domingo, maio 06, 2007
Who cares about Taizé?
A autora do blogue Mulheres Estejam Caladas (que já foi formalmente convidada a escrever aqui enquanto protestante e que nunca mais se despacha) deixa uma interessantíssima simplificação na caixa de comentários de um post anterior que vale a pena salientar:

"Os teólogos alemães são Paulo: inovação, transformação, novidade. A telogia conservadora é Pedro: resistente, cautelosa, reformula, reforma, mas não revoluciona."

Há muito por onde pegar mas quero apenas discordar desta função salvífica atribuída aos alemães. Os alemães, que também foram criados por Deus, têm um papel importante na teologia (sou tentado a comparar com a importância que os insectos ocupam na agricultura mas isso seria esticar poeticamente o argumento como nenhum Salmo de David ousou). Todavia, as características que os levam a ser tão pertinentes quanto aborrecidos e inconsequentes fazem parte de outro rosário que não está ligado apenas ao Céu mas igualmente ao Inferno.
E eu, que sou protestante como o caraças, percebo nessas duas frases uma implícita crítica ao catolicismo que considero injusta. As alter-espiritualidades são muito bonitas mas quem é que ultimamente tem segurado o barco do Nosso Senhor na Europa? Pois. Numa coisa dou o braço a torcer. É a Alemanha. Mas é uma Alemanha chamada Ratzinger. As restantes germânicas montanhas luteranas têm feito da fé cristã um sensaborão colóquio Bahai.

Tiago Cavaco
posted by @ 11:16 da tarde  
9 Comments:
  • At 7 de maio de 2007 às 00:06, Blogger samuel said…

    Disseram-me quando eu era miúdo, que um tal Jesus fundou uma nova maneira de estar no mundo e na vida, a partir de ideias e frases muito claras e simples.
    Quem soubesse apreender essas simples frases e ideias, que estavam a partir de então à disposição de todos, teria a oportunidade de ficar em comunhão com Ele e esse estado de Espírito, durante os séculos que se seguiriam e quem sabe, eternamente...
    Sempre que alguém não domina uma arte e se torna crítico (há excepções) tem como único refúgio o malabarismo das palavras e das ideias rebuscadas. O crítico de literatura, escreve sempre "mais difícil" que o romancista que critica. O de música é sempre muitíssimo mais erudito que o gajo que "apenas" compôs a sonata...
    De cada vez que os grandes teóricos, teólogos, alemães, conservadores, americanos ou do Suriname dão à luz mais um volume pesado e solene das suas teorias que se movem eternamente em espirais que não vão a lugar nenhum, imagino que se movem. Inexoravelmente. Afastando-se dos crentes. Afastando-se da simplicidade.
    E d'Ele, claro!

    Peço desculpa pela ousadia...

     
  • At 7 de maio de 2007 às 00:24, Blogger cbs said…

    "mas quem é que ultimamente tem segurado o barco do Nosso Senhor na Europa? (...) É a Alemanha. Mas é uma Alemanha chamada Ratzinger"

    Tiago. mas alguma vez foi diferente?
    venho daquela exibição de corpos chineses vandalizados, e ocorre-me o seguinte: sem a estrutura óssea aquele monte de bife que é o corpo humano ficava pelo chão.
    Roma é o esqueleto, o resto são bifes e nervos, lol

    Mas reconheço uma coisa, reconheço que a malta reclamativa é útil para que Roma se mexa.
    sem isso ainda estava na Idade Média profunda, que o Tim ali mais em baixo nos trousse, pela pena do velho (e excomungado, pra variar) Lefévre.

     
  • At 7 de maio de 2007 às 00:26, Blogger zazie said…

    Numa boa Idade Média que o Tim nos trouxe e que os "progressistas" nem perceberam.

    Pois é, cbs. O que o Tim trouxe foi a boa ordem pré-trentina. Viste mal. A Idade Média foi o berço e bem mais importante que a deriva liberal- progressista-niveladora-racionalista e ateia que se lhe seguiu.

     
  • At 7 de maio de 2007 às 00:41, Blogger cbs said…

    Samuel
    a tua crítica à crítica, sugerindo que nos deviamos ficar pelo simples e próximo dos crentes, parece-me que traduz, perdoa-me, duas coisas:
    - menosprezo pelos crentes, que para o serem não precisam ser simples.
    - menosprezo pelo pensamento que é a essencia da crítica.

    Jesus é simples mas o Mundo não.
    E há duas simplicidades, a dos que sabem pouco, e a dos que sabem muito.
    Sob a aparencia de simplicidade, a sabedoria de Jesus é desta ultima espécie, e a da Ciencia também (não a investigação, mas a conclusão).
    Quaquer delas permite chegar a Deus, mas só estudando podemos resistir aos que O desvalorizam.

    Haja Paz

     
  • At 7 de maio de 2007 às 01:44, Blogger Hadassah said…

    Samuel vejo-te cheio de razão, no teu comentário.

    Tantos malabaristas, é o que é!
    Hadassah

     
  • At 7 de maio de 2007 às 11:03, Blogger samuel said…

    Não CBS
    Não menosprezo nimguém.
    Nem os simples nem os pensadores. Quando falo dos simples não quero dizer simplórios. Quando falo dos outros, não me refiro aos que têm feito avançar o mundo do pensamento e da ciência e do que quizeres, mas exactamente do que disse, os malabaristas de citações e profissionais da erudição que depois de "espremidos" não dão nada. Assim como que uma cópia do prof. não sei quantos que "cria" o Carlos Mendes no novo programa do Vitorino de Almeida, sempre pronto para esmagar as Donas Isauras deste mundo...
    Nem sequer disse que era o caso aqui. Embora, num momento ou outro...
    Paz.

     
  • At 9 de maio de 2007 às 00:05, Blogger mulheres_estejam_caladas said…

    em Málaga, longe da blogosfera e por acaso a ouvir um teólogo alemáo, ñ tinha lido nada deste ataque zoomorfista aos exegetas hunos.
    e eu que refilava no seminário contra essa gente. vejo-me agora uma defensora acérrima das sua virtudes...

     
  • At 9 de maio de 2007 às 00:09, Blogger mulheres_estejam_caladas said…

    además... ñ estou a criticar os católicos. qd falo de Pedro estou a falar da exegeses mais biblistas e conservadora, que sáo como Pedro.
    Pedro ñ é católico

     
  • At 9 de maio de 2007 às 12:15, Blogger Luís Sá said…

    Ou Pedro não é católico, ou quer Pedro quer Paulo o são :P

     
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