terça-feira, outubro 09, 2007 |
onde é que a Igreja se pode meter? orientando a liberdade |
Diz o Samuel num comentário aí atrás:
"muito mais imoral é o facto de a igreja (qualquer uma) continuar a arrogar-se o direito de se meter na vida privada das pessoas, que diga-se de passagem, vão ouvindo com muita atenção e depois fazem rigorosamente o que lhes apetece".
este excerto contém duas passagens importantes
a primeira: "muito mais imoral é o facto de a igreja (qualquer uma) continuar a arrogar-se o direito de se meter na vida privada das pessoas"
Estava habituado à versão restritiva laica nos termos da qual a religião era do domínio privado de cada um e não devia interferir na esfera pública. Fico agora surpreendido por verificar que a igreja também não se deve meter na esfera privada.
a segunda "pessoas, que diga-se de passagem, vão ouvindo com muita atenção e depois fazem rigorosamente o que lhes apetece"
é verdade, a Igreja Católica defende esta posição.
timshel |
posted by @ 6:00 da manhã |
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6 Comments: |
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Na melhor das hipóteses, não me fiz entender... Claro que o facto de os católicos e os outros "ouvirem à brava" mas acabarem por fazer o que lhes apetece é curioso, mas só isso. Agora a parte que não se percebeu: Se as pessoas entram para uma igreja, pagam as quotas e isso, acho muito bem que aceitem as regras da casa. O que é de uma grande arrogância é as igrejas continuarem a vomitar conceitos morais mais que discutíveis, pretendendo vincular a esses conceitos países e sociedades inteiras, mesmo quando a maioria dos indivíduos atingidos, não fazem sequer ideia de que raio estão eles a falar, ou fazem e não querem aceitar essas regras o que é um direito, esse sim, sagrado, sendo que muitos milhões acabam com a sua vida dificultada, enxovalhada ou mesmo em perigo, à custa da paranóia "evangelizóide" de papas, padres pastores e tantas vezes, apenas "fiéis". Sim, estou a falar da marginalização e apontar de dedo a torto e a direito e principalmente, já que o post tratava de sexo "seguro", da infame condenação do uso de preservativo, por exemplo na África, onde isso pode significar a condenação à morte de muitos milhares de pessoas, apenas por um capricho de gente que sempre teve meios, conhecimentos e posses para fazer muito sexo e muito seguro.
Mas felizmente para a humanidade, somos todos malta bem formada, teologicamente bastante sólida e com experiências e vivências espirituais encantadoras... Azar deles!
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samuel
Isso de "vomitar conceitos morais mais que discutíveis, pretendendo vincular a esses conceitos países e sociedades inteiras" não é objectivo só das igrejas. Parece-me que é objectivo de todos os grupos. Eu não acerdito em morais neutras. Mesmo os adeptos da "tolerância" pretendem impor globalmente o seu conceito de tolerância. Quanto à SIDA em África, e pondo-me de lado nessa questão do preservativo, católica, sempre te digo que a coisa seria bem menos grave se dessem ouvidos à igrejas: fidelidade conjugal e abstinência sexual antes do casamento.
Pedro Leal
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Ias muito bem na primeira parte... Poucos há que realmente não desejassem fazer valer os seus pontos de vista, se para isso tivessem poder. Quanto à piada da fidelidade conjugal e abstinência sexual "antes do casamento", como grande ajuda para combater a sida na África... é mesmo só isso, não é? Uma piada!? É que realmente, na África profunda, poligâmica, sem hábitos nem meios para praticar uma higiene mínima (no sentido de saúde, claro), ausência total (e natural) das normas "morais" cristãs e seus derivados, meia dúzia de missionários para territórios por vezes do tamanho de Portugal... "Abençoados" alguns desses missionários, que se estão positivamente nas tintas para o que quer ou deixa de querer o Papa, em assuntos de que não percebe ratas sobre gente que nunca viu em sítios onde nunca sujará os queridos "prada" e fazem "o que têm que fazer. Já me diverti muito a ouvir a magnífica Soeur Emmanuelle dissertando sobre esses quereres da Igreja! Não sei se a senhora ainda é viva, mas já a vi evangelizar mais em 10 minutos de entrevista na televisão do que outros durante a vida...
