domingo, maio 06, 2007
Isidro exíguo, parte I
Os sintomas de inclusivismo, que os romanos desta praça apresentam, parecem-me pouco mais que erupções cutâneas. Concentrarmo-nos nelas é atrasar o real diagnóstico do enraizado melanoma pluralista. Bem intencionado mas maligno.
Entenda-se que até o mais empedernido calvinista pode ser um inclusivista, não permitindo contudo que as portas do Céu alarguem um milímetro. Acredita que todos cabem no Mini do Júlio Isidro, mas os que se foram enfiar na Toyota Hiace não merecem qualquer prémio. Nem de consolação.
A verdade é que isto do Júlio Isidro dá para os dois lados: se popularmente
ouvimos que todos os caminhos vão dar a Roma, também me parece ganhar popularidade entre os romanos a ideia de que todos os caminhos são um “passeio dos alegres”. Com tanta auto-estrada para o Céu e com tanta personificação absurda que se vai fazendo, qualquer dia teremos Jesus como um Ferreira do Amaral. Ou pior, como um portageiro de SCUT.
Já os protestantes da casa não me desmentirão na ideia da portagem única, caminho único e via-verde gratuita. Instalamos o aparelho e já está. Adivinhem quem nos pagou a tarifa.

Samuel Úria
posted by @ 12:18 da tarde  
9 Comments:
  • At 6 de maio de 2007 às 15:35, Blogger cbs said…

    "Os sintomas de inclusivismo, que os romanos desta praça apresentam, parecem-me pouco mais que erupções cutâneas (...) do enraizado melanoma pluralista."

    Um ataque em forma da cavalaria do Samuel, pelos flancos da Legião do Policárpio :)

    "Bem intencionado mas maligno."

     
  • At 6 de maio de 2007 às 15:47, Blogger Hadassah said…

    E quem é que assina este genial "post"?

     
  • At 6 de maio de 2007 às 17:43, Blogger samuel said…

    Se me é permitido um "piqueno" aparte, o ditado popular segundo o qual "todos os caminhos vão dar a Roma", sempre me encanitou um bocadinho. Até que vi a coisa pelo outro lado.
    "Ena, tantos caminhos para saír de Roma! Bora lá, pessoal!"

     
  • At 6 de maio de 2007 às 18:55, Blogger Luís Sá said…

    Inclusivista?

    Caríssimo, o que a doutrina da Igreja Católica diz é que se morreres em pecado mortal sem que Jesus Cristo te tenha perdoado de antemão os pecados por intermédio do sacramento da Reconciliação, ministrado por um sacerdote católico (o único capaz de validamente ministrar tal sacramento), estás em boas condições de ir fazer companhia às almas agonizantes dos quadros de Bosch!

    Explica-me lá essa do inclusivismo como se eu fosse muito burro :p (que provavelmente sou).

    Um abraço, em Cristo

     
  • At 6 de maio de 2007 às 22:38, Blogger Nuno Fonseca said…

    Antonius, explica-me, como se eu fosse muito humano e destituído da Glória de Deus mas não de todo dalguma racionalidade, o que valida o sacerdote católico apenas de permitir a Salvação do pecador?

    Pode copiar o capítulo e versículo aqui mesmo. Não se dê ao trabalho de fazer copy-paste da Escritura, que eu mesmo a lerei.

    Obrigado.
    Bem-vindo ao nosso humilde tabernáculo.

     
  • At 6 de maio de 2007 às 22:56, Anonymous Anónimo said…

    Gostei do post, sobretudo da metáfora da autoestrada com via verde paga.

    Antonius

    Não duvido que essa seja a doutrina da igreja romana. Só me pergunto se a doutrina não será mais ou menos confidencial. É que o que vou lendo dos católicos aqui, e um pouco pela blogosfera, parece revelar um desconhecimento profundo desta e de outras doutrinas.

    Pedro Leal

     
  • At 6 de maio de 2007 às 23:12, Blogger Luís Sá said…

    Nuno:

    Mt 16,16-19 ; Jo 20, 21-23; 2 Cor 5, 18-20;

    Pedro:

    Artigo 1861 do Catecismo da Igreja Católica:

    O pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, tal como o próprio amor. Tem como consequência a perda da caridade e a privação da graça santificante, ou seja, do estado de graça. E se não for resgatado pelo arrependimento e pelo perdão de Deus, originará a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no Inferno, uma vez que a nossa liberdade tem capacidade para fazer escolhas definitivas, irreversíveis. No entanto, embora nos seja possível julgar se um acto é, em si, uma falta grave, devemos confiar o juízo sobre as pessoas à justiça e à mesericórdia de Deus.

