sexta-feira, janeiro 23, 2009
Petite reflexion II
Enfer chrétien, du feu.
Enfer païen, du feu.
Enfer mahométan, du feu.
Enfer hindou, des flammes.
A en croire les religions, Dieu est né rôtisseur.

Victor Hugo, Choses vues
cbs
posted by @ 4:17 da tarde  
8 Comments:
  • At 26 de janeiro de 2009 às 19:15, Blogger Pedro Leal said…

    O Vitor Hugo era espírita, logo acreditava na purificação das reencarnações sucessivas e não no castigo do Inferno.
    (Já agora, e sobre as citações em francês, eu ainda sou da geração dos que tiveram o francês como primeira língua estrangeira... mas isso já foi há séculos :) Aquele "rôtisseur" obrigou-me a ir ao dicionário).

     
  • At 26 de janeiro de 2009 às 20:18, Blogger cbs said…

    assador, lol
    o Inferno será um churrasco gigante!

    admitindo desde logo a minha ignorancia, pra que não haja duvidas, eu acho muito pouco provável (não sigo à letra, lá está ;) a história do inferno num fogo estelar - é melhor a imagem do inferno de Dante.

    Mas prefiro pensar no Inferno, não como um local, mas como um facto, o abandono de Deus, ou seja, a ausencia do Amor. E não precisamos da estrela, temos melhores aproximações cá no planeta.

     
  • At 26 de janeiro de 2009 às 21:51, Blogger Pedro Leal said…

    Sim, concordo que a ideia principal é a separação.

     
  • At 27 de janeiro de 2009 às 15:45, Blogger Vítor Mácula said…

    olá cbs, pedro

    o fogo: tudo consome e transforma

    deixa a cinza à terra
    no fumo que para o céu
    volteia

    o fogo que ilumina e aquece
    e cozinha
    os alimentos.

    o fogo que funde o metal
    que cintila na espada
    e no cálice

    o fogo sem forma nem limite

    para não falar da obscura impressão
    que todo o braseiro desperta
    impressão
    de fogo que se veja e não veja
    (acrescenta o poeta)

    o inferno é o lugar da cinza
    mas
    até a cinza arderá (Orígenes)
    : purgatório,
    antecâmara ardente


    PS: ó cbs, esse teu facto não tem lugar? LOL estar separado no mesmo lugar é no mínimo problemático

    abraços trentistas

     
  • At 28 de janeiro de 2009 às 12:23, Blogger cbs said…

    Irmão Vítor
    Tens alguma razão em atrelar a palavra “facto” com a “camisa-de-forças de espaço-tempo” onde vivemos, seja, o universo conhecido.
    Mas de facto (lol) não conheço outra forma de expressar isto, para significar que o Inferno seria efeito do abandono de Deus.
    E não esqueçamos que antes do momento inicial - agora dizem Big-bang – não havia tempo nem espaço. E no entanto fez-se luz:)

    Já agora, que tou numa de ciência, aproveito para referir o que é o fogo – que a tua poesia me perdoe;

    O fogo não passa do resultado de uma reacção exotérmica (emissora de calor), uma mistura de gases ionizados emitindo energia e luz visível (uma pequena parte da gama de radiações).
    Em Física, em vez de fogo, devemos chamar-lhe “plasma”, o quarto estado da matéria, diferente dos outros três porque composto por partículas com carga eléctrica (ionizadas). Estima-se que 99% de toda a matéria conhecida seja plasma; nesse sentido tens razão, é “sem forma nem limite”, mas também, valha a verdade, a matéria que visível (luminosa) é uma pequeníssima parte (5%?) da matéria existente no Universo. Essa parte enorme que não sabemos como nem quanto é, damos-lhe o nome expressivo de “matéria negra”.
    Até na Ciência encontramos a marca de água do mito primevo: a luz e atreva…

    Abraços trentinos

     
  • At 28 de janeiro de 2009 às 16:16, Blogger Vítor Mácula said…

    meu caro cbs, se a representação científica esgotasse a apresentação das coisas e a nossa dinâmica com elas, como é evidente, não se poderia evidentemente descrever o inferno como tantas vezes o tem sido. se esgotasse, então poderíamos (e deveríamos) dizer que inúmeros trechos bíblicos (para nos ficarmos por aqui LOL) são desverdadeiros, e nesse caso, para voltarmos ao Ratz – desumanizantes.

    os modelos, funções e objectualizações científicas não se adequam ao todo da experiência. que na sua constituição operem categorias e dicotomias universais, é uma questão de antropologia fundamental, mas tal não significa que essa equivalência de termos e significados corresponda a uma equivalência de conteúdos. o fogo do amor divino ou humano (os místicos e Camões ;) não corresponde directamente à fisicidade científica do fogo. isto sem retirar pertinência e mútuo esclarecimento a tais confrontações de planos científico, religioso ou literário. depois de oferecer rosas à amada, não costumo seguir para discursos de botânica LOL

    a tese medieval do humano enquanto microcosmos escapa completamente à ciência hipotético-dedutiva moderna, e não significava que a simbologia da natureza fosse uma projecção humana, mas sim que esse era o sentido espiritual da criação: Deus fala com os factos, há analogias e correspondências eminentemente reais que extravasam e transfiguram o visível e imediato.

    não estou evidentemente rechaçar o método hipotético-dedutivo; mas ele simplesmente não esgota os fundamentos e processos nem do humano, nem da vida, nem da natureza.

    nem mesmo o mais empedernido e assustado medievalista ou patrologista te diria que as chamas do inferno são como as do fogão lá de casa LOL

    que a tua ciência alimente a poesia e vice-versa, sem perdão possível nem passível ;)


    abraço trentologista

    PS: não há “antes do big bang”;)

     
  • At 28 de janeiro de 2009 às 19:51, Blogger cbs said…

    "que a tua ciência alimente a poesia"... conheces o Gedeão/Rómulo de Carvalho? quando era pequeno estudei fisico-quimica (como se dizia) pelos livros unicos desse prof. genial. Um dia ouvi cantar a "Pedra Filosofal" e fiquei a saber que era o pseudónimo do prof. Comprei o livro e o disco (ainda se usava) e apaixonei-me pelo homem, curiosamente um materialista... mas que fazia da ciencia, poesia, ai isso fazia (ou vice-versa). Nos museus temos muitas coisas dele, ele ensinou ali.


    Só mais uma: "depois de oferecer rosas à amada, não costumo seguir para discursos de botânica" é boa, mas tenho que confessar que foi com visitas ao jardim botanico que já dei algumas das minhas melhores "palestras" amorosas ;)

    abraço em Cristo, ó filosofo!

     
  • At 29 de janeiro de 2009 às 11:59, Blogger Vítor Mácula said…

    Pois , a alma em flor, fogo que nos olhos deflagra, o corpo amado ergue-se como uma planta carnívora que rasga a vida e a alimenta, das raízes ao estômago do céu… junta-lhe a astronomia e remete ;) mas não conheço o Gedeão de Carvalho (a Pedra Filosofal não conta LOL)… li uns livros dele de divulgação científica para crianças quando fazia animação cultural com miúdos, e pouco mais… e já agora e reincidindo: Deus me guarde da filosofia, ou melhor, de confundir a eventual aragem do terreno com a sementeira (para nos ficarmos no plano vegetal LOL) abraço em Cristo

     
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