quarta-feira, junho 24, 2009
Os anabaptistas
(Nota: Este post estava prometido ao cbs há já algum tempo. E o prometido é devido.)
Na noite de 21 de Janeiro de 1525 uma dezena de homens reuniu-se numa casa de Zurique. Eram antigos discípulos do reformador Zwínglio, que haviam rompido com ele após um debate público realizado poucos dias antes. Acusavam o ex-mestre de não assumir todas a consequências dos princípios da Reforma, e, sendo considerados derrotados no debate, tinham agora três alternativas: retratação pública, abandono da cidade ou prisão. Em “Revolucionarios del siglo XVI – Historia de los anabautistas”, de W.R. Estep, relata-se essa reunião (mantive o texto em espanhol para evitar eventuais deturpações tradutivas).
“Los dramaticos sucesos de la inolvidable reunión se han preservado em “The Large Chronicle of the Hutterian Brethren”. El relato lleva la marca de un testigo que probablemente no era outro que George Blaurock.
“Y sucedió que estaban juntos hasta sentir ansiedad, sí, de tal manera tenían oprimidos los corazones. Comenzaron a doblar sus rodillas ante el Dios Altísimo de los cielos denominándole el Conecedor de los Corazones y oraban pidiendo que les mostrase su divina voluntad y les diera de su misericórdia. La carne y la sangre no les guio, puesto que bien sabían ellos que tendrían que sufiri las consecuencias.
Después de la oración se levantó George de “la casa de Jacob” y pedió a Conrad Grebel que, por amor a Dios, le bautizase com le verdadero bautismo cristiano, sobre la base de su fe e de su conocimiento. Y arrodillándose com tal solicitud y deseo, le bautizó Conrad, puesto que en aquel entonces no había ministro ordenado todavia para realizar tal menester.”
Después del bautismo de manos de Grabel, Blaurock procedió a bautizar a todos los presentes. Entonces, los recién bautizados se comprometieron a ser verdaderos discípulos de Cristo para vivir vidas separadas del mundo, enseñar el evangelio y conservar la fe.
Habia nacido el anabautismo. Com este primier bautismo se constituyó la primera iglesia de los hermanos suizos. Está claro que fue ésta la accion más revolucionaria de la Reforma. Ningún outro suceso simbolizó tan completamente el rompimiento com Roma. Aquí, y por primera vez durante la Reforma, un grupo de cristianos se atrevió a formar una iglesia según se pensaba que era el modelo del Nuevo Testamento. Los hermanos acetuaban la absoluta necesidad de una entrega personal a Cristo como algo esencial para la salvación y prerequisito del bautismo.”
A perseguição que se seguiu foi brutal, às mãos tanto de católicos como de protestantes, mas a violência não impediu o crescimento do movimento anabaptista. Entretanto, algumas franjas do movimento caíram em excessos, sobretudo os denominados “espiritualistas”, que trocaram a autoridade das Escrituras pela alegada influência directa do Espírito, o que trouxe descrédito e deu renovados pretextos aos perseguidores. Ainda assim os anabaptistas continuaram a sua caminhada. Hoje os seus descendentes são membros das igrejas menonitas, huteritas, amish, entre outras.
Para a maioria dos historiadores, não há uma relação directa entre os anabaptistas e o grosso dos evangélicos actuais. No entanto, se não são filhos, pode-se dizer que são sobrinhos. Ou seja, e tentando sintetizar, a maior parte dos evangélicos assume a teologia protestante, partilhando as principais doutrinas com os reformadores magistrais (Lutero, Calvino, Knox, etc), mas quanto à eclesiologia estão ao lado dos reformadores radicais (anabaptistas): uma igreja local e denominacional, livre de vínculos territoriais, políticos, estruturas eclesiásticas, credos confessionais e identificações étnicas, formada voluntariamente por membros regenerados (não aceitando, portanto, o baptismo infantil), tendo como modelo a Igreja do Novo Testamento. Daqui derivam também princípios como o da liberdade religiosa e o da separação entre religião e Estado.

Pedro Leal
posted by @ 7:52 da tarde  
5 Comments:
  • At 24 de junho de 2009 às 20:43, Blogger cbs said…

    Obrigado Pedro
    abraço

     
  • At 26 de junho de 2009 às 13:46, Blogger Nuno Fonseca said…

    Mas atenção que os anabaptistas queriam usurpar o poder. Era deles que Calvino falava quando narrava desses 'fanáticos' que votam a ordem de Deus à anarquia ao tentar destronar os príncipes da terra, ungidos de Deus, em vez de orar por eles e suportá-los.

     
  • At 26 de junho de 2009 às 14:05, Blogger Pedro Leal said…

    Nuno

    Sim, as tais franjas de que eu falo. É difícil sintetizar toda aquela ebulição num simples post... Mas, por exemplo, em relação ao poder os anabaptistas que eu denominaria "evangélicos" eram, são, absolutamente desapegados. É proibida, inclusive, a participação dos membros em órgãos de poder civil.

     
  • At 26 de junho de 2009 às 15:27, Blogger Vítor Mácula said…

    Olá, Pedro, cbs, Nuno

    Boa info.

    A que corresponde na prática “vidas separadas del mundo”? Comunidades separadas?

    Abraços, bom fim de semana

     
  • At 29 de junho de 2009 às 12:53, Blogger Pedro Leal said…

    Vitor

    Sim, também. Basta lembrar os amish com as suas roupas antiquadas, a recusa da electricidade, carros puxados por cavalos, etc.

     
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