sábado, julho 11, 2009
Sobre os 400 anos da Confissão de Fé Baptista: a proto-democracia.
CAPÍTULO 21
LIBERDADE CRISTÃ E LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA

1. A Liberdade que Cristo comprou para os crentes, no evangelho, consiste na libertação da culpa do pecado, da ira condenatória de Deus, do rigor e da maldição da lei;1 e consiste na libertação dos crentes deste mundo perverso,2 da escravidão a Satanás,3 do domínio do pecado,4 da malignidade das aflições,5 do medo e do aguilhão da morte, da vitória da sepultura,6 e da perdição eterna.7 Consiste no livre acesso a Deus, no prestar-lhe uma obediência não suscitada por medo escravizador;8 e, sim, por amor, como o de uma criança, voluntariamente.9
Tudo isto, em essência, aplicava-se também aos crentes que viviam sob a lei.10 Sob o Novo Testamento, porém, a liberdade cristã é ampliada, na libertação do jugo da lei cerimonial a que a igreja judaica estava sujeita, na maior ousadia de acesso ao trono da graça, e maior medida do livre Espírito de Deus do que os crentes normalmente desfrutavam sob a lei.11
1 Gálatas 3:13.
2 Gálatas 1:4.
3 Atos 26:18.
4 Romanos 8:3.
5 Romanos 8:28.
6 I Coríntios 15:54-57.
7 II Tessalonicenses 1:10.
8 Romanos 8:15.
9 Lucas 1:73-75; I João 4:18.
10 Gálatas 3:9,14.
11 João 7:38-39; Hebreus 10:19-21.

2. Somente Deus é Senhor da consciência,12 e Ele libertou-a das doutrinas e mandamentos de homens que entrem em contradição com a Palavra ou que não estejam contidos nela.13 Por isso, acreditar em tais doutrinas ou obedecer tais mandamentos, por causa da consciência, é trair a verdadeira liberdade de consciência.14 A exigência de uma fé irrestrita, de uma obediência cega e total, significa destruir ao mesmo tempo as liberdades de consciência e raciocínio.15
12 Tiago 4:12; Romanos 14:14.
13 Actos 4:19; Actos 5:29; I Coríntios 7:23; Mateus 15:9.
14 Colossenses 2:20,22-23.
15 I Coríntios 3:5; II Coríntios 1:24.

3. Os que praticam algum pecado ou alimentam qualquer desejo pecaminoso, a pretexto da liberdade cristã, pervertem o desígnio principal da graça do evangelho, para destruição de si mesmos.16 Desse modo, eles subvertem a finalidade da liberdade cristã, isto é, que, sendo libertados das mãos de todos os nossos inimigos, possamos servir ao Senhor em santidade e rectidão perante Ele, sem medo, por todos os dias da nossa vida.17
16 Romanos 6:1-2.
17 Gálatas 5:13; II Pedro 2:18,21.

Nuno Fonseca
posted by @ 1:25 da tarde  
2 Comments:
  • At 13 de julho de 2009 às 09:21, Blogger Pedro Leal said…

    Falta aí o pormenor da data. 1689 - muito á frente, estes baptistas.

     
  • At 13 de julho de 2009 às 23:19, Blogger Nuno Fonseca said…

    Para ser franco, até precede esta data, porque a Confissão Baptista de Fé é quase uma cópia ad verbatim da Confissão de Westminster (1646), que, por sua vez, foi influenciada fortemente pelas 'Institutas' de Calvino (1536), que, no seu apelo à consciência, lembra o discurso de Lutero na Dieta de Worms (1521). Portanto é ainda mais recuada que à primeira percepção.

    Isto, claro, se ignorarmos a 'consciência paulina' inaugurada nas epístolas. De facto, uma mente medieval jamais poderia compreender isto.

     
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