quarta-feira, julho 01, 2009
Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho
Nós somos loucos por causa de Cristo; e vós, como sois prudentes em Cristo!
Nós somos fracos, vós sois fortes!
Vós sois bem considerados, nós somos desprezados!
Até agora passámos fome, sede, frio e maus-tratos; não temos lugar certo para morar; e esgotamo-nos, trabalhando com as nossas próprias mãos.
Somos amaldiçoados, e abençoamos; perseguidos, e suportamos; caluniados, e consolamos.
Até hoje somos considerados como lixo do mundo, o esterco do universo.
(1 Cor 4, 9-13)

É este o nosso ministério que nos foi concedido pela misericórdia de Deus; por isso não perdemos a coragem. (…) Ao contrário, manifestando a Verdade, recomendamo-nos diante de Deus à consciência de cada homem.
(2 Cor 4, 1-2)
cbs
posted by @ 11:07 da tarde  
6 Comments:
  • At 2 de julho de 2009 às 12:13, Blogger cbs said…

    Foi este rapaz, que o grande Friedrich considerou o verdadeiro inventor do Cristianismo, e o culpado pela moral dos fracos: o ideal ascético fruto do ressentimento.
    Segundo o grande Friedrich, Paulo de Tarso é o oposto de Jesus, é um génio mórbido por oposição ao génio activo de Cristo. O elogio da castidade, o rigor da abstinência, a distancia com o prazer e as mulheres, tudo isso traduz um masoquismo niilista, de ressentimentos, sumarizado na frase: quando sou fraco é que sou forte.

    A minha opinião sobre isto tá feita; é uma das razões que tenho contra o ex-luterano, futuro filósofo da suspeita; suspeita essa contra toda a filosofia desde Sócrates (o outro Cristo), suspeita relativa à linguagem dos filósofos, considerada por ele como promotora de esperanças irrealizáveis, que vai desconstruir para matar “ilusões” e nos devolver a Vida.
    Uma vida que sacraliza, sem transcendencia, devolvendo-nos um novo sagrado, mas imanente, centrado no ego, desprezante do Cristianismo altero-centrico de Paulo, o falsificador de Cristo.

    Contudo, o brilhante filósofo-monopoeta, coloca-nos assim uma questão decisiva: foi Paulo, de facto, um falsificador dos valores de Jesus Cristo, ou como julga a Igreja, interpretou ele com rigor a mensagem do Mestre?

     
  • At 2 de julho de 2009 às 13:05, Blogger Pedro Leal said…

    Quem acredita na Bíblia como Palavra de Deus tem, à partida essa pergunta respondida... :)

     
  • At 2 de julho de 2009 às 14:57, Blogger cbs said…

    Isso que dizes, facilita, Pedro.
    Mas não consigo ser assim.
    Tenho que duvidar da minha fé, tenho que discutir no mesmo campo das ideias dos filósofos e sujeitar-me ao engano e ao erro.
    E penso que essa é uma das virtudes da Teologia e que, em particular, prezo no B16: não nos refugiarmos no dogamtismo, para fugir ao debate no campo da razão.

    De certo modo, implica uma fé maior, mais corajosa, porque te sujeitas à dúvida, à angústia de te perderes, de uma forma aberta. Porque, no fundo, no fundo, estás firme, e tens a "certeza" da Fé.

     
  • At 2 de julho de 2009 às 17:23, Blogger Pedro Leal said…

    cbs

    Pois, não me expliquei bem… vou tentar outra vez.
    O que sabemos dos valores de Jesus, tirando que o está escrito, por pessoas próximas Dele, no Novo Testamento? Há os apócrifos, sim, mas neles temos Jesus para quase todos os gostos, muitos deles contraditórios entre si… O Cristianismo podia (em tese) ter ido por um desses muitos caminhos. Mas foi pelo caminho definido no Novo Testamento. A pergunta será então se há contradições entre os valores de Jesus e os de Paulo, inscritos no Novo Testamento. Eu não encontro contradições. Encontro, sim, os tais passos teológicos de Paulo, que, por serem passos, podiam, como disse, ter ido noutra direcção. Mas foram nesta. Claro que podemos especular sobre assunto. Mas a resposta à pergunta “foi Paulo, de facto, um falsificador dos valores de Jesus Cristo, ou como julga a Igreja, interpretou ele com rigor a mensagem do Mestre?” está dada desde o inicio, porque o Novo Testamento, o local onde aceitamos que estão os tais valores trazidos por Jesus, foi construído aceitando que Paulo era fiel ao Evangelho de Jesus Cristo.

     
  • At 2 de julho de 2009 às 18:57, Blogger cbs said…

    Sim, também creio que Paulo segue Jesus de muito perto.
    Mas, para debater isto, teriamos de comparar Cristo dos evangelhos com as epístolas de Paulo, se bem que Nietzche não vai por aí, ele básicamente afirma o Aquém em detrimento do Além, preocupando-se só em atacar a filosofia cristã. De onde, eu não lhe ver bem onde apoia ele, a sua valorização de Jesus.
    Mas, talvez um dia destes, possamos comparar o Jesus dos evangelhos com o Cristianismo das epístolas de Paulo.

     
  • At 3 de julho de 2009 às 12:15, Blogger cbs said…

    E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, sentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos; E ensinava, dizendo:
    Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;
    Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
    Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;
    Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
    Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
    Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
    Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
    Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
    Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.
    (Mt 5, 1-11)

    Lembrei-me disto, que é para mim, o verdaeiro Evangelho, a Voz que sopra de longe aos nossos ouvido de hoje.
    Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra... isto é Paulo de Tarso, e parece-me coisa totalmente oposta à pregação do velho Friedrich, salvo melhor opinião.

     
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