritos do Marx apoiados nas experiências primitivas do comunismo das heresias.
E nasceu tudo no mesmo lugar e a partir das mesmas guerras. E consequentes êxodos.
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Muito pertinente essa nota.
Mesmo muito.