Um conjunto de símbolos sagrados, tecido numa espécie de todo ordenado, é o que forma um sistema religioso. Para aqueles comprometidos com ele, tal sistema religioso parece mediar um conhecimento genuíno, o conhecimento das condições essenciais nos termos das quais a vida tem que necessariamente ser vivida.
Onde esses símbolos não são criticados como acontece na maioria das culturas do Mundo – histórica e filosóficamente, a excepção é o mundo dito Ocidental – os indivíduos que ignoram as normas estético-morais que os símbolos formulam, e que seguem um estilo de vida discordante, são vistos não tanto como maus, mas como estúpidos, insensíveis, ignorantes ou, em casos de infracções extremas como loucos.
A Moralidade tem assim a aparência de um realismo simples, de uma sabedoria prática; A Religião apoia uma conduta satisfatória, retratando um mundo no qual essa conduta é apenas o senso comum.
Clifford Geertz, A interpretação das culturas – Zahar, Rio de Janeiro 1978 (um pouco alterado, que a tradução brasileira é fraca) cbs |