O cepticismo não é uma realidade recente. Coexistiu com a convicção da possibilidade de conhecimento universal, quer por via exclusiva da razão, da razão com a fé, ou tão só da fé. O relativismo cultural, que se desenvolveu desde a expansão europeia, analisado pelos antropólogos e posteriormente teorizado pelos filósofos, acentuou a caminhada para o Niilismo. Ou pelo menos, para a desconfiança no paradigma da civilização ocidental, que a pouco e pouco vem sendo posto em causa. Razão e fé são as marcas desse paradigma, que a filosofia pós-moderna contestou ao ponto de pôr em causa a validade universal da própria razão. Quando alguns filósofos advogam o fim da filosofia, pondo em questão a possibilidade de conhecer, ou a validade do conhecimento, estamos em presença não apenas de uma critica à aliança entre Fé e Razão, ou da negação da validade racional da iluminação divina, mas de uma afirmação de contingência, total e absoluta, da natureza humana. Uma afirmação que atinge o cerne da Gnoseologia. Face a tudo isto somos levados à interrogarmo-nos: estará a esgotado o ciclo da universalidade, que emergiu no pensamento helénico e se desenvolveu na esfera do pensamento cristão?
Fernanda Enes por cbsEtiquetas: modernidade, Verdade |