    -------

    Não confundo aquilo que eu gostaria que fosse a doutrina da Igreja com aquilo que ela é. Este ponto aflige muitos católicos, e bem (pois é angustiante pensar em sequer uma pessoa condenada, e se pensasse em apenas uma pessoa condenada, pensaria em mim próprio), mas isso deveria levar os fíeis a adensar a questão e a defender a sua Fé, e não a afrouxar o seu zelo pelas almas, que é o que esteve sempre por detrás de qualquer grande campanha da evangelização (de S. Francisco de Assis aos jesuítas no oriente e colónias americanas, sempre foi a salvação das almas o grande motor). Estas banalidades de "levar a Boa Nova" são muito bonitas, e claro, verdadeiras, mas falta o ardor de sentir que podem estar ali almas em jogo (para começar, a nossa própria). Isso não deve levar claro à falta de respeito pelos ritmos do outro e de Deus no outro das TJ por exemplo. Enfim, já me estou a alongar.

    P.S.: Nuno, vi o teu comentário noutro post relativamente aos santos e quero ainda comentar. Bons argumentos bíblicos que me mereceram reflexão e o necessário tempo de digestão.

    Um abraço em Cristo a ambos

     
  • At 6 de maio de 2007 às 23:40, Anonymous Anónimo said…

    Peço desculpa pelo lapso. O texto é meu.
    Quanto ao Antonius, eu não estou aqui para contrariar a doutrina da Igreja Católica. Parece-me que os meus amigos (sem ironia) católicos (sem ironia) do sítio fazem isso muito bem (com alguma ironia, mas nem tanta assim).
    Já o inclusivismo pode definir-se como uma das 3 vertentes da visão salvífica na cristandade lata (as outras serão o exclusivismo e pluralismo). Descobri agora que está bem resumido na wikipédia em língua espanhola

    http://es.wikipedia.org/wiki/Inclusivismo

    mas convém notar que eu me referi a uma vertente mais liberal (de certa forma radical, depende do lado em que pegamos)que convenientemente aproximei do pluralismo (consultar a mesma morada).
    De qualquer forma, com ou sem Júlio Isidro eu ainda tenho mais umas ideias a desenvolver sem me desagregar do tema. Assim que houver um par de minutos segirá a segunda parte.

    Um abraço

     
  • At 7 de maio de 2007 às 00:04, Blogger Nuno Fonseca said…

    Antonius:

    Mt16:16-19 -- Pedro fundou a igreja primitiva. Não o catolicismo tradicional (313 dC). Muito menos, o catolicismo apostólico romano (1054 dC.

    Obviamente, partes da suposição que existe, factual e historicamente, uma sucessão burocrática dos apóstolos escolhidos por Jesus para sacerdotes selectos de entre homens. E um Deus que é amor, e que tem por condição para a vida eterna o conhecê-Lo (Jo17:3), far-Se-ia saber por suposições, mistérios decifráveis só aos pareceres duma elite consagrada? Tal não é a Sua Palavra (Jo3:16).
    Mais. A autoridade do Espírito Santo, seus dons e frutos, são cedidos a TODOS os crentes:

    'Jesus respondeu, e disse-lhe: Se ALGUÉM HÁ que me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada.
    Quem não me ama não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me enviou.
    Tenho-VOS dito isto, estando convosco [cf. Mt28:20].
    Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse VOS ensinará todas as coisas, e VOS fará lembrar de tudo quanto VOS tenho dito' (Jo14:23/6).

    Jo20:21/3 -- Recebeu-se o Espírito Santo, sim, e autoridade salvífica. Mas quem: líderes religiosos, como os fariseus contra quem Cristo se rebelou? Ou, como diz a Escritura, receberam-no 'os discípulos'(Jo20:20)? E não recebemos, todos nós, do mesmo Espírito Santo no nosso baptismo, no início do nosso discipulado (Act2:38)?

    2Cor5:17-20 -- 'Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.
    E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação;
    Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.
    De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus'. -- A reconciliação é dos homens com Deus. O Reconciliador é Jesus, Senhor do Reino divino. Os apóstolos eram embaixadores, ou seja, mensageiros a mando de Jesus de cujo Reino eram e de que testificaram. Se te testifico eu que Jesus é o Reconciliador e a única forma de conheceres a Deus(Jo3:16; 14:6;), então eu mesmo sou embaixador do Reino, porque a ele pertenço (Act2:21).

    ---------------------------------

    Espero que aches iluminação na Palavra, que não é senão a própria pessoa de Jesus (Jo1:1), e em te habite o Espírito da Verdade.

    Yeshua Hai.
    Elohim Shalom.
    Ameen.

     
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