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samuel
O Uganda através de uma campanha apelando à tal abstinência, à fidelidade e ao preservativo foi o país de África que melhores resultados conseguiu na diminuição dos números da SIDA. O facto não é muito conhecido, percebe-se porquê, mas aconteceu.
Pedro Leal
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Duas coisas: 1) o Vaticano nunca afirmou nada a respeito do uso do preservativo como preventivo da SIDA. Segundo me consta, a questão tem sido debatida. (Como barreira contraceptiva, sabemos bem que foi "condenado", mas claro que a Igreja não se pronunciou sobre possíveis formas de tornar sexo não-monogâmico, ou fora do casamento, mais seguro.)
2) O preservativo, em África, sobretudo nessas zonas onde a falta de higiene e de conhecimentos básicos muito prejudica a saúde pública, não é nem de perto nem de longe tão eficaz como aqui na Europa. Segundo uma reportagem que vi (de repórteres não-católicos, presumo que insuspeitos), nessas zonas vêem-se nos estendais da roupa a secar preservativos, porque foram lavados e vão ser usados outras vezes. Obviamente, se forem usados nestas condições dando às pessoas uma falsa sensação de segurança para "dormirem" com quantas pessoas quiserem, a eficácia é bem menor do que se as pessoas de facto limitarem o número de parceiros sexuais... Isto parece-me lógico.
(Também me parece lógico que, se tivesse um filho adolescente a querer começar a vida sexual, eu o tentaria fazer mudar de ideias, mas se tal fosse impossível, obviamente não ia querer que além de pecar nessa área ainda se expusesse, e expusesse os outros, a riscos sérios de saúde.)
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"O Uganda através de uma campanha apelando à tal abstinência, à fidelidade e ao preservativo..."
...e ao preservativo! Assim já estamos a falar! Viva a fidelidade, não custa nada falar de abstinência, mas para já, mais seguro será mesmo o preservativo. Quanto a não se conhecer nem a campanha nem os primeiros resultados, já estamos habituados, não é? Para a nossa comunicação social, só as más notícias, de preferência grandes, são notícia.
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Na melhor das hipóteses, não me fiz entender...
Claro que o facto de os católicos e os outros "ouvirem à brava" mas acabarem por fazer o que lhes apetece é curioso, mas só isso.
Agora a parte que não se percebeu:
Se as pessoas entram para uma igreja, pagam as quotas e isso, acho muito bem que aceitem as regras da casa. O que é de uma grande arrogância é as igrejas continuarem a vomitar conceitos morais mais que discutíveis, pretendendo vincular a esses conceitos países e sociedades inteiras, mesmo quando a maioria dos indivíduos atingidos, não fazem sequer ideia de que raio estão eles a falar, ou fazem e não querem aceitar essas regras o que é um direito, esse sim, sagrado, sendo que muitos milhões acabam com a sua vida dificultada, enxovalhada ou mesmo em perigo, à custa da paranóia "evangelizóide" de papas, padres pastores e tantas vezes, apenas "fiéis".
Sim, estou a falar da marginalização e apontar de dedo a torto e a direito e principalmente, já que o post tratava de sexo "seguro", da infame condenação do uso de preservativo, por exemplo na África, onde isso pode significar a condenação à morte de muitos milhares de pessoas, apenas por um capricho de gente que sempre teve meios, conhecimentos e posses para fazer muito sexo e muito seguro.
Mas felizmente para a humanidade, somos todos malta bem formada, teologicamente bastante sólida e com experiências e vivências espirituais encantadoras...
Azar deles!