segunda-feira, outubro 29, 2007 |
Tomo a liberdade de insistir... os santos |
“Quantos cristãos não renunciam a conservar no coração o desejo de santidade? (…) É uma última traição para com Deus e para com o Mundo. Os santos participam, em todo o tempo, na obra redentora de Jesus para com ao Mundo. A sua relação pessoal com o Mundo é paradoxal e misteriosa. O Mundo é para eles antes de mais, uma ocasião de se separarem do Mundo, a fim de inteiramente se entregarem pelo amor ao Amor. Procuremos imaginar o que se passa na alma de um santo no momento crucial em que toma a sua decisão irrevogável. Pensemos em Francisco de Assis quando se despoja das suas vestes e aparece nu diante do seu bispo, ou em Bento Labre quando resolve tornar-se mendigo piolhoso e vagabundo pelas estradas fora.
Na origem de tal acto houve qualquer coisa de tão profundo na alma que não sabemos exprimi-la – digamos que é uma simples recusa, a recusa total, estável e supremamente activa, de aceitar as coisas como são; não se trata de saber se as coisas, a Natureza e a figura do Mundo são ou não boas na essência – sim, são-no, o Ser é bom na medida em que existe, e a Graça aperfeiçoa a Natureza, não a destrói – mas estas verdades nada têm que ver com o acto interior de ruptura que estamos a considerar. Esse acto tem a ver com um facto, um facto existencial: as coisas tal como são, não são toleráveis. Na realidade da existência, o Mundo está inquinado de mentira, de injustiça, de maldade, de amargura e miséria, uma vez que a Criação foi corrompida pelo pecado a tal ponto que no fundo da sua alma, o santo recusa aceitá-la como ela é. O Mal – entendido como o poder do pecado e o sofrimento universal que acarreta – é de tal ordem que a única coisa que temos à mão para lhe opor, radicalmente, e que inebria o santo de liberdade, de exultação e amor, é dar, abandonar tudo o que é bom, o que é agradável e permitido, a doçura do Mundo e até o próprio “eu”, para ficar-mos livres e estar com Deus, despojados, entregues ao poder da cruz e finalmente, morrer pelos que amamos. Há aqui um relâmpago de intuição e de querer acima de toda a moralidade humana.
Desde que uma alma é tocada, mesmo de passagem, por essa asa ardente, torna-se estranha a tudo. Pode amar as coisas mas nunca mais repousará sobre elas. O santo é o único a pisar o lagar, e entre os povos não há ninguém como ele.”
In Jacques Maritain, Le paysan de la Garone, un vieux laic s’interroge à proposdu temps présent, Ed. Desclée de Brouwer, Paris 1965 cbs
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posted by @ 6:17 da tarde |
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4 Comments: |
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Mas será que ainda não perceberam que a Reforma Protestante foi feita por santos , dos maiores que a Igreja Cristã contem??? OK, uns ficaram para a História, outros morreram no anonimato mas a Reforma da igreja é sempre obra de SANTOS a sua depravação é que é inspirada por demónios
VIVA A REFORMADA IGREJA, VIVA A BUSCA DE SANTIDADE
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David Não tenho a menor dúvida sobre a existencia de santos protestantes. São vocês, quem costuma reclamar contra a santidade, ou não é?
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E atenção, como na parábola lembrada pelo José sobre o fariseu e o cobrador de impostos (Lucas 18,9-14), seguir a lei não é o mesmo que ser santo. Aliás, não considero que sejamos todos santos, sou por nos dizermos cristãos e cumprir os preceitos. Segundo creio, um santo é uma enorme fonte de amor, é trespassado pelo Amor, e é raro.
Mais, meu, penso mesmo que pode haver e há santos não cristãos, e duvido que isso seja canónico :)
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CBS,
Não quero estar a chover no molhado nem a manter qq estatuto religioso mas " em verdade, em verdade te digo " que não há santos fora de Cristo podem e desgraçadamente estão em crescendo, se calhar, é haver santos fora da comunhão da igreja / das igrejas
Qualquer edição Bíblica ( católica, protestante ou evangélica ) demonstra o q eu acima digo
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Mas será que ainda não perceberam que a Reforma Protestante foi feita por santos , dos maiores que a Igreja Cristã contem???
OK, uns ficaram para a História, outros morreram no anonimato mas a Reforma da igreja é sempre obra de SANTOS a sua depravação é que é inspirada por demónios
VIVA A REFORMADA IGREJA, VIVA A BUSCA DE SANTIDADE