quinta-feira, maio 14, 2009 |
Tum podex carmen extulit horridulum |
"O Anticristo pode nascer da própria piedade, do excessivo amor de Deus ou da verdade, como o herege nasce do santo e o endemoninhado do vidente. Teme, Adso, os profetas e aqueles que estão dispostos a morrer pela verdade, que de costume fazem morrer muitíssimos com eles, frequentemente antes deles, por vezes em seu lugar. Jorge cumpriu uma obra diabólica porque amava de modo tão lúbrico a sua verdade que ousava tudo com a condição de destruir a mentira. Jorge temia o segundo livro de Aristóteles porque ele ensinava talvez a deformar deveras o rosto de toda a verdade, a fim de que não nos tornássemos escravos dos nossos fantasmas. Talvez a tarefa de quem ama os homens seja fazer rir da verdade, fazer rir a verdade, porque a única verdade é aprender a libertar-nos da paixão insana pela verdade."
"O Nome da Rosa", Umberto Eco (tradução de Maria Celeste Pinto, Edição Difel, pags. 485 e 486)
timshel |
posted by @ 7:58 da tarde |
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2 Comments: |
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1. Diria até que só daí pode nascer, por imitação inversora; o a-cristianismo pode vir de fora, mas a antítese só pode surgir a partir da própria tese, digamos.
2. "Faz-se um ídolo da própria verdade; pois a verdade, fora da caridade, não é Deus, e é sua imagem e um ídolo que não se deve amar nem adorar". (Pascal)
abraço, tim
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Pois é. Estes posts do Tim estão geniais.
E ia jurar que o tal do vidozinho do debate também foi ironia finíssima.
A ver se é hoje que post uma leitura paralela que também farejei
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1. Diria até que só daí pode nascer, por imitação inversora; o a-cristianismo pode vir de fora, mas a antítese só pode surgir a partir da própria tese, digamos.
2. "Faz-se um ídolo da própria verdade; pois a verdade, fora da caridade, não é Deus, e é sua imagem e um ídolo que não se deve amar nem adorar". (Pascal)
abraço, tim