quinta-feira, dezembro 20, 2007 |
Eu sei que não tenho razão |
Foi pela razão que Hitler revolucionou a face de Alemanha. Foi pela razão que o Dom Henriques entrou na prática de escravatura. Foi pela razão que o imperador do Japão lançou o ataque contra os EUA.
(e ainda, Iraque, Kosovo, Zimbabue, etc.)
Para todos os efeitos, os acima mencionados exerceram a lógica e aplicaram a razão para chegar a conclusão de que iam beneficiar, que estavam a fazer o que era melhor para os seus países.
Foi para chamar atenção à importância essencial de fé que Jesus limpou o templo...
Foi pela fé que Martino Lutero revolucionou a face de cristianismo. Foi pela fé que William Wilberforce mudou a economia do mundo ocidental. Foi pela fé que cheguei a conhecer o meu criador.
Foi para chamar atenção à primazia de fé que Jesus disse ao paralítico: “Os teus pecados estão perdoados...” e ainda “levanta-te e anda.”
Nem tudo é racional e a razão nem sempre nos leva às conclusões mais acertadas, mas a fé leva-nos até ao pé de Quem as tem.
Quando a razão me conduz até a beira do abismo, a fé implora-me para não saltar. |
posted by @ 11:14 da manhã |
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10 Comments: |
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Presumindo então que estão fora das gavetas da razão e da fé as Cruzadas, a "Santa" Inquisição", as chacinas de protestantes pelos católicos, as chacinas de católicos por protestantes, a colaboração com os crimes do franquismo, a arrogância diária e o ódio sempre mais dirigido aos "pecadores" do que ao "pecado", ficarão em que gaveta da História? A dos pequenos lapsos?
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A razão não teve nenhum papel nas palavras de Lutero?
A razão não assistiu Jesus na limpeza do Templo?
Hitler não tinha fé no que não via, nessa nobreza dogmática da raça ariana?
Dom Henriques...quem é?
Quando a fé conduz á beira do abismo, a razão pode ser um bom instrumento para não se chegar a saltar.(dava jeito aos suicidas do islão, por exemplo)
A apropriação da palavra "fé" como característica única do cristão é sinal da sua arrogância para com os outros. E isto não é em si mau. Arrogantes somos todos, afinal. Só que ser sonsinho (característica da quase totalidade dos cristãos que conheço) é que fica mal. Muito mal mesmo. O Imperador não tinha fé no principio dos destinos maiores do Japão?
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Parece-me haver alguma ambiguidade nos termos. A razão é um instrumento para caminhar, não tem sentido colocá-la num altar como alguns fazem - julgando serem muito terra a terra. A fé é fruto de uma faculdade de outra natureza, a intuição (tendo em conta que a separação entre razão e intuição, é artificial). Há bons e maus usos das faculdades intelectuais. Há boas e más fés.
Depois há a Fé revelada, que depende talvez mais da capacidade do profeta, do que da do crente. Há várias, e os cristãos, como eu, acreditam que é a deles, a única revelada pelo próprio e único Deus.
penso eu de que...
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Ah! e há Bem e há Mal!... aí tá o erro de Nietzsche, lol
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A razão dos fariseus e a sua falta de fé eram alvos frequentes de Jesus.
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Grande texto. Devia ser enviado aos positivistas de serviço.
Já agora, não foi a razão que fez D. Henrique entrara na prática da escravatura. Na realidade não se entrou. Já lá se estava. Foi apenas a necessidade de obter "trabalho" (no sentido físico da palavra) a baixo custo. Na realidade não foi nenhuma razão que acabou com a escravatura, foi a máquina a vapor.
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Muito pelo contrário da minha afirmação pessoal no fim do texto, Jesus saltou... e com razão.
No poste original pretendia frisar facto de que é ridículo tentar afastar por completo a razão e a fé. Não aceito a proposição que a fé é a negação de razão. Não creio que seja possível separar os nossos motivos de forma tão simplística. E muito menos a razão e a fé. O João Leal aponta bem para esta realidade. Separar a razão e a fé é um cometimento ingénuo nas melhores das condições e tolice na maioria dos casos mais comuns.
Vale a pena responder a questão das cruzadas como caso de estudo. Não creio que se lançaramm "apenas" por motivos de fé, mas tal como o Luis salientou relativamente à escravatura, as cruzadas representam mais uma questão política-económica. Ao nível dos organizadores visavam-se mais terras, mais tesouros, mais recursos naturais, mais títulos para oferecer aos nobres, enfim, mais poder. Não podemos excluir o elemento de fé, mas no fundo, não se trata "apenas" de uma questão de fé.
A fé sem razão é cega e tal como a fé sem obras é morta, a razão sem o elemento de fé também morre. Existe sempre uma tensão saudável entre elas não podendo excluir um aspecto a favor do outro. Ás vezes um pesa mais que o outro, e achamos um equilíbrio ténuo e transitória. Foi pela nossa incapacidade de fazer isto bem que Jesus saltou.
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É um pouco ao lado, mas queria referir ainda a questão atrás levantada pelo Samuel e pelo Scott… Ponho de fora “a colaboração com os crimes do franquismo” e a “arrogância diária e o ódio sempre mais dirigido aos "pecadores" do que ao "pecado"” porque me parecem problemas mais específicos – colaboracionismo e ódio de carácter faccioso – e não generalizáveis ao cristianismo como um todo.
Mas relativamente ás “Cruzadas, a "Santa" Inquisição", as chacinas de protestantes pelos católicos, as chacinas de católicos por protestantes” ou seja da guerra como crime; quero notar que, apesar do morticínio e da tortura, tantas vezes a sangue frio, continuar desde do princípio até hoje a ser uma característica humana muito marcada, parece-me ter havido alguma mudança positiva introduzida pela redacção universal dos direitos humanos. E esse referencial, assumido de início na declaração de independência americana, antes mesmo da França, sendo fruto do Iluminismo, e mesmo tendo em conta todas as terríveis guerras de religião, tem raíz profunda e forte na moral cristã.
Pela difusão da moral cristã muitos crimes ficaram mal vistos ou pelo menos deixaram de ser motivo de glória, passaram a ser reconhecidos como males em si, e a morte tornou-se mais frequentemente a “ratio ultima” da politica, aparecendo com maior frequência o exílio e o aprisionamento dos adversários como alternativa á condenação à morte. Mesmo já no século XX, aparece também por via cristã, com Paul Ricoeur, a transformação do conceito base da lei penal, de castigo puro e duro do condenado, para a sua recuperação social. Contra as frequentes vozes distorcentes, digo que apesar dos fluxos e refluxos da História, de que nunca está livre o cristianismo, no contexto geral, a noção de bem e de mal da moral cristã foi um activo civilizacional
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A moralidade cristã (não o fanatismo) tende a suavizar a ferocidade da natureza. O Cristianismo é anti-natural. Penso eu de que...
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