domingo, outubro 14, 2007
Do Cristianismo mediado em Fátima
“Valha-lhe a vaidade da compaixão com a sofrida ignorância popular”
Tiago Cavaco

Faz tempo, percebi que não tenho outro apoio senão a Fé e o senso comum. É facto que andei na Catequese e até tirei a Comunhão Solene, mas o meu conhecimento do Livro é sumário, e não quero ousar citações que se interpretam a si próprias, como diz o Nuno.
Deixo a Bíblia aos meus camaradas em Cristo, que tento acompanhar, mas agarrando-me à minha quota-parte do senso comum, ou seja, da “sofrida ignorância popular”.

Assim como assim, sempre me atrevo a dar nota Tiago, da mágoa que sinto quando vocês falam de Maria, “uma gaja porreira…mas detestável"; quando definem o nosso amor por Ela como um exemplo pagão.
Eu sei, ou julgo saber, que Deus não necessita de intermédios.
Sei, ou julgo saber, que não há ajuda nesta Terra, ou no Céu, que possa substituir-me para eu chegar ao Pai.
Mas também sei – eu e tu – que para além do dado imediato, que é a consciência humana do Amor Divino, revelado em Cristo, para além disso, quase tudo é "mito".
Toda a História é feita de "mito", pois nunca a descrição, por mais honesta, será fiel à experiência vivida. E quem consegue viver na pele e no contexto daqueles que já viveram, se tantas vezes nem nós próprios da nossa vida temos consciência?
No entanto, para caminhar, somos obrigados a balizar o tempo, pelos acontecimentos de referência, e por comportamentos humanos nesse fluir em que duramos.
Os que designamos por Heróis, são esses os "mitos" que nos dão o Norte da vida.
Na Fé, os Heróis são Santos, as vidas são exemplos.
E a vida de Maria é o maior que temos, não pelo sangue, mas pela humildade, pela virtude e pelo Amor.
Maria e a Santíssima Trindade mereciam mais do que a maravilha construída, muito mais do que o Luzeiro de Fé da “santa” ignorância popular anual.
Merecem o amor e afecto de todos, de todos nós Católicos, Cristãos e humanos.

Quanto à obra de arquitectura, apesar de agradavelmente contra-reformadora – até um apontamento da “talha dourada” adorna aquele altar, em magistral casamento de Modernismo e Barroco com laivos de Bizâncio – digo-te que, apesar de tudo, não passa de espaço e pedra.
E o templo não é apenas isso, um templo é o Espírito presente, conforme Cristo disse “Aonde se reunirem dois ou três em meu nome, aí estarei entre vós” (digo de cor, nem busco a citação, lol).
E nesse domínio espiritual, não no material, é tão belo (e contra-reformador) o Templo da Santíssima Trindade, como é belo (e reformador) o Templo Baptista de S. Domingos de Benfica; decerto que o Pai se sente em casa nos dois, sem distinguir, e se o fizer preferirá a modéstia e a humildade.
Como Maria, em Fátima, há noventa anos.

cbs
posted by @ 2:27 da manhã  